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Rosivaldo Pinheiro

O Gasene é o primeiro dos macros-vetores de desenvolvimento que chegam à nossa região. A construção desse gasoduto faz parte da estratégia de dotar o país de infra-estrutura para permitir a integração das regiões. Com essa integração das malhas de dutos, o Brasil cria condições para que os fluxos de capitais possam se deslocar em toda espacialidade nacional.

Cumpre o papel de integrar as economias do Nordeste às economias das Regiões Sul e Sudeste, dando a esta parte do Brasil as mesmas oportunidades que o Sul e Sudeste tiveram ao longo dos anos sob a proteção do estado brasileiro.

Em nível regional, o início de operação do Gasene permite a chegada do gás natural, representando uma nova fonte de energia, comercializado pela a Bahiagás. Esta alternativa energética significa um poderoso fator para a atração de novas indústrias, bem como o fortalecimento das já existentes.

A Ferrovia Oeste-Leste também faz parte desse esforço e representa o nascimento de um grande corredor de escoamento da produção de grãos e de minérios, ligando Ilhéus, na Bahia, a Fernandinópolis, no Tocantins, possibilitando a redução de custos de transporte dos produtos agrícolas e, propiciando aos produtores abastecer o mercado interno e externo com maior agilidade e melhor lucratividade.

Sua implantação ajudará o desempenho brasileiro na produção de alimentos, além de contribuir para que o Brasil atinja novos patamares no comércio internacional de minérios.

O porto, o aeroporto e a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) são ações complementares necessárias para viabilizar a integração entre produção e consumo, além de criar condicionantes para elevar a economia da região sul, para além do modelo agrário exportador centrado na produção de cacau.

Os instrumentos que começam entrar em ação agora representam o resgate de uma dívida histórica com a nossa região. Fazem parte das estratégias comungadas pelos governos Federal e Estadual, que vêem na integração das regiões a oportunidade de fortalecê-las economicamente, possibilitando, conseqüentemente, novos patamares de desenvolvimento para o estado e para o país.

São políticas públicas cujo “DNA” está na aplicação do receituário desenvolvimentista que prima ao “Estado o papel de orientador e ordenador do processo econômico”.

Entender a configuração e o funcionamento desses “macro-vetores” é pressuposto necessário para ajudar materializar um novo “ciclo de desenvolvimento para a região sul da Bahia”.

A entrada de funcionamento destes instrumentos estruturantes em sua plenitude não se dará de imediato, permitindo uma agenda de debates em torno do tema. Precisamos fomentar idéias, projetar cenários e produzir ações que permitam a exploração das nossas potencialidades sob a ótica do pensamento local. Aliás, a produção desses artigos tem por objetivo central trazer para o nosso cotidiano a necessidade de participarmos da construção efetiva da nossa história.

Cabe ao conjunto da sociedade, especialmente as Instituições ligadas ao desenvolvimento, interferir e contribuir com esse novo momento da economia do sul da Bahia, minimizando os efeitos da lógica do capital e contendo, de certa maneira, a busca desenfreada do lucro pelas grandes corporações.

Como alerta o professor Chiapetti, “não podemos apostar num modelo de desenvolvimento regional apenas e através de grandes investimentos, evitando a prepotência empresarial e a maximização do lucro sobre considerações de qualquer outra ordem”.

Acredito na capacidade dos agentes locais em propor ações que nos permitam gerar produtos e serviços capazes de aproveitar os novos “nichos de mercado” propiciados pelos “macros-vetores de desenvolvimento”, garantindo um ambiente econômico capaz de transformar o modelo agrário-exportador, cujo centro dinâmico sempre foi o cacau, para uma economia cujo dinamismo seja fruto do maior número possível de atividades.

Rosivaldo Pinheiro é economista e pós-graduado em planejamento e gestão de cidades.

4 respostas

  1. Ainda tem gente sonhando com ZPE, …?!?!?!

    Pensei que isso já tivesse ficado no caixão que já deve ter sido reservado, escolhido, para o Sarney, …!!!

    Ou povo bom, esse daqui (acredita em tudo que lhes dizem, que lhes prometem, mesmo após 20 anos ou mais sem que absolutamente nada de concreto tenha acontecido), …!!!

    O otimismo é mesmo uma dádiva, …!!!

    Então, vamos sonhar, afinal os sonhos ainda não são tributados, …!!!

    Não devemos, entretanto, nos esquecer da realidade, que é bastante dura, principalmente com a nossa região, que é tão carente e desprovida de lideranças sérias e/ou competentes, …!!!

    O problema dos “nossos representantes” é que eles, na verdade, inviabilizam as coisas, pois são fracos, inoperantes, preguiçosos, não se articulam, …, fazendo uma analogia, parece até uma pessoa que preenche o volante com seus palpites, coloca dentro de uma gaveta, não vai à lotérica jogar, mas fica rezando para que os números dos seus palpites sejam sorteados. Pergunta-se: De que adiantaria, …?!?!?!

    Ou meu Deus. Só tomando bastante chá de camomila, ou mesmo um frasco de calmante. Outra opção seria seguir os conselhos da Martaxa, lá de São Paulo, …!!!

  2. Temos o dever de lutar por muito mais. Ferrovia, aeroporto, Gasene, ZPE, duplicação de rodovia, tudo isso é ninharia. Caso contrário, veremos as riquezas de outras regiões passando e nós sonhando ainda com a redenção do cacau. Itabuna, principalmente, precisa acordar e eleger pessoas compromissadas com o desenvolvimento, se quiser ter um futuro promissor.

  3. O artigo cumpre o papel de trazer para a ordem do dia o debate em torno de temas de alta relevância para a comunidade regional. Deveria ser objeto para fomento e contribuições sobre desenvolvimento local e, não motivo de chacota. Fica um conselho: se o comentário não visa contribuir democraticamente com o debate. Se é simplista, desprovido de conhecimento e focado na ignorância, deveria ser objeto de repulsa. Vivemos em nível regional uma crise que exige de todos,dedicação, despreendimento e a efetiva contribuição acadêmica. Essa sim, deveria ser a tarefa dos heróis-acadêmicos que buscam com suas idéias, transformar sonho em realidade. Parabéns! para todos que dedicam parte do seu tempo (ainda que pareçam óbvios)para escrever sobre temas relevantes para nossas vidas, superando assim, as picuinhas políticas e as matérias policiais.
    Em tempo, parabéns ao pimenta por permitir que acadêmicos possam ter esse espaço democrático e importante para construir alternativas rumo ao desenvolvimento da nossa região.

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