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Daniel Thame

O estudante José Denisson da Silva Neto, de 17 anos, foi assassinado brutalmente na porta do Colégio Ciso, em Itabuna, na tarde de quinta-feira, dia 20.

Denisson estava na porta da escola, quando dois homens se aproximaram em uma moto e um deles deflagrou quatro tiros que atingiram o estudante na perna direita, abdome, braço esquerdo e nas costas. O jovem, que cursava a oitava série, morreu na hora.

“Não, José Denisson não era apenas um estudante e sim um jovem envolvido com o tráfico de drogas, que morreu numa guerra pela disputa dos pontos de venda”, bradaram os simplistas, reverberando o noticiário policial, quase que com o alivio de que há um marginal a menos em circulação.

Mas não é tão simples assim.

José Denisson era apenas um estudante, jovem da periferia paupérrima de Ilhéus que se mudou para a periferia paupérrima de Itabuna.

O consumo de drogas foi o caminho natural de uma existência em meio a grandes dificuldades e nenhuma perspectiva de futuro.

(Foto Pimenta na Muqueca - 20.05.10).

Um perfil que se encaixa perfeitamente no padrão de crianças e adolescentes que são recrutados pelos traficantes.

De consumidor, ele passou a vendedor de drogas.

Um desses inúmeros soldadinhos do tráfico, que comercializam pequenas quantidades em portas de escolas e bares, ganhando um dinheirinho que mal dá pra sustentar o próprio vício.

E que de tão abundantes no, digamos, mercado, acabam se tornando absolutamente descartáveis, visto que não faltam peças de reposição.

José Denisson foi apenas mais uma peça descartada nessa engrenagem macabra, em que o tráfico encurta a vida de milhares de jovens e adolescentes.

No momento em que José Denisson deixou de ser apenas estudante para se tornar estudante e soldadinho do tráfico, selou o próprio destino.

Morreu como morrem tantos e tantos soldadinhos, tombados numa guerra que quase sempre só atinge a parte de baixo do submundo das drogas.

É lícito supor que se existissem políticas públicas de inclusão de jovens e adolescentes, José Denisson não estaria na porta do colégio, onde encontrou a morte, mas na sala de aula, onde poderia encontrar um futuro melhor.

Inúteis perorações, verborragia pura, diante de um corpo estendido no chão, diante dos colegas de escola, testemunhas de uma lição de violência cotidiana que assusta, mas que não se faz absolutamente nada para evitar.

Não foram apenas quatro tiros que mataram José José Denisson.

Foi também uma arma letal que atende pelo nome de omissão.

Daniel Thame é jornalista, blogueiro e autor do recém-lançado Vassoura.

13 respostas

  1. Zelão diz: – Somos todos culpados

    “Há soldados armados, amados ou não… Vem vamos embora que esperar não é fazer, quem sabe faz a hora não espera acontecer…”

    Existem os soldados do tráfego e soldados do estado. Na guerra armada pela sociedade, armados, são amados e odiados, por lutarem em uma guerra na qual são apenas soldados e, comandados.

    Por hipocrisia a sociedade dos senhores da guerra a eles atribui a solução da guerra fratricida na qual foram envolvidos. A sociedade que dá legitimidade ao estado culpa o tráfego, por “adotar as crianças” que por ela foram abandonadas e ao estado por não criar as oportunidades de futuro para as suas crianças.

    O tráfego se defende, sob a alegação de que supre a ausência do estado, oferecendo às crianças soldados, mesmo que por breve tempo, a oportunidade de se sentir alguém importante.

    Enquanto não morre um dos nossos filhos nesta guerra infame, seja ele soldado do tráfego ou soldado do estado, acompanhamos os noticiários sangrentos, apenas repetindo o epitáfio: – Morreu mais uma vítima da guerra das drogas!

  2. SR DANIEL THAME. ESTÁ SAINDO MUITO EM DEFESA DE ALGUÉM QUE SEQUER PROCUROU SABER DE QUEM SE TRATA. PODE ATÉ SER QUE ESSE JOVEM MORTO, TENHA SIDO APENAS UM ESTUDANTE , PORÉM A MAIORIA DESTES, QUANDO MORREM OU SÃO PRESOS PELA POLÍCIA, DIZEM SER ESTUDANTES OU AJUDANTES DE PEDREIRO. NESSA IDADE SRS, EU ESTUDAVA E TRABALHAVA DURO PRA TER O MEU SUSTENTO. NÃO ME ENVOLVI EM DROGAS E VAGABUNDAGEM. DA MESMA FORMA CRIEI MEUS FILHOS. NAQUELA ÉPOCA SR JORNALISTA, A SOCIEDADE E PODER PÚBLICO TANTO QUANTO HOJE, NÃO NOS DAVA MUITAS ALTERNATIVAS. SUGIRO PORTANTO, ANTES DE QUERER SAIR EM DEFESA DESSES “JOVENS” (COITADINHOS PRA VCS), PROCURE RASTREAR A VIDA DELE PRA SABER SE OU QUANTOS OUTROS ELE JÁ PREJUDICOU POR CAUSA DAS DROGAS, NÃO SE SURPREENDA CASO JÁ TENHA ASSASSINADO ALGUÉM DIRETA OU INDIRETAMENTE. OS PAIS SÃO OS ÚLTIMOS A SABER DAS AÇÕES DESSES MOLEQUES E QUANDO SABEM SE OMITEM. O FINAL INFELIZMENTE É ESSE AIH. A MORTE.
    A VIOLÊNCIA CORRE DESENFREADA PARTICULARMENTE EM NOSSA CIDADE. DE QUEM É A CULPA?
    A POLICIA MILITAR E CIVIL SE DESDOBRAM DE FORMA INCANSAVEL E INITERRUPTAMENTE PARA REDUZIR ESSE INDICE, PORÉM O PODER PÚBLICO E SOCIEDADE TRABALHAM CONTAR. ALGUÉM TEM INTERESSE NESSES NÚMEROS. DEPOIS QUE FAZEM A MERDA, QUEREM EXIGIR QUE AS POLÍCIAS CONSERTEM. AIH FICA DIFICIL

  3. Caro amigo jornalista da materia é com imensa conciencia que discordo dessa sua matéria.Sou filho de pais pobres e estudei com muita dificuldade na vida, hoje mesmo pela manha estava em rio braanco no acre enumerando as minhas dificuldades na vida com um colega. Agente vive dizendo que os acontecimentos e culpa do poder publico e sempre transferindo os nosso poblemas pros outros.Na minha epoca de jovem eu tinha a obrigação de trabalhar e ajudar a minha familia vendendo verduras, geladinho, lavando carro, trabalhando em burraacharia mas hoje os jovens não querem mais uma vida dificil de trabalho e perseguição ao seu projeto futuro, não tem metas e não pensam em ser alguem na vida. Saiba que nós mesmos traçamos o nosso futuro e quando vc se envereda no caminho das drogas vc tá escolhendo ou a cadeia ou a morte. Temos que assumir as nossas responsabilidades e parar de jogar os nossos problemas para os governantes, abraço

  4. Daniel, deixa de sonho. O cara era traficante, fora da lei. Não era estudante, se não tinha perspectiva era porque não queria ser honesto, queria o caminho mais facil de ganhar dinheiro. Ele não vai fazer falta. Acorda daniel, gaste seu tempo com coisas mais uteis.

  5. Parabéns pelo excelente artigo. Enquanto os representantes do povo, mantiverem-se omissos frente a realidade das crianças e adolescentes de Itabuna, crimes como este se repetirão com maior freqüência. E a insegurança alastra-se, atingindo toda a sociedade… Não podemos pensar que estamos seguros com as cercas elétricas, alarmes e fechando os vidros de nossos carros. Este é um problema de todos.

  6. Prezado Daniel, nunca os jovens tiveram tantas expectativas, quanto tem hoje. Escola bonita, com professores atordoados, mas comprometidos, currículos facilitados, fácil acesso a muitos bens de consumo pelas facilidades do crediário. Meninos que ontem pegavam frete na feira com seus carrinhos de mão, hoje podem comprar sua moto, basta trabalhar duro e ter metas. O problema é que os jovens ( meninos e meninas) não querem trabalhar duro, são invejosos e querem viver como rico ainda em tenra idade. E são desinteligentes, também não tem hábito de trabalhar com os pais, porque a lei proibe que os pais ponham os fihos para ajudar e aprender seu ofício, por exemplo. hoje um pai pedreiro não pode lever seu filho que estuda pela manhã, para ajudá-lo pela terde, o que evitaria que o menino ficassse aprendendo coisas que sua estrutura paíquica não suporta. Vemos meninas pedindo dinheiro aos velhos que ficam dia inteiro sem nada fazer, mas não ajudam uma pessoa a passar ferro, lavar uma roupa. Como vemos, Sr. Daniel, a nossa casta “mente aberta” é desprovida de visão mais realista, o que faz com que os meninos pensem que são livres de ser alcançados. Muitos tem de tudo em casa, e saem por aí procurando o que não guardaram. Os de melhor poder aquisitivo, alunos de faculdade e tudo, aprontam horrores, os pobres vão aprontar levam logo chumbo, pelo que está claro a falta de bom caráter do povo, que aceita ser massacrado por políticos que fazem leis para eternizar os canalhas, causa real de tanta miséria que não há polícia que dê jeito, não. Itabuna é das piores cidades, porque aqui há abundância de pouca vergonha, e os pequenos imitam.

  7. Concordo com o Sr”Carlos”.Boa parte destes jovens optam por ganhar dinheiro da forma mais fácil e rápida,Vão para o colégio forçados e não para estudar e sim para traficar e se expor para as “minas”.Sr Daniel,sempre morei na periferia e nunca usei drogas nem nunca roubei ningúem,não tinha dinheiro nem para pagar meia passagem no ônibus.Hoje os valores são outros.Pena que esta nossa discursão não nos leva á nada.Se você tem filho nesta idade,vigie seu filho,ciudado com as más influências.Se é filha,cuidado com as baladas e com os “namorados” que ela arruma.O caminho não tem volta.

  8. Me deixa estupefato tanta gente medíocre, resignada, sem entender nada da natureza humana, a repetir estultícies que ouve, querendo servir de referencial.

    Esse tipo de pessoas só servem para legitimar o descaso estatal com a questão das drogas e a falta de políticas públicas que a sociedade demanda.

  9. A situação está pior do que pensei. Responsabilizam os adolescentes pela “escolha errada”; mas será mesmo “escolha” ou “falta de escolha”?
    Será que os adolescentes de hoje podem ser comparados com os do mundo pré-globalização? O que falta hoje é uma política séria para diminuir as desigualdades, pois acredito ser esta o ponto inicial para a “falta de escolha” que leva tantos jovens para o crime. Afinal, deve ser muito difícil para um adolescente entender que um tenis da Nike de 600,00 não é para todos, e que ele não é menos importante do que aquele que possui tal tenis.
    Enfim, somos solidários em responsabilidade ( família, sociedade, governo e jovens). Atribuir toda a culpa a estas vítimas seria penalizá-los duplamente.
    Vivemos o momento do: Não fui eu! Não é minha culpa!!! Logo seremos vítimas de nós mesmos.

  10. Tem muita criança e adolescente com arma na mão em nossas ruas, enquanto muitos de nós ficamos aterrizados vendo crianças na África, partipando ativamente de guerrilhas. Imaginem como se sente menino com poder de tirar a vida de alguém, sem nenhuma culpa!

    Fico imaginando com um pesar enorme, como se sente um pai, uma mãe, avós, tias e tios, primos, irmãos, amigos de alguém arrancado de sua família de forma tão brusca e brutal. Quem é responsabilizado neste caso? O ECA já puniu alguém, por ter infringido seu código de forma tão vil? Por ter tirado da pessoa que começa a viver, sua inocência, sua segurança, sua vida e seus direitos individuais? Sobre quantos traficantes o ECA já pulou, para cobrar respeito aos direitos das crianças, de crescerem tranquilas ao lado de suas mães? Por ter levado aos milhares de lares a dor interminável de ter um filho refém das drogas? A eles deve ser cobrado o código de honra pelo dever de não corromper os filhos dos outros, sob pena de morte.

    Se formos esperar que o Estado supra as necessidades todas de cada indivíduo, estaremos caindo no absurdo. Se formos esperar que a polícia dê conta de barrar a criminalidade, teremos caído no comodismo.

    Está faltando ética e disciplina nas relações sociais, senhor Daniel!

  11. ANTES ELE DO QUE QUE TRABALAHA DURO TODOS OS DIAS. TAMBÉM FUI CRIADO COM DIFICULDADES PASSEI MUITA NECESSIDADE, MAS NENHUM DOS MEUS 08 IRMÃOS DERAM PRA VAGABUNDO, A CULPA NÃO É SÓ DA MISÉRIA, É DOS ORGÃO DE IMPRENSSA QUE POR HIPOCRESIA FAZEM DE ASASCINOS HEROIS, BEM COMO OS ORGÃOS DE DIREITOS HUMANOS E ADVOGADOS CORRUPTOS. QUE DEUS TENHA PENA DE QUEM ESTA VIVO, PORQUE OS MORTOS AGORA NADA SABEM.

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