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Robinson AlmeidaRobinson Almeida

O povo, assim como tem direito aos serviços de educação e saúde, também tem direito à informação. Era preciso, para mudar de verdade, produzir políticas públicas voltadas para o setor.

Estes sete anos e três meses de gestão do governador Jaques Wagner, período em que fui responsável pela comunicação social, foram de aprendizado e realizações. À frente, vejo novos desafios. Porém, é o olhar para trás que me mostra qual caminho seguir.                             
A tarefa do governador era e continua sendo imensa: de um lado, mudar a cultura política, democratizar a Bahia; do outro, atender ao clamor das urnas e desenvolver o estado com inclusão social.  E, assim como ele tinha que implantar uma nova forma de governar, minha missão, parte integrante da dele, foi desenvolver uma nova forma de comunicar. Nos dois casos, os paradigmas existentes não serviam aos nossos propósitos.
Tudo tinha que ser criado, inventado. A nova hegemonia precisava se estabelecer com a afirmação dos valores e signos da nova gestão, com suas prioridades econômicas e sociais, com sua vinculação orgânica ao projeto nacional. A decisão estratégica que conceituou o projeto continua atual até hoje: Bahia, Terra de Todos Nós.
A produção das notícias de governo deve atender sempre ao imperativo legal e ético de prestação de contas à sociedade. A relação com os meios de comunicação, indispensáveis para as informações chegarem a todos, foi estabelecida na absoluta defesa da liberdade de imprensa. Nesse ambiente, a busca do contraditório, do equilíbrio na cobertura das pautas do governo, se tornou um desafio permanente.
Tendo sempre como matéria prima a verdade, foram produzidas ações publicitárias de grande repercussão. O “agora tem, tem, tem” embalou as realizações do governo. A campanha de depoimentos espontâneos de gente do povo consolidou a marca social de um governo que faz mais para quem mais precisa. Quem não se lembra de Dona Enedina, alfabetizada aos 100 anos? Nesse caso, a publicidade baiana foi premiada nacionalmente.
Para democratizar a Bahia, teríamos que inovar e produzir uma comunicação democrática. Sob esse novo olhar, a comunicação não podia ser tratada apenas nas dimensões de notícia, publicidade e propaganda. O povo, assim como tem direito aos serviços de educação e saúde, também tem direito à informação. Era preciso, para mudar de verdade, produzir políticas públicas voltadas para o setor.

A Bahia foi o primeiro estado brasileiro a realizar uma Conferência Estadual de Comunicação em 2008. Do diálogo com empresários, radialistas, jornalistas e movimentos sociais, nós extraímos as reivindicações básicas do segmento. Duas despontaram de imediato: transformar a então Assessoria Geral de Comunicação (Agecom) em secretaria e implantar o Conselho de Comunicação Social da Bahia.
Assim, em 2011, após a reeleição do governador Wagner, foi criada a Secretaria de Comunicação Social (Secom) e dessa organização administrativa foi possível falar e realizar políticas públicas de comunicação. Apoio aos segmentos comunitários, parcerias com setor do audiovisual, formação e capacitação profissional passaram a fazer parte da agenda da Secom. Nessa mudança, o Irdeb passou a ser ligado à Secretaria de Comunicação, dando integração a áreas comuns de governo. Destaco, nesse último período, os investimentos significativos, que colocaram a TVE na era digital.
Superando tabus, em 2012, foi instalado o primeiro Conselho de Comunicação Social do Brasil. Para a implantação do conselho, nós enfrentamos o preconceito de que o órgão teria o objetivo de censurar a imprensa. Nós, defensores da liberdade de expressão, éramos taxados de sensores. Eu tenho certeza de que a participação do empresariado, dos trabalhadores e da sociedade civil foi decisiva para desmitificar o debate e construir o conselho, que completou dois anos e renovou recentemente o seu colegiado.
Voltando ao presente, carrego os sentimentos de dever cumprido e de gratidão a todos com quem me relacionei.  Para os novos desafios que vou trilhar, recorro a Paulo Freire: “ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar”. Meu sonho é uma Bahia de todos nós!
Robinson Almeida é ex-secretário de Comunicação Social da Bahia.

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