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Tays Reis, da Vingadora, metralha sucesso - também de gosto duvidoso - de Bell Marques.
Tays Reis, da Vingadora, metralha sucesso – também de gosto duvidoso – de Bell Marques.

O jornalista baiano João Pedro Pitombo é dos bons nomes da nova geração. Da redação d´A Tarde, migrou para a Folha, sendo repórter da sucursal do diário dos Frias. Neste carnaval, entre uma matéria e outra, escreveu o texto abaixo, falando da dor de cotovelo de Bell Marques ao sentir que sua chapinha estava sendo metralhada pela Vingadora. Confira o texto abaixo.

João Pedro Pitombo | Blog Alalaô Folha

Um vácuo se abriu com a crise dos blocos e do axé, mas o espaço foi ocupado por novas atitudes e discursos que criaram um contraponto ao velho esquema do Carnaval de Salvador.

Foram várias lutas em diferentes ringues. Num deles, a demanda venceu a oferta, e os onipresentes blocos perderam espaço para os trios sem cordas e sem segregação.

Noutros ringues, as manifestações populares ganharam mais espaço, e o axé se oxigenou com novas influências. Um marco: Saulo Fernandes, no Campo Grande, cantando o dub “Playsom”, da Baiana System.

Mas a principal das lutas acabou por nocaute, ungida pelos foliões. De um lado, a música “Paredão Metralhadora”, da banda Vingadora, pela primeira vez na folia. Do outro, Bell Marques, com mais de 30 carnavais, e seu “cabelo de chapinha”.

A “arrochadeira” da Vingadora fala de embates entre “paredões de caixa de som”, mas prega o empoderamento das mulheres. Logo, foi adotada por outras cantoras, como Ivete Sangalo.

Não é um discurso político, vá lá. Mas cantar que “as que comandam vão no trá” está a anos-luz da música oponente de Bell, cuja letra original dizia para a mulher ir ao salão de beleza ficar “do jeito que seu nego gosta”.

A polêmica foi enorme, e a música teve a letra alterada depois de acusações de racismo, com intervenção do Ministério Público. Mesmo assim, não perdeu a essência.

Em desfile na Barra, Bell chegou a dizer que “se não ganhar [o prêmio de melhor música], tem alguma coisa errada”. Isso num Carnaval em que foram registrados mais de 500 casos de violência contra a mulher e mais de cem de racismo.

De fato, tem alguma coisa errada, Bell. Mas que, de forma lúdica, começa a ser metralhada. Trá-trá-trá!

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0 resposta

  1. Esse jovem que conheço desde criança é filho de um dos maiores jornalista desse Estado, José Carlos Teixeira. Como reza o dito popular “filho de peixe, peixinho é”.

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