Tempo de leitura: 2 minutosRamiro Aquino | aquino05@uol.com.br
Guardo de Yedo o exemplo que ele deixou para a minha geração e de quantas ele alcançou, da integridade e da amizade.
Quantas e quantas vezes ouvi esta saudação proferida pelo comentarista de rádio Yedo Torres Nogueira, que nos deixou no domingo, 7, aos 88 anos. Aposentado de suas atividades comerciárias e de imprensa por mais de 30 anos, Yedo já vinha sofrendo seguidos problemas de saúde, o que restringia as suas aparições em nosso meio, recluso que ficava apenas no aconchego da família.
Há algum tempo não ficava mais sentado à porta de sua casa, na Ruffo Galvão, acompanhado da mulher Gilka, companheira de tantas jornadas. Na verdade ele era meu primo por afinidade, haja vista ser casado com a minha prima carnal Gilka Nunes de Aquino, filha do meu tio Ramiro.
No rádio passei a conviver com Yedo mais diretamente a partir de 1963, quando iniciei minhas atividades como repórter. O trio das transmissões esportivas da Rádio Clube era formado por Geraldo Santos (que viria a ser meu compadre, pois batizei seu filho Gustavo), como narrador, Yedo Nogueira, o comentarista e eu como repórter de pista. Éramos literalmente uma família.
Respeitado e premiado, Yedo conquistou uma legião de fãs e de amigos no rádio. Todos esperavam ansiosamente quando Geraldo anunciava nas transmissões: “e com vocês Yedo Nogueira, o seu comentarista de futebol”, pois sabiam que de sua boca sairia um comentário preciso, equilibrado, mesmo quando jogava o Clube Recreativo Flamengo, seu time do coração.
Para não me estender muito narro um fato que atesta a sua imensa credibilidade. Em determinada época Yedo foi juiz de futebol, dos mais sérios, compenetrados e respeitados, até pelos adversários. Um belo dia, apitando um clássico Fla x Flu (fora escolhido com aquiescência do Fluminense por sua retidão) ele marcou uma falta contra o Fluminense, quando ouviu do dirigente do Flu, Frederico Midlej: “você é um ladrão…”. Aquilo era demais. Yedo dirigiu-se até onde estava o diretor, entregou-lhe o apito e disse apenas: “agora vai você apitar o jogo…”
São muitas histórias que o espaço não me permite mais. Guardo de Yedo o exemplo que ele deixou para a minha geração e de quantas ele alcançou, da integridade e da amizade.
Ramiro Aquino é radialista e jornalista.