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raulRaul Monteiro | Política Livre
 

Na visão desta turma, que tem influência no PT e relativa ascendência sobre Rui, seria a oportunidade para que o candidato petista escolhesse, por exemplo, uma mulher para acompanhá-lo como vice, evitando se distanciar do cenário criado pela entrada em cena da candidatura ao governo da senadora Lídice da Mata.

 
Deve ser ótimo para um candidato ao governo assistir a uma disputa pela vaga de vice em sua chapa. No mínimo, indica que os contendores e sua legião de correligionários acreditam piamente em seu potencial eleitoral. Caso contrário, não estariam se digladiando em público por um espaço no qual sabem que dependerão quase exclusivamente do desempenho do cabeça de chapa para conseguirem obter o mandato. Ademais, ser vice significa, na essência, estar no poder sem poder exercê-lo, a menos em caso de falta do titular, o que só o vice pode desejar, já que ninguém votou nele.
O caso se aplica ao candidato do PT a governador, Rui Costa. Desde que foi ungido pelo governador Jaques Wagner candidato à sua sucessão e teve seu nome ratificado pelo partido que comanda o Estado há quase oito anos, Rui assiste, quase impassível, a uma disputa que se intensifica a cada dia entre o presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Marcelo Nilo (PDT), e o PP, pilotado no Estado pelos deputados federais Mário Negromonte e João Leão, pela vaga de vice em sua chapa. Os três se apresentam para o PT como os melhores candidatos a vice que a Bahia já teve.
Com a diferença de que Mário e Leão integram um mesmo núcleo e aceitam negociar entre si a escolha de apenas um deles para destronar a pretensão de Nilo de compor a chapa com Rui, o que reforça a hipótese de o nome mais forte no PP para a empreitada ser o do primeiro. Ocorre que o aprofundamento da briga entre Nilo e Mário, aliados importantes do governo estadual, pode até envaidecer Rui, se é que o candidato do PT é dado a vaidades pessoais, mas já enche de preocupação setores do partido e da articulação política de Jaques Wagner.
A curto prazo, eles não vêem saída pacífica para o enfrentamento que se estabeleceu entre os dois políticos. E acham que, na realidade, caso uma alternativa não seja construída a tempo, tudo concorre para que a disputa descambe para uma crise que pode afetar tanto a campanha quanto o final da gestão estadual. Este é o motivo porque cresce a tese, no âmbito do governo, de que fariam melhor o PT e seu candidato se encerrassem de uma vez por todas as expectativas com relação à ocupação da vice por Nilo ou Mário, abrindo uma nova frente para a montagem da chapa.
Na visão desta turma, que tem influência no PT e relativa ascendência sobre Rui, seria a oportunidade para que o candidato petista escolhesse, por exemplo, uma mulher para acompanhá-lo como vice, evitando se distanciar do cenário criado pela entrada em cena da candidatura ao governo da senadora Lídice da Mata (PSB), uma concorrente cujo prestígio não pode ser de forma alguma desconsiderado, ainda mais que se fez acompanhar em sua chapa, na condição de candidata ao Senado, da intrépida ex-corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon.
Os defensores de uma mulher para vice de Rui juram de pé junto que ainda não têm um nome para ocupá-la, mas alegam também que não vêem grande dificuldade para identificá-lo. O foco de sua estratégia baseia-se, portanto, no reconhecimento de que, por causa do enfrentamento que protagonizam, tanto Nilo quanto Mário teriam perdido totalmente a condição de assumir o posto na campanha sem que a escolha de um deles resulte em desavenças irreconciliáveis com consequências complexas para o governo e, principalmente, para o candidato, algo em que nenhum petista quer arriscar.
* Artigo publicado na edição de hoje do jornal Tribuna da Bahia.

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