Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br
O antigo Diário de Pernambuco já pertenceu ao poderoso grupo Diários Associados, comandado por Assis Chateaubriand. Um filho do velho Chatô assumiu a direção do jornal que tinha muitos funcionários antigos. Para não demiti-los, por causa das altas indenizações, arranjou funções mais leves pra eles.
Para o gráfico Anísio, um negro alto e forte, colocaram uma mesa e uma cadeira na porta da sala do diretor Albuquerque (que contou este caso ao jornalista Ramiro Aquino) para fazer triagem entre as pessoas que pretendiam falar com o administrador.
Um dia Chateaubriand foi à sala de Albuquerque e flagrou Anísio debruçado sobre a mesa, dormindo. Entrou enfurecido na sala e determinou ao diretor: “dê-lhe uma advertência verbal, na reincidência uma reprimenda por escrito e, na terceira, ponha-o no olho da rua.”
Albuquerque, experiente administrador e velho amigo de Anísio, argumentou: “veja, bem chefe, o homem tem 46 anos de casa e a indenização não vai ser pouca coisa…”. Chatô refletiu: “É, neste caso, vamos pisar macio pra não acordá-lo.”
O CHATÔ DA REGIÃO
Quando li Chatô,o rei do Brasil, o também controvertido Manuel Leal dono do jornal A Região, assassinado em 14 de janeiro de 1998, estava vivo. Na legislatura 1997/2000, os vereadores Hamilton Gomes e Carlito do Sarinha se desentenderam. O primeiro era agressivo e treinava boxe em sacos de areia. Já o segundo, magro igual um faquir. Hamilton decidiu terminar a discussão desferindo um soco em Carlito.
Na edição seguinte, o jornal A Região publicou que Carlito havia aplicado uma surra em Hamilton. Teve até charge.
Hamilton foi “tirar satisfações” com Manuel Leal. A resposta de Leal foi bem ao estilo Chatô: “Hamilton, no meu jornal amigo meu não apanha, só bate.”
ENTREVISTA
Certa vez fui entrevistar Leal. Quando entrei na sala, o cumprimentei: “bom dia, Mau-nuel”. E ele, no ato: “bom dia, Mau-rival”. Transcrevo um trecho da entrevista:
Leal você faz imprensa marron?
– Não, meu jornal é vermelho magenta.
Mas você costuma atacar as pessoas…
– Quem não quiser ser denunciado, ande direito.
São vários os comentários que você faz jornalismo apenas por dinheiro.
– O jornal tem custos.
Mas jornal não é armazém de secos e molhados.
– Mas no final do mês os jornalistas querem dinheiro. Principalmente os comunistas, estes são os mais exigentes.
Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA às sextas-feiras.
0 resposta
grande Marival sempre com uma boa historia
e essa foi uma das melhores, lembrou de uma das grandes personalidades da historia de Itabuna, abraço
De fato quem conhece a história de(Chatô),Assis vê mesmo diversa semelhança entre ambos.Até pela forma de atigir seus objetivos.
Valeu Marivas, por nós proporcionar mais uma de suas histórias fantásticas, que engrandecem o nosso jornalismo!
Grande abraço e esperamos as outras…
É Marivas, esta você ainda não havia me contado.
Gostei muito, parabéns!