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Ed Ferreira
Ilhéus completa este ano 475 anos, desde que aqui aportaram os portugueses na época das Capitanias Hereditárias. Durante estes quase cinco séculos nada foi realizado de concreto em prol do seu desenvolvimento.
Hoje cerca de 220 mil habitantes espalhados por todo município tem uma preocupação em comum: onde vão trabalhar os jovens que saem das faculdades, que saem das escolas profissionalizantes ou aqueles que completam o segundo grau? Os últimos grandes investimentos que ocorreram em Ilhéus foram em 1960, quando foram construídos a ponte Ilhéus – Pontal e o Porto do Malhado em 1971.
O Distrito Industrial e o comércio empregam um pequeno percentual, o turismo é apontado como grande potencial, em função das belezas naturais e pela história, mas até o momento não foi devidamente aproveitado. O turismo em Ilhéus é sazonal e de curto prazo, a maior parte das pessoas que passam por nosso aeroporto acaba se dirigindo a outros destinos. O município, apesar dos atrativos naturais, culturais e históricos, não possui uma infraestrutura que segure os turistas em visita e o pouco que tem cobram acima da realidade e não capacita sua mão-de-obra.
É preciso repensar o município. Os próximos anos prometem uma transformação no destino de Ilhéus, com uma economia crescente e uma prestação de serviços a todo vapor.
No contexto atual, o horizonte aponta uma saída, porém o conservadorismo tenta prejudicar o processo. Um pequeno grupo age orquestradamente pela batuta dos maestros, organizações que em nome da preservação e da preocupação com o social recebem gordas verbas do Estado para administra e fazer disso um negócio.
Usando previsões catastróficas que causariam inveja a Nostradamus, essas instituições conseguem convencer alguns poucos seguidores, fracos de espírito, mostrando fotos e filmes de alguns portos e indústrias mal planejados. Mas o que mais preocupa é lançar mão de mentiras do tipo: siderúrgicas próximas à praia, o uso da água da Lagoa Encantada, a lavagem do urânio na Lagoa, o extermínio de Mata Atlântica no entorno da Lagoa. Argumentos facilmente desmitificados mediante o absurdo, com os apelos eco-terroristas.
Os pseudo-ecologistas, através de conceitos redundantes tipo “maior biodiversidade do Planeta, vocação natural e sustentabilidade, etc”, tentam criar uma cultura do temor, principalmente para quem não conhece o sentido filosófico e dinâmico dos termos. Felizmente, nem todos engolem estes pacotes de manipulação popular, vejamos: é muito interessante falar da biodiversidade, principalmente quando há por trás do projeto interesses de instituições estrangeiras como patrocinadores.
Até hoje nada se ouviu falar se há ou não outros experimentos, até mesmo para servir de parâmetro. Mais claramente falando, biodiversidade ou diversidade biológica, refere-se à variedade de vida no planeta terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna e de microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos.
A Biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, e fonte de imenso potencial de uso econômico. A biodiversidade é a base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais e, também, a base para a estratégica indústria da biotecnologia. ( Fonte: www.mma.gov.br/biodiversidade).
Mas a linha de raciocínio que quero puxar é a seguinte: Este conceito, partindo do principio que seja real, o atual uso do termo biodiversidade esta sendo empregado de forma equivocada, uma vez que quanto maior a biodiversidade maior é a capacidade de regenerar e recupera o ambiente, contrariamente, quanto menor mais tempo e difícil se torna sua recuperação.
“A biodiversidade proporciona maiores condições para se chegar novamente a restaurar os aspectos e características originais da floresta.” Uma análise comparativa do crescimento das árvores plantadas e da biodiversidade em áreas reflorestadas em relação a áreas em regeneração natural espontânea, indica que através do reflorestamento com espécies nativas pode-se adiantar o período de regeneração de uma floresta em pelo menos 30 anos. (SCHÄFFER & PROCHNOW, 2002).
Vocação Natural- Quando recorremos ao conceito natural do ambiente, temos que analisar todos os fatores que o envolve, o clima, solo, a geografia, a cultura e etc. Partindo desse principio a posição geográfica do município de Ilhéus é estratégica, uma vez que suas coordenadas o colocam em uma posição privilegiada encurtando as distancias. Felizmente a Bahia como todo tem uma vocação natural para diversas atividades e todos a depender do sitio pode ter muitas. Portanto é querer restringir demais ao dizer que a vocação natural de um determinado lugar é só o turismo, a exemplo de culturas que mesmo exóticas fazem parte da concepção natural, o cacau, a seringa, o dendê o coco, se dependêssemos da vocação natural da Mata atlântica, jamais teríamos sido o maior produtor de cacau.
Sustentabilidade – De acordo com NUNES, RAQUEL, site .Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade. Mesmo parecendo uma redundância; esse conceito quando aplicado em relação à atuação humana frente ao meio ambiente em que vive é plenamente compreendido e se assenta como uma luva.
Nesse contexto, entendemos que sustentabilidade é a capacidade de um indivíduo, grupo de indivíduos ou empresas e aglomerados produtivos em geral; têm de manterem-se inseridos num determinado ambiente sem, contudo, impactar violentamente esse maio. Assim, pode-se entender como a capacidade de usar os recursos naturais e, de alguma forma, devolvê-los ao planeta através de práticas ou técnicas desenvolvidas para este fim.
Desta forma, pode-se dizer que um empreendimento sustentável, ele devolve ao meio ambiente todo ou parte dos recursos que processou e garante uma boa qualidade de vida as populações que nele atuam ou que vivam nas imediações ou na área afetada pelo projeto. Garantindo assim, uma longa vitalidade e um baixo impacto naquela região durante gerações.
Essa harmonia envolve a relação homem natureza e cultura, tem uma identificação com o conceito anterior, porém, esse conceito não pode ser estático por que a vida é dinâmica assim como a natureza, nada impede que uma ferrovia não possa cortar uma área de mata atlântica, um porto ou um aeroporto não possa situar-se em uma região turística, desde que os estudos possam amenizar os impactos através de medidas mitigadoras e compensatórias, principalmente quando estes elementos fazem parte de um conjunto infra-estrutural que dinamizará e retirará o município e região da letargia econômica.
A população de Ilhéus tem que acordar para a implantação, uma “mudança de procedimento”, que motive a estrutura produtiva, com o intuito de aproveitar melhor as potencialidades natas, adaptando as novas tecnologias e perspectivas compatíveis com as suas ancias contemporâneas.
No tocante à mudança de procedimento, o município de Ilhéus, depois de 22 anos, introduz o Zoneamento Processamento para Exportação como um instrumento tecnológico avançado, a qual deverá ser consubstanciada por treinamentos de técnicos e operários, além de profissionais de outros segmentos da comunidade, visando dotar a economia futura de recursos monetários em todos os períodos do ano, com uma prestação de serviços diversificada.
Com a aprovação da ZPE abre-se um novo leque que direciona todo e qualquer empreendimento fabril para este setor, além do mais, já esta publicada, a mais de um ano, as leis que determinam o ordenamento da orla de Ilhéus o Projeto Orla, cabe o município por em prática.
IIhéus se mostra diante de dois caminhos: continuar sendo uma terra de oportunidades para poucos e de um imenso potencial inexplorado ou abrir as portas para um futuro de desenvolvimento permanente, que resultará em melhores condições de vida para sua gente.
Ed Ferreira é administrador de Empresas e técnico agrícola.

5 respostas

  1. Zelão Diz: – Nem tanto ao céu…Nem tanto ao inferno!
    Caro Companheiro Picolé;
    “Devagar com o andor, que o santo é de barro e está chovendo!”
    Reafirmo daqui os meus sinceros respeitos e admiração pelo seu comentário e pela sua coragem de tornar público, com tal veemência, o seu pensamento a respeito do assunto. A veemência com que o fez, levaram-no a beirar as raias da leviandade ao querer justificar sobre qualquer outro argumento, o fato de que; o desenvolvimento se justifica sobre qualquer tentativa de discussão não econômica.
    Lamentavelmente, caro companheiro; foram essas posições que levaram o mundo a beira da catastrófe, tida hoje como inevitável. As grandes economias mundiais se utilizaram desses mesmos argumentos, para construirem os modêlos de desenvolvimentos econômicos que nos dias atuais se mostram socialmente injustos.
    Sinceramente, não vejo nas reivindicações dos grupos ambientalistas, um mero desjo sectário de impedir o desenvolvimento de Ilhéus e da Região. A preocupação com o meio ambiente já demonstrou em todo o mundo, não se tratar de simples movimentos da vanguarda intelectual. As preocupações são válidas e devem ser analisadas.
    Quem venha no presente o desenvolvineto. Mas, que não nos imponha um preço impagável no futuro.

  2. Caro Ed.
    Reafirmo o que o amigo disse acima quanto a tua argumentação, mas acho que antes de querer acusar qualquer ato como eco-terrorista, você tem que ter total conhecimento do que se trata. Você já mostra falta de informação utilizando termo pseudo-ecologistas, gostaria que me informasse do que se trata este signo, Pois ao pé da letra, esses seriam aqueles que dizem prezar pelo meio ambiente, mas agem de forma contrária ao discurso. Vale lembrar também, que é bom que se informe da diferença de ecólogos e ecologistas, pois sou ecólogo, e antes de qualquer forma desordenada de “desenvolvimento” na nossa região, costumo apresentar alternativas viáveis, capazes de gerar empregos, e baratas, mas estas não interessam aos grandes empresários, pois o que importa são obras “o pão do povo”, e quanto maior for a obra melhor. E gostaria também que se informasse sobre o impacto de construção de portos (inclusive off-shores) no ecossistema que o recebe.
    E se o desenvolvimento é base de tudo, porque as chamadas grandes economias vivem hoje um processo chamado de retrocesso sustentável? Quer um exemplo? Tente produzir tilápias (espécies introduzidas) nos Estados Unidos, ou então tente explorar regiões onde há nascentes na Alemanha? Te garanto que não conseguirá lucros. E não por acaso os americanos importam o filé da tilápia produzida no Brasil até hoje, sai mais barato pra eles.

  3. Muito bom esse texto!
    É engraçado que os detratores do Porto Sul desçam a malha no novo empreendimento mas não comentem nada sobre os problemas ecológicos diários como o esgoto a céu aberto e o lixo nas ruas. Assim fica difícil acreditar que o novo complexo traga problemas à nossa sociedade.

  4. Ao amigo Victor Costa,
    Se notar o teor do meu texto, perceberá que não “desço malha” no Porto Sul, só acho que antes de pensar em implementar quaisquer obras, independente do seu porte, ela tem que ter seus prós e contras analisados. Não sou ecologista, sou ecólogo, e como tal me proponho a oferecer alternativas naquilo que me informo constantemente, e procuro estudar, no meu caso ambientes aquáticos. Se procurar em algum arquivo bem esquecido das prefeituras de Ilhéus e Itabuna existem propostas (totalmente embasadas, e já utilizadas com sucesso em outras localidades até menos favorecidas financeiramente que nossa região) que eu enviei, como a Fábrica de peixes, piscicultura em mini-tanques, E Aquecimento solar para a água doméstica. No que me acho competente para opinar, continuarei opinando, no mais serei leviano. Não sei qual a melhor alternativa para o lixo urbano, e nem sei como se resolver problemas de esgotamento, então prefiro não falar.

  5. Olá, Centropomus!
    Acho que houve um mal-entendido. Eu estava me referindo ao texto em si, especialmente no 6º parágrafo, e não ao seu comentário em si. Espero ter sanado a confusão e estou aberto para mais opiniões.
    FLW’s

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