Ruy Carvalho na disputa eleitoral de 2008.
E em 1989 Lá estava Ruy apoiando a primeira candidatura de LULA à presidência da República, e ao PT desde o primeiro turno.
Foi também importante e decisiva a participação de Ruy, nos debates que culminaram na grande aliança progressista de 1996, que derrotou as forças ligadas ao antigo carlismo em Ilhéus.
Antes de ser convidado para disputar as eleições de 2000, por mim e prof. Ednei, representando o desejo da grande maioria do PT de Ilhéus, Ruy esteve presente e atuante em todos os principais eventos políticos do nosso município, dando a cara e a cor do Partido nestes. Afirmo isso como testemunha ocular, pois acompanhei e participei desses momentos importantes e marcantes para o PT e para a política de Ilhéus.
Nas duas últimas campanhas de Ruy para prefeito, participei das equipes de coordenações e pude conviver ainda mais com o mesmo. Compartilhei dos momentos alegres de contato com a população, presenciei as várias demonstrações de carinho que ele recebia. Compartilhei dos momentos de conflitos, zangas, dificuldades financeiras, onde “Ruy Trovão”, como alguns carinhosamente chamavam nesses momentos, estourava, esbravejava, desabafava, mas em questão de minutos voltava a ser o mesmo Dr. Ruy de sempre, amável, companheiro e solidário.
Também sofremos juntos durante todos esses anos, em diversos momentos. Sofremos pelas escolhas equivocadas do povo de Ilhéus em várias eleições, sofremos nas três “derrotas” de LULA, sofremos durante a crise que a direita revanchista, juntamente com a mídia golpista, impôs ao PT, em 2005. Sofremos inclusive por não concordarmos, mas que por disciplina partidária tivemos que aceitar, com o jogo da governabilidade, que destrói relações e menospreza a história de lutas antagônicas.
Faço os relatos acima, para responder aos que me perguntaram qual era a minha opinião sobre a saída de Ruy. Como opinar sobre uma decisão individual, tomada por alguém que durante esses mais de 20 anos, só fez política coletivamente? Prefiro falar dos momentos políticos que discutimos, debatemos e participamos juntos.
Perguntaram-me ainda se eu, como dirigente do PT, iria pedi para ele ficar. E disse aos mesmos que nas relações pessoais como na política, quando alguém toma alguma decisão precipitada ou no calor da emoção, talvez precise de um tempo para refletir, rever posições e, quem sabe, corrigir a rota. Não sei se é o caso em questão, pois parece que Ruy, bem ou mal assessorado, já vem trabalhado essa decisão há algum tempo.
Por ter aprendido a compreender e a gostar dessa figura polêmica, ‘bruta’ às vezes, mas sempre intensa no que faz que é o Dr. Ruy, finalizo usando um refrão de um reggae do Muzenza, que penso seja assim:
“… adeus não, e diga ATÉ BREVE…”
Senildo Paulino é advogado e integra o Conselho Estadual de Ética do PT.