Tempo de leitura: 5 minutosJurema Cintra | falecomjurema@gmail.com
Eu estou mortificada sim, de ver a vida de um advogado ser destruída pela mídia, pelos facejudges, por essa história de vazamento seletivo de gravações. Entre bravatas e gravatas, a luta pelo direito tem dessas quedas que nos fortalecem. Força, Anderson, estamos em vigília permanente por sua libertação.
A prisão, no meu entender, indevida do advogado criminalista Anderson Sá, me trouxe à baila diversas lembranças. Sou uma contadora de casos e causos, sempre gostei de ouvir meus avós, meus pais, os amigos e vizinhos de roça de meu avô, além dos mais antigos da família. Na Chapada Diamantina o que não falta é história de cobra, lobisomem, onça e outros encantados.
Na Faculdade, meus colegas de república estudantil e de universidade se lembram muito bem de algumas pitorescas histórias. Um dos temas recorrentes era “Toinho”, um primo de minha avó materna lá de Ipupiara, o fim de linha de uma estrada bonita nos rincões da Bahia, por coincidência meu pai é de Ipupiara, um tio querido Wilson e uma colega de turma de Direito, é coincidência mesmo.
Pois bem. Toinho tinha umas frases e umas ideias estapafúrdias. De tanto repetir, poderia ser meme de Facebook. Ele tinha uma série de idiossincrasias, de manias, de jeito de fazer as coisas. Algumas falas era de baianidade pura , tão comuns pelo sertão até o litoral. Um Cristão Católico fervoroso, não gostava de evangélicos, não gostava de homens com cabelo grande, não gostava de passas no arroz, não gostava de alface, não gostava de tomar banho regularmente(morreu com mais de 70 anos e cabelos pretos). Quando ele via uma dessas coisas, dizia logo:
– Só um tiro na cara desse homens de cabelo grande, se eu fosse presidente eu pegava, botava na parede e passava o facão no cabelo;
-Só um tiro nesses “crentes”, se eu fosse presidente passava longe, tinha de ter cemitério separado;
– Só um tiro na cara nesse povo que bota essas “moscas”(uva-passa) no arroz;
– Só um tiro na cara , quem bota esse “capim”(alface) na mesa do almoço;
– Tá desrespeitando mulher? Só um tiro na cara.
E quando alguém o recriminava, dizia logo: – Você é promotor?
Engraçado que ele fazia o gesto com a mão como se estivesse com uma arma. Toinho nunca teve uma arma, nunca cometeu nenhum ato agressivo conosco, nem com nenhum evangélico, nem com os homens cabeludos, nem com as cozinheiras. Tudo isso era modo de falar de suas posições atordoadas, a famosa BRAVATA. Ao contrário, sofreu muito bullying, muita perseguição, eram frequentes as chacotas para com ele.
Mas o que isso tem a ver com o Dr. Anderson Sá de Oliveira, colega itabunense que foi detido acusado de tramar a morte de uma juíza carioca? Tudo!!
No exercício de seu múnus de GRAVATA, a advocacia, ele foi pego numa interceptação telefônica, que a imprensa publicou 10 segundos apenas, em que ele fazia uma dessas BRAVATAS, que na baianidade dizemos em momentos de raiva, e nem por isso fazemos ou concretizamos, é modo de dizer, mesmo que imprudente e indevido. Indevido na conduta em sociedade, mas numa conversa íntima com seu cliente?? Ora, não serei Hipócrita, tem uma brincadeira do Quem Nunca? que se faz muito em barzinho, no afã da cerveja e da bebida, vamos lá:
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