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INTELECTUAIS SÃO SENSÍVEIS A ELOGIOS

Ousarme Citoaian

Algum escritor (ou, para ser justo na provocação, algum profissional) é insensível ao elogio? Provavelmente não, mas alguns disfarçam bem essa humana fraqueza. Parece que tudo se resolve se tratarmos o assunto com certa dignidade, sem entregar o jogo, desfazendo-se em felicidade a propósito de qualquer referência encomiástica, feito donzela pudica que se ruboriza diante de um galanteio oblíquo. Quando Machado de Assis disse, a propósito da Academia, “Esta é a glória que fica, eleva, honra e consola”, denotou certo pendor para a vaidade. Mas, anos antes, ele foi mais específico: “Amo elogios. Eles fazem bem à alma e ao corpo”.

“UM ELOGIOZINHO, PELO AMOR DE DEUS”

Na crônica “Tudo são vaidades” Fernando Sabino fala de um intelectual que vivia de chapéu na mão, dizendo: “Um elogiozinho, pelo amor de Deus…”. Seria Jorge de Lima (foto) e a história foi uma maldade criada pelo genial Nelson Rodrigues: numa cafeteria, o poeta viu Clarice Lispector, aproximou-se dela e se apresentou: “Sou o poeta Jorge de Lima”, ficando à espera de algum elogio, que não veio. Clarice não tugiu nem mugiu e o escritor alagoano afastou-se tristonho, cabisbaixo, à beira da depressão. Dê-se à estória o desconto de ser da lavra de Nelson Rodrigues, um autor que se valia, como poucos, do exagero.

MÁRIO E AS SUAS “VAIDADES JUSTIFICÁVEIS”

Se o taciturno e contido Machado amava o elogio, Mário de Andrade (foto) não lhe ficou atrás, ao dizer que “são justificáveis certas vaidades, quando nascidas de um sadio desejo de ver o valor de sua obra reconhecido e aclamado”. No popular, circunlóquios à parte, vaidoso. Conta-se que Cyro dos Anjos, a exemplo do autor de Dom Casmurro, preferiu ser direto. Quando lhe perguntaram por que entrou para a ABL, respondeu: “Vaidade”. Se não estou enganado, é Marques Rebelo (citado por Hélio Pólvora) quem tem a receita para suprir a necessidade de elogios: “A única crítica que realmente interessa é a dos amigos”.

PONTO COMUM ENTRE FUTEBOL E NOVELA

Um jogo de futebol tem sua duração dividida em duas frações de 45 minutos, chamadas de primeiro e segundo tempos. Qualquer brasileiro sabe disso, pois futebol é o esporte nacional, de sorte que todos nós conhecemos um pouco dele, nem que seja por osmose. É como novela da Globo: somos tão bombardeados pela mídia que não há como não ter informações sobre o gênero, por mais que se o deteste. Voltando ao esporte bretão: na tevê, fico sabendo que o árbitro deu, na partida a que assisto, “três minutos de acréscimo”, e que “o jogo vai até os 48 minutos”. É mais uma bobagem dita por um comunicador e repetida por outros: a lei do futebol estabelece duas etapas de 45 minutos, num total de 90. Nada mais.

DESCONTO E ACRÉSCIMO SÃO INIMIGOS

O árbitro não acrescenta nada aos tempos definidos pela Fifa. Ele desconta o tempo em que o jogo, por qualquer motivo, esteve interrompido (substituições, atendimento médico, fenômenos meteorológicos, troca de sopapos, falta de bola, algum engraçadinho que invadiu o campo, e por aí vai). O árbitro (preferível a juiz!) controla com um cronômetro o tempo jogado, com outro as interrupções – que são os descontos do período de 45 minutos. Se o jogo foi parado durante cinco minutos, por hipótese, ele precisa dar esses cinco minutos de desconto, para atender à exigência legal. Se ele não der esse desconto das paralisações o tempo de 45 terá sido reduzido a 40, com flagrante trauma às normas da Fifa.

RIQUEZA QUE VEM DAS ARQUIBANCADAS

Nossa tese é de que as redações precisam ler mais e repetir menos, tendo zelo com a linguagem, não só no esporte. A renovação da língua não deve ser feita com invenções elitistas e agressivas, mas de forma natural, aquela que nasce nas ruas e, para o caso, nas arquibancadas. O português absorveu expressões que enriqueceram a linguagem do futebol: chapéu, meia-lua, comer a bola, freguês, chega-pra-lá, passeio, chocolate, cama-de-gato, ladrão (aquele que “rouba” a bola), bola quadrada, bola comprida e outras de agradável sabor brasileiro. Mas desconto e acréscimo são termos antagônicos – e se o árbitro acrescentar será demitido por justa causa: o jogo só tem 90 minutos – é a Fifa quem o diz.

NOME PRÓPRIO IMPOSTO PELO CARTÓRIO

Dia desses falávamos aqui de nomes próprios e as barbaridades que com eles são feitas nos cartórios brasileiros (brasileiros, sim, pois em Portugal não tem disso não – lá, ao que me consta, se observa a norma da língua!). Pois lembrei-me de uma prova de que, além de anotar nomes de grafias esdrúxulas (muitas vezes por sugestão dos pais), o cartório também impõe nomes, de acordo com o gosto do escrivão. Esta aconteceu em São Paulo, nos anos cinqüenta e está narrada em livro de grande êxito de vendas.

SEBASTIANA NÃO É NOME DE GENTE FINA

Ao procurar registrar a filha, a mãe disse o nome: Sebastiana (um bom nome português, com origem em São Sebastião). A escrivã foi direta: “Com este nome eu não registro, pois todo nortista que chega aqui quer botar o nome de Sebastião ou Sebastiana. Povo sem criatividade!” O argumento da mãe (“é um nome bonito”) não convenceu a escrivã: “Pode ser bonito, lá pras suas bandas” (…), mas que em SP ela teria que botar um nome de gente fina, “gente classificada”. E decidiu que a menina se chamaria Ruth.

E ASSIM TIANA FOI “PROMOVIDA” A RUTH

O episódio está bem contado no livro A história de Lula, o filho do Brasil (da jornalista Denise Paraná), mostrando como a irmã mais nova do futuro presidente da República (de nome Sebastiana e apelido Tiana), passou a se chamar Ruth (assim com TH, coisa fina, de gente classificada). O melhor dessa página de autoritarismo e desrespeito aos pobres Denise Paraná deixa por último: quando dona Lindu, a mãe de Lula e Tiana, perguntou o  nome da escrivã, esta respondeu: Ruth. Mulher classificada, já se vê.

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HAVIA UMA LUA BRANCA NAS PEDRAS NEGRAS

Havia céu e sol na correnteza,
Brilhinhos chuviscando a natureza.
Nos peraus e pedras negras havia
Uma lua, branca ave sem ser fria.

Não havia dúvida nem certeza
Apenas rioflor, risos de pureza.
Certamente, canção de noite e dia,
Certamente uma fábula que havia.
E olhos de outras águas, de lei renhida,
Rosto de sofrido sol, de sombria
Lua, decididamente haveria

Vendo vidrinho sem antiga dança,
Prata da noite em superfície mansa
Reinventando o mistério da vida.

SE “ELA” FALA, EU ME CALO E BATO PALMAS

“Soneto do rio Cachoeira” é de Cyro de Mattos, tirado de Vinte poemas do rio (na foto, a capa do livro em alemão). O tema é recorrente (basta ver o título do livro). “Cyro de Mattos é um dos grandes escritores da minha terra, da minha cidade, Itabuna. Portanto, um irmão das mesmas águas, das mesmas sombras dos cacauais”, assinala Margarida Fahel, dizendo da prosa de Cyro que “muitas de suas palavras falam por mim, falam de mim, também grapiúna”. E acrescenta que ler Cyro de Mattos é “participar da missão de eternizar em cada um a alma de um rio, de uma terra, de uma civilização”, além de “reconhecer um pouco que seja da verdade humana, pungente de dor e de mistérios”.  E quando Margarida Fahel se pronuncia, eu me calo e aplaudo.

ENCANTO ADORMECIDO HÁ MEIO SÉCULO

A marcha-rancho (que já foi conhecida como marcha de rancho) está tão demodé quanto o sapato de duas cores, o vestido tubinho, a calça boca de sino e a coqueluche. Tão surpreendente quanto o espartilho, a bengala, o chapéu palheta, o cabriolé e o fusca de quatro portas. Mas o gênero já teve seus dias de glória – e coleciona clássicos da MPB que embalaram gerações e, supõe-se, embora adormecido, ainda conserva seu encanto. Em épocas diferentes (talvez até os anos sessenta), uma marcha-rancho sempre esteve nas boas bocas do Brasil. Sem ameaçar os grandes hits da hora, mas sempre presente, graças a seu público fiel.
</span><strong><span style=”color: #ffffff;”> </span></strong></div> <h3 style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>E FRED JORGE CRIOU CELLY CAMPELLO!</span></h3> <div style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>No auge do sucesso, em 1965, a música teve uma versão no Brasil, gravada por Agnaldo Timóteo. Como costuma ocorrer com as

PEQUENA RELAÇÃO DE OBRAS-PRIMAS

As pastorinhas/1934 (Noel Rosa-Braguinha); Estrela do mar/1952 (Marino Pinto-Paulo Soledade); Rancho das flores/1961 (Vinícius, sobre tema de J. S. Bach); Estão voltando as flores/1962 (Paulo Soledade); Rancho das namoradas/1962 (Vinícius-Ari Barroso);  Marcha da Quarta-Feira de Cinzas/1963 (Vinícius-Carlos Lyra); Porta-estandarte /1965 (Fernando Lona-Geraldo Vandré) – e  certamente outras grandes que me escapam da memória – são exemplos da importância da marcha-rancho. Vinícius de Morais (foto), mestre no gênero (há três dele na minha relação de sete!), mantinha, como todo intelectual que se preza, permanente diálogo com o passado, e a marcha-rancho era uma de suas pontes.

MUITA POESIA, POUCO RECONHECIMENTO

Biógrafos atribuem ao poeta carioca a afirmação de que a marcha-rancho fazia parte de um tempo em que música de carnaval era poesia.  Alguns deles citam também como do Poetinha uma frase que resume, numa expressão de gíria, o que ele pensava sobre o conteúdo poético desse gênero: “Marcha-Rancho é covardia!” Aqui, para retomar a intimidade com um estilo quase extinto (e aproveitando o gancho da primavera recém-chegada), Estão voltando as flores, de Paulo Soledade – gravada inicialmente por Helena de Lima e Dalva de Oliveira (foto) – em registro moderno da melhor voz masculina surgida na MPB dos últimos 37 anos: Emílio Santiago.

(O.C.)
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Do G1
O Ibope divulgou mais uma pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República. Na média nacional, segundo o levantamento, a candidata petista Dilma Rousseff tem 50%, contra 28% do tucano José Serra e 12% de Marina Silva (PV).
Além dos números gerais, o Ibope também calculou o percentual alcançado pelos candidatos em segmentos do eleitorado como sexo e nas regiões do país.

Eleitorado masculino e feminino
Entre os eleitores do sexo masculino, Dilma aparece com 53% das intenções de voto, contra 27% de Serra e 10% de Marina.
Já entre as mulheres, a petista tem 48%, o tucano, 29%, e Marina, 13%.
Por região
No Nordeste, Dilma foi de 66% para 64%; Serra de 16% para 20%; e Marina, de 7% para 8%.
No Norte/Centro-Oeste, Dilma tinha 46% e foi para 48%; Serra foi de 30% para 31%, e Marina manteve 13%.
No Sudeste, Dilma foi de 48% para 45%; Serra, de 24% para 30%, e Marina foi de 14% para 13%.
No Sul, Dilma foi de 42% para 44%; Serra manteve 35%, e Marina foi de 10% para 13%. O Ibope ouviu 3.010 eleitores em 202 municípios de 21 setembro a 23 de setembro

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Do A Região
O Tribunal de Justiça da Bahia negou o recurso e Jeferson Cabral e Silva, o “Jefinho”, vai a júri popular pelo assassinato da ex-namorada Camila Vieira dos Santos. Ela foi morta no dia 9 de março na recepção do Eros Motel, na BR-415, em Itabuna.
O recurso para que o acusado aguardasse o julgamento em liberdade foi negado pelo desembargador Mário Alberto Simões. A decisão foi publicada na edição de quinta do Diário do Poder Judiciário. O TJ já havia negado habeas corpus no mês passado.
Jeferson Cabral é réu confesso do assassinato da ex-namorada. Ele alegou que matou Camila Vieira porque ela insistia em fazer programas. A mulher foi executada a tiros depois de horas de discussão com o acusado.

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O Bahia foi a Recife e  detonou o Sport, na Ilha do Retiro, por 2 a 1. De quebra, o tricolor de aço ainda derrubou uma invencibilidade de 12 jogos do rubro-negro pernambucano.
O primeiro gol do Bahia foi marcado aos 5 minutos de jogo. Diego Correa abriu o placar em lance no qual ainda teve tempo para driblar o goleiro Magrão. Ainda no primeiro tempo veio o empate rubro-negro, aos 45min, com Daniel Paulista.
O tricolor garantiu a vitória com  Morais, que aproveitou cruzamento para deixar o dele, aos 22min dos segundo tempo. Apesar da vitória, o time baiano permanece na vice-liderança da competição porque o Coritiba bateu o ASA, por 2 a 0.
O Bahia volta a jogar na próxima terça, em Pituaçu, contra o Icasa. O time acumula 44 pontos e o líder Coritiba tem 46.

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Leandro Afonso | www.ohomemsemnome.blogspot.com

Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme (Wall Street – Money Never Sleeps 2010, EUA) é, basicamente, o Oliver Stone (Assassinos por Natureza, Platoon, JFK) de sempre. Aquele que usa o que critica, aquele que é a incoerência personificada na arte que faz. Mas, isto à parte, a continuação do filme de 1987 é um dos filmes menos infelizes do diretor.

Gordon Gekko (Michael Douglas) é enfim solto, sua filha Winnie é namorada de Jake Moore, (Shia LaBoeuf) homem de Wall Street, no que pode soar tanto como imprevisto do funcional destino como outra manipulação pouco convincente de Stone. Com sua tradicional sutileza de elefante, a abertura mostra como pai e filha, cada um na sua visão, reagem à libertação do Gekko mais velho.

Durante mais de duas horas, Stone bate na bolsa de valores, na especulação, na obsessão por ganhos, empréstimos e negócios; em suma, ele dá (de novo) várias pauladas no capitalismo essencialmente norte-americano. Em meio a isso, ele acrescenta mudanças de rumo de personagens, dramas e crises familiares. Tudo é até bem escrito e amarrado, dentro dos padrões Stonianos, e atuado (sejamos justos, ele não é um ruim diretor de atores), e o maniqueísmo não é tão extremo: tanto Gordon como Jake têm momentos ruins. Até Stone fazer o que, normalmente, ele faz.

A família, a obsessão pelo dinheiro e o que o seu excesso faz, são dois dos pilares do american way of life que Stone tanto combate, mas são justamente o dinheiro e a família falam mais forte; deu tudo certo, no melhor estilo americano. Pode-se dizer que ele faz uma constatação, só que o cheiro não é de um olhar, de uma opinião, mas de um determinismo aliado a concessão – mesmo que insconsciente, caso ele tenha tido o corte final. A crítica que ele faz se dilui, o final não deixa espaço para a dúvida ou a ironia.

Em uma das falas de Gordon, ele diz que “o dinheiro é uma puta que nunca dorme”. Ela é apenas uma das interessantes frases de efeito e boas ideias do filme, cheio delas. Mas, desde a poluição e a confusão das telas divididas ao didatismo da amostra da alternativa energética, Stone acredita mais em seus ideais que na construção que possa fazer alguém levá-lo a sério como tudo que parece querer ser: antropólogo, sociólogo, político e, quando possível, cineasta. Bons momentos se perdem em meio às opções dadas pela puta que nunca dorme.

Visto, em cabine de imprensa, no Cinemark – Salvador, setembro de 2010

Filmes da semana
1. Os Incompreendidos (1959), de François Truffaut (Sala Walter da Silveira – DVD) (****)
2. Quem Matou Leda (1959), de Claude Chabrol (Sala Walter da Silveira – DVD) (**1/2)
3. Apenas o Fim (2008), de Matheus Souza (DVDRip) (***1/2)
4. Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme (2010) (Cinemark – Cabine de imprensa) (**1/2)
5. Insolação (2009), de Felipe Hirsch e Daniela Tomas (Cinemark) (**)
______________
Leandro Afonso é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”.

<p style=”text-align: center;”><a href=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/70-MM2.jpg”><img title=”70 MM” src=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/70-MM2.jpg” alt=”” width=”559″ height=”95″ /></a></p>
<p style=”text-align: center;”><a href=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/Final-3.jpg”><img class=”aligncenter size-full wp-image-30092″ title=”Final 3″ src=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/Final-3.jpg” alt=”” width=”42″ height=”13″ /></a></p>
<p style=”text-align: center;”>
<p><strong>Leandro Afonso</strong> | <a href=”http://www.ohomemsemnome.blogspot.com”>www.ohomemsemnome.blogspot.com</a></p>
<p><em><img class=”alignright” src=”http://roteiroceara.uol.com.br/wp-content/uploads/2009/09/BLOG2_viajo_porque_preciso_volto_porque_te_amo_cultura.jpg” alt=”” width=”368″ height=”182″ />Viajo porque preciso, volto porque te amo</em> (<em>idem</em> – Brasil, 2009), de Karim Aïnouz (<em>O Céu de Suely</em>, <em>Madame Satã</em>) e Marcelo Gomes (<em>Cinema, Aspirinas e Urubus</em>), é um <em>road-movie </em>experimental (também por isso inevitavelmente irregular) que tem de melhor o que de melhor seus dois diretores podem oferecer – especialmente Aïnouz. É um filme em um meio, o semi-árido nordestino, e sobre sentimentos – carinho, amor, rejeição – já visitados por ambos, mas trata também e principalmente das divagações e aflições do personagem principal.</p>
<p>Faz sentido dizer que a maioria dos planos de <em>Viajo porque preciso…</em> não tem significado concreto ou função narrativa. Do mesmo modo, praticamente tudo aquilo que visa o horizonte e paisagens afins dura mais que o que o plano de fato mostra – mas esses fatos são menos um demérito que uma defesa da contemplação. E ainda que muitas vezes simplesmente não haja o que ser contemplado, faz parte do personagem esse sentir-se parado – a agonia e o tédio do personagem chegam a nos atingir, às vezes, sem eufemismo algum</p>
<p>Em filme que se assume tão ou mais experimental quanto narrativo, temos aí, no entanto, talvez – e paradoxalmente – uma tentativa de evitar uma monotonia que a ideia do filme sugere. Quase tudo não acontece em cena, mas na cabeça do personagem principal, a escrever suas cartas – trata-se de um filme epistolar de mão única. Como, então, filmar isso – algo tão ligado a um diário, algo a princípio tão anti-audiovisual?</p>
<p>Não temos uma resposta, mas uma opção arriscada, na qual os melhores momentos vêm de depoimentos (prostituta falando em vida-lazer, por exemplo), quando percebemos que os dois souberam extrair uma sinceridade tocante que emana daqueles que dirigem. Isso sem falar do personagem como entrevistador/provocador, em situação que nos liga inevitavelmente a ele fazendo o papel de diretor.</p>
<p>Esse caráter experimental, contudo, pode camuflar desnecessários tremeliques de câmera ao mostrar o personagem em meio à sua jornada, uma vez que não dá para chamar de experimental (ou dar qualquer mérito aqui) o que já virou um quase padrão – a câmera na mão nos dias de hoje.</p>
<p>Ainda assim, vale dizer que os altos do filme atingem um nível de sensibilidade que vem, entre outras coisas, justamente dessa abstração da narrativa convencional: da por vezes completa imersão em um mundo acima de tudo sensorial. Torto, talvez fatalmente torto, talvez o mais fraco trabalho de ambos, mas com momentos de coragem e brilhantismo bem-vindos.</p>
<h2><span style=”color: #800000;”>8mm</span></h2>
<p><strong>Paixão do visível</strong></p>
<p style=”text-align: left;”><em><img class=”aligncenter” src=”http://harpymarx.files.wordpress.com/2009/03/sylvia2.jpg” alt=”” width=”480″ height=”270″ />Na Cidade de Sylvia</em> (<em>En La Ciudad de Sylvia</em> – Espanha/ França, 2007) é meu primeiro contato com José Luis Guerín, catalão que teve três de seus longas exibidos no Panorama Internacional Coisa de Cinema. (Alguém sabe falar sobre?)</p>
<p>Guerín se mostra preocupado com a cidade, às vezes mais que com seus dois personagens principais, ou – o que pinta com alguma prioridade – as relações entre personagens diversos e o lugar onde vivem. No entanto, a busca dele (Xavier Lafitte) por ela (Pilar López de Ayala) é interessante a ponto de causar angústia quando algo foge do esperado. Ele desenha e retrata a cidade, é ele o mais afetado e sobre quem é o filme, é ele que não sabemos de fato o que sente, viveu ou viu; mas é ela que magnetiza a tela quando aparece.</p>
<p>Todavia, e felizmente, o filme vai além da contemplação de um sensacional rosto de uma boa atriz. Pode-se entrar em longas discussões e análises sobre memória e imagem, sobre miragem e dúvida; em uma palavra, sobre cinema. E, o que é melhor, através do cinema.</p>
<h2><span style=”color: #800000;”>Filmes da semana<br />
</span></h2>
<ol>
<li><strong>Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009), de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes (Cine Vivo) (***)</strong></li>
<li><strong>Batalha no Céu (2008), de Carlos Reygadas (sala Walter da Silveira) (***1/2)</strong></li>
<li><strong>O Refúgio (2009), de François Ozon (Espaço Unibanco – Glauber Rocha) (***)</strong></li>
<li><strong>O Profeta (2009), de Jacques Audiard (Espaço Unibanco – Glauber Rocha) (***1/2)</strong></li>
<li>O Demônio das 11 Horas (1965), de Jean-Luc Godard (DVDRip) (****)</li>
<li>Na Cidade de Sylvia (2007), de José Luis Guerín (DVDRip) (***1/2)</li>
</ol>
<p>______________</p>
<p><strong>Leandro Afonso</strong> é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”.</p>
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A política ilheense está em polvorosa. Nesta sexta-feira, sete dos treze vereadores assinaram uma carta na qual informam estar constituindo uma maioria oposicionista. A lista, que é encabeçada pelo presidente do colegiado, vereador Jailson Nascimento (PMN), traz ainda os nomes de Tarcísio Paixão (PMN), Alzimário Belmonte, conhecido como “Gurita”, e Valmir Freitas do Nascimento (PP), Edvaldo Nascimento de Souza, o “Dinho Gás”, e Gilberto Souza (ambos do PSDC), além de Reynaldo Oliveira dos Santos, o “Zé Neguinho” (PPS).
Na carta de “despedida” ao prefeito Newton Lima, os signatários declaram ter optado pela debandada após “profunda avaliação do momento político que ora se desenvolve em nosso município”… É a velha tática de escamotear a verdade com argumentos pretensamente politizados.
O rompimento, liderado pelo presidente, começou a se desenhar quando Jailson Nascimento entrou em choque com o secretário da Saúde, Antônio Carlos Rabat, que comanda uma área que já foi um feudo do vereador. Nascimento chegou a pedir a cabeça de Rabat, mas não conseguiu e passou a retaliar o governo.
Em resposta, o prefeito decidiu atingir o presidente da Câmara em uma parte sensibilíssima, o bolso. O governo operou para retirar o vereador do serviço de transporte escolar, com base em um artigo da Lei Orgânica que limitava em cinco anos o tempo de vida útil dos ônibus autorizados a circular em Ilhéus. Jailson, ligeiro, conseguiu ampliar o limite para 15 anos, com um projeto que ficou conhecido como “Lata Velha”.
O governo, por sua vez , abriu licitação para o serviço de transporte escolar, anunciou a compra de cinco ônibus novos, com recursos do FNDE, e acabou inviabilizando a continuidade das “latas velhas” do vereador no serviço.
Esse é o verdadeiro enredo da ruptura, que a carta divulgada pela Câmara tenta apresentar de um jeito menos constrangedor.  O próximo capítulo poderá ser lido no Diário Oficial, já que todos os novos oposicionistas possuem cargos no governo Newton Lima.

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A assessoria da matriz do Makro Atacadista informou a este blog a abertura da loja ilheense na próxima quinta, 30, precedida de uma solenidade de inauguração na tarde de quarta, 29, faltando definir apenas o horário, mas antecipando que seria “no final da tarde”. Hoje, a diretora da unidade ilheense afirma que a inauguração ocorrerá na sexta, 1º. Uai.

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Equipe do Samu socorre mecânico vítima de acidente (Foto Pimenta).

Ao final da tarde desta sexta (24), o mecânico Raimundo de Jesus dos Santos pilotava uma motocicleta Shineray e colidiu contra uma bicicleta, de cor preta, no viaduto Paulo Souto (trevo das BRs 415-101), em Itabuna. O mecânico foi surpreendido pela bicicleta na pista. O ciclista nada sofreu.

Raimundo teve escoriações nas pernas, braço e um corte profundo no rosto, deixando-o desacordado por alguns instantes. Policiais militares fizeram o isolamento de área à espera do Samu 192. Raimundo foi levado para o Hospital de Base de Itabuna, consciente.

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Do Cia da Notícia

Geddel deu "zig" na TV Cabrália.

Apesar de vir anunciando a participação de todos os candidatos num programa de entrevista com 15 minutos de duração, a TV Cabrália não vai poder cumprir sua promessa aos telespectadores nesta sexta-feira (24).
Simplesmente, o candidato a governador pelo PMDB, Geddel Vieira Lima esnobou o espaço concedido pela direção da Cabrália, emissora que alcança grande parte da população baiana e praticamente todo o Norte e Nordeste.
Desde o dia 5 de agosto que a Direção da Cabrália iniciou os contatos com a coordenação da campanha de Geddel, e para tanto ofereceu a alternativa da gravação ser realizada no estúdio da emissora em Itabuna, ou em Salvador, nas instalações da TV Itapoan.
Geddel estará em Itabuna neste sábado, 25, quando participa de carreata, a partir das 10 horas.
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