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Ricardo Ribeiro |ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br

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O rompimento entre PT e PMDB  baianos assemelhou-se a um fim de novela, dados os contornos dramáticos, com direito a telefonemas não atendidos, recados desaforados e cartas entregues na calada da noite por um mensageiro desconhecido. Em meio a tudo isso, a tensão com o fim de um relacionamento que superou a mera condição de aliança política, haja vista ter se constituído num marco divisório entre uma era de imposições e outra, a atual, em que impera o livre debate e a condução do poder se dá de uma forma que não se enxerga mais no mandatário a figura do coronel.

Passados os lances emocionantes da ruptura, a vida continua, diferentemente das novelas, que de fato terminam no último capítulo, seja o final feliz ou não. Nos melodramas, o autor capta o melhor momento, o mais intenso e esperado pelo público, para encerrar a história com “chave de ouro”. Na vida, os fatos continuam a se desenrolar  passado o ápice do drama, e abre-se a oportunidade para que os ânimos sejam apascentados e os personagens reflitam com mais serenidade sobre as consequências de seus atos.

Geddel irritou-se com o desprezo de Wagner, que afirmou não ter atendido aos seus telefonemas “por falta de tempo”. Ao seu estilo, vingou-se do “desplante” chamando o governo petista de medíocre. Bate e rebate típicos de briga de casal, onde as ofensas nem sempre traduzem o que cada um pensa do outro e, na maioria das vezes, servem apenas para machucar.

Certo é que, passado o calundu, os petistas e peemedebistas mais sensatos buscam a convergência. Ontem, o líder do PMDB na Assembleia Legislativa, Leur Lomanto Jr., recorreu a Vinícius para lembrar que a política é feita de encontros e desencontros, mas também de “reencontros”. Coisa semelhante afirma o deputado federal peemedebista Colbert Martins, que é só elogios a Jaques Wagner.

O reencontro entre PT e PMDB seria o caminho natural, sobretudo pela aliança (ainda) existente entre os dois partidos em Brasília. Isso somente ocorrerá, porém, se Wagner for para o segundo turno e tiver como adversário o DEM. Portanto, não deve interessar ao PT prolongar o bate-boca e criar polarização com o ex-aliado PMDB, o que só favoreceria  a ida de Geddel para o segundo turno, onde obviamente contaria com o apoio “irredutível” dos democratas. E aí, companheiro, é tchau PT.

Ricardo Ribeiro é advogado e um dos blogueiros do Pimenta.

0 resposta

  1. Caro Ricardo,

    Brilhante artigo! O que comprova o talento e a competência no uso da “pena” do nobre escriba, somado à demonstração do quanto o mesmo tem aprendido sobre a arte da política. Alguns podem até confundir suas palavras como tentativa de previsões ou clarividências, quando são na verdade reflexos do olhar parcimonioso sobre a política no nosso estado.

    Parabéns!

  2. Zelão, diz: – Viva a lucidez!

    Por ser lúcido e isento, o artigo mantém equidistância das razões defendidas por um ou outro lado dos contendores. Mas, as considerações feitas por José Dirceu no seu blog,não deixam dúvidas quanto a culpabilidade do PT, no desfecho da aliança com o PMDB baiano.

    O ex-ministro da Casa Civil no primeiro mandato do presidente Lula é o grande idealizador do projeto “20 Anos no Poder”, que dentre outros pontos, permitiu a abertura do PT para coligações com outras legendas e garantiram a eleição de Lula, a maioria no parlamento e a governabilidade.

    Dirceu aponta o PT, como o responsável, pelos muitos erros cometidos, pela ruptura com o PMDB na Bahia e de certa forma, a ameaça de uma ruptura com o PMDB nacional, diante do prestígio do Ministro Gedel, bem como; do indicativo de retrocesso nas alianças em todos os estados da federação. O próprio presidente Lula, já havia se queixado da dificuldade que tem o PT em fazer e manter alianças.

  3. Caro amigo,
    Ricardo Ribeiro

    Muito bem colocadas as suas palvras de rompimento do PMDB com PT, mas ainda tá muito cedo para fazer uma analíse dos fatos verdadeiros.Geddel Vieira, como todos nós conhecemos, tá é fazendo charminho prá cima do PT, para poder barganhar cargos no governo Federal e Estadual, no final ele renúncia sua candidatura ao governo da Bahia e apoía J.Wagner.Geddel não tem carisma para ser candidato a Governador, seu reduto eleitoral é Jequié e no sertão onde ele é coroné dono de curral eleitoral,mas para deputado, para governador as coisas mudam de figura.JW pode não está fazendo nada pelo sul e extremo sul da Bahia, mas tem trabalho no sertão.
    Para deputado, Geddel tem eleição garantida, mas tenho lá minhas duvídas que ele consiga eleger Senador da República.É um mala difícil de carregar,nem ACM conseguiu carregar aquela mala, é muito pesada.

    Melck Rabelo

  4. Concordo plenamente MELCK RABELO Gedel está procurando valorizar seu apoio,no segundo turno ele volta, as prefeitura que ele tem são de prefeitos falsos que gostam de poder e quem tem poder é o PT.

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