Tempo de leitura: 2 minutos

Daniela Galdino

As velhas raposas afirmam contribuir com a formação de novos quadros, mas, para isso, lançam mão de “alianças genéticas”, delegando aos seus filhos e netos a tarefa de levar à frente o cajado do seu “legado político”.

Na Bahia das eleições de 2010, para um (e)leitor atento, ao serem analisados os materiais de campanha, provavelmente a máxima que impera, seja: “em nome de meu pai”. Obviamente eu não me refiro aos candidatos vinculados a grupos cristãos neopentecostais.
Basta um mínimo de esforço, uma gota do exercício de leitura crítica dessa enxurrada de imagens eleitorais, para que se perceba o investimento no “novo”, estratégia experimentada por velhas raposas do cenário político.
Bem, essa aparente oxigenação do quadro político esconde, em verdade, uma estratégia de se manter no poder. Trocando em miúdos, estou fazendo referencia à profusão de “juniores” e “netos” que caracteriza o atual cenário eleitoral e se espraia pelas candidaturas a Deputado Federal, Deputado Estadual e – é preciso prestar muita atenção – à Suplência do Senado.
Em nome de uma atuação política a longo prazo, as velhas raposas afirmam contribuir com a formação de novos quadros, mas, para isso, lançam mão de “alianças genéticas”, delegando aos seus filhos e netos a tarefa de levar à frente o cajado do seu “legado político”.
As “alianças genéticas” são úteis em dois sentidos: podem desviar a atenção dos possíveis candidatos com ficha suja, e também podem servir para caracterizar os bonecos de luxo que irão encenar com base nos comandos de ventríloquos altamente experientes.
Resta a nós, (e)leitores, o exercício de rememoração. Afinal, algumas raposas, agora transmutadas na “ventriloquia”, já protagonizaram, em passado recente, manobras radicais nos quesitos desvio de verbas públicas, sucateamento da educação, esquemas de propina e outros fatores antidemocráticos.
Mas, como disse, o investimento no “novo” contribui também para alimentar o cidadão com imagens pretensamente revigorantes, provavelmente para, como sobremesa, servir, em taças delicadas e porções adequadas, o esquecimento. Esquecimento esse que, claro, vai permitir às raposas a permanência no imaginário eleitoral – tudo regado a campanhas caríssimas, e com o toque de “qualidade” dos marketeiros.
Considerando essas questões todas já tenho uma certeza para o dia 03 de outubro: vou utilizar critérios para a eliminação de candidatos. E o meu primeiro critério será: não às candidaturas hereditárias. Quem conhece a história política baiana entende bem o que estou dizendo…
Daniela Galdino é doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos – UFBA, professora da rede pública e professora visitante da Uneb.

33 respostas

  1. Concordo com vc, Daniela. Além disso tudo que citou, irrita-me e entristece-me muito a falta de opção. É de envergonhar a falta de investimento, que possam de verdade melhorar as nossas condições de trabalho (professores,policiais…) enquanto pessoas responsáveis que somos, por parte dos políticos que hoje comandam o nosso estado. Para os que defendem o poder atual,não venham me falar de tempo, de passado: as coisas continuam de mal a pior. Prova disso é a violência assustadora que aí está. Triste estou porque não sinto um pingo de vontade de ver o desfile de 7 de setembro: coisa que fazia com o maior prazer quando era criança. (Eu era inocente! Coitada!)Deus abençoe a todos!

  2. Ainda vivemos sob os poderes das capitanias hereditárias. Basta ver a questão agrária que ainda é um tabu neste país. Os latifúndios ainda dominam a cena nos campos. No que diz respeito ao campo elelitoral o cenário não muda muito. por isso não fazem a reforma política, não aprovam o projeto que quer o financiamento público para as campanhas políticas etc..
    Como já detém os mecanismos de financiamentos de campanhas, via empresários, empreeiteiras, eles só envolvem mais um membro da quadrilha, no caso o filho, a esposa etcc. E depois legislam em causa própria e dos financiadores de suas campanhas. É vergonhoso.

  3. Como bem disse Daniela, a “ventriloquia” é relidade. Aliás, foi, tem sido e ainda poderá durar uma vez que as artimanhas do sub-mundo e do mundo mesmo ainda são fortes. É importate notar ainda que tem surgido -inclusive na nossa Região Sul – pessoas que avançam nesta linha de raciocínio e de prática. Afinal, aposta-se que existem os que nasceram para mandar, enquanto o “resto” deve ser mandado. Entretanto, urge lembrar as crentes, dfensores e praticantes do “eterno retorno do mesmo” que “tudo que é sólido desmancha no ar”.

  4. Zelão diz: – Uma convocação nada sutil
    Compreende-se que: – Não devemos votar nos candidatos do DEM.
    Mas, por falar em heredatiriedade política, conclamamos para um olhar mais abrangente e nele possamos enfocar; esposas, amantes, genros,noras e; até mesmo “companheiros e lobistas de todos os matizes” que se tornaram beneficiários do espólio do poder.
    Nada nos garante que o “novo,” que nos está sendo apresentado, seja garantia da “renovação dos costumes e das práticas políticas dos velhos.” Que os “novos” não sejam a “continuidade,” consanguínea ou partidaria dos que viçejaram no poder, ou que estão buscando recriar a velha e o antes combatido “feudo político.”
    Se tivermos que acompanhar o raciocínio do “alerta aos eleitores,” sob um visão mais crítica e mais seletiva, conclamamos a todos, que incluam também na lista, aqueles, que se dizendo “titulares do time do PAI e da MÃE,” negam-se a sentar, “democraticamente” no banco de reservas.

  5. Daniela tem toda razão.Estão achando pouco a dinastia dos Magalhães e dos Pailos Soutos, agora vem a dinastia dos João Leões, dos Marios Negromeontes e Cia. é hora do povo dá um grande basta nesta turma que mesmo muito ricos da política não querem parar. é PAI, É ESPOSA, É FILHO, É NETO. CHEGAAAAAAA.

  6. É verdade…tem razão no que escreveu.
    No entanto preciso lembrar que o candidato Geraldo Simões ensaiou também colocar seu filho como candidato! Parece que não deu certo.

  7. ESTOU COM VC E NÃO ABRO DANIELA. LAMENTAVEL QUE A GRANDE MAIORIA DA POPULAÇÃO NÃO TENHA ESTE GRAU DE CONHECIMENTO E LUCIDEZ SUFICIENTE PARA EXPURGAR DA POLITICA ESTES SRS,FELDAIS Q VIVEM QUERENDO SE PERPETUAR NO PODER ATRAVÉS DE SEUS REBENTOS, QUE SÃO UNS VERDADEIROS MAURICINHOS QUE LEVAM A VIDA COMO BONS VIVANS E DEPOIS ESTIMULADOS PELOS SEUS PAIS SÃO LANÇADOS COMO OS NOVOS SALVADORES DA PÁTRIA. DA PATRIA!!!! SÓ SE FOR DOS SEUS PATRIMONIOS, QUE CRESCEM DE FORMA ESTUPENDA A CADA QUATRO ANOS QUE ELES ESTÃO NO PODER.
    -MAS JÁ DIZ O VELHO E SURRADO DITADO, “CADA POVO TEM O GOVERNO Q MERECE”.

  8. Precisamos formar uma geração de brasileiros com a consciência e visão dessa jovem articulista, para nos consolidamos como uma verdadeira democracia.

  9. Isso não é novidade, posto que em eleições passadas alguns candidatos já tentaram empurrar as mulheres, os filhos ou coisa que o valha, …!!!
    Há alguns, no entanto, que não podem sequer anunciar os filhos por motivos óbvios: Pois são assassinos, arruaceiros, 171, dentre outras coisas que sujam as fichas dos “babys”, …!!!
    Menos mal, …!!!

  10. é isso aí.
    pessoas como essas, jamais terão coragem de se candidatar a algum cargo político nesse país.
    infelismente, pois a corrupção não permitre pessoas idoneas
    e gabaritadas como a daniela e os que fizeram comentários so
    bre esse assunto.
    uma vegonha pra quem quer ser dieito.
    sem voto nenhum.

  11. Este fato é vergonhoso. Já tinha observado isto nas capanhas políticas. A grande imprensa parece desconhecer este assunto, ou faz vista grossa. Nenhuma reportagem foi feita mostrando o DNA dos candidatos. Vamos dizer não a candidato hereditário.

  12. Muito bom!! Outro assunto que a gente deixa passar ao largo é o famigerado esquema de suplência de Senador. Quando não são indicados os juniores e netos, indicam figuras tão esquesitas quanto. Em Itabuna mesmo tem um deputado que tá doido pra dormir com uma senadora (segunda suplente)kkkkk

  13. Bárbaro texto. Os júniores e os netos formam um legado de filhotes bem criados que se lançam na política sem pelo menos terem sido eleitos síndicos dos seus prédios de luxo. Os meninos bonitinhos e bem nascidos encantam pela forma de vestir, de falar, mas o eleitor precisa ficar atento que eles representam a continuidade, a sucessão do processo retrógrado que sempre oprimiu o povo em vários Estados do Brasil. Na Bahia nem precisa falar. Parabéns Daniela pelo texto. Bom para fazer muita gente refletir em quem votar no dia 3 de outubro.

  14. Maria, politica a parte mas o desfile do 07 de setembro vem sendo muito bem apresentado aqui em Itabuna, acho q vem resgatando aquele sumido valor cívico pela nossa pátria, n deixe de participar.

  15. O fato de ser parente nao pode qualificar ninguem como despreparado para exercer a vida publica, o criterio deve ser outro, competencia, honradez, honestidade, qualidades que podem ser encontradas em parentes de politicos. O que Daneila Galdino esta confundindo e os cargos indicados por parentes sem concurso, nepotismo, estes sim devemos combater pois e uma praga da vida publica. O Brasil temos exemplos de pessoas vinda de familia de politicos que exerceram a politica com brilhantismo. Tancredo Neves teve um neto brilhante, governador por dois mandatos, presidente do congresso, hoje disparado como futuro senador. Deixar de votar em Aecio Neves teve um avo politico para digamos votar em Tiririca que atende o criterio de Daniela Galdino.

  16. Quem não conhece agora a dra, antiga e simpática militante do PT, que prega a genética do barbudo na sem barba Dilma? Daniela uma das maiores expoentes da República do PT na cidade de Itabuna, tem razão absoluta no que concerne a analisarmos os candidatos, mas concordo com Agenceslau, que é relativo até certo ponto em votar em alguém da mesma família, ou seja, vamos analisar os caracteres deles, pois o nome ou sobrenome como critério de escolher os futuros governantes do nosso país, é um critério tão perigoso como sair votando de forma lúdica, e elegendo governantes mais lúdicos e manipuláveis ainda, como estamos observando atualmente em Itabuna.
    O receio meu no critério genético, é que sonho que Jesus Cristo filho de Deus, seja Senhor e Governante absoluto do mundo, segundo os critérios da doutora não poderia, não poderemos elegê-lo então? Então, onde fica o axioma: “quer conhecer quem são aquela família, olha para os pais?”. Enfim, é sabido de toda competência desde da época da Uesc, da Daniela Galdino cara pintada, da Daniela trabalhando nas Secretarias da Prefeitura Municipal de Itabuna, e realmente não foi por ela ser filha, neta, esposa…De político A ou B, mas sim, pelo seu engajamento político nas carreatas, passeatas do gestor público que ela apoiou, o mesmo candidato impugnado de hoje por enquanto.
    No entanto, o que vale de tudo que Daniela Galdino escreveu, é nossos filhos, netos, júniores… Olharem para ela e fazerem o que ela fez, ou seja, estudar e muito; e lutarem e se dedicarem aquilo que eles acreditam por convicção, e não por geneticismo ideológico.

  17. Daniela
    Faltou dizer sobre os cuidados com os candidatos ao Senado. Alguns tem suplentes que até podem ser seus cães de guarda, se tiverem registro eleitoral.
    O eleitor vota num – que depois de eleito vai ser ministro ou presidente de uma estatal – e elege outra pessoa para o Senado: o suplente, que nem aparece na propaganda de campanha.
    Está aí o “seo” Acm Jr, como exemplo na Bahia.

  18. Não se pode esquecer que o (e)leitor tem que estar atento às companhias dos políticos que agora, mais do que nunca, estão vorazmente bem sucedidas. Vale dizer que maridos, filhos, irmãos e até amantes de políticos impugnados pela FICHA ou pelo eleitor, vivem bem montados em cargos de confiança, de tal forma bem pagos, que absorvem as verbas da educação, do bem estar da sociedade roubando, assim, oportunidades dos filhos dos mortais viventes, muitos melhores qualificados para determinados cargos.
    E os “herdeiros” nem precisam ser educados, cortezes, gentis, ter boa índole, bom caráter, saber respeitar os eleitores que os privilegiam e a seus antecessores. Os “herdeiros” podem ser arrogantes, basta saber o mais fácil: olhar para as pessoas com nojo; ou serem violentos, analfabetos; ou ocuparem cargos que lhes facilite manipular resultados contra ou a favor de quem eles quiserem. E não lhes falta defensores que “advogam” em seu favor, com fidelidade canina, com fanatismo fulminante.
    Daniela é bastante feliz quando faz essas observações, desde quando não se tem notícia que alguém herdeiro de nome ou de companhia das raposas, seja portador de caráter compatível com a dignidade de um ser humano que se respeite e procure viver no padrão social ao qual pertence.

  19. A Profª Drª tem toda a razão.
    Porém, ela deve voltar seu umbigo aqui para a região onde um certo coronel (do seu próprio partido, diga-se de passagem ), tenta de fazer de Itabuna uma captania hereditária, impedindo qualquer pessoa que não seja de seu vínculo famíliar de alçar maiores vôos na política itabunanense.

  20. Em tempo… eu não tenho filiação partidária.Também não retiro nada do que foi escrito…No mais, o debate está muito bom. Sigamos assim!

  21. Bravo, Daniela!
    Mulher de fibra faz assim…
    Quem tem diplomas não precisa puxar saco deste povo. Tampouco precisa ser filiada a partido político; independência é isso!

  22. Daniela, aproveitando que você tem visitado os comentários, volto novamente para observar que você trás um tema importante que e lembrar o eleitor o dever de escolher bem seu candidato, analisando sua vida, seu passado, sua honradez, sua honestidade, Mas seu debate e pobre de argumento, querer desqualificar quem quer que seja somente pelo fato de ter parente na vida publica e confundir alho com bugalho, não existe nexo casual entre desempenho político e parentesco. Deve lhe causar algum desconforto ver ACM Neto na vida publica, mas Dirceu também elegeu seu filho prefeito de uma cidade do Paraná, Aqui em Itabuna seu antigo patrão tentou eleger sua esposa e não vi ninguém reclamar.
    Aécio, neto de Tancredo Neves foi considerado um dos melhores deputados por Minas Gerais, presidente do congresso, duas vezes governador, e agora líder para representar Minas no Senado, percebe com seu argumento requer maior compreensão da realidade. Reflita.

  23. Grande e oportuníssima reflexão Daniela. Outrora capitanias hoje candidaturas. Tá difícil exercer o direito do voto. Será que chegamos ao tempo em que o processo eleitoral não passa de um ritual que não faz mais sentido?
    Se elencarmos as candidaturas maritocráticas que usam e que não usam sobrenomes comuns (como é o caso da suplência de Feitosa ao senado), as juniors e netos, e mais as da dinastia de Dom Lula, vai sobrar o quê?
    Saramago, que era militante do PC português, há alguns anos vinha falando em suas entrevistas da necessidade de discutirmos a dita democracia sustentada no processo eleitoreiro e no direito individual ilimitado de lucrar e acumular riquezas.
    A meu ver, uma das discussões mais importante dos últimos tempos nesse país é o plebiscito para a limitação da propriedade de terra. Encerra-se amanhã, 07 de setembro, na “comemoração da independência”. Para essa votação não houve estratégias mirabolantes de marketing. Nem Lula foi pra TV usar sua popularidade para apoiar o plebiscito. O que impera, mesmo com todo empenho dos movimentos sociais, é a orfandade da causa, o desconhecimento e o desinteresse do grande público.
    Indaiara Silva, professora.

  24. Professora Indaiara, Saramago com um bom comunista morava nas Ilhas Canarias, com vista para o mar, tomava os melhores vinhos portugueses, nao se tem noticia de ter distribuido um unico centavo do seu premio de U$1.000.000,00 ganhos como Nobel de Literatura, defensor da politica do ditador Fidel Castro, ele adorava uma morodomia. Os intelectuais adoram discutir a vida do proletariado rodeado de bons vinhos com vista para o Rio Sena.
    Este negocio de plebiscito de para definir limite de terra e coisa de pessoas que nao entendem de economia e acham moderno morrar nas cavernas, a esquerda adora uma causa, mas se delicia quando tem fartura na mesa, e nao raro alguns cretinos acreditam que tudo nasce no fundo do supermercado. Eu ficaria preocupado se meu filho fosse seu aluno.

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *