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Rosivaldo PinheiroRosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br
 

A reeleição da presidenta Dilma se deve tanto ao reconhecimento das ações positivas das políticas públicas de inclusão social, de certificação das regiões Norte e Nordeste por sua inserção de forma mais dinâmica ao processo de desenvolvimento brasileiro e outra série de ações.

 
 
As eleições deste ano trouxeram à luz discussões sobre diversos temas que carecem de uma melhor análise, dentre eles o pensamento de que a grande mídia detinha o controle absoluto da verdade. Esse domínio foi posto em xeque pelas redes sociais, que intervinham quase instantaneamente à medida que as notícias eram divulgadas pelos grandes veículos de comunicação, expondo novas versões do retratado, especialmente quando a “informação” tinha a clara intenção de interferir no processo eleitoral. Esses veículos são o que chamo de “mídia organizada em prol eleitoral”.
Nesse contexto, a reeleição da presidenta Dilma se deve tanto ao reconhecimento das ações positivas das políticas públicas de inclusão social, de certificação das regiões Norte e Nordeste por sua inserção de forma mais dinâmica ao processo de desenvolvimento brasileiro e outra série de ações, quanto aos olhos e ouvidos atentos da sociedade, que desconstruiu, em momentos cruciais da campanha, a “mídia organizada em prol eleitoral”, pela plataforma mais democrática da atualidade, a internet.
Com relação ao reconhecimento das regiões Norte e Nordeste, essa lógica, até o fim da década de 1990, acontecia de forma superficial: esporádica e descontinuada, com vistas quase sempre a gerar mercados de consumo para as regiões Sul e Sudeste, já que estas contaram, ao longo dos séculos, com o apoio direto do Estado brasileiro para atingirem um melhor grau de avanço econômico. Desta forma, obtinham vantagens em relação às demais regiões do Brasil.
Mas em meio a toda a história política brasileira, surgiu um fato interessante nessas eleições, o de que nortistas e nordestinos não foram os únicos principais puxadores de voto para a recondução de Dilma à Presidência. Essas regiões ganharam dois “concorrentes” fortes, justamente o Sul e o Sudeste, que deram a ela 2 milhões de votos a mais do que o Norte e o Nordeste. No Rio de Janeiro e Minas Gerais, por exemplo, ela ganhou a dianteira do processo eleitoral. Assim, se a ira da burguesia contra o nosso povo era essa, então já pode acabar com o preconceito.
Os nordestinos e nortistas, ao contrário do que pensa uma limitada parte sulista, a da burguesia, fizeram nesta eleição a opção coerente de manter a lógica desenvolvimentista aplicada pelos dois últimos presidentes, por entenderem ser esta a que melhor ajuda suas regiões a superarem atrasos econômicos e sociais impostos pelo método antigo e centralizador de governar, o modelo Collor de Melo/Fernando Henrique Cardoso. O receituário destes ex-gestores encontrava no mercado econômico e financeiro e na redução do papel do estado os princípios básicos para tornar o país competitivo e capaz de se inserir no ambiente econômico em escala mundial. No último pleito presidencial esse pensamento era representado por Aécio Neves.
Além desses fatores, percebemos nessa eleição que a militância política dos partidos recebeu um reforço de uma militância de cunho social que se sente agora integrante da nação brasileira, independente de regionalismo. Pessoas que foram inseridas na roda do consumo, uma massa crítica que, face ao acesso a bens intelectuais e de consumo, apoiados pela revolução tecnológica causada pelas mídias sociais, fizeram ecoar em alto e bom som a escolha de continuidade do atual modelo de gestão.
Concluídas as eleições, restará aos vencedores o compromisso de eliminar os entraves que impedem um processo mais dinâmico de crescimento econômico do país, que garantam a continuidade dos investimentos de infraestrutura, comunicação, educação, logística, mobilidade, além de dar continuidade aos programas sociais. Resumindo, avançar nas mudanças. Aos vencidos, entender a voz das urnas, colaborando com uma oposição contributiva, com vistas a construir um país mais forte, onde o produto gerado possa ser socializado no objetivo de retroalimentar o sistema econômico com melhorias sociais.
Rosivaldo Pinheiro é economista e atualmente ocupa o cargo de diretor do Departamento de Planejamento da Secretaria de Planejamento e Tecnologia da Prefeitura de Itabuna.

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