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sócrates santanaSócrates Santana | soulsocrates@gmail.com

No vácuo das manifestações de junho e, principalmente, das reivindicações de mais instrumentos de participação popular, os 97 mil filiados do PT baiano podem e devem escolher entre Rui Costa, Walter Pinheiro, José Sérgio Gabrielli e Luiz Caetano.

Um rolo compressor – desgovernado – bagunçou o jogo sucessório na Bahia. De uma hora para outra, dois parlamentares petistas resolveram – arbitrariamente – ajoelhar publicamente três pré-candidatos do partido a uma taciturna preferência do governador por um nome, nada mais que um nome. Um deles, por sinal, declarou que o secretário da Casa Civil já alcançou a preferência da maioria dos petistas no estado. Trata-se do deputado federal Walmir Assunção. Um simulacro fora do lugar, sem sentido e totalmente descolado das nuances do PT.

Qualquer observador minimamente envolvido com a vida do partido percebe a diferença entre as declarações do deputado petista e a realidade. Hoje, o PT possui 10 deputados federais e 13 deputados estaduais. Na Câmara Federal, além de Walmir, apenas Josias Gomes e Waldenor Pereira estão publicamente com Rui Costa, enquanto o senador Walter Pinheiro detém o apoio dos deputados Amauri Teixeira e Afonso Florence e o secretário de Planejamento, José Sérgio Gabrielli conta com o empenho de Zezéu Ribeiro, Luiz Alberto e Emiliano José. De fora desta conta, ainda restam Geraldo Simões e Nelson Pelegrino.

Na Assembleia Legislativa não é muito diferente. Se, por um lado, Rui Costa tem a fidelidade de Joseildo Ramos, Zé Raimundo, Carlos Brasileiro e J. Carlos, por outro, o senador Walter Pinheiro tem a lealdade de Neuza Cadore, Yulo Oiticica e Bira Coroa, enquanto Luiz Caetano tem Luiza Maia e José Sérgio Gabrielli a preferência de Marcelino Galo e Rosemberg Pinto. Não constam nesta lista Paulo Rangel, Fátima Nunes e o líder do governo, Zé Neto. Todos, no entanto, são teoricamente de correntes internas do partido sem qualquer vinculação com a candidatura do secretário da Casa Civil.

Este breve diagnóstico mostra um cenário oposto às declarações do deputado federal Walmir Assunção, mesmo do ponto de vista institucional. Sendo assim, gostaria de propor ao porta-voz não empossado da candidatura do secretário Rui Costa uma prova dos nove: prévias, assim como defendeu em 2008, no processo de escolha entre Walter Pinheiro e o deputado federal Nelson Pelegrino. Na época, por sinal, conforme matéria publicada no jornal A TARDE de 24 de abril de 2008, o então secretário de Desenvolvimento Social defendeu com entusiasmo o instrumento das prévias. “A preocupação em ganhar tempo não pode atropelar um instrumento legítimo que são as prévias”, disse Walmir Assunção.

Desta maneira, após um período inédito de convivência republicana instaurada pelo governo petista encabeçado pelo governador Jaques Wagner, nada mais simbólico do que convocar prévias para coroar o nome escolhido pelo PT para a sucessão estadual. No vácuo das manifestações de junho e, principalmente, das reivindicações de mais instrumentos de participação popular, os 97 mil filiados do PT baiano podem e devem escolher entre Rui Costa, Walter Pinheiro, José Sérgio Gabrielli e Luiz Caetano. E, cá entre nós, pelo que ouço por aí, o resultado seria bem diferente do raio-x de Walmir Assunção.

Sócrates Santana é jornalista e filiado ao Partido dos Trabalhadores.

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