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Walmir Rosário | ciadanoticia@ciadanoticia.com.br
Aos poucos vou me acostumando com as propostas apresentadas pelos candidatos no rádio e na TV. Não preciso nem mesmo prestar atenção nos cargos para os quais pretendem se eleger. Nem precisa, não vou mesmo votar neles, mas, pelo menos, vou anotando os absurdos “vomitados” durante o horário eleitoral gratuito, “herança maldita” que nos foi deixada pelo regime militar, num rompante de abertura.
Só que, naquela época, um dos ministros, mais precisamente o da Justiça, dizia, no rádio, jornal e na TV, não ter nada a declarar. E não tinha mesmo, quer dizer, pelo menos para que pudéssemos ouvir. Caso teimasse em dizer, não seria conteúdo para todos; teríamos que tirar os menores e as mulheres da sala, por serem impublicáveis os assuntos.
E o senhor ministro da época resolveu nos deixar essa herança. Só que, como ele, sem nada a declarar, pelo menos de viva voz, acho que para evitar constrangimentos maiores. Nesse caso, o ministro em questão estava coberto de razão (a rima é proposital), pois um locutor ou os caracteres na telinha fariam parecer menos piores.
Como a história somente se repete em forma de farsa – “A história se repete, a primeira vez, como tragédia, e a segunda, como farsa”, para ser mais fiel -, eis que os democratas contrários às ações dos militares continuam “pongando nelas até hoje. Nem sonham em mudar o sistema, pelo contrário, se apoderam cada vez mais com afinco.
E nós aqui, esperançosos e ufanistas, teimamos em prestar a atenção nesses programas eleitorais, por termos o péssimo costume de acreditar que tudo um dia vai mudar, e para melhor, imaginamos. Só que pensamos exatamente ao contrário desses senhores e senhoras useiros e vezeiros da prática de publicidade enganosa.
Não tivesse eu – mesmo um crente incorrigível – a capacidade de discernir verdade de mentira, teria uma dificuldade enorme para escolher o candidato na próxima eleição. Teria que escolher os meus representantes num jogo ou qualquer tipo de sorteio, para não ficar com a consciência “doendo” por ter votado num cidadão qualquer, posteriormente considerado politicamente incorreto.
Ser eleitor pode nos causar esse tipo de problema. Ao se alistar na Justiça Eleitoral, os cidadãos deveriam ser imunizados contra os inusitados candidatos, folclóricos, exóticos, abusadores da nossa paciência. Como não temos esse privilégio, nos resta, então, ouvir, ouvir, desconfiar, não levar a sério e dar boas risadas, para evitar um infarto ou qualquer uma dessas doenças da moda.
Não utilizar essa “fuga” é um “prato cheio” para se contaminar com as verborragias que fazem mal ao fígado, ao cérebro e ao nosso país, caso um elemento desses seja eleito. E o pior, diversos deles são levados aos cargos em todas as instâncias, sem executivo ou legislativo.
Esse é um risco que temos de correr na democracia, mesmo que continuemos inconformados. Um conselho: não se conforme, continue indignado, não tenha temor de ser chamado de radical, negativista. Mantenha sua coerência, não esmoreça, aja com racionalidade, sendo intransigente sem perder a tolerância, se proteja das emoções, das lábias com discurso e elogios fáceis.
Confesso que minha vontade era dizer que você não tenha vergonha de comentar com os amigos que desligou o rádio, a TV e foi jogar conversa fora com o vizinho de casa ou da mesa ao lado. Mas não estaria sendo sincero comigo mesmo.
Aqui também faço um esclarecimento: esse artigo não foi elaborado num momento de depressão, desespero, abatimento moral, alucinação ou esquizofrenia, mas por não querer ser considerado um idiota por candidatos sem propostas e sem compromisso com a sociedade.
No dia 3 de outubro, esterei lá cumprindo minha obrigação de cidadão na seção eleitoral em que voto.
E vou votar consciente, isso eu garanto!
Walmir Rosário é jornalista, advogado e editor do www.cidanotícia.com.br

3 respostas

  1. Não sei o que é pior: Se o horário eleitoral ou a obrgatoriedade do voto, …!!!
    Melhor seria se pudéssemos não ir lá votar, sem sofrer qualquer tipo de retrição, de penalidade, …!!!
    E olhem que já estamos em pleno no de 2010, …!!!
    Dá para acreditar, …?!?!?!

  2. A herança fatidica parece ter afetado o Pimenta na Muqueca. 90% das noticias são poliiticas. Voces estão sendo obrigados a nos informar tanto sobre tanta porcaria? Informem sobre coisas que interessam. Quando mais se propaga uma droga, mais droga fica. Por favor, menos, mas bem menos politica. Gostaria de ler fatos importantes, não politicos. Abraços. H.R.Tocafundo

  3. Me desculpem, mas todos sabemos que Walmir sempre foi carlista e ultra conservador. Por isso me parece-me incrivel e incoerente esse texto com a sua historia. Como as coisas mudam!!!

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