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Juliana Soledade | jsoledade@uol.com.br

Sabe-se de pessoas que recebem um valor meramente simbólico para entregar o seu voto e sua aprovação, permitindo assim que aquele político seja eleito, aproveitando-se da gigante desigualdade socioeconômica existente.

A democracia que nasceu em berço grego e ofertava ao cidadão a sua capacidade plena de decidir, opinar e discutir assuntos relacionados aos de uma determinada cidade Grega. Contudo, a democracia direta não foi efetiva e excluía os direitos dos escravos, estrangeiros e das mulheres. Ora, se poucos possuíam o poder de fato, então podemos pensar na impossibilidade dos interesses, naquele contexto, terem sido considerados universais. Logo, utilizar o termo democracia seria, no mínimo, falacioso. Posso pensar que qualquer semelhança com o Brasil atual não é mera coincidência, ressalvando as proporções devidas.

A democracia é o poder ou governo do povo, onde o caráter de se tornar institucional vem da vontade e o consenso da maior parte, que vai até as urnas e elege seus representantes. Contudo, estamos em um país onde se assume a palavra democracia, mas vemos muitos rasgando a Constituição com a finalidade de beneficiar-se agindo como se fossem ‘os donos do poder’ e, o mais grave, tentando passar para a sociedade a ideia de que vivemos num país democrático.

Diante disso, fica fácil acreditar que o poder que emana do povo é apenas teoria, pois, se o Estado existe, é tão somente por conta do cidadão, para servi-lo e não ao contrário. Mas, desgraçadamente, o que vemos é outra realidade, qual seja: um modelo dito democrático totalmente questionável esse adotado no Brasil: pobreza atraindo pobreza, péssima distribuição de renda, desigualdade de tratamento oferecido pelo Estado Brasileiro aos ricos e aos pobres e uma corrupção manifestada em todos os meios.

Eu consigo enxergar uma quantidade absurda de pessoas sendo manipuladas, para unicamente levar um número menor a se manter ou estar no poder, passando por cima dos direitos sociais, apenas em beneficio próprio. Para alcançar tal propósito, utiliza-se de procedimentos ilegais, como, por exemplo, a compra de votos. Sabe-se de pessoas que recebem um valor meramente simbólico para entregar o seu voto e sua aprovação, permitindo assim que aquele político seja eleito, aproveitando-se da gigante desigualdade socioeconômica existente, pouco se importando com as demandas sociais. É preciso enfatizar que a compra e venda de votos se faz presente notoriamente em muitos lugares, principalmente na população menos favorecida economicamente, ato este que é ilícito e gera pena e multa, regido na Lei nº 9.840/99, caracterizando assim como Crime Eleitoral.

Nesse cenário, é preciso favorecer a ampliação de órgãos que representem a sociedade civil, organizações que defendam os interesses de setores da coletividade. Já temos muitos, mas precisamos de mais força, como a OAB, sindicatos, associações, mutirões, grupos sociais diversos para difusão da participação popular, levando à esfera competente a obrigação de a vontade geral ser efetivada, bem como exigir transparências das ações e controle das arbitrariedades e abusos cometidos. Sendo assim, provavelmente conseguiríamos construir uma sociedade com justiça social e verdadeiramente democrática.

E para você, vivemos em democracia?

Juliana Soledade é estudante de Direito.

15 respostas

  1. “Sabe-se de pessoas que recebem um valor meramente simbólico para entregar o seu voto e sua aprovação…”

    Sabe-se de pessoas que recebem um valor meramente “excedente” para “entregar” o político ficha suja, corrupto, inelegível, pronto para o povo votar!!!

    É um país “democR$ático…””uma corrupção manifestada em todos os meios.”

  2. Se o Brasil vivesse uma democracia de fato,não seríamos obrigados a votar.Votar seria uma decisão voluntária de cada cidadão.Vivemos de certa forma uma “ditaducracia”.

  3. No mundo, não apenas no Brasil, a humanidade vive um conflito entre Liberdade x
    Igualdade!

    Nos sistemas ditos democráticos, tem-se liberdade, mas falta igualdade. Nos sistemas socialistas e/ou comunistas, tem-se igualdade, mas falta liberdade!

    Aqui no Brasil, a democracia ainda e muito jovem, (praticamente iniciou em 1986), alem da falta de educação do nosso povo!

    Por isso mesmo temos uma democracia com o voto obrigatório.

  4. Eu tenho me perguntado se o problema está no candidato ou no eleitor.Tenho visto pessoas trocando seu voto por banalidade e pasme,não são pessoas sem instrução,nem tão pouco de bairro vulnerável ou com renda per capta que justifique tal troca.Tornou-se vício.O cidadão,muitos deles tenho visto chamar o Edil de ladrão,e por aí vai.Uma coisa é certa:Ninguém é tão ingênuo,para acreditar que irá receber um valor sem dar um prego num mamão podre e que quem deu não irá pegar de volta.Então,eu concordo com chiclete,e implementaria na Constituição que votar seria livre,mas seria crime caso houvesse troca(VENDA).

  5. Penso que ainda estamos evoluindo para democracia melhor, já percorremos um bom caminho e ainda falta muito. Vivemos os resquícios dos regimes socioeconômico monárquico imperativo e do capitalismo cuja burguesia na busca dos mercados consumidores impõem aos povos uma disputa selvagem até os dias atuais, ela só sobrevive produzindo misérias.

    Essa mesma burguesia que propagou a democracia foi à criadora da ditadura militar na America Latina. Então, a corrupção, a ignorância na educação e na política, o voto obrigatório são legados majoritários desse último regime.

    Precisamos fortalecer os mecanismos de fiscalização: as câmaras, os sindicatos, os conselhos, associações e agremiações que contemple as demandas do povo.

  6. Certamente que não estamos em uma Democracia plena!
    Daremos alguns exemplos que denotam um Estado Democrático:

    Queremos um Congresso Unicameral; somente deputados.
    Uma Justiça com duas istâncias para se recorrer;
    2º turno para todas as cidades nas eleições;
    Vereadores com despesas pagas e só.
    Reforma na Magistratura;
    Imposto de renda incidindo sobre ricos, heranças;bens;fortunas; transferências para o exterior; artigos de luxo, etc. E não sobre o salario e consumo.
    Imposto incidindo sobre Igrejas.
    Lei dos Medios;
    Punição aos ditadores e asseclas das Ditaduras no Brasil;
    Reforma total nos Planos de Saúde, visando beneficiar o contribuinte e eliminando a “máfia de branco”;
    Eliminação total de Banco Privado, visando acabar a exploração de taxas e juros extorsivos. Quem tem que tomar conta de nosso dinheiro somos nós e não banqueiros.A exemplo dos países nórticos;
    Auditoria da Dívida Interna e Externa;
    Reforma Agrária;
    Revisão da Privataria Tucana, o caso da Vale É escandaloso;
    Julgamento do mensalão do PSDB;
    Afastamento sumário de juízes e promotores corruptos;
    Cobrança judicial dura de todos os grandes devedores da república. Ex: Globo, Estadão, Veja,Folha, Usineiros, Empreiteiras, Bancos, ruralistas, prefeituras,etc;
    Perdão de dívidas dos pequenos produtores, pequenos empreendedores, etc;
    Orçamento Participativo no Estado e no Municipio;
    Destinação de 20% do PIB para a Educação;
    Esse seria o inicio de uma Democracia Plena na Republica Federativa do Brasil.

  7. Ah! Ah! Isso me faz lembra o Jean-Jacques Rousseau e o seu Contrato Social. Claro, também lembra Hobbes, Locke e outros pensadores.

    Como também sei “pensar”, digo que a “venda do voto” é uma das premissas mais claras de que vivemos numa verdadeira “democracia”.

    Ora!, o cara quer vender o voto! Essa é a sua “vontade”! Nada é mais democrático do que isso!

    Somos hoje 190 milhões, dos quais 99,9% são “pitecos”. E o são porque não receberam a devida Educação (tanto doméstica quanto escolar) ou, simplesmente, porque são de índole malfazeja.

    Sem querer me aprofundar nesse tema, digo que a forma como as Leis Universais foram “manipuladas e “vendidas” (e ainda são) nos suntuosos templos pelos “representantes de deus na terra” é fator determinante na forja desse tipo de “homem” e, consequentemente, de sociedade podre.

    E VIVA OS PITECANTROPOS DO SÉCULO XXI!

    JOSÉ ANTONIO DE SOUZA NETO

  8. Estive na FTC momentos antes de começar o “debate”. Estava
    um inferno: professores e alunos quase impedidos de ter acesso,
    agitação dos cabos eleitorais, carros de som a todo volume….
    De quem foi a “brilhante” idéia de realizar aquilo numa faculdade em período de aula? Quem autorizou?

  9. Esta colega vai longe. Grande defensora dos direitos difusos e das classes sociais de menor poder aquisitivo. Com a participação de jovens, que tenham os mesmos ideais e consciência política, conseguiremos mudar esta triste realidade onde o mais “esperto” consegue se manter no poder e dilapidar os cofres públicos. Que sambe Juliana e que dancem os politicos desonestos.
    Parabens Jully,

  10. Eh! Eh! Eh!…

    No eleitor, “lina”! No eleitor! Os “cara-pálidas”, caras-de-pau, simplesmente tiram proveito da situação. É o mesmo caso do “esperto”, que só existe porque tem o otário.

    Desafio a qualquer um honesto a se candidatar e vencer uma eleição!

    É preciso “despachar” receita médica, entregar dentadura tamanho único, óculos de grau de uso universal, tijolo, telha, cimento, filtro e até “corote”.

    Quando você entrega um “santinho”, o “eleitor piteco” lhe diz com a cara mais lavada do mundo: “Era melhor se fosse um nota de 10!” Se você tentar argumentar, vai ouvir: “Mas, é a única época do ano que a gente tem a oportunidade de receber alguma coisa de um político!”

    Fui candidato a vereador e desisti na primeira semana da campanha. Sei muito bem o que passei!

  11. Tenho a concordar com o colega acima. O esforço é bonito e deve ser aplaudido. Parabéns colega, pelo excelente texto, a causa é bacana, e que faça pensar os leitores.
    Abraço forte!!

  12. Penso que a democracia que todos pensamos só é boa para folhetins, programas politicos e debates eleitorais, pois, lá esses candidatos põe a “fantasia de cordeiro” e quando eleitos mostram seu lado “lobo”. Então não adianta pensarmos que no futuro aparecerá o “salvador da pátria” e mostrar o serviço que tanto eles prometem, pq quem vive de promessas é SANTO. Nos anos 80 brigamos tanto para termos as “diretas já!” e que tudo ia mudar e blá blá blá não adianta, isso já vem desde os primórdios, política no Brasil não tem principios.

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