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Efigênia OliveiraEfigênia Oliveira | ambiente_educar@hotmail.com

 

A mensagem da Carta escrita no ano 2070 registra a precariedade da vida na Terra, pela escassez não somente de água, mas de oxigênio, elementos essenciais, em falta no ambiente, pela escassez, também, de árvores na paisagem terrestre.

 

A Carta escrita no ano 2070, publicada no ano 2002, na revista Crónicas de Los Tiempos, apresenta fortes características proféticas, realidade no Sudeste brasileiro, no Sul e Extremo sul da Bahia, regiões sem antecedentes de seca.

Sentindo a iminência da tragédia, o cronista externa sua aflição que aos desatentos parece besteira. Limitam-se, eles, a rotularem de ecochatos os que recomendam parcimônia no uso da água potável, ou de qualquer outro bem natural. Aqui, trechos da referida Carta antecipam as consequências da irresponsabilidade com o único líquido que cria e robustece todos os seres vivos do planeta:

“[…] Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA ÁGUA, só que ninguém ligava; pensávamos que a água jamais acabaria. […] Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. […] Os cientistas investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores, o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações. […] Alterou-se a morfologia dos espermatozoides de muitos indivíduos, e como consequência, crianças nascem com insuficiências, mutações e deformações […]”. A Carta faz, pois, referências às consequências ora constatadas.

Fontes idôneas dão conta de que as regiões brasileiras perdem, todos os anos, milhões de toneladas de água, e que as chuvas escassas, provocam acentuados prejuízos no cenário socioeconômicoambiental nacional.  Aliás, os eventos climáticos têm ganhado contornos severos. Em alguns lugares, chuvas torrenciais interferem abruptamente na vida em suas dimensões; em outros, a seca aniquila impiedosamente todos os cantos.

O serviço de meteorologia promete chuva para o sul da Bahia, em imagem que anima a todos os afetados pela ausência dela. Tem sido assim. Logo começa forte ventania que desvia as nuvens carregadas, e no outro dia, céu de brigadeiro, sem chance de água para as tarefas domésticas e para umedecer a lavoura que adorna as feiras livres com alimentos diretos da agricultura familiar.

A moça da TV diz que a chuva tão aguardada, somente serviu para molhar o asfalto; a menina auxiliar do pai agricultor, fala que a chuva tem sido somente para fazer gripe, pois as plantações dos últimos tempos, nem chegam a brotar, e produtos não há para comercializar. Lembra que as pessoas tratam mal a chuva. Quem ganha dinheiro com a venda de água, diz, não quer que chova. Retalhos do cotidiano que fazem refletir acerca de tragédias coletivas, das quais alguns tiram proveito econômico, esquecidos de que no caso, a água é um bem da natureza, e como tal, todos têm direito irrestrito.

A mensagem da Carta escrita no ano 2070 registra a precariedade da vida na Terra, pela escassez não somente de água, mas de oxigênio, elementos essenciais, em falta no ambiente, pela escassez, também, de árvores na paisagem terrestre. Está nos livros e no saber empírico, que precipitações pluviométricas ocorrem com frequência em locais de florestas, o que é escondido e negligenciado pelo industrialismo exacerbado, ávido por destruí-las, sob o olhar cordato dos prejudicados – todos nós terráqueos.

Maio 27, data reservada à reflexão sobre a importância da Mata Atlântica, que abatida, representa as florestas, do Brasil. São as florestas que produzem, conservam e protegem a água e o oxigênio. Porém, raros são os manifestos de coletivo consciente, constante e pródigo, de proteção dos corpos d’água, de combate à poluição e ao desmatamento. A maioria da população não faz adesão ao que não prefere. O Código florestal combatido pelo poder que se sente no direito de desflorestar e poluir o meio ambiente, matas ciliares e nascentes, desconsidera o respeito à abundância de vida existente nas florestas, parte relevante do plano da natureza, o qual ninguém conhece.

A própria humanidade não se crê proativa, acha que nada pode ser feito, ou crê que um dia chega algum emissário divino e num passe de mágica restituirá o paraíso perdido. Então, assiste e aguarda que solitárias andorinhas façam a diferença, quando sozinhas, elas não desviam, nem refazem tragédias citadas na Carta, para depois de amanhã, mas estão acontecendo desde anteontem.

Efigênia Oliveira é mestra em Educação Holística.

5 respostas

  1. Carta-crônica realista e oportuna. Nos alerta e nos faz
    lembrar o quanto somos/estamos indefesos e iludidos
    aguardando que “um dia chegue algum emissário divino
    e num passe de mágica restitua o paraíso perdido”, conforme
    trecho da referida. Obrigada professora Efigênia!

  2. Silva,

    É interessante conferir na íntegra a carta-crônica escrevendo no google o título inicial: Carta escrita no ano 2070. Logo aparecerão diversos links, inclusive slides, tratando dela. É uma ficção que está se tornando real.

    Obrigada aos leitores!
    Efigênia

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