Tempo de leitura: 4 minutos

Valmir Assunção

.

A construção da paz começa no coração das pessoas, é uma conquista coletiva. Esta foi uma das últimas mensagens da coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns Neumann, proferidas no Haiti, no dia 12 de janeiro deste ano, antes do desastroso terremoto que matou cerca de 100 mil civis, inclusive a missionária. Ela deixará muitas saudades e um vazio enorme na luta por um mundo melhor para as crianças e adolescentes de todo o planeta que estão em situação vulnerável.

Retomando o sentido das palavras de Arns e da história da diáspora negra, que faz parte da origem do Haiti e do Brasil, principalmente da origem da Bahia, afirmo que, nós, baianos, temos de abraçar a luta do povo haitiano para minimizar as consequências desse desastre, como se fosse a nossa própria luta.

Estive no Haiti em 2005, numa missão internacional, na qual também participaram a atriz Lucélia Santos e diversos parlamentares e lideranças da América do Sul. Por mais de 15 dias, participei de encontros com lideranças da sociedade civil e do governo daquele país. Nesse tempo, pude ver de perto a pobreza e a miséria em que as pessoas vivem lá.

O Haiti foi um país que viveu muitos anos na ditadura, apesar de ter sido o primeiro a se tornar independente entre todos os outros da América Latina. Guarda, no entanto, de forma muito mais devastadora que o Brasil, as consequências do colonialismo e do imperialismo, como a condição de país mais pobre do continente.

Mais do que nunca, com os novos ventos que sopram na América Latina, é que nós, latino-americanos, temos que nos ajudar, temos que erguer os que estão mais abatidos. Por isso, nesse momento de tragédia no Haiti, é importante que cada um de nós, baianos, se torne solidário com esse povo.

E nenhum segmento, senão o movimento negro do nosso Estado, seria mais importante para liderar uma campanha de solidariedade ao povo haitiano. O que o governo Lula está fazendo são iniciativas importantes, mas nós, enquanto baianos, identificados com aquele povo, devemos também fazer nossa parte. Todas as religiões, todos os meios de comunicação, todas as forças políticas podem transformar isso numa mobilização do povo baiano.

Seria profundamente legítimo, por exemplo, que o carnaval de Salvador fosse o “Carnaval de Solidariedade ao Povo do Haiti”. Que os meios de comunicação incorporem essa campanha como uma tarefa importante da disseminação da solidariedade através da informação. Isso iria contribuir para a arrecadação de recursos e alimentação não perecível: um gesto que pode ser multiplicado em todo o Brasil.

Não basta ficarmos chocados com a tragédia, devemos agir, ajudar. Porque, como frutos da diáspora negra, o povo baiano tem uma co-responsabilidade social para com o povo haitiano.

Valmir Assunção é secretário de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza da Bahia e deputado estadual licenciado.

A construção da paz começa no coração das pessoas, é uma conquista coletiva. Esta foi uma das últimas mensagens da coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns Neumann, proferidas no Haiti, no dia 12 de janeiro deste ano, antes do desastroso terremoto que matou cerca de 100 mil civis, inclusive a missionária. Ela deixará muitas saudades e um vazio enorme na luta por um mundo melhor para as crianças e adolescentes de todo o planeta que estão em situação vulnerável.

Retomando o sentido das palavras de Arns e da história da diáspora negra, que faz parte da origem do Haiti e do Brasil, principalmente da origem da Bahia, afirmo que, nós, baianos, temos de abraçar a luta do povo haitiano para minimizar as consequências desse desastre, como se fosse a nossa própria luta.

Estive no Haiti em 2005, numa missão internacional, na qual também participaram a atriz Lucélia Santos e diversos parlamentares e lideranças da América do Sul. Por mais de 15 dias, participei de encontros com lideranças da sociedade civil e do governo daquele país. Nesse tempo, pude ver de perto a pobreza e a miséria em que as pessoas vivem lá. O Haiti foi um país que viveu muitos anos na ditadura, apesar de ter sido o primeiro a se tornar independente entre todos os outros da América Latina. Guarda, no entanto, de forma muito mais devastadora que o Brasil, as consequências do colonialismo e do imperialismo, como a condição de país mais pobre do continente.

Mais do que nunca, com os novos ventos que sopram na América Latina, é que nós, latino-americanos, temos que nos ajudar, temos que erguer os que estão mais abatidos. Por isso, nesse momento de tragédia no Haiti, é importante que cada um de nós, baianos, se torne solidário com esse povo.

E nenhum segmento, senão o movimento negro do nosso Estado, seria mais importante para liderar uma campanha de solidariedade ao povo haitiano. O que o governo Lula está fazendo são iniciativas importantes, mas nós, enquanto baianos, identificados com aquele povo, devemos também fazer nossa parte. Todas as religiões, todos os meios de comunicação, todas as forças políticas podem transformar isso numa mobilização do povo baiano.

Seria profundamente legítimo, por exemplo, que o carnaval de Salvador fosse o “Carnaval de Solidariedade ao Povo do Haiti”. Que os meios de comunicação incorporem essa campanha como uma tarefa importante da disseminação da solidariedade através da informação. Isso iria contribuir para a arrecadação de recursos e alimentação não perecível: um gesto que pode ser multiplicado em todo o Brasil. Não basta ficarmos chocados com a tragédia, devemos agir, ajudar. Porque, como frutos da diáspora negra, o povo baiano tem uma co-responsabilidade social para com o povo haitiano.

10 respostas

  1. Excelente artigo. De fato, Valmir Assunção precisa abraçar esta causa como se fosse a dele também! O Haiti precisa da ajuda de todos. Parabéns pelo artigo…

  2. O Haiti precisa muito de ajuda e a comunidade internacional está se mobilizando para tal.
    Mas é verdade que também precisamos olhar para os nossos bolsões de miséria espalhados pelo Brasil afora.
    ….
    Enviar tropas para o Haiti para cuidar da segurança do país de olho numa cadeira de membro permanente no Conselho de Segurança da ONU é fazer pouco pelos miseráveis haitianos.

  3. Seria muita falta de sensibilidade – no mínimo – classificar um carnaval que segrega, aparta, separa, os ricos dos pobres, como sendo uma simbologia em relação ao Haiti, …!!!

    Nunca vi tanta falta de consciência, …!!!

    Haja hipocrisia, …!!!

    Pobre, no carnaval de Salvador, fica de fora, só leva trompasso, empurrão, porrada da Polícia, mais nada, …!!!

    Quando conseguem algo para trabalhar, ou é como vendedor ambulante, ou é como aqueles que ficam segurando as cordas dos blocos, enquanto os abastados se divertem, …!!!

    Enquanto os ricos ostentam todo o poder aquisitivo nos camarotes suntuosos, nos melhores blocos, nos hotéis de luxo e restaurantes a preços proibitivos para a maioria, os pobres ficam apenas olhando, esperando por alguma sobra, …!!!

    E ainda há o “deboche politicamente correto”, por parte dos artistas, quando a festa conta com a presença dos ricos: “Só tem gente bonita”, …, pois para muitos os pobres são sempre os feios, os mal educados, a escória da sociedade, …!!!

    Feio mesmo é a pobreza, …, que é um estado em que alguns seres humanos se encontram, …!!!

    Realmente, o Haiti é aqui, …!!!

  4. Precisamos corroborá com o primeiro comentário também..
    Concerteza o CSU de Itabuna está sujo, sem projeto, sem ação, visibilidade..Quem na cidade de Itabuna ouve falar de algum ação do centro para as mulheres, jovens..?O Sr. diretor Z… da unidade do CSU deveria cuidar além do seu negócio, principalmente da função de gestão do orgão a qual é remunerado por nos que paganmos imposto. Secretário chama o homem na responsailidade!

  5. Sergio oliveira, faça um blog pra vc..adoro seu comentaro racional e coerrente. quand vejo uma artigo aqui, procuro logo ver oq vc escreveu, smpre fao suas as minha s palavras,, quando vi o artigo o Haiti somos nos! achei q iram faalr justament do que me inqueta, como educadora e parte da massa..bem o nome do artigo para ser coerente teria q ser msmo o Haitie aqui!
    Nao consigo entender ,porq crianças aqui no Brasil morrendo de fome, nas ruas pedindo esmola, nao tem acesso a educaçao nem com nem sem qualidade. agora fica esse povo correndo atraz da midia pra apareçer e diz q e ajuda humanitaria, quer entender o q to dizendo, leia o livro saber cuidar de leornardo boff.*Vamos enchergar o outro com alguem mas proximo, nao precisa atravessar um oceano.
    Na escola q trabalho muitas vezes divido meu lnche com alunos pra matar a fome, isso quando ficam sem vir a escola porq nao tem merenda e eles associam educaçao com comida. e viva o tamagochi.

  6. Existe um lapso no texto do Valmir.
    No discurso entre a colononização, a ditadura, a pobreza e o terremoto. Humm.
    Quem são as tais Gangues de que a imprensa fala ? Por que a ocupação militar ? O que é mesmo essa tal de Minustah ? Vamos ajudar o Haiti sim compreendendo a sua história, a nossa história e deque forma poderemos nos mobilizar para isso.

  7. Gostei do texto porque aborda bem a idéia da solidariedade internacional principalmente com um país de maioria negra como nós. Assim como o presidente Lula que tem trabalhado para ajudar países Latino-americanos, africanos, etc. Isso coloca o Brasil em um patamar internacional importante que antes só os Estados Unidos exercia. E acho que cada um de nós deve fazer parte dessa grande corrente. Uma corrente que ultrapassa fronteiras.

  8. Incompreensível a Nota Oficial que o Governo do Haiti envia ao Brasil. Valeu, Valmir, por estar declarando sua posição. Afinal, onde estão as declarações dos âncoras dos telejornais que, numa situação como essa, apóiam, pelo silêncio, o cruel preconceito de diferenciar os povos pela cor da pele e posição social? Cadê a mídia democrática, de que aqueles tanto falam quando querem servir a difamação de alguns poucos?

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *