Tempo de leitura: 3 minutosJúlio Gomes | advjuliogomes@ig.com.br
Os professores, e mais ainda as professoras, se queixam do linguajar utilizado, onde os piores palavrões surgem a todo o momento com naturalidade chocante.
Confesso que fico assustado quando ouço os relatos de meus colegas professores que dão aula para alunos de quinta a oitava série do primeiro grau (sexto ao nono ano), nos turnos matutino e vespertino, não só no que toca à má qualidade da educação pública – o que não é novidade – mas, sobretudo, no que diz respeito ao comportamento dos alunos em sala de aula.
Queixam-se estes colegas da mais ampla falta de respeito dos alunos não só uns com os outros, o que, em tese, seria um problema somente deles. Mas do comportamento em relação aos professores e às demais pessoas que trabalham na escola.
Os professores, e mais ainda as professoras, se queixam do linguajar utilizado, onde os piores palavrões surgem a todo o momento com naturalidade chocante. Queixam-se do tipo e do nível das conversas. Queixam-se do comportamento promíscuo – a palavra é esta mesmo, promíscuo – de muitas moças adolescentes, já que em nossa sociedade e cultura a promiscuidade masculina sempre foi tida como sinônimo de virilidade, portanto aceita e incentivada.
Queixam-se estes professores e professoras de que, a todo o momento, precisam fazer de conta que não estão escutando o que efetivamente ouviram, mesmo porque há comentários que deixariam desconcertados até mesmo aos operários da construção civil, e mais ainda a professores, que decerto não são santos, mas que tentam, em sua maioria, manter em sala uma postura adequada ao exercício da profissão e ao desenvolvimento do aprendizado.
Gostaria de dizer a estes colegas professores que tentem – até onde for possível – manter o respeito dos alunos senão para com os colegas e a Escola, para com o profissional que ali está ministrando a aula. Sei que não é fácil. Sei que as vezes não é nem mesmo possível, pois no Brasil qualquer iniciativa disciplinadora é vista como antiquada, repressiva e discriminatória. Mas a verdade é que sem disciplina e respeito não se vai a lugar nenhum.
Sei que os pais, em percentual significativo; e as direções das escolas, quase sempre preocupadas em agradar o político que a colocou naquele cargo, estarão, muitas vezes, contra o professor que tente de fato obter um mínimo de respeito e disciplina em sala para criar as condições de aprendizado, para cumprir o seu dever de ensinar.
Mas os alunos que querem aprender – sim, eles ainda existem, e são a razão de nós existirmos – esses agradecerão, aprenderão, lembrarão e levarão consigo a formação que você conseguir fazer com que eles queiram adquirir, pois, como diz Paulo Freire, o professor não ensina, ajuda o aluno a aprender.
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