Valéria Santana
Os Jogos Panamericanos de 2007 foram um fiasco em termos de investimentos, que ficaram centrados apenas nos equipamentos esportivos, e uma grande parte deles não gerou retorno para a cidade do Rio de Janeiro.
Tenho visto muitas manifestações, principalmente no Facebook, sobre os investimentos para a construção dos estádios que irão sediar os jogos da Copa do Mundo. Acredito que toda manifestação em prol de uma causa justa é valida. Mas vamos lá. Se o governo resolvesse não investir na melhoria dos estádios, o que os brasileiros estariam falando agora? Afinal, somos o País do Futebol, aqui a maioria gosta desse esporte, pratica e até mesmo deixa de fazer muita coisa para assistir aos jogos do seu time preferido.
A questão não é se fez ou deixou de fazer, se investiu nos estádios e deixou a educação e a saúde, por exemplo, de lado. (Afinal, todos nós sabemos que esses dois quesitos são uma “m….” por aqui). Mas, analisando a copa do mundo em outros lugares, vi que toda mobilização para a realização desse evento realmente beneficiou a população.
As avenidas, o transporte e a qualidade de vida da população mudaram, não só na época do evento, mas em longo prazo. Além da beleza dos estádios. Afinal, creio que é isso que se busca para o país quando se resolve candidatar-se a sede desse maravilhoso evento. A Alemanha, em 2006, e os Estados Unidos em 1994, são os melhores exemplos de sucesso.
O Brasil está recebendo mais de 183 bilhões de reais em investimentos para a copa. E isso inclui modernização dos aeroportos, telecomunicações, segurança, qualificação profissional, mobilidade urbana, energia e saúde. Já estamos bem perto da Copa das Confederações; alguns jogos para testes já estão sendo realizados, e, claro, que tudo isso é uma oportunidade de verificar a infraestrutura dos estádios e as condições dos municípios-sede.
Porém, o que me preocupa é que até agora só tenho visto em funcionamento para a copa de 2014 os estádios. Será que os outros investimentos ficarão para outra copa? Outro ponto a ser observado na construção desses estádios são as pessoas responsáveis pelos projetos. Ou eles não são daqui, ou não assistem aos telejornais.
Ficaram bonitos? Sim. Mas, aqui pra nós, com o dinheiro que se gastou poderia ter ficado melhor. Além disso, fizeram um estádio para pessoas educadas (eles esqueceram que somos brasileiros e que invadir estádio é a coisa mais normal por aqui). Um exemplo de falta de educação foram as caxirolas no último BA-VI. Eu estou achando que o sonho de sediar a copa pode se transformar em um belo pesadelo.
Calma, pessoal! Não estou querendo ser pessimista. Estou apenas me baseando nos fatos e exemplos. Quer ver só? Os Jogos Panamericanos de 2007 foram um fiasco em termos de investimentos, que ficaram centrados apenas nos equipamentos esportivos, e uma grande parte deles não gerou retorno para a cidade do Rio de Janeiro, diferente da África do Sul, que antes da copa em 2010, não havia uma tradição de turismo e hoje passou a ser uma das opções mais conhecida no mundo.
O Brasil terá 12 cidades sedes. Por isso, é importante e necessário pensar nesses lugares não apenas como sedes para a copa do mundo, mas planejá-los para longo prazo. Precisamos competir de igual para igual não apenas nos grandes embates esportivos, mas que nosso povo, nossas obras possam impactar tanto no âmbito nacional como no internacional e que outros acontecimentos significativos aconteçam no Brasil.
Para isso, é preciso tirar aqueles projetos de investimentos profissional, segura e mobilidade urbana do papel. Sem esquecer-se da educação e saúde, para não ficarmos mais deficientes. Ah! Se você está desempregado, calma! Outra promessa também é gerar mais de 700 mil empregos. O problema são essas coisas de diretas e indiretas. Porque os investimentos diretos vemos. E os indiretos, vão para quem – ou para o bolso de quem?
Valéria Santana é jornalista com especialização em comunicação empresarial.
4 respostas
Onde está o investimento na SAÚDE que foi dito no texto?! Onde?!
Complicada sua análise. A África do Sul, por exemplo, irá demolir os estádios da Copa 2010 por não ter condição de mantê-los… São elefantes-brancos, sem uso por lá. Empregos e dinheiro? Somente para os empreiteiros, porque o povão ganha merreca e somente até a Copa, depois volta a miséria, à falta de educação e saúde!!! Complicado. Mas concordo que poderia ser feito estádios melhores, com o dinheiro gasto, e também o fato de não estarem preocupados com a mobilidade urbana e segurança, um verdadeiro caos nas grandes cidades.
Dá próxima vez busque se informar mais sobre o assunto antes de escrever. Seu texto é um pouco confuso…até porque existe um lado bem obscuro da Copa do qual você não comentou. Todos os estádios estão superfaturados e 12 sedes só no Brasil, pois nos outros países esse número se limitou a 8. Outra coisa três estádios já foi constatado que vai ser elefante branco mesmo. O estádio de SP é um estupro aos cofres públicos. Enfim muito dinheiro que não dará retorno para a população. A e o investimento em saúde me diz onde é?
Prezado Sr. “Símio” e anteriores, antes de tudo, é preciso ter elegância até para criticar. Compreendo a dificuldade de leitura do texto, pois ele é extenso e as pessoas não fazem a leitura com sua devida interpretação. O que entendi é que o texto trata sobre uma apologia inversa do que é de fato investimento e como deve ser feito em prol da população.
É preciso saber que para cada pasta pública se tem uma verba destinada específica e o presente texto coloca que as pastas da educação e saúde estão comprometidas, por isso o entendimento do descaso com essas áreas. (Parágrafo 2º)
Indico algumas leituras “jusbrasil”; TCU e PPA.
Gostei do texto, pois sou funcionária pública, lotada no Estado do Rio de Janeiro, devidamente qualificada, onde para passar em concurso é preciso saber “LER” e ter olhos para “VER”.
Vale à pena ler na íntegra o texto, onde se pode entender melhor o comentário da jornalista.