Tempo de leitura: 3 minutos

Regina FlorêncioRegina Florêncio | reginaflorencio@hotmail.com

Ato falho ou não, ficou claro que nem ele acredita na cura gay. Mas a declaração de humanidade dele me tocou. De fato, somos humanos e complexos.

O Projeto de Decreto Legislativo nº 234/11, de autoria do deputado federal João Campos (PSDB-GO), que propõe mudanças na resolução 1/99 do Conselho Federal de Psicologia, é de fazer corar qualquer cidadão brasileiro que tenha o mínimo de sensatez e respeito aos direitos humanos.
A tentativa de golpe é simples: trata-se da suspensão da aplicação do parágrafo único dos Artigos 3º e 4º da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual. Destaco aqui o artigo 2º do referido projeto:
“Fica sustada a aplicação do Parágrafo único do Art. 3º e o Art. 4º, da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual.”
De acordo com os defensores daquilo que ficou conhecido como “Cura Gay”, o objetivo da intentona é restabelecer o direito constitucional à liberdade de expressão dos psicólogos. Porém, foi exatamente na defesa dos direitos da pessoa que o CFP adotou a resolução que virou alvo de ataques dos deputados da bancada evangélica. É importante conhecer o pensamento do Conselho. Aqui você encontra a resolução na íntegra (http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/1999/03/resolucao1999_1.pdf).
O que fazer quando aparentemente existem dois princípios constitucionais conflitantes? A resolução do Conselho Federal de Psicologia cerceia os direitos de expressão e liberdade de seus profissionais? Analisado com cautela, o princípio constitucional reivindicado pelo deputado João Campos não é aplicável.
A resolução do Conselho Federal de Psicologia é um reflexo do que já era consenso para importantes órgãos internacionais. Em 1990, a Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) aboliu o termo “homossexualismo” e o retirou da lista de doenças mentais. Foi um grande avanço no sentido de resguardar a sociedade de práticas terapêuticas equivocadas, preconceituosas e discriminatórias.
O profissional de psicologia não pode contrariar determinações de órgãos oficiais e ferir princípios éticos ao oferecer tratamento ou “cura” para uma patologia que não existe. Como a sociedade brasileira poderá confiar neste profissional, caso o projeto em questão seja aprovado?
A proposta é um retrocesso jurídico, político e histórico. Está na contramão das lutas pelos direitos humanos. Desde 1991 a Anistia Internacional considera a discriminação contra homossexuais como violação de direitos humanos. A Constituição Brasileira, no seu Art. 3º, determina que é responsabilidade do Estado brasileiro promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação. E o bom senso, que não é regulamentado por nenhum órgão oficial, aconselha que haja respeito aos direitos individuais.
A bancada evangélica considera a homossexualidade “pecado” a partir de valores morais definidos por suas convicções religiosas. A sociedade tolera e compreende esta postura como um direito à liberdade religiosa. Mas os “felicianos” do Congresso não querem apenas respeito!

Não é a saúde mental do povo brasileiro, nem a liberdade de expressão dos psicólogos que preocupam esses deputados. Distúrbios psicológicos relacionados a conflitos sexuais atingem a todos, independente da identidade e/ou orientação sexual. Nossos parlamentares deveriam garantir políticas de saúde mental amplas, que incluam e respeitem a diversidade. Longe desse objetivo, eles (os “felicianos”) querem é abrir as porteiras para a prática do curandeirismo homofóbico. E quiçá com verbinha pública para subsidiar essa desonestidade. Tudo bem maquiado com carinha de programa de “Saúde da Família”.
O deputado estadual Sargento Isidório (PSB/BA) deu uma declaração interessante. Ele se define como ex-homossexual e evita a companhia dos colegas de cromossomo XY por temer uma recaída. O deputado se justifica: “Sou humano”!
Ato falho ou não, ficou claro que nem ele acredita na cura gay. Mas a declaração de humanidade dele me tocou. De fato, somos humanos e complexos. E a sexualidade é só mais um dos aspectos dessa complexidade.

6 respostas

  1. Parabéns Regina…excelente texto!
    Feliciano e seus pares inauguram, o Estado de intolerância às diferenças e minorias, sem precedentes no país. Considero a grande batalha das próximas eleições combater o crescimento da bancada evangélica! E o pior de tudo! que esse discurso será deturpado por eles, que levarão para o campo religioso, maniqueísta(bem x mal), quando na verdade apenas trata-se de separar o que deve ser laico(Estado) do religioso(fé) que é individual.

  2. Parabéns à bancada Evangélica na Câmara dos Deputados!
    Eles podem até cometer exageros, mas a verdade é que sem eles, o Brasil já teria se tornado o “País da Viadagem”!…
    Aliás, contra o banditismo da vassoura-de-bruxa, não se cria uma “Comissão da Verdade”. Nunca se fez uma única passeata contra estre crime hediondo. Ultimamente no Brasil só os Gays fazem passeata!
    A defesa do arc0-iris exige outras tendências. Tem que acrescentar mais gente na defesa dos bons valores!

  3. Mais uma defensora da Ditadura Gay que não admite o contraditório, combatem o preconceito com preconceito : “Felicianos”, como se toda pessoa que se opusesse a esta crescente onde de apologia ao homossexualismo devesse ser combatida e fosse tratada como fanática ou atrasada. Lamento muito, isso mostra que você não possui nenhum preparo para opinar sobre qualquer assunto pois, não sabe abrir espaço para ambos os lados.

  4. Sabe, esta autora é inteligente pra dedéu.
    Desde minha infância q ouvia falar de ‘afeminado’ e não entendia, lá no sertão. Quando adulto fui pra capital. Lá como cá, fui assediado e nunca aceitei outro homem (embora ame todos os homens de minha vida: pai, irmãos, filhos, netos, sobrinhos, primos, amigos) porém jamais tive medo (HOMOFOBIA). Sempre fui e serei Heterossexual(e isso defendo). O ruim do Feliciano e outros, é xingar e ser Fundamentalista. Repito, homofobia já diz tudo= medo de homossexual. O problemão é que, mesmo não tendo MEDO, não posso aceitar, embora não ache ser ‘doença’. Ai a lei tá certa; não é doença. Mas é o quê, se nasce hetero e ‘vira’ o lado?
    Isso queria entender. Como nos estudos q faço sei q é contrário a orientação bíblica (as palavras de Deus dada ao humano), não posso aceitar como normal.
    Abraços de um cidadão igual a todos; tem deveres e tem direito de expressar-se.

  5. A ditadura gay quer a todo custo cercear na sociedade qualquer manifestacao contrária aos ideais que defende. Isso é que é um grande retrocesso, um absurdo incontestável, uma volta aos tempos em que, absolutamente subjugados, não podíamos nos expressar em total liberdade. Querem que rasguemos as páginas da existência humana, desconsiderando a própria história da criação, querem que rejeitemos os fatos e comprovações no campo da genética, querem que descartemos a familia e os sólidos valores familiares construídos ao longo de milênios. Parece que querem também nos transformar, todos, em homossexuais. É uma minoria querendo impor à sociedade a sua opção sexual. Que contrasenso! Portanto, acho lamentável esse texto de Regina que deveria, ao menos, mostrar a sua cara. Não seja heterofóbica, filha! Pessoas sérias não engolem esse tipo de discurso!…

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *