Aldineto Miranda | erosaldi@hotmail.com
Quem se propõe a ser professor, cria laços de amor com a educação que, aos poucos, vão sendo desatados pelo dia a dia maçante e pelo descaso daquelas mesmas pessoas que utilizam de um belo discurso para ganhar as eleições.
Intitulei esse texto – Ser Professor no Brasil hoje, parafraseando um texto de Milton Santos, cujo título é “Ser Negro no Brasil Hoje”, em que o autor descortina o racismo velado que ainda existe no Brasil. No presente texto, tenho como objetivo, ainda que o foco seja diferenciado, descortinar outro tipo de pré-conceito, ou seja, um conceito visto de forma totalmente enviesada com relação a ser professor no Brasil.
Comecemos a pensar em como a educação é percebida em nosso país. Educação por alguns é vista como formação para conseguir um emprego para a mera sobrevivência material; por outros, alguns politiqueiros, é percebida como um instrumento de discurso. Jamais é percebida como formação integral do ser humano e, consequentemente, do cidadão!
Todo candidato a presidente, senador, deputado, vereador… utiliza-se do discurso repetitivo “a educação no Brasil poderia ser melhor, tudo é um problema de educação…” Há dias, vi a primeira presidenta do Brasil afirmar que há mais alunos na escola, e que o índice de analfabetismo diminuiu radicalmente. Sim, e concordo.
Tenho muito respeito para com a presidenta, mas infelizmente seu discurso ainda carece de materialidade. Que houve avanço na educação brasileira, há mais pessoas cursando o nível superior, há mais alfabetizados, é inegável. Mas o que questiono é a qualidade em que tudo isto é realizado. Educação não são somente números, em que se mostram os superávits e déficits, mas matéria humana.
Mais grave do que o analfabetismo é uma alfabetização falsa em que se lê, mas não compreende. Mais grave do que uma nação com poucos profissionais com nível superior são profissionais que possuem tal nível e agem simplesmente como técnicos frios, que não compreendem seu papel social e não desenvolvem o gosto pela pesquisa. E assim não criam, só reproduzem. Mais perigoso do que um país sem técnicos, é um país com pessoas com uma formação técnica deficitária.