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Está sendo velado no Velório Santa Fé o corpo da poetisa itabunense Urânia Azeredo Bitencourt. Ela morreu na noite deste sábado, 29, após ficar alguns dias internada no Hospital São Lucas. Urânia, que tinha 48 anos, enfrentava complicações decorrentes de uma hepatite.

O corpo da poetisa será sepultado às 16 horas, no Cemitério do Campo Santo.

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  1. Balada (em memória de um poeta suicida)

    Não conseguiu firmar o nobre pacto
    Entre o cosmos sangrento e a alma pura.
    Porém, não se dobrou perante o facto
    Da vitória do caos sobre a vontade
    Augusta de ordenar a criatura
    Ao menos: luz ao sul da tempestade.
    Gladiador defunto mas intacto
    (Tanta violência, mas tanta ternura)

    Jogou-se contra um mar de sofrimentos
    Não para pôr-lhes fim, Hamlet, e sim
    Para afirmar-se além de seus tormentos
    De monstros cegos contra um só delfim,
    Frágil porém vidente, morto ao som
    De vagas de verdade e de loucura.
    Bateu-se delicado e fino, com
    Tanta violência, mas tanta ternura!

    Cruel foi teu triunfo, torpe mar.
    Celebrara-te tanto, te adorava
    Do fundo atroz à superfície, altar
    De seus deuses solares – tanto amava
    Teu dorso cavalgado de tortura!
    Com que fervor enfim te penetrou
    No mergulho fatal com que mostrou
    Tanta violência, mas tanta ternura!

    Envoi

    Senhor, que perdão tem o meu amigo
    Por tão clara aventura, mas tão dura?
    Não está mais comigo. Nem contigo:
    Tanta violência. Mas tanta ternura.

  2. é com imensa tristeza que recebo a noticia do falecimento de Urania Bitencourt,grande poeta,nunca foi reconhecida,porem,fez muitas poesias bonitas e boas,vá em paz Urania,descanse em paz

  3. Também recebo com tristeza a notícia da morte de uma amiga dos velhos tempos, quando ainda podíamos andar livremente em Itabuna, sem medo de malfeitores, e dizer poesias e ouvir poesias no bar de Geny Xavier e Nonato, o histórico Gaiola Aberta, onde se reuniam os intelectuais da região, os artistas, os poetas; e aí tive oportunidade de conhecer e conviver com grandes figuras, uma delas, esta que agora se vai. Descanse em paz, Urânia. Que Deus te proteja e te guie para a Glória.

  4. Pois é. Lá se foi a Urânia poeta, polêmica, perambulante, gritante. Mulher que entre nós viveu com suas poesias e com suas produções. A sua feijoada cultural era uma verdadeira miscelânea cultural, regada por poesia, música, dança, artes plásticas e, claro, feijão. Urânia para uns vai deixar saudades, para outros nem tanto. Mas não deixa de ser uma perda irreparável, pois sempre que morre um artista, com certeza, é menos um para produzir belezas.
    Vai com Deus amiga e se junte aos bons para pedir por as pessoas da Terra que estão ficando cada vez mais problemáticas.

  5. Urânia sempre foi uma pessoa polêmica, controversa, quebrando regras, barreiras e sendo ela mesma por onde passava. Uma pessoa que viveu intensamente de maneira complexa e complicada, e que mostrou em seus versos toda a magnitude e extensão de suas loucuras e visões. Espero que Urânia tenha cumprido sua missão nesta vida e encontrado sua paz além desta nossa vida conturbada. Toda poesia do mundo para ela neste momento.

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