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Daqui a exatos quatro meses Itabuna chegará ao centenário de sua emancipação. Data histórica e esperada, mas que provavelmente não será comemorada como deveria.

Próxima de tão importante marca, Itabuna está feia, suja, desorganizada, mal-iluminada,mal-administrada… Um time que bate cabeça em campo não alimenta boas esperanças  e a população se encontra na iminência de ver o aniversário passar em branco.

Obras que poderiam dar algum brilho à festa estão sob ameaça de não ficar prontas em 2010 e até de permanecer por muito tempo adormecidas no papel. A do canal da Amélia Amado, por exemplo, foi atropelada por erros na concepção do projeto e sabe-se lá quando sai.

A revitalização da Avenida do Cinquentenário até pode ser concretizada, mas é uma intervenção quase cosmética, que não resolve um dos maiores entraves que Itabuna tem hoje: o estrangulamento de sua estrutura viária.

Com quase 60 mil veículos circulando em suas ruas apertadas e de péssima sinalização, Itabuna corre o risco de sofrer o que nas grandes cidades já chamam de “paradão” (o apagão no trânsito). Apesar disso, não se fala em grandes obras estruturantes, que ajudem a desafogar o tráfego.

Na cidade centenária, um dos maiores pecados é a  falta de ambição e a pobreza de espírito dos governantes, que administram sem planejamento, sem pensar no futuro. Azevedo, o atual prefeito, também sofre desse mal, embora goste de dizer da boca para fora que as ações de seu governo são planejadas. Conversa mole.

O prefeito foi coerente ao menos quando admitiu, diante do presidente Lula, a obviedade de que Itabuna carece de melhor infraestrutura. Carece também de quem governe além do óbvio e sem improvisos. A cidade precisa de um governante que, quando fale em planejamento, saiba exatamente do que se trata e aplique o conceito na prática.

É triste a situação de Itabuna. Aos 100 anos, é uma cidade sem sorte e sem norte.

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Da coluna Tempo Presente (A Tarde):

Nilo Coelho (PSDB), prefeito de Guanambi, fará grande festa quarta-feira. Vai renunciar ao mandato para ser o vice de Paulo Souto (DEM). Em 1986, Nilo também era prefeito e renunciou para ser o vice de Waldir Pires.

Ganhou e acabou governador (Waldir renunciou para ser o vice de Ulysses Guimarães).

Está confiante que agora também vence, embora o único vice feliz do momento seja o dele em Guanambi, Charles Santana, que a partir de quarta será prefeito.

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Médico comprova morte de paciente (Foto A Região).

Na manhã de hoje, José Carlos Claudino dos Santos, de 47 anos, morreu na porta da emergência do Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães (Hblem), em Itabuna, após uma espera de 40 minutos por atendimento.

José Carlos foi transportado numa ambulância da prefeitura de Camacan para Itabuna. Chegou ao Hblem em situação gravíssima, vomitando sangue. Apesar do quadro da vítima, a atendente solicitou que o paciente esperasse pelo atendimento. José Carlos ficou na ambulância, seguindo a orientação.

A demora no atendimento agravou a situação. Após a informação de familiares de que o senhor estava morto, um médico foi à ambulância atestar o óbito. Informações e foto de A Região.

Atualizado às 9h57min 30.03

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Leandro Afonso | www.ohomemsemnome.blogspot.com

Logo no início de Bons Costumes, somos apresentados a uma insuportavelmente aristocrata família do interior inglês (nos anos 20), que espera o filho com sua respectiva esposa, surpreendente não só ao ser americana – sem disfarçar o sotaque – como também ao ser mais velha que o imaginado. Tudo funciona em torno das conturbadas relações entre ela e a família dele, especialmente a mãe, uma Kristin Scott Thomas em sempre convincente inconveniência. Do ritmo à entonação, ambos bem específicos e afastados de uma atuação mais naturalista, percebemos que Bons Costumes, de fato, passa a certeza de ser adaptado de uma peça. O que não é, felizmente, a mesma coisa de teatro filmado.

Com base em um roteiro bem estruturado, aliado a um excelente texto escrito para a tela ainda com todo um ranço teatral, Stephan Elliott (Priscilla – A Rainha do Deserto) utiliza o seu domínio de cinema para potencializar o que existe de bom ali. Ele conduz tudo com leveza e domínio do meio, mostrando (pelo bem do andamento do filme) a utilidade como movimento de câmera, da mudança de locação na continuidade de uma cena, da presença e do acontecimento de coisas impossíveis no teatro – sem entrar no mérito da comparação da qualidade de um com o outro.

Curiosamente, o tom acima de quase tudo em Bons Costumes contrasta com uma pretensão que visa qualquer coisa menos o topo. É um filme tão old school, e com olhar tão caro ao passado que deixa claro se contentar em ser um bom retrô. É como ver, numa botique contemporânea, uma camisa nova mas com a pinta de uma datada e charmosa peça de brechó. Dado seu caráter de aparência inicial inegavelmente genérica, ela precisa ser analisada de perto para perceber que, em seus poucos detalhes, ela figura entre as mais diferenciadas.

PS: Enquanto revisava o texto, consegui o feito de deletar parte de um parágrafo e, sem perceber (sabe-se lá como), salvar e sair – ou equivalente. Como resultado, tive de apagar todo o parágrafo, que ficaria entre o segundo e o terceiro daí. Crítica perdeu nexo.

Bons Costumes (Easy Virtue – EUA/ Canadá, 2008)

Direção: Stephan Elliott

Elenco: Jessica Biel, Ben Barnes, Kristin Scott Thomas, Colin Firth

Duração: 97 minutos

Projeção: 2.35:1

8mm

Top-10 Março:

10. Separações (2002), de Domingos Oliveira (***) e Not Quite Hollywood: The Wild, Untold Story of Ozploitation (2008), de Mark Hartley (***)

9. Mad Max (1979), de George Miller (***1/2)

8. A Faca na Água (1962), de Roman Polanski (***1/2)

7. Mãe – A busca pela verdade (2009), de Joon-ho Bong (***1/2)

6. Sem teto, nem lei (1985), de Agnes Varda (***1/2)

5. Medos Privados em Lugares Públicos (2006), de Alan Resnais (***1/2)

4. Ilha do Medo (2010), de Martin Scorsese (***1/2)

3. Intriga Internacional (1959), de Alfred Hitchcock (****)

2. Encontros e Desencontros (2003), de Sofia Coppola (****)

1. Bastardos Inglórios (2009), de Quentin Tarantino (****1/2)

Filmes da semana

  1. Mad Max (1979), de George Miller (DVD) (***1/2)
  2. Martha (1974), de Rainer Werner Fassbinder (DVD) (***)
  3. Bastardos Inglórios (2009), de Quentin Tarantino (DVD) (****1/2)
  4. Lili Marlene (1981), de Rainer Werner Fassbinder (DVD) (***)
  5. Malena (2000), de Giuseppe Tornatore (DVD) (**)
  6. Aos Treze (2003), de Catherine Hardwicke (DVD) (***)

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Leandro Afonso é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”.

Atualizado às 18h45min 28/03

10. Separações (2002), de Domingos Oliveira (***) e Not Quite Hollywood: The Wild, Untold Story of Ozploitation (2008), de Mark Hartley (***)

9. Mad Max (1979), de George Miller (***1/2)

8. A Faca na Água (1962), de Roman Polanski (***1/2)

7. Mãe – A busca pela verdade (2009), de Joon-ho Bong (***1/2)

6. Sem teto, nem lei (1985), de Agnes Varda (***1/2)

5. Medos Privados em Lugares Públicos (2006), de Alan Resnais (***1/2)

4. Ilha do Medo (2010), de Martin Scorsese (***1/2)

3. Intriga Internacional (1959), de Alfred Hitchcock (****)

2. Encontros e Desencontros (2003), de Sofia Coppola (****)

1. Bastardos Inglórios (2009), de Quentin Tarantino (****1/2)

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O Itabuna Esporte Clube aposta todas as suas fichas na partida de amanhã, 28, para ter alguma chance de continuar na primeira divisão do Campeonato Baiano. O time é o lanterninha do Torneio da Morte e enfrenta o Colo Colo pela quarta vez em 2010.

O Tigre ilheense venceu os três jogos disputados até aqui, todos pelo Estadual 2010 e lidera a “degola” com 6 pontos. O Itabuna tem apenas um, faltando apenas três partidas para definir os dois times que caem para a Segundona.

O jogo será às 16h, no estádio Luiz Viana Filho (Itabunão). Você, leitor, ainda acredita no Azulino? Opine na seção comentários e deixe seu voto na enquete.

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DEPUTADA “NÃO COADUNA” COM O CRIME

Ousarme Citoaian

Depois do PSB, quanto à truculência com professores em Porto Seguro, chegou a vez da deputada Ângela Sousa (foto) – tendo um assessor acusado de ameaçar de morte um jornalista. A parlamentar publicou nota de esclarecimento e, igual ao PSB, derrapou nas curvas da linguagem. Diz o arrazoado que ela “não coaduna com qualquer tipo de comportamento…” – inventando nova regência verbal: nos dicionários, coadunar (frequentemente pronominal) tem o sentido de somar (juntar, reunir, incorporar, harmonizar, conformar, combinar). Exemplo: “Minhas intenções não se coadunam com as da vizinha do 6º andar”. (frequentemente pronominal) tem o sentido de somar (juntar, reunir, incorporar, harmonizar, conformar, combinar). Exemplo: “Minhas intenções não se coadunam com as da vizinha do 6º andar”.

ESTILO: “VINDE A MIM OS SIMPLES”

Uma qualidade fundamental do estilo é a simplicidade. Quem alimenta o frenesi da escrita impenetrável, da comunicação empolada, corre o risco de ganhar atestado de pedante – além de não tocar o público a quem se dirige. O redator poderia ter empregado o velho, bom e claro concordar (“a deputada não concorda com…”). Ou, simplesmente, nada escrever, pois todos sabem que atos de violência (sejam contra jornalistas ou quem quer que seja) não se coadunam com o temperamento da deputada. Que, para minha satisfação, escreve o nome em língua portuguesa: Ângela (com acento) e Sousa (com “s”), coisa hoje rara entre brasileiros.

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JUIZ DÁ GOLPE NO ELITISMO

Uma sentença do juiz Alexandre Eduardo Scisinio transita na internet, sem que se saiba porque só agora veio a público – pois foi exarada em 2005. Trata-se de ação impetrada por outro juiz de Direito, a requerer, no tribunal, que o porteiro do seu condomínio, em Niterói/RJ, não mais o tratasse de “você” e sim, preferencialmente, por “doutor”. O julgador, dono de perspicácia e sensibilidade social, mostra ser conhecedor, além da Filosofia do Direito, dos fundamentos da língua portuguesa. Mesmo para leigos, é notável a citação de Norberto Bobbio sobre “buscar o fundamento de um direito que se tem ou de um direito que se gostaria de ter”: o requerente tem o desejo de ser tratado por “doutor”, mas, no entender do sentenciante, não é portador desse direito.

É POSSÍVEL FAZER JUSTIÇA

Ao negar a pretensão ao tratamento, o julgador afirma que “´doutor’ não é forma de tratamento, e sim título acadêmico utilizado apenas quando se apresenta tese a uma banca e esta a julga merecedora de doutoramento. Constitui mera tradição referir-se a outras pessoas de ‘doutor’, sem o ser, e fora do meio acadêmico”. O magistrado diz ainda que “o empregado que se refere ao autor por ‘você’, pode estar sendo cortês, posto que ‘você’ não é pronome depreciativo”. E abona sua tese com a linguista Eliana Pitombo Teixeira, para quem “os textos literários que apresentam altas freqüências do pronome ‘você’ [que vem do cerimonioso vossa mercê], devem ser classificados como formais”. Por fim, condena o postulante a pagar custas e honorários de 10% sobre o valor da causa. A justiça se fez.

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ATRAVÉS É PARENTE DE ATRAVESSAR

“A polícia chegou aos traficantes através de uma denúncia anônima” (O. C. grifou) – diz um noticiário de tevê, a propósito da prisão por atacado, durante uma festa embalada a drogas ilícitas. É a expressão através de posta fora do lugar, ocorrência muito comum no (mau) texto jornalístico. Em termos de frequência ela, parece-me, só perde para inclusive, que é indefectível nas (des) composições tatibitates que lemos diariamente. “A regra é clara”: emprega-se através de quando se quer dar a noção de atravessar, passar de um lado para outro – é este o sentido “clássico”. Nunca em substituição a por meio de, por, graças a, por intermédio de, devido a (e semelhantes).

MUITOS EXEMPLOS, POUCO ESPAÇO

Nos bons autores, são muitos os exemplos. Aqui, é pouco o espaço. Por isso, apenas duas abonações, bebidas em Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis: “Contemplei (…), ao longe, através de um nevoeiro…” e “A neutralidade (…) nos leva, através dos espaços…”. Simples: na primeira frase, a vista do narrador atravessa o nevoeiro; na segunda, o espaço. No meu campo de experiência (e sofrimento) colho mais um: “Através da vidraça, vejo a vizinha do 6º andar, que passa e não me olha”. Dos (bons) jornais: “O assessor foi nomeado por decreto” – nunca através de decreto. Eu, de novo: “Tentei falar com a vizinha do 6º andar, pelo telefone” – jamais através do telefone (ela, pra variar, não me atendeu!).

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DA ARTE DE BEM ESCREVER

Mais do que criticar, apresentar soluções é preciso. Já que falamos tanto de textos ruins, aqui está uma sugestão de livro de jornalista com texto de primeira qualidade: Tempestade de ritmos – jazz e música popular no século XX, de Ruy Castro (Companhia das Letras/2007). Uma excelente coleção de artigos, em comemoração aos 40 anos de atividade do autor. Está todo mundo lá, em 415 páginas, com fotos: da MPB ao jazz, de Ella Fitzgerald a Benny Goodman, de Roberto Silva (quem lembra?) a Chico Buarque e Moacir Santos, de Tony Bennett a Judy Garland. Não é uma coleção de biografias, mas o resultado de experiências pessoais. Para ler com a alma em festa.

A NOITE ETERNA DE RAY CHARLES

..O capítulo sobre Ray Charles (foto) é tocante. Em 1996, no artigo Para que enxergar quando se é Ray Charles?, Ruy Castro escreveu: “Aos seis anos, quando Ray subia ao alto do morro, ainda podia ver a vegetação se perdendo no infinito. Mas, rapidamente, o horizonte começou a ficar muito próximo. Logo estaria a poucos metros. Os pássaros e outros pequenos animais desapareceram da paisagem. As figuras se transformaram em borrões, depois em vultos difíceis de distinguir e, então, também se evaporaram. Às vésperas dos seus sete anos, o mundo visível de Ray já se dividia em simplesmente dia e noite. Até que o dia também ficou noite”.

DA CURIOSIDADE À DEPENDÊNCIA

“Charles contou em Brother Ray que foi dependente de heroína de 1948 a 1965, dos 18 aos 35 anos. Começou com maconha e logo passou para a seringa. Mas não culpa ninguém. ´Não foi por ser negro, cego ou pobre. Nenhum traficante me obrigou. Não houve nenhum motivo social ou psicológico. Comecei a usar a droga por curiosidade e porque os colegas usavam´, disse ele em sua autobiografia. Mas não foi a curiosidade que o levou a continuar usando – foi a dependência (…). Se nunca se tornou o farrapo humano que outros, como Billie Holiday (foto) e Charlie Parker, se tornaram, foi porque tinha dinheiro para sustentar a dependência”, diz Ruy Castro.

BALADA DE 3 MILHÕES DE CÓPIAS

Ray Charles gravou a balada I can´t stop loving you (Don Gibson) em 1962, tendo vendido coisa de 3 milhões de cópias. Elvis Presley (foto), suponho que em 1972, fez com I can´t stop aquilo que ele fazia com tudo que gravava: mexer no arranjo e transformar qualquer coisa em rock pesado, fosse O sole mio ou o catálogo telefônico da Tailândia.
Aqui, a versão original de Ray Charles.

SÓ PRIVILEGIADOS TÊM OUVIDOS

Rosa Passos é “filha” de João Gilberto (foto). Ouviu o bruxo de Juazeiro desde a adolescência, quando estudava piano, imitou-lhe os acordes, seguiu-lhe os passos (ops!). Nascida em Salvador, ela sobreviveu a axés, pagodes e outras invenções contagiantes, deixou de lado o piano, pegou o violão e saiu por aí. Hoje, é nome do maior respeito na Europa e, eventualmente, se apresenta no Brasil. Tenho dela o CD Amorosa, homenagem a João Gilberto: quatro das doze faixas desse disco foram gravadas por João no LP Amoroso, de 1977 (Wave, Bésame mucho, Retrato em branco e preto e ´S wonderful). Ao mestre, com carinho, a faixa 9 (Essa é pro João), em que a fã se desnuda:

“João Gilberto, amigo, eu só queria/Lhe agradecer pela lição/
Desses seus acordes dissonantes/Desse seu cantar com perfeição/
E até o apagar da velha chama/Eu quero sempre ouvir o mesmo som/
Só privilegiados têm ouvidos/Mas muitos poucos deles têm seu dom”.

DUETO COM HENRI SALVADOR

Desconhecida em sua terra, Rosa Passos (foto) tem muito respeito internacional. Gravou com Ron Carter, Paquito D´Rivera e outros desse nível, além do recentemente falecido chansonnier Henri Salvador. O velho HS faz com ela, em Amorosa, um dueto fantástico em Que reste-t-il de nos amours. A cantora lançou o primeiro álbum em 1978 (Recriação), com músicas de sua autoria e Fernando de Oliveira. Depois vieram Curare (91), Festa (93), Pano pra manga (96), além de três discos especiais, exclusivamente com canções de Caymmi, Ari Barroso e Tom Jobim. Um jornalista a chamou de “João Gilberto de saias” e ela não gostou. Claro: é fã de João, mas se chama Rosa Passos. Às vezes parece uma combinação felicíssima de João Gilberto e Elis Regina – mas está longe do pasticho, como certas cantoras do tipo papel carbono que andam por aí.

BOLERO QUASE DERRUBA COLLOR

Em Amorosa, Rosa canta Bésame mucho, um tema romântico reconhecido em 1999 como “a canção mais cantada e gravada do idioma espanhol”. A mexicana Consuelo Velasquez (foto) fez Bésame no longínquo 1940. Meio século depois (em 1990), a paixão da economista Zélia “Confiscadora de Poupança” Cardoso de Melo e do jurista Bernardo Cabral (ministros de Collor) foi embalada por esta música. Nada mau para um bolero mexicano – pois quase nos faz o favor de antecipar a derrubada do governo da República. Veja agora a interpretação majestosa de Rosa Passos (com um comovente a capela de 25 segundos). Minha parte eu dedico à vizinha do 6º andar.

(O.C.)

Pouco sei de futebol (prefiro basquete e o xadrez), mas a discussão, sob o prisma da língua portuguesa, me fascina. Entendo que o Brasil é, de maneira indiscutível, bicampeão mundial, pois venceu as Copas de 1958 e 1962. Ao voltar a ganhar em 1970 (com a melhor seleção etc. etc.), tornou-se campeão pela terceira vez – e isto é diferente de ser tricampeão. Acontece que a mídia, por ignorância ou interesse, às vezes assume aquele comportamento atribuído a Goebells (ministro das Comunicações de Hitler): bate na mentira até que ela se transforme em verdade. O rito é mais ou menos este: lança-se a invenção, as ruas a adotam e ela adentra os compêndios, já travestida de verdade. A língua é viva, certo. Mas não precisa ser burra.

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Calma, produtor de cacau. Antes que atire a primeira pedra em nós, avisamos que o que vai no título acima é opinião expressa de Vitor Hugo Soares, um dos principais nomes do jornalismo baiano e dono de espaço semanal cativo no Terra Magazine, de Bob Fernandes. Os produtores são chamados de “empresários do cacau”. Victor Hugo mantém o blog Bahia em Pauta. Abaixo, confira o petardo nos produtores e alguns “indígenas”.

NO VESPEIRO BAIANO

Vitor Hugo Soares

Com a ministra Dilma Rousseff a tiracolo, o presidente da República desembarcou em Ilhéus nesta sexta-feira. Coração da região cacaueira, onde Luiz Inácio Lula da Silva pisa pela primeira vez em seu segundo mandato, apesar da Bahia ser um dos solos mais frequentemente visitados por ele, que não se cansa de repetir a crença espírita de que um dia em outro tempo viveu por aqui, o que o faz enxergar o lugar (por sentimento humano ou estratégia de político) como talismã eleitoral, mesmo nas vezes em que foi derrotado em pleitos nacionais.

Ontem, Lula sofreu picadas como raras vezes ao andar pelo vespeiro baiano em que transformou-se a disputa sucessória presidencial atrelada ao embate sem trégua pelo Palácio de Ondina, onde Jaques Wagner deseja permanecer mais quatro anos. O problema é que o esquentado ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), o ex-governador Paulo Souto (DEM), nascido, bem votado e com largo trânsito na zona do cacau, e até o deputado verde e ex-petista, Luiz Bassuma, também estão de olho no “palácio das cigarras”, como dizia o cronista Raimundo Reis, e cavam buracos para afundar o governador.

No caso do ministro Geddel, só uma preocupação: bombardear Wagner sem derrubar os dois palanques de Dilma Rousseff no Estado. Situação que deixa Lula visivelmente constrangido, como o próprio presidente confessou há duas semanas, ao visitar Juazeiro, na região do Vale do São Francisco. Constrangimentos repetidos ontem na inauguração do Gasene, em Itabuna, e nos atos administrativos, mas principalmente políticos e eleitorais na vizinha Ilhéus, a terra de Gabriela e dos antigos e poderosos coronéis do cacau do sul do Estado.

Na véspera, em Brasília, o pleno do Superior Tribunal Eleitoral condenou Lula a pagar multa de R$ 5 mil por fazer campanha fora de hora, ou passando por cima de normas legais, se preferirem. Ainda assim, nada capaz de de assustar o condutor da marcha de Dilma à sua sucessão. No comício de quinta-feira em Osasco – inauguração de obras do PAC -, o presidente até brincou com a decisão e sugeriu que quem deve pagar a multa por sua infração: “vou mandar a conta da multa para vocês”, disse Lula, enquanto a plateia gritava ao fundo o nome de sua candidata.

Assim, Lula e a ministra desembarcaram com ar cansado mas aparentemente tranquilos no sul da Bahia na manhã de ontem, acenando com novas bandeiras. Não as flâmulas rubras do PT das companheiras metalúrgicas do ABC, mas as do Gasene (Gasoduto de Integração Sudeste-Nordeste), abertura das licitações para construção da ferrovia Leste-Oeste, e novos afagos da “mãe Dilma” em relação ao PAC do Cacau, de inegável apelo político e eleitoral na região visitada.

Afinal, alimenta sonhos e fantasias de reabilitação da economia da lavoura cacaueira devastada nas últimas duas décadas pela praga “vassoura de bruxa” e pela terceira geração de “empresários da cacauicultura” (às vezes pior do que praga que atinge e seca a plantação, segundo historiadores locais), viciados nas tetas dos empréstimos dos bancos públicos (e privados também), e no perdão paternalista das dívidas por sucessivos governos estadual e federal.

Além das vespas representadas pelos políticos com os quais terá de lidar nessa passagem em região conflagrada, Lula e Dilma atravessam zonas cercadas de boatos de que terão de enfrentar desta vez uma série de protestos, “puxados por fazendeiros de cacau, índios tupinambás e policiais civis e militares”.

Na verdade, os empresários do cacau brigam por mais uma mamata do governo federal: querem a anulação de uma dívida superior a R$ 400 milhões, relativa às duas primeiras etapas do Plano de Recuperação da Lavoura, implementado na década passada. Segundo alegam os cacauicultores, a própria Ceplac, órgão federal de apoio à lavoura, reconheceu erros nas recomendações repassadas aos produtores para conter a praga da Vassoura-de-Bruxa.

Quanto ao protesto dos indios, talvez seja necessário a comitiva presidencial ter cautela apenas com algumas bordunas. Os índios de verdade foram praticamente todos dizimados na região do Descobrimento e no sul baiano, em luta desigual e marcada pela omissão dos governos, da polícia e dos políticos, pelos próprios pioneiros da cacauicultura e seus jagunços, como está nos livros de Jorge Amado ou nos filmes de Glauber Rocha.

Apedrejado na região que visitou pouco antes de morrer, o falecido cacique Juruna, do gravador, desabafou em desalento diante do que viu por lá: “Aqui não tem mais índios, só tem caboclos”.

E ferroadas de vespas. Muitas vespas!

Acesse o blog de Vitor Hugo (www.bahiaempauta.com.br)

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Após os eventos de ontem no sul da Bahia, em companhia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador Jaques Wagner, o senador César Borges (PR) não demonstrava grande instatisfação por conta da hostilidade da militância petista.

Tanto em Itabuna como em Ilhéus, Borges foi impiedosamente vaiado pelos militantes. No entanto, em entrevista ao Jornal Bahia Online, o senador afirmou que as conversas com o PT prosseguem, assim como se dá com relação a outros partidos.

Borges declarou que vai se aliar a quem tiver o entendimento de que numa união todos têm que ganhar.

Também numa entrevista ao JBO, o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano – que será o coordenador da campanha petista na Bahia -,  manifestou apoio à aliança com o senador do PR, justificando que a estratégia contribui para enfraquecer os adversários.

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Em alguns momentos ao longo do século passado, com o cacau gerando riquezas que ultrapassavam a barreira do bilhão de reais em safras maravilhosas, teve-se a nítida impressão de que o Sul da Bahia havia encontrado o seu destino glorioso, o seu  futuro promissor.

Crises cíclicas, visão equivocada de que aquela  riqueza duraria para sempre e uma doença devastadora que atende pelo nome quase obsceno de vassoura-de-bruxa, entre outros fatores, fizeram com que esse futuro nunca chegasse…

Leia texto completo no Blog do Thame

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A falta de cuidado com o conteúdo do material didático na rede estadual de ensino chega às raias do absurdo na Bahia. Sabe-se que uma tirinha de Chico Bento “moralmente modificada” já derrubou um secretário de Educação no Estado (Adeum Sauer).

Agora, uma professora de uma escola estadual em Feira de Santana foi afastada por recomendar aos alunos de uma turma de oitava série a leitura de livro com um texto que descrevia relação sexual entre dois personagens. Com todos os detalhes e, segundo informações, requintes de pornografia.

Em sua defesa, a professora disse que rec0mendou o livro porque não havia outro disponível.

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A última pesquisa Datafolha, divulgada neste sábado, revela o governador José Serra (PSDB) com uma vantagem de nove pontos sobre a ministra Dilma Roussef (PT). O tucano tem 36% e a petista, 27%. É a primeira pesquisa nos últimos meses que mostra reversão do quadro.

Na pesquisa anterior do mesmo instituto (dias 24 e 25 de fevereiro), Dilma aparecia com 28% e Serra, 34. Ciro Gomes (PSB) tinha 12% e agora aparece com 11%. Marina Silva figura com 8%. O levantamento deste mês foi realizado na quinta e sexta-feiras, 25 e 26.

A pesquisa também testou cenário sem o nome de Ciro Gomes. Nele, Serra vai a 40% e Dilma a 30%. Marina ganha dois pontos percentuais e vai a 10%. Já na pesquisa espontânea, aquela em que o eleitor anuncia a intenção de voto sem que a cartela com os candidatos seja apresentada, Dilma saiu de 10% para 12%. Serra tem 8%. Ciro e Marina pontuam com 1% cada.

Os novos números da pesquisa estimulada, no entanto, acalmam o PSDB e podem detonar novas dúvidas na cabeça petista.

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O clima esquentou no PP baiano. A cúpula do partido não gostou da negociação que coloca o conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Otto Alencar, como vice na chapa do governador Jaques Wagner.

A cúpula, puxada por João Leão e Mário Negromonte, quer zerar as discussões que deram ao PP duas secretarias e alguns dos mais importantes cargos do governo estadual, além de direito a indicar o candidato ao Senado.

A articulação visa pressionar o governador Wagner para assegurar ao partido ou o Senado (prometido nas negociações no início do ano passado e com a presença de Otto) ou dar a vice a Leão ou Negromonte. A briga é de foice e vai exigir muito do lado negociar de Wagner.

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Não obstante tenha juiz que exija rigor e elegância na indumentária dos advogados, alguns destes profissionais vêm recebendo valores considerados irrisórios para comparecer às audiências judiciais. Os pagamentos aos causídicos vinculados a grandes escritórios oscila entre R$ 60,00 e R$ 80,00.

Para que os membros da classe não se tornem verdadeiros “mendigos de gravata”, a subseção da OAB de Itabuna deliberou em sua última reunião sobre os valores que deverão ser respeitados. Assim, o piso por audiência ficou estabelecido em um salário mínimo.

Os escritórios que não observarem o que ficou estipulado estarão sujeitos, de acordo com o presidente da subseção, Andirlei Nascimento, a inquérito administrativo por desrespeito ao código de ética da advocacia.

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Apesar de Lula rejeitar a possibilidade de anistia para as dívidas da lavoura cacaueira, o presidente da Associação dos Produtores de Cacau, Henrique Almeida, ainda vê chance de alguma saída para o imbrógli0.

Almeida, acompanhado do conselheiro da APC, Geraldo Dantas, foi recebido por Lula na manhã desta sexta-feira, 26, no hotel Jardim Atlântico. Estavam presentes o diretor-geral da Ceplac, Jay Wallace da Silva, e o governador Jaques Wagner.

Lula ouviu as queixas e teria se comprometido a agendar uma reunião para tratar do assunto na próxima semana, com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Agricultura, Reinhold Stephanes.

Segundo Almeida, o presidente o deixou com esperanças. “Ele disse que podemos aguardar boas notícias e nós estamos confiantes”, relata o representante da APC.

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Poucos entenderam a comparação, mas o presidente Lula saiu-se com essa em Ilhéus, no lançamento da licitação da ferrovia Oeste-Leste:

– Me parece que tem um pouquinho de divergência entre o Vitória e o Bahia.

O presidente falava do atrito entre os seus meninos baianos (Geddel Vieira Lima e Jaques Wagner).