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Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br

Ouvia hoje uma moça que estudou a carreira de Nara Leão e montou um espetáculo sobre a intérprete. Já passei em bares do Rio Vermelho onde jovens se divertiam ao som de um belo chorinho. Música de qualidade, brasileiríssima, fiel às nossas raízes, mas um oásis em meio à baixaria que ainda não reina, mas tumultua.

No Natal, percebi o “rei” Roberto Carlos um tanto incomodado, sem graça diante da apresentação do convidado Exaltasamba em seu especial de fim de ano. A banda, sem a menor reverência à Sua Majestade, entoou a apelativa música que chama a uma “fugidinha”. Era para ser um dueto, mas Roberto não cantou, apenas corou.

Não serve de consolo, mas a fuleiragem não é monopólio baiano. Está no funk carioca e nas músicas americanas que agridem os ouvidos e o ser humano, fazendo imerecido sucesso junto a pessoas que não se dispõem a refletir sobre o que ouvem. A música não é de pobre, como insinuou um defensor do estilo, mas serve para estigmatizar, humilhar, diminuir, ridicularizar e achincalhar exatamente o pobre.

Só ouve esse tipo de lixo quem ainda não teve acesso à boa música, aquela que faz bem ao espírito, que alegra e garante a festa, porém com criatividade, sutileza, inteligência. Mas nunca é tarde para procurar saber o que é bom, abandonando essas coisas que dizem ser de duplo sentido, mas não têm sentido algum.

Por isso tive grande satisfação ao ler o artigo de Daniel Thame publicado no PIMENTA (confira). Até porque, assim como o amigo, este escriba também foi submetido a uma tortura mental ao tentar passar alguns dias em confraternização familiar em um condomínio praiano na zona norte de Ilhéus. Acabei adoecendo e tenho certeza de que os sintomas da virose foram agravados pelo repertório que tocava na rua e em casas vizinhas, a um volume tão indecoroso quanto as letras das porcarias.

Estou plenamente convencido de que esse lixo, além de incomodar, também faz mal à saúde.

Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do PIMENTA e também escreve no Política Etc.

0 resposta

  1. Comungo com as palavras acima, realmente para quem obteve uma educação musical fica insustentável compartilhar determinados ambientes públicos. Sinceramente, por vezes me sentir envergonhada em estar em outro estado do Brasil e ter que ouvir piadas a respeito da música baiana e pior não ter argumentos contrários as opiniões.

  2. eita o senhor agora pegou pesado seu Ricardo e onde fica o(…) “vou não , quero não(…)deixa de preconceito homem, nem todo mudo gosta de “Sinatra” como V.Exª, e tem mais ainda existem no mercado o famoso tampão de ouvido e funciona que é uma beleza …E VIVA O ARROCHA, O AXÉ, E O FORRÓ.EU GOSTO !!!!

  3. Caro,blogueiro.
    Respeite o gosto das pessoas.Quanta falta de educação conceituar tal música como “lixo”.Tenho certeza que alguém da sua família,parentes ou amigos são adeptos desse “lixo”.Umas das dádivas do nosso país é que ele rico na arte,cultura,esporte,música…
    Já pensou se toda população brasileira(que ultrapassa os 180 milhões de habitantes)gostasse apenas de futebol?Já pensou se todos os nosso artistas fossem todos pintores???
    Nosso país é muito grande e heterogêneo,seria muita burrice e inocência de sua parte,pensar que todo mundo vai ter um gosto musical “fino” como o seu.Cada cidadão foi nascido e criado em contextos/ambientes diferentes e cada um tem o direito de escolher seu melhor estilo musical.
    Afinal,caro blogueiro,acho que nossa região tem assuntos mais importantes para ser discutido e você está em posse de uma poderosa ferramenta que é a internet,portanto trate de usa-lá construtivamente.

  4. Tem toda razão, Ricardo!

    O lixo sonoro, além de incomodar, prejudica muito o organismo do ser vivo, digo o reino animal, principalmente o ser humano. Infelizmente vivemos na era da arrogância, com os estúpidos fazendo valer seus gostos a qualquer preço.

    Observo que a cada dia cresce o número de crianças e adultos com distúrbios mentais, psicológicos, psocopatias e outras doenças, sem que providências sejam tomadas para educar os ignorantes. Está provado que o ruído intenso ou frequente, provoca alterações diversas nas pessoas, fato que fez surgir leis para conter os excessos.

    Tenho a impressão de que a deturpação musical é uma marca de carência consciencial do indivíduo incompatível com o desenvolvimento da era tecnológica. Isso inclui os baixos índices de aprendizagem do alunado e a baixa resistência imunológica das pessoas.

  5. Desculpe, corrigindo:

    DE: “LEITO”
    PARA: “LEITOR”

    Sou leitor assíduo do “Pimenta na Muqueca”, um blog (o melhor!) que me atualiza com as notícias locais e regionais, e que tem um responsável que escreve muito bem quando emite suas opiniões, com as quais em muito me identifico. Parabéns, você é de um talento incrível.
    Sucesso!!!

  6. Caro blogueiro,
    Ainda existe vida inteligente na música, como a atriz Fernanda Couto, que produziu o musical sobre Nara Leão. Ela e os três músicos dão um verdadeiro show de bom gosto e sossego aos nossos ouvidos, ao contrário de lixo musical produzido em grande escala, que pertuba nosso bate-papo.
    Uma verdadeira demonostração de que nem tudo está perdido.
    Viva a verdadeira MPB, via a Bossa Nova.

  7. Não se apoquente, meu caro Ricardo.

    Também passo por inquietações quando me deparo com músicas de cunho descartável. O remédio que encontro é quando retorno a minha casa e lá procuro despoluir os ouvidos ouvido MPB ou um bom ROCK.
    Mas é necessário que se atente para o fato de que não só nessa particularidade que encontramos “baixarias”, como também na TV, na Internet, na vida social como um todo. Isto porque as pessoas têm em sua atividade (intelectual, profissional ou artística) um objetivo imediato – o ganho financeiro. Tal retribuição deveria ser vista como uma consequência dum bom trabalho e não como um fim a ser alcançado. Infelizmente a maioria de nossa sociedade passa, acriticamente, a fazer apologia a atividades que desencadeiam um bom retorno (financeiro – é claro), aliando a idéia do mérito, do conteúdo, ao desempenho mercantil.
    Aos que não se enquadram nesse modelo, saudações. Aos que não concordam com a musicalidade atual, um convite para a criação de um clube ou uma escola destinada a apreciadores da música de qualidade, sem apelos.
    \\\\\\\Abraçõs e parabéns.

  8. Existe sim, muito preconceito quando se tenta falar sobre “qualidade” em música. Normalmente, a música de qualidade é aquela que eu gosto de ouvir, e a dos outros é “lixo”. Ritmos dançantes, sensuais, letras apelativas sempre existiram. Estão na origem de gêneros hoje cultuados, como o bom rock n’ roll e o bues.

    Os gêneros criticados nesse blog nos últimos dias não me agradam. Sonoridade repetitiva e pouco criativa, tratamento temático preconceituoso principalmente contra mulheres (que muitas meninas parecem gostar e descem até o chão), são as principais características dessas obras. Mas, de um modo geral, entendo que cada qual decide sobre seus ouvidos e neurônios e ouve o que quer.

    Para se falar em qualidade e escolha tem que envolver a questão da mídia, comunicação de massa, mercado musical, acesso a bens culturais, educação etc etc…a conversa é longa.

    Agora, quanto ao volume do som, aí é outro papo. O problema dos arrocheiros e pagodeiros em geral não é o gosto musical, mas o fato deles obrigarem TODO MUNDO a ouvir o que eles gostam. Nesse ponto concordo com os blogueiros.

    Aí a questão muda de figura e vira CASO DE POLÍCIA. Temos leis municipais e federais que tratam da questão, com limite de decibéis para emissão sonora.

    Quando alguém invade sua casa com seu som potente, é a mesma coisa que entrar, roubar ou depredar. É usurpação de espaço e de direitos, é agressão e violência.

    Esse é o problema na Bahia e, em Itabuna, o caso é grave. Ligar para polícia é perda de tempo, não tem autoridade disposta a interferir no problema. Acho que é sobre isso que as pessoas devem se preocupar e agir, e sobre isso que a imprensa, inclusive esse blog, um espaço crítico, poderia mexer: o que o cidadão pode fazer para se proteger dessa agressão? qual o dever das autoridades? Com a palavra…

  9. Quanto preconceito de “falsos intelectuais”, parece que vocês são melhores só porque escutam “música de qualidade”. Até músicos como Milton Nascimento, Djavan e outros não agem dessa forma… Não sei o que é pior, as músicas que são realmente de baixa qualidade artistica (mas tem quem goste, eu por exemplo quando estou tomando umas) ou pessoas que se acham superiores por gostarem mpb, musica clássica, erudita (seja lá qual for)…
    Só pra ilustrar: a musica de Bochecha, “avião sem asa, fugueira sem brasa…” não teve quem falasse que era boa, só foi Adriana Calcanhoto cantar, que virou MPB…

    Vamos viver a diferença!!!

  10. Não é só na musica que tem lixo, tem também em outras areas como: tv. livros, roupas, etc. precisamos da orportunidades a escolha, não possivel vc chegar em uma loja e não encontrar uma roupa que vc gosta, pq, só tem o que acham que vc deve vestir. vc liga a tv e obrigado a assistir os lixos d atv abeerta se na livraria ou vc compras os lixos ou tem que fazer pedidos para ler um bom livro. nos temos que da outra a pessoa o direito de escolha. assim e uma verdadeira democracia.

  11. Parabens,e lixo ainda é pouco para desqualificar estas pseudo-músicas, infelizmente nós só podemos torcer para que estas porcarias passem rápido. Porque uma certeza nós temos: este lixo será esquecido, totalmente apagado da história da música, pela sua total insignificancia, esta é a nossa alegria.

  12. LIXOOOOO SIMMM.Psirico,parangole,blackstile…LIXOOOOOO.E Aqueles que saem em sua defesa e porque ainda nao se deram conta que fazem parte de uma legiao de revolucionarios que cresce sem parar a cada dia.OS IDIOTAS.E por serem maioria sairam do armario e agora tentam subjugar os TRANSCENDENTES com esse estilo mediocre de cultura musical que de tao volatil,nao dura mais que um verao.Sendo necessario versoes cada vez mais chulas para manter os estudios de fundo de quintal que difundem essa PORCARIA.

  13. OBSERVADOR disse:
    3 03UTC janeiro às 23:50

    “Marcelo, vc dizer que essa porcaria é musica, então, vc também é um porco. Essa musica prá la de brega é coisa do satã, cuja finalidade é desmoralizar tudo o que deve ser direito. Mas, infelizmente, ele tem muitos seguidores e simpatizantes.Coisa de Deus é que não é”!

    (Obs. Ricardo: esse comentário foi postado por mim na matéria do Daniel. Sabe quem sou? O sr. do aeroporto, que também, subscreve pr ErAsto, lembra-se?! Rsss…) Parabéns, mais uma vez, pelos seus artigos.

  14. Perfeito o que escreveu. Realmente o lixo musical é abominável. Os arroxas da vida e os pagodões baianos são horríveis e para gente de péssimo gosto. Chega de Trio da Huana, Psirico e outros porcarias. Melhor nem mesmo dar um “oi” para gente que curte essas porcarias.

  15. A minha amiga Cibele, uma das integrantes do Quarteto em CY, me dizia certa vez que a empreada da casa dela, de tanto ouvir Chico Buarque, vivia cantarolando as musicas dele. Isso prova que só ouve esse “lixo” quem não teve acesso à musica de melhor qualidade.

  16. Pseudo-intectualismo…As músicas “apelativas” são de consumo, fast-food musical.Tem efeito apenas de momento.Não são obras clássicas.São meros efeitos de entretenimento.E se existem ,é porque há público.Quem estudou cultura de massa , indústria cultural sabe que na pós-modernidade não existem clássicos, só consumo.Na maioria das vezes esperam a “Aura” de uma obra artistisca mas esquecem que não há originalidade na época da reprodutibilidade técnica.Neste sentido ,fotografia , as artes plásticas, o cinema , a televisão e a música se encontram nessa linha de “democracia popular “.Tudo que é produzido é para consumo instantâneo e sem maiores interpretações por parte de quem recebe a informação.Pois já está tudo mastigado , pronto para digestão.O melhor de tudo é que o acesso é universal.Qualquer pessoa pode consumir , até mesmo um pseudo-intelectual.

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