Tempo de leitura: 4 minutos

Adriana Nicácio | Revista Istoé

Revista diz que Lula cozinha Geddel.
Revista diz que Lula cozinha Geddel.

Candidato ao governo da Bahia e com a esperança de ser o único a desfrutar da popularidade de programas sociais como o Bolsa Família, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), está sendo cozinhado em fogo brando pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em alguns Estados, Lula defende uma resignação do PT em favor de alianças. Mas na Bahia o presidente apoia a reeleição do governador Jaques Wagner. Lula quer negociar um pacote com o PMDB para garantir o apoio nacional do partido ao candidato do PT a presidente em 2010. Vai incluir Geddel e as dissidências em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Pará nas discussões.

Ele já percebeu que Geddel começa a se isolar na Bahia e acredita que o ministro pode voltar a apoiar Wagner. “O presidente Lula não vai chamar o Geddel para conversar. Fez isso várias vezes antes do rompimento”, diz um assessor próximo de Lula. No dia 6 de agosto, Geddel rompeu, por telegrama, com o PT baiano e lançou sua précandidatura ao governo da Bahia, em clara oposição ao governador. O gesto não seria tão grave, na visão dos petistas, se Wagner não tivesse sido o padrinho político de Geddel na indicação para o ministério.

Quando recebeu o telegrama às 23h no Palácio de Ondina, Wagner esbravejou: “Traição e ingratidão vêm do berço.” Lula também ficou bastante irritado com a decisão de Geddel, mas ainda tem esperanças de um providencial recuo. Durante café da manhã no Palácio da Alvorada, no dia 31, Wagner disse ao presidente que Geddel está usando a estrutura do governo para falar mal do próprio governo. Wagner destacou que nenhum indicado de Geddel foi demitido no Estado. Lula concordou, mas deu um conselho ao governador: “Galego, eu sei que você chegou ao seu limite. Mas é preciso ter paciência.”

Como bom cozinheiro, Lula já tem a receita ideal para dobrar Geddel. Primeiro, escolheu a dedo o interlocutor. “Quem vai falar com o ministro será o Gilberto Carvalho (chefe de Gabinete do presidente) porque cabe ao Gilberto tratar dessas questões espinhosas.

Mais que espinhosa, a situação é delicada para o PT na Bahia, principalmente porque a iniciativa de Geddel despertou a candidatura do ex-governador baiano Paulo Souto (DEM), que, em algumas pesquisas, aparece em primeiro lugar e ameaça a reeleição de Wagner. Há quase um ano, Geddel está em campanha pelo interior. Busca novas alianças, pois perdeu para Wagner o apoio do PDT e do PP.

Em alguns casos, sua mensagem chega por telegrama. Numa delas, seu assessor José Carlos Esmeraldo informou à prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, que o ministério liberou a primeira parcela de R$ 3,5 milhões para recuperação da cidade e concluiu: “Peço comunicar lideranças locais que o nosso ministro continua seu trabalho em favor da comunidade.”

De acordo com o deputado Raymundo Veloso (PMDB-BA), que tem andado pelo interior, Geddel está forte. “Se ele for para o segundo turno, seja contra o Jaques Wagner, seja contra o Paulo Souto, vence. Temos mais de 100 prefeitos trabalhando para ele”, garante Veloso. “Ninguém vai tirar da cabeça do ministro a ideia de concorrer ao governo da Bahia.”

Geddel, porém, é mais cauteloso e continua a aguardar um chamado de Lula. O ministro apostava numa viagem do presidente a Juazeiro, em setembro, para visitar as obras de transposição do rio São Francisco.

Pensava até em acompanhar Lula no avião presidencial. Mas a viagem está suspensa, por tempo indeterminado, por “problemas de agenda”. Seus assessores continuam acreditando que o encontro será realizado.

“Há pelo menos três opções: o presidente pode oferecer a Geddel ser vice de Wagner, pedir que o ministro seja candidato ao Senado, e, na pior das hipóteses, pode pedir que ele deixe o ministério”, enumera um assessor próximo do ministro, que confia no poder de fogo do PMDB.

O ministro estuda esse cardápio. Sem alarde, pediu a duas pessoas que sondassem Wagner sobre o apoio à vaga ao Senado. Haverá renovação de dois terços do Senado e Wagner decidiu apoiar o conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, Otto Alencar, que já pediu afastamento do TCM. A outra vaga continua em aberto. “Geddel só precisa pedir o apoio em público”, diz um dirigente petista. Mas o presidente do PT na Bahia, Jonas Paulo, é mais exigente.

“É uma situação esdrúxula, termos um ministro que é concorrente no maior Estado que o partido do presidente governa”, reclama. No entanto, admite que Geddel pode voltar a ser um aliado, embora o sentimento na base do PT, observa Paulo, seja de revolta. “Nós transmitimos isso ao Lula.” Entende-se, portanto, por que o presidente mantém o ministro em banho-maria. Na quinta-feira 10, um segredo da receita de Lula foi revelado.

O ministro do Trabalho, Carlos Luppi, esteve em Salvador e filiou ao PDT três deputados estaduais que iriam apoiar Geddel e mudaram de lado. Ou seja, Lula ainda está longe de colocar seu toque final neste prato da cozinha baiana.

CONFIRA tudo na revista www.istoe.com.br

0 resposta

  1. A historia não é bem essa. O ministerio de Gedel pertence ao PMDB que o indicou. O máximo que Lula poderia fazer era pedir ao PMDB que o substituisse o que iria criar mais uma crise entre Lula e O PMDB, coisa que Lula não quer. Quando Gedel aderiu à campanha de Wagner , ele estava com 4 pontos nas pesquisas, inclusive o proprio Lula dizia que o galego não ia ganhar as eleições. O rompimento do acordo PMDB x PT, foi feito pelos Jonas Paulo da vida que ficara, fazendo pressão para que isso acontecesse, o que sobrtaria mais secretarias e em,pregos para suas turmas. Não gosto de Gedel, acho ele muito arrogante, não voto nele,mas tenho a certeza que ele será o fiel da balança num provável segundo turno.Ai o PT vai chorar a separação.

  2. Ainda vai dar muito o que falar… Lula espera a definição de quem pode conseguir mais votos pra sua candidata e dependendo disso, pode até queimar o companheiro Wagner e apoiar Geddel.

  3. Zelão diz: – A esperança é a última que morre

    Depois de “obrigar” o PMDB a sair do governo – por tê-lo abandonado na sucessão municipal de Salvador – o PT, como sempre faz, não acreditou que o Ministro Gedel, tivesse a coragem de “arregaçar as mangas” e partir para a carreira solo de uma candidatura a governador da Bahia.
    O PT, quis como sempre o faz com os seus aliados, submeter o PMDB à condição de subalterno, sem dar o devido valor a correlação de forças, estabelecidas após a eleição de Wagner ao governo do estado, com o apoio decesivo do PMDB e de Gedel.
    Tolo seria Gedel, se aceitasse, mesmo que atendendo ao Presidente Lula, voltar a trás e aceitar ser candidato na chapa de Wagner e do PT. Gedel sabe que seria traído e abandonado pelo petismo baiano, se fosse um dos candidatos a senador.
    Além do mais, a essa altura do campeonato, Gedel, tem plena consciência, que será o “fiel de balança” da eleição de 2010. Ademais,composição por composição, sabe que mais vantajoso e mais confiável é fazer aliança com o DEM e PSDB, agora, para uma candidatura na majoritária, ou para uma aliança no segundo turno.
    Enquanto isso, os “abestalhados” do PT, sonham que o presidente Lula – mais uma vez – jogue todo o seu peso político, e até arrisque a aliança nacional com o PMDB, para salvar o pescoço do galego e os empregos petistas na Bahia.

  4. Que tristeza!
    O maior partido do Brasil, nessa situação!
    A cada dia que passa parece se confirmar que o PMDB
    não nasceu para ser protagonista. Pois se comporta
    sempre como um coadjuvante.
    Costurando alianças, chega ao poder (como coadjuvante)
    e depois começa as negociações (alguns chamariam de barganha)!
    Sinceramente não creio que Gedel leve essa candidatura à frente!
    Quer testar? Deixa Lula oferecer outro Ministério ainda mais
    expressivo e uma promessa de que ele irá “substituir” Wagner em 2014,
    que ele, Gedel, não vai suportar!

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *