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rpmRosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br

 

Por certo, esse debate será um dos temas que pautarão a permanente luta das mulheres na atualidade. À medida que ocupam novos papeis, precisam ser asseguradas com mais mecanismos que garantam seus direitos.

 

Vimos nas últimas semanas um levante das mulheres brasileiras cobrando medidas protetivas relativas à violência de gênero. A intensidade dos debates foi aflorada a partir do estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro no último mês. Se analisarmos os fatos, perceberemos que, no cotidiano, parcela significativa dos homens, por descuido, gracejo, excesso de simpatia ou pelo despertar de um suposto “lado animal”, acaba cometendo deslizes que podem ser interpretados ou tipificados como assédio.

Os novos tempos da interação humana, em função da facilidade dos mecanismos das mídias sociais, aceleram a ampla divulgação e elucidação de crimes, especialmente aqueles de maior repercussão. Ao passo em que essa exposição nas mídias sociais prejudica a imagem de quem estiver sendo pautado, cria também um ambiente para mudança de comportamento da sociedade, e é justamente aí que temos que nos debruçar para a produção de leis que busquem o combate efetivo desses males, assim como investimento em educação e cultura para possibilitar um novo olhar acerca dessa temática.

No tocante à violência que sofrem as mulheres, uma das conquistas mais comemoradas foi a criação das delegacias especializadas. Só que no funcionamento delas cabem reparações e atualizações, tanto do ponto de vista das suas estruturas físicas, na criação de um ambiente mais acolhedor, como da preparação das equipes dessas estruturas. Penso que os postos de chefe de delegacia e investigação deveriam ser ocupados na grande maioria por mulheres, pois elas melhor compreendem a posição de potencial vítima nesse universo, estando, portanto, mais dispostas a um acolhimento diferenciando. Um fato que comprova isso foi a mudança da linha de investigação na condução do inquérito após a substituição do delegado por uma delegada no caso do Rio de Janeiro.

Outro ponto é a localização dessas delegacias. As estruturas devem ser pensadas de forma a permitir o melhor acesso. Em Itabuna, a delegacia não cumpre essa estratégia, porque está situada num bairro (Góes Calmon) onde há insegurança em função da pouca circulação de pessoas, não existem linhas de ônibus coletivos, o que significa uma negação ao direito e mais um obstáculo para as vítimas, indo de encontro à política de assistência e contribuindo para o aumento do sofrimento e a vulnerabilidade das vítimas.

Por certo, esse debate será um dos temas que pautarão a permanente luta das mulheres na atualidade. À medida que ocupam novos papeis, precisam ser asseguradas com mais mecanismos que garantam seus direitos, especialmente nas políticas públicas de combate à violência e a garantia de ir e vir sem que se sintam expostas aos constrangimentos e invasões de qualquer natureza.

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em planejamento e gestão de cidades.

5 respostas

  1. Pertinentes observações.

    A localização da DEAM de Itabuna é um absurdo. Isso sem falar na estrutura precária, na falta de pessoal capacitado, nas desvalorização das carreiras policiais, na falta de combustível para as viaturas, na falta de tinta na impressora, na falta de papel… e por aí vai…

    Vivemos o país de “faz-de-conta” onde querem resolver tudo apenas promulgando leis…

  2. “..descuido, gracejo, excesso de simpatia ou pelo despertar de um suposto “lado animal”..” “deslizes que podem ser interpretados ou tipificados como assédio”.
    Piada né man? Homem escrevendo sobre machismo e misoginia é patético. Os eufemismos “descuido” e “excesso” de simpatia juntamente com a alegação (a mais desonesta de todas, na minha opinião) da existência de um tal “lado animal”, só mostram a necessidade de se proteger, se excluir como elemento ativo de opressão do patriarcado: Eu faço por descuido, por ignorância ou porque sou tomado por uma bomba de hormônios que afloram meu lado bicho, pois bicho é irracional e não tem capacidade de articular um pensamento crítico. O senhor sabe muito bem que esses comportamentos são politico-ideológicos, construídos e socializados. Para me provar que seu objetivo não é o de mantenedor do “status quo” que surfa na onda dos debates do dia, me responda: onde estão as mulheres do seu partido e qual é o protagonismo delas nas decisões politicas locais? De fato quem botou a delegacia nesse local “estratégico” não tinha a mínima preocupação com a vida e a segurança das mulheres. Quem colocou? Onde está a Casa de Abrigo e proteção às mulheres vítimas de violência doméstica de Itabuna, pauta antiga das mulheres grapiúnas e sempre negligenciada pelos nossos governantes, machos de esquerda e de direita? Quero ler e ouvir as mulheres do PCdoB sobre suas questões, nossas questões. Nem elas nem eu precisamos ser tokenizadas por vocês. Se elas aceitam, não o sei, quanto a mim NÃO!

  3. Regina Florêncio,

    Regina, o fato de eu ser homem não me desqualifica enquanto ser humano, e ser um homem que fala e defende o respeito pelas mulheres não deveria ser um problema aos seus olhos. A sua postura e interpretação estão equivocadas e rudemente atingem a pessoa errada. Se usei a expressão “suposto” e aspas em “lado animal” é porque estava dizendo que essa é uma desculpa que alguns homens utilizam para se comportarem como homens-bicho. Creio que precisa reavaliar quem são os verdadeiros inimigos das mulheres, porque certamente não sou um, minha postura deixa isso claro não só no texto, mas principalmente em toda a minha vida. Felicidades!

  4. É isso aí Rosivaldo Pinheiro! Uma coisa posso lhe dizer feminista de verdade não fala essas besteiras não. Isso é sexismo idiota que nada tem haver com a luta das mulheres. Já gostei de você só pelo seu texto. Parabéns!

  5. ESSE TEXTO TRÁS O QUE NOS HOMENS,PRECISAMOS OUVIR.EU JÁ FUI DE TOMAR OSADIA COM MULHER NAS FESTAS MAS DEPOIS QUE TIVE MINHA FILHA ALICE FIQUEI IMAGINANDO AS INVASÕES QUE ELA VAI TER QUE PASSAR.JA FICO PERTUBADO.

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