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Marco Wense
Na minha modesta opinião, o presidenciável José Serra (PSDB), nos bastidores do tucanato, conversando com pessoas de sua inteira confiança, já admite que a possibilidade de um segundo turno na disputa pelo Palácio do Planalto é quase nula.
O resquício de esperança faz com que Serra continue atacando a candidata do PT, Dilma Roussef, achando que essa é a melhor maneira de impedir uma vitória da ex-ministra no dia 3 de outubro próximo.
Esses ataques, sejam eles diretos ou enviesados, vão terminar aumentando o índice de rejeição ao candidato tucano. Em alguns locais, principalmente da região nordeste, o “não” a Serra já ultrapassa os 85% do eleitorado.
Já disse aqui que os aloprados do PT – expressão usada pelo próprio presidente Lula – devem ir para cadeia, que é, sem dúvida, o lugar mais apropriado para os infratores da lei e os abutres do dinheiro público.
O que é inaceitável é a acusação sem provas. É insinuar, irresponsavelmente, que Dilma Rousseff tem participação nesses novos escândalos protagonizados pela banda podre do petismo.
Os tucanos espalham o medo. Utilizam a mesma tática do PSDB nas eleições presidenciais anteriores, quando Lula era o candidato do PT. “Votar em Dilma é apostar no escuro”, diz o preconceituoso José Serra.
O “sapo barbudo”, para o desespero dos tucanos, principalmente do ex-presidente FHC, até hoje inconformado com um operário na Presidência da República, foi o grande responsável pela ascensão do Brasil no cenário internacional.
José Serra, pelo andar da carruagem, vai se transformando em uma espécie de “franco atirador”, igualzinho aos candidatos que, nada tendo a perder, só fazem atacar, atirando para todos os lados.
O problema é que José Serra e o PSDB, juntamente com o principal aliado, o partido Democratas (DEM), não conseguem atingir Dilma Rousseff com uma “bala de prata”.
OLHO GORDO
Quando o assunto é a votação de Geraldo Simões na cidade de Itabuna, os mais interessados são o prefeito José Nilton Azevedo (DEM), o ex-Fernando Gomes (PMDB) e Davidson Magalhães (PC do B).
Todos torcem para que o petista tenha abaixo de 25 mil votos. Acreditam que com essa votação, o já prefeiturável Geraldo Simões não terá força suficiente para retornar ao comando do Centro Administrativo.
O democrata é candidatíssimo (reeleição), o peemedebista anda assanhado e o comunista não esconde o desejo de se candidatar a prefeito na sucessão de 2012.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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GLOBO MUDA NOME DA “BÍBLIA” MUÇULMANA

Ousarme Citoaian

Em matéria sobre o dia do Ramadã, o repórter da Globo menciona duas vezes algo que pensei nunca mais ouvir: o Corão, referindo-se ao livro sagrado dos muçulmanos. A forma correta é o Alcorão – e o emprego de o Corão não é preferência, mas ignorância.  Há quem queira justificar a heresia argumentando que o al árabe é o nosso artigo o – daí dizer o Alcorão seria uma espécie de pleonasmo (haveria desnecessária  repetição do artigo o). O professor Mansour Challita, conhecedor das duas línguas, explica que as palavras árabes começadas com al tiveram esta parte incorporada ao português. Até eu sei de uma legião de exemplos.

EM CAMÕES, UM ABONO LUXUOSO E INSUSPEITO

Salvo melhor juízo, são de origem árabe as palavras alface, álgebra, algodão, almanaque, alforje, algoz e muitas outras. Para manter a coerência, os que traduzem Alcorão como o Corão deveriam falar (na ordem da lista acima) çúcar, gebra, godão, manaque, forje e goz. Onde está a incoerência, mora o erro, se não às claras, na sombra. Certo Luís Vaz de Camões (que todos conhecemos ao menos de nome) anotou em Os Lusíadas (estrofe 50 do canto 3º), publicado há mais de quatro séculos: “O português o encontra, denodado,/  Pelos peitos as lanças lhe atravessa:/ “Uns caem meio mortos, e outros vão/ A ajuda convocando do Alcorão”.

A LÍNGUA E O CHORO NO “EXÍLIO AMARGO”

“E que motivos haveria para meter-se o venerando vate lusitano em tal discussão?” – perguntaria algum distraído. Imagino que Camões, se vivo fosse, estaria lavando as mãos para essa pendenga, pois ela não lhe valeria a opinião, de tão óbvia. Mas paga a esta coluna o preço de ser um dos construtores da língua portuguesa, aquela em que ele “chorou, no exílio amargo, o gênio sem ventura e o amor sem brilho”. E seu abono (de exactos 4, 38 séculos) mostra que o Corão nunca existiu – salvo para os amigos das novidades inúteis. A propósito, a estrofe mencionada está na página 87, na minha edição de Os Lusíadas (Nova Cultural/2003).

DITADURA E DESORGANIZAÇÃO DA LINGUAGEM

A propósito de Daianas e Daiannes aqui referidas recentemente aproveitamos o gancho (no jargão do jornalismo, aquilo que nos dá motivo para produzir matéria) para falar um pouco mais sobre grafia de nomes próprios, o que constitui em nosso meio verdadeira salada. Perguntas freqüentes de jovens e (e alguns velhos) redatores: “Manuel é com U ou com O?”; “Antônio tem acento circunflexo?”; “Como escrevo esse Luís, com S ou com Z?”. A impressão que se tem é de estar num hospício, não num ambiente de profissionais com obrigação de ter boas noções da língua em que se comunicam com o público. A origem dessa babel está, imaginem, na ditadura militar – conforme o filólogo Marcos de Castro.

ONDE PASSA UM BOI, PASSA TODA A BOIADA

Antes, os jornais escreviam segundo o Vocabulário Ortográfico de 1943 (revisto em 1955), com os nomes próprios e comuns submetidos às mesmas regras. Às perguntas anteriores as respostas são: Manuel, Antônio e Luís (não Antonio, Manoel e Luiz). A coisa ia assim até certo momento dos anos setenta, quando o poderoso general Golbery do Couto e Silva se sentiu incomodado por ser chamado de Golberi pelo Jornal do Brasil e recorreu ao amigo Elio Gaspari (foto), então subeditor de Política do JB, para corrigir a “ofensa”.  O chefe da redação (não me lembra quem) aceitou o argumento de  Gaspari e deu no que deu: passou um boi, passou a boiada e os jornais sentiram o peso de outra ditadura, a dos cartórios.

OS CARTÓRIOS E O MODISMO VERDE-OLIVA

Quando Golberi virou Golbery entrou em vigor a lei do cartório, e a quase totalidade dos jornais (gosto de pensar que algum deles ainda resista ao odioso cartoricismo) adotou o modismo verde-oliva: Ulisses Guimarães (foto) passou a Ulysses, Miguel Arrais virou Arraes, Gilberto Freire ficou sendo Freyre, Ademar de Barros foi promovido a Adhemar, o poetinha, que era de Morais, hoje é Vinícius de Moraes, Ari e Rui agora são Ary e Ruy. E o pior aconteceu com nomes simples e singelos, a exemplo de Luís, Manuel, Sousa, Osvaldo, Tiago, Maria, Tomás (que passaram a aceitar dupla grafia, como se a língua no Brasil não tivesse normas a obedecer, como tem em Portugal, por exemplo. Dirão que minto, mas conheci, há poucos dias, uma Marya, assim com picilone.

NEM TERESA LISIEUX, SANTA, FOI POUPADA

Uma vítima da agressão ao Vocabulário Ortográfico foi Teresa, que se transformou (combinando a intervenção do general com a subserviência dos jornais da época e a ignorância de pais e escrivães de cartórios) em Tereza, Theresa e Thereza. Formas absurdas, pois a original (os católicos bem sabem) remete a Santa Teresa d´Ávila e Santa Teresa de Lisieux (foto). As outras grafias foram inventadas em cartório. Mas a vingança vem a cavalo. Pesquisa de Marcos de Castro em apenas três jornais do Brasil mostra que em 1985, quando morreu Médici (o mais sanguinário dos ditadores), sua viúva teve o nome grafado de oito formas: Scylla, Scyla, Scilla, Scila, Silla, Cylla, Cyla e o correto Cila. Bem feito.

POR QUE OS ESCRITORES ESCREVEM?

 O paulista José Domingos de Brito é um rato de biblioteca. Além de propriamente bibliotecário, é especialista em organização e administração de livros, com experiência em centros de documentação de várias grandes empresas. Tenho dele, lançado em 1999, o livro por que escrevo? – assim, com P minúsculo – pesquisa em que 96 escritores respondem a essa incômoda pergunta. Entre os mais conhecidos, e de respostas mais interessantes, está Érico Veríssimo (1905-1975): “Um verdadeiro escritor escreve por uma espécie de fatalidade, como a que leva o pinto a quebrar a bicadas a casca do ovo na hora certa, isto é, no momento determinado pela mãe-natureza, como diria Lucas Lesma” (Lesma é o jornalista de estilo pomposo de Incidente em Antares).

REMÉDIO CONTRA O VAZIO EXISTENCIAL

 

João Cabral de Melo Neto (1920-1999): “Sou como aquele sujeito que não tem perna e usa uma perna de pau, uma muleta. Escrever é uma maneira de me completar. A poesia preenche um vazio existencial”; William Faulkner (1897-1962), direto ao ponto: “Para ganhar a vida”; Millôr Fernandes (1924) deu resposta parecida: ”Sempre escrevi por necessidade, minha vida inteira”. Autran Dourado (1926): “Porque se não escrevesse já teria me matado”; Gabriel Garcia Márquez (1928) é o lírico que se esperava: “Para que meus amigos me amem mais”; Ignácio de Loyola Brandão (1936): “Para me divertir e divertir os outros”; Umberto Eco (1932), pra variar, complicou: “Eu escrevi porque meus filhos cresceram e eu não sabia mais para quem contar histórias”.

A ESCRITA COMO MEIO DE SOBREVIVER

“Se eu soubesse responder a essa pergunta deixaria de ser escritor. Não sei por que escrevo”, diz Fernando Sabino (1923-2004); Mário Vargas Lhosa (1936): “Escrevo porque é uma maneira de lutar contra a infelicidade”; “Eu escrevo para não morrer de tristeza nesse país desgraçado” – disparou o longevo anarquista Ernesto Sábato (1911); Jorge Amado (1912-2001): “Eu escrevo por não poder deixar de escrever, de escrever romances, de recriar a vida”; “Escrevo por que minha sobrevivência depende disso”, responde Márcio de Souza (1946); Clarice Lispector (1920-1977): “Escrevo como que para salvar a vida de alguém, provavelmente a minha”; e do mau humor de Graciliano Ramos (1882-1953) a resposta esperada: “Sei lá!”
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PRIMAVERA, FLORES, BACH E VINÍCIUS

Como a primavera (dita estação das flores) está à porta, achei oportuno postar aqui um vídeo apropriado para a estação. É música não muito nova (a letra, mais jovem, tem só 49 anos!), mas que merece ser dividida com eventuais leitores esquecidos. Trata-se de Rancho das flores, surpreendente parceria de Vinícius de Morais com Johann Sebastian Bach, separados por 228 anos – Bach nasceu em 1685; Vinícius em 1913. A letra do poetinha foi posta sobre a Cantada 141 (mais conhecida como Jesus, alegria dos homens), e teve a primeira gravação com a Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (e coral), em 1961.

ROSA É MULHER RECENDENDO DE AMOR

Esse longo poema tem a marca do lirismo de Vinícius, que a tantos encantou: versos simples, singelos, comunicativos, que nos tocam profundamente: ele diz que “a natureza alegrou este mundo onde há tanta tristeza” – e que nesse programa de alegrar o mundo, as flores se destacam.  Elas são “um milagre do aroma florido mais lindo que todas as graças do céu”. A rosa (“que em perfume e em nobreza vem antes do cravo, e do lírio, e da hortência e da dália, e do bom crisântemo e até mesmo do puro e gentil mal-me-quer”) é personificada: – de “flor mais vaidosa e mais prosa”, atinge a condição de “mulher recendendo de amor”.
</span><strong><span style=”color: #ffffff;”> </span></strong></div> <h3 style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>E FRED JORGE CRIOU CELLY CAMPELLO!</span></h3> <div style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>No auge do sucesso, em 1965, a música teve uma versão no Brasil, gravada por Agnaldo Timóteo. Como costuma ocorrer com as

CANÇÃO QUE NÃO ACORDOU O MERCADO

Conheço poucas gravações de Rancho das flores. Imagino que ao escolher o ritmo de marcha-rancho (um andamento fora de moda, mesmo nos anos sessenta), Vinícius condenou ao esquecimento seu belo tratado sobre rosas, dálias, hortênsias e mal-me-queres, pois a marcha-rancho, coisa de nostálgicos como eu, pouco interesse despertou no mercado fonográfico. Em 2008, o músico cearense Raimundo Fagner, de reconhecido bom gosto, reviveu a parceria J. S. Bach e Vinícius de Morais no disco Fortaleza (seu arranjo, ao se aproximar de Bach, distancia-se da marcha-rancho).

(O.C.)
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Policiais trabalham para desobstruir pista. Ao fundo, a picape e o Gol envolvidos na colisão (Foto Pimenta).

Cinco pessoas saíram feridas de um acidente grave ocorrido por volta das 19h30min deste sábado, no quilômetro quatro da rodovia Ilhéus-Itabuna (Br-415). Uma colisão dupla envolveu um Volkswagen Gol, uma picape Toyota Hilux e um ônibus da Expresso Brasileiro.
Os dois ocupantes do Gol (JLM-1635) foram levados em estado grave para o Hospital Geral Luiz Viana Filho. Três pessoas que estavam na Hilux (MUW-8885) sofreram ferimentos leves, sendo atendidas pelo Samu 192 e também levadas para o Hospital Geral. Os ocupantes do ônibus nada sofreram. O motorista da picape, João Luiz Silva Farias, saiu ileso.
O motorista do Gol é apontado como o causador do acidente. O carro invadiu a pista contrária, colidiu lateralmente com o ônibus da Brasileiro, rodou na pista (Curva da Estação da Embasa) e colidiu contra a Toyota Hilux.
João Luiz: susto.

João Luiz, afirma, foi surpreendido quando viu um Gol rodando na pista. Ele  diz ter jogado a Hilux para o acostamento, mas não houve tempo de evitar a colisão.
“Ver aqueles caras rodando na minha frente foi uma situação desagradável. Tirei pro acostamento, e não teve jeito. Se não é a ribanceira, eu ia comer mato”.
João conta que mora em Maceió (AL) e está há alguns dias em Ilhéus, devido a problemas de saúde da mãe. “Estava retornando do hospital [Calixto Midlej Filho] para casa e acontece um negócio desses. Um grande susto”. O trânsito ficou interditado ou lento por quase uma hora.

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Leandro Afonso | www.ohomemsemnome.blogspot.com

Em Nosso Lar (idem – Brasil, 2010), Wagner Assis pode deixar muitos com vontade de morrer. Se esse foi seu desejo, bingo; mas se ele quis chegar a um resultado que, além da religião, demonstrasse fé no meio usado para tal, ele falhou.

Desde toda a publicidade envolvendo as cifras (teoricamente R$ 20 milhões), muito se falou dos efeitos especiais. O porém é que quase todas computações gráficas chamam mais atenção para si que ajudam na criação de um filme além do deleite de imagens.
Por “imagens”, no entanto, vejo uma espécie de deslumbramento “arquitetônico” e religioso que não vão além disso. As palavras, as imagens, os efeitos, todos são apenas belezas individuais (palavras e efeitos nem isso) e narcisistas; não formam um todo.
Assis não parece acreditar no cinema que faz, mas na ideia que faz do que seria um cinema se feito no mundo espiritual. Uma mistura entre Niemeyer (citado por Inácio Araújo) e Walt Disney com efeitos americanos década de 80; só que acrescido de açúcar e álcool. A soma é mundo perfeitamente asséptico no qual, entre reacionários, encarnações a fins, há sempre uma nova chance.
É nisso que Assis acredita, o que ele deixa claro a cada cena, muito mais do que cinema. A quem ele não deu chance alguma.

Visto no Shopping Barra – setembro de 2010.
8mm

Poderia falar horas sobre Superoutro (1989), de Edgard Navarro, mas dificilmente falaria algo de novo ou, pelo menos, relevante. Dito isto, só friso uma impressão: não sei em qual filme dos últimos 20 anos, entre os feitos aqui, temos uma Salvador tão pulsante. Se há, ou não vi ou não lembro.
Filmes da semana
1. Antes do Pôr-do-sol (2004), de Richard Linklater (Cine Vivo – DVD) (****1/2)
2. Nosso Lar (2010), de Wagner de Assis (UCI Orient Shopping Barra) (**)
Curta:
3. Gibraltar e as Bicicletas (2009), de Marccela Vegah (Youtube) (***)
Média:
4. Superoutro (1989), de Edgard Navarro (TVRip) (****)
______________
Leandro Afonso é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”.

<p style=”text-align: center;”><a href=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/70-MM2.jpg”><img title=”70 MM” src=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/70-MM2.jpg” alt=”” width=”559″ height=”95″ /></a></p>
<p style=”text-align: center;”><a href=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/Final-3.jpg”><img class=”aligncenter size-full wp-image-30092″ title=”Final 3″ src=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/Final-3.jpg” alt=”” width=”42″ height=”13″ /></a></p>
<p style=”text-align: center;”>
<p><strong>Leandro Afonso</strong> | <a href=”http://www.ohomemsemnome.blogspot.com”>www.ohomemsemnome.blogspot.com</a></p>
<p><em><img class=”alignright” src=”http://roteiroceara.uol.com.br/wp-content/uploads/2009/09/BLOG2_viajo_porque_preciso_volto_porque_te_amo_cultura.jpg” alt=”” width=”368″ height=”182″ />Viajo porque preciso, volto porque te amo</em> (<em>idem</em> – Brasil, 2009), de Karim Aïnouz (<em>O Céu de Suely</em>, <em>Madame Satã</em>) e Marcelo Gomes (<em>Cinema, Aspirinas e Urubus</em>), é um <em>road-movie </em>experimental (também por isso inevitavelmente irregular) que tem de melhor o que de melhor seus dois diretores podem oferecer – especialmente Aïnouz. É um filme em um meio, o semi-árido nordestino, e sobre sentimentos – carinho, amor, rejeição – já visitados por ambos, mas trata também e principalmente das divagações e aflições do personagem principal.</p>
<p>Faz sentido dizer que a maioria dos planos de <em>Viajo porque preciso…</em> não tem significado concreto ou função narrativa. Do mesmo modo, praticamente tudo aquilo que visa o horizonte e paisagens afins dura mais que o que o plano de fato mostra – mas esses fatos são menos um demérito que uma defesa da contemplação. E ainda que muitas vezes simplesmente não haja o que ser contemplado, faz parte do personagem esse sentir-se parado – a agonia e o tédio do personagem chegam a nos atingir, às vezes, sem eufemismo algum</p>
<p>Em filme que se assume tão ou mais experimental quanto narrativo, temos aí, no entanto, talvez – e paradoxalmente – uma tentativa de evitar uma monotonia que a ideia do filme sugere. Quase tudo não acontece em cena, mas na cabeça do personagem principal, a escrever suas cartas – trata-se de um filme epistolar de mão única. Como, então, filmar isso – algo tão ligado a um diário, algo a princípio tão anti-audiovisual?</p>
<p>Não temos uma resposta, mas uma opção arriscada, na qual os melhores momentos vêm de depoimentos (prostituta falando em vida-lazer, por exemplo), quando percebemos que os dois souberam extrair uma sinceridade tocante que emana daqueles que dirigem. Isso sem falar do personagem como entrevistador/provocador, em situação que nos liga inevitavelmente a ele fazendo o papel de diretor.</p>
<p>Esse caráter experimental, contudo, pode camuflar desnecessários tremeliques de câmera ao mostrar o personagem em meio à sua jornada, uma vez que não dá para chamar de experimental (ou dar qualquer mérito aqui) o que já virou um quase padrão – a câmera na mão nos dias de hoje.</p>
<p>Ainda assim, vale dizer que os altos do filme atingem um nível de sensibilidade que vem, entre outras coisas, justamente dessa abstração da narrativa convencional: da por vezes completa imersão em um mundo acima de tudo sensorial. Torto, talvez fatalmente torto, talvez o mais fraco trabalho de ambos, mas com momentos de coragem e brilhantismo bem-vindos.</p>
<h2><span style=”color: #800000;”>8mm</span></h2>
<p><strong>Paixão do visível</strong></p>
<p style=”text-align: left;”><em><img class=”aligncenter” src=”http://harpymarx.files.wordpress.com/2009/03/sylvia2.jpg” alt=”” width=”480″ height=”270″ />Na Cidade de Sylvia</em> (<em>En La Ciudad de Sylvia</em> – Espanha/ França, 2007) é meu primeiro contato com José Luis Guerín, catalão que teve três de seus longas exibidos no Panorama Internacional Coisa de Cinema. (Alguém sabe falar sobre?)</p>
<p>Guerín se mostra preocupado com a cidade, às vezes mais que com seus dois personagens principais, ou – o que pinta com alguma prioridade – as relações entre personagens diversos e o lugar onde vivem. No entanto, a busca dele (Xavier Lafitte) por ela (Pilar López de Ayala) é interessante a ponto de causar angústia quando algo foge do esperado. Ele desenha e retrata a cidade, é ele o mais afetado e sobre quem é o filme, é ele que não sabemos de fato o que sente, viveu ou viu; mas é ela que magnetiza a tela quando aparece.</p>
<p>Todavia, e felizmente, o filme vai além da contemplação de um sensacional rosto de uma boa atriz. Pode-se entrar em longas discussões e análises sobre memória e imagem, sobre miragem e dúvida; em uma palavra, sobre cinema. E, o que é melhor, através do cinema.</p>
<h2><span style=”color: #800000;”>Filmes da semana<br />
</span></h2>
<ol>
<li><strong>Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009), de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes (Cine Vivo) (***)</strong></li>
<li><strong>Batalha no Céu (2008), de Carlos Reygadas (sala Walter da Silveira) (***1/2)</strong></li>
<li><strong>O Refúgio (2009), de François Ozon (Espaço Unibanco – Glauber Rocha) (***)</strong></li>
<li><strong>O Profeta (2009), de Jacques Audiard (Espaço Unibanco – Glauber Rocha) (***1/2)</strong></li>
<li>O Demônio das 11 Horas (1965), de Jean-Luc Godard (DVDRip) (****)</li>
<li>Na Cidade de Sylvia (2007), de José Luis Guerín (DVDRip) (***1/2)</li>
</ol>
<p>______________</p>
<p><strong>Leandro Afonso</strong> é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”.</p>
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Definitivamente, a escultura da perereca abraçada a um cogumelo, instalada pelo prefeito Marcos Dantas em uma praça de Itajuípe, não agradou. Na noite desta sexta-feira, após muitos protestos contra a presença do inusitado objeto de “decoração”, a perereca foi parcialmente destruída, agora apresentando um rombo em sua parte inferior.
Moradores vinham reclamando da semelhança do cogumelo com o órgão sexual masculino. Em Itajuípe,  o local onde está a escultura passou a ser chamado de “Praça do Sapo Gay”.

Perereca de Marcos Dantas gerou polêmica

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Pesquisa do Instituto Datafolha sobre a disputa para o Senado na Bahia, divulgada neste sábado, 18, registra que o petista Walter Pinheiro e a socialista Lídice da Mata continuam encostando em César Borges (PR).
Borges aparece no levantamento com 29%, dois pontos a menos que sua marca na pesquisa divulgada dia 11. Já Walter Pinheiro subiu levemente, de 26% para 27%, e Lídice manteve os 28% da pesquisa anterior.
A situação entre os três candidatos é de empate técnico.
Leia mais sobre pesquisa eleitoral na Bahia.

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Miralva muda de candidato assim como o camaleão muda de cor

Na política itabunense, costuma-se brincar com o ecletismo do vereador Ruy Machado (PRP). Dele, fala-se que costuma tomar café com o ex-prefeito Fernando Gomes (hoje no PMDB) e jantar com o deputado federal Geraldo Simões (PT), arqui-inimigo do primeiro.
Pois o vereador tem hoje uma concorrente forte, que até estão chamando de “Ruy Machado de saia”: é a presidente da Direc 07 e do diretório municipal do PT, Miralva Moitinho.
Nessas eleições, Miralva tem uma verdadeira constelaçao de candidatos a deputado estadual. Oficialmente, diz apoiar o petista Jota Carlos, mas toda a sua equipe na Direc trabalha em prol do Capitão Fábio (PRP). Não obstante, na noite desta sexta-feira, Miralva compareceu a evento político na cidade de Coaraci, ostentando no peito um adesivo do deputado estadual Ronaldo Carleto (PP).
Alguém ainda perguntou: “Miralva, com quem você está mesmo?”. E ela respondeu: “verdade, verdadeira, o meu candidato do coração é Rosemberg Pinto”.
Vá entender!

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Walmir Rosário | ciadanoticia@ciadanoticia.com.br
Usada e abusada nos períodos eleitorais, a BR-415 volta a ser a “bola da vez” desta eleição. Entra ano e sai ano, e sua duplicação é prometida pelos governos Federal e Estadual. Agora, não há diferença na forma e conteúdo, a não ser nas investidas dos políticos e técnicos do Governo do Estado para referendar a promessa.
Anunciam a vinda do presidente Lula a Ilhéus para lançar a pedra fundamental da Ferrovia Oeste-Leste, e a Itabuna para assinar o edital da duplicação da BR-415, pela margem direita do Rio Cachoeira. O anúncio chega às raias do ridículo, expondo o presidente à zombaria, pois sequer as licenças ambientais foram concedidas. A não ser que tenha havido uma “liberação geral e irrestrita da esculhambação”, em que não creio.
Copiando a mesma estratégia astuciada por Antônio Carlos Magalhães, a turma do Derba faz projeto, maquete e ilustrações em três dimensões e ainda manda equipes de topografia se deslocar, pra cima e pra baixo. Inovaram, é verdade, pois se ampliaram as ações com o uso de novas tecnologias, como a computação gráfica.
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