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Allah Góes | allah.goes@hotmail.com

Quem hoje observa o rio Cheonggyecheon, que corta a cidade Seul, na Coréia do Sul, e pode ver as áreas verdes que tornaram o centro de cidade mais agradável, não imagina que, até o início desta década, aquela era apenas mais uma zona urbana degradada, a exemplo de tantas outras pelo mundo afora.

Para garantir a recuperação ambiental da área degradada, e que não se limitava apenas ao leito do rio, a prefeitura local tomou decisões radicais, incluindo a demolição de um viaduto que cobria esse canal urbano totalmente poluído.

Cerca de 620 mil toneladas de concreto foram ao chão e investimentos na ordem de US$380 milhões, tornaram realidade o que parecia impossível: assegurar a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos a partir da paisagem restaurada e da revitalização do seu rio.

A recuperação do rio Cheonggyecheon é considerada uma referência mundial em humanização de cidades, não só pela despoluição das águas, mas pela construção de parques lineares que devolveram o contato das margens aos moradores, daquela que é a sétima maior cidade do mundo em número de habitantes – tem 10,3 milhões de pessoas. (informações de artigo de Elizabeth Oliveira, Revista Sustenta)

Por aqui, em nossa Itabuna, mesmo sem contarmos com uma prefeitura em condições de realizar um investimento de tal envergadura, e até mesmo por conta do nível de poluição de nosso Cachoeira (que é infinitamente menor que o encontrado no Cheonggyecheon), em apenas se aplicando aquilo que se arrecada com a “taxa de esgoto”, já se teria condições de começarmos a amenizar o problema.

Sim, é possível, por conta da ainda pequena degradação de nosso rio, com boa vontade e investimentos localizados, iniciarmos medidas de pouco custo visando a sua revitalização.

Há até poucos anos ainda era possível ver no nosso rio diversas lavadeiras, além de pescadores e outras pessoas que se utilizavam de um rio limpo, para tomar banho, trabalhar, se divertir. Uma cena impensável nesses dias atuais de “rio verde” e mal cheiroso.

Hoje o que se vê, e se sente, é um rio transformado em esgoto a céu aberto. As pessoas que diariamente andam nas suas margens, fazendo o já tradicional “cooper do Beira-rio”, a qualquer hora do dia, são brindadas com um cheiro fétido, sendo que, por conta dessa degradação, de há muito não  mais avistamos nem mesmo peixes tentando respirar na superfície.

Lembro-me das histórias contadas por meu pai que, além de jogar bola num dos areais que se formavam do meio do rio, costumeiramente pescava acaris e se banhava nas límpidas águas do nosso Cachoeira.

Mas hoje, mesmo pagando-se “taxa de esgoto”, vemos, passivos, 100% do esgoto residencial de nossa cidade ser jogado, sem qualquer tipo de tratamento, diretamente no Cachoeira, o que por certo é o responsável, não apenas pela mortandade de peixes, mas pela nova e estranha coloração de suas águas.

Crescemos e nos desenvolvemos graças ao Cachoeira, e como grapiúnas, temos que cobrar de nossas autoridades que gastem o que é arrecadado com a “taxa de esgoto”, com o tratamento do esgoto, o que, neste centenário sem maiores “acontecimentos ou comemorações”, seria até um bom presente, pois com isto não seria apenas o Cachoeira, os seus peixes e a natureza quem seriam presenteados, mas todos nós, moradores de Itabuna.

Allah Góes é advogado municipalista e articulista do Jornal Agora

9 respostas

  1. Não é dinheiro que muda sinplesmente o mundo. Estou agora numa pousada/flat de Ilhéus em que parte dos turistas jogam o seu lixo do outro lado do muro (do vizinho). Tem de tudo: garrafas pet, sacos de lixos e assemelhados. Como é que se muda o mundo com tanta ignorância? No shopping todo mundo é chic, mas na vida real todo mundo, parece, gosta de chafurdar no lixo. Eia!

  2. Infelizmente de umcerto tempo pra cá, nos fazemos nossos comentarios e não são postados aqui no pimenta, não sei porque.Reponda quem souber!
    É de fato veridico o que o Sr. ALLAH GÓES relata ai a cima. O capitão Azevedo muito mal acessorado nomeou a profesora MARIA LUZIA diretora de Recursos Hidricos, ligada a Secretario da Agricultura, que tem o frente um grande secretario que em relação a agricultura tirou Itabuna do buraco (PAA). Mas que esta tendo grandes problemas com essa Socialite Falida, Maria Luzia que tem grande fama de que por onde passa muito fala e nada faz, e ainda persegue os funcionarios que trabalham. Cadê o Capitão Azevedo que ainda não viu isso? Capitão já são 14 meses de seu governo me responda o que essa sua Diretora fez? Nosso Rio Cachoeira Continua morrendo…
    Foi materia no Jornal Agora, que na secretaria da Educação tem uma Assessoria de Educação Ambiental, composta por 2 pessoas e que em uma das ações realizadas ano passado arrecadaram, tiraram dos lixões, esgotos, terrenos baudios cerca de 150 MIL garrafaz pet.
    Capitão, Capitão… Abra seu olho enquenato é tempo, as pessoas serias que compôe sua equipe não estão podendo trabalhar porque estão travadas por essas pessoas que o senhor colocou ai pela janela…
    Depois quando o senhor ouvir aquela musiquinha que ficou famosa em Itabuna, ARRUMA A MALA AÊ… O Senhor não terá de quem reclamar, vai chorar o leite derramado. Quem avisa amigo é!!!

    Da Redação: Os comentários existem para enriquecer o debate, não para denegrir quem quer que seja. A moderação nos comentários existe para evitar abusos, como o que se viu nesse post, em que um comentarista tentou se passar pelo ambientalista Walmir do Carmo. O verdadeiro Walmir reclamou e retiramos o comentário citado, preservando a idoneidade do atingido.

  3. Quando o Governo Federal, através da CEPLAC, anunciou o PRÓ CACAU, um Projeto para fazer do Brasil o maior produtor mundial, o Conselho do CACAU, passou a ser palco de memoráveis e inesquecíveis debates sobre os equívocos que continham o Projeto. Um deles era a DERRUBA TOTAL DA MATA, para se fazer a plantação em substituição à saudável prática da CABRUCA, que era o ato de raleamento da MATA para plantar o CACAUões sem dar prejuízo ao MEIO AMBIENTE. De nada adiantaram os protestos de muitos Sindicatos Rurais e de ambientalistas. 200.000(duzentos mil hectares foram derrubados da MATAS, aqui e na região Amazônica. Esse PRÓ CACAU fez o novo PÓLO DE CACAU da Região Norte do país, o que possibilitou aumentar o intercâmbio entre as duas regiões, o que fez trazer a VASSOURA DE BRUXA, que liquidou a nossa região. Hoje os manguezais estão depredados, os rios dantes piscosos e volumoso estão morrendo( o caso do nosso Rio Cachoeira, Almada e tantos outros),os mananciais comprometidos, etc… Diante desse quadro que é real,os proprietários de terras e trabalhadores rurais derrubame a MATA para sobreviverem,travam uma titanica luta”PELA VIDA CONTRA A VIDA”. Muita gente na região não está nem aí. A verdade é uma só: Ou se recupera a economia do CACAU, ou será o fim de tudo.
    Quem viver, verá.
    Os GOVERNOS DEFINITIVAMENTE< VIRARAM AS COSTAS PARA A ECONOMIA DO CACAU e todos nas próximas eleições estarão votando neles. Parece que perdemos até o amor próprio.

  4. Sensacional e oportuna matéria! Principalmente, pelo citado no finalzinho … Seria muito interessente a população a se mobilizar em prol de um movimento veiculado as comemorações do “Centenário” sobre a necessidade de ações energicas e imediatas para revitalização e preservação do velho Cachoeira, inclusive cobrando a utilização devida da taxa de esgoto que é paga não se sabe pra que. Vamos lá gente! os poderes constuidos estão aí ao nosso favor a espera apenas de ações coletivas e de interesse público, principalmente na tão difundida preservação ambiental.

  5. Concordo com o Sr. Alah. Só para lembrar, já fizemos muitos trabalhos sobre o Rio para chamar a atenção tanto do poder público quanto das pessoas, porém,elas só lembram do Rio quando ele está fedendo.
    As taxas dos esgotos que pagamos servem para quê?

  6. varias agendas 21 no final da decada passada discutiam sobre o Cachoeira.. e nada foi feito.. o pessoal so lembra do rio qdo ele enche e causa destruição..

    Bem q uma outra enchente como a de 62 (ou 69, não lembro) poderia acontecer como retaliação do RIO para com a população insconsciente..pra alertar dos problemas ambientais que este rio sofre todos os dias..

  7. O problema do Rio Cachoeira não é tão difícil de ser resolvido, pois a maioria do que é jogado no rio é esgoto doméstico, …, produtos orgânicos, …!!!

    Ao contrário de outras regiões, onde a industrialização é muito grande e metais pesados, além de produtos inorgânicos, são lançados nos rios, …!!!

    Se a região tivesse representantes à altura, em Salvador e em Brasília, algum Projeto neste sentido já teria tramitado e a verba, certamente, garantida, …!!!

    O problema não abrange apenas Itabuna, mas toda a bacia hidrográfica (grande parte da nossa região), principalmente por causa de questões referentes a desmatamento e impacto ambiental, …!!!

    Mas devido à “qualidade” dos nossos Deputados, …, a coisa está do jeito que está, …!!!

    Pobre Rio Cachoeira, …!!!

  8. Eu quando passo perto do Cachoeira, é como se passasse perto de uma pessoa moribunda sem ter quem lhe estenda a mão. A falta de consciencia das pessoas e dos governantes é que deixam nosso rio morrer. É preciso que ações populares clamem pela recuperação do nosso patrimonio, Cachoeira. Vamos à luta ASSOCIAÇÃO DOS ITABUNENSES!

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