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sakamotoLeonardo Sakamoto

 

Mas o governo – que se vende como “semeador do futuro” quando, na verdade, age como um “mercador do passado” – faz a egípcia e esconde que há outras medidas que poderiam ser implantadas para contribuir no ajuste das contas públicas.

 

Crises econômicas são uma merda. Não há outra palavra para defini-las. Principalmente para quem depende única e exclusivamente de seu salário para sobreviver. Não apenas pelas demissões e o desemprego, mas por momentos de crise serem utilizados como justificativa para redução nos direitos dos trabalhadores. Ou seja, é porcaria que gera mais porcaria.

Desculpe inundar o seu domingo [artigo foi publicado no dia 24] com essa palavra fétida, mas não vejo outro sinônimo para descrever a situação. Pois é no momento em que os vulneráveis mais precisam do Estado para terem seus direitos garantidos é que o próprio Estado, aliado a uma parte do empresariado, torna-se vetor para derrubá-los. Sem o mínimo pudor, lança um monte de purpurina dourada em cima da merda e a rebatiza de “oportunidade”.

E com o discurso de que precisa fazer mudanças profundas para garantir que o país continue viável, corta na carne alheia até o osso e além. São “sacrifícios” necessários para que o país volte a crescer. O que não revelam é que as propostas de mudanças, como a dilapidação da CLT e o aumento no tempo de contribuição para poder se aposentar, povoam os sonhos eróticos de parte do andar de cima da sociedade há muito tempo.

O problema é que é muito difícil colocar em prática tais mudanças em épocas de vacas gordas. Já na escassez, diante do cheiro ruim da crise, fica mais fácil fazer com que a população engula qualquer groselha. Vende-se essa solução como lógica e natural a ponto de parte dos que serão diretamente afetados por essas mudanças passar a defende-las como única alternativa possível. Atuam, dessa forma, como cães de guarda do capital do outro.

Ou, no melhor estilo Nelson Rodrigues, gritam a plenos pulmões: “Perdoa-me por me traíres!”

Mas o governo – que se vende como “semeador do futuro” quando, na verdade, age como um “mercador do passado” – faz a egípcia e esconde que há outras medidas que poderiam ser implantadas para contribuir no ajuste das contas públicas. Da taxação de dividendos recebidos de empresas passando por ações mais eficazes no combate à sonegação, há muito o que pode ser feito para fazer com que o andar de cima também ajude a limpar essa merda. Se a culpa é, em grande parte, das decisões bizarras tomadas no governo Dilma, tendo o PMDB participado delas, muita gente ganhou rios de dinheiro nesse período com as medidas adotadas e, portanto, têm também responsabilidade.

Um pouco de isonomia por aqui cairia bem: para cada tungada contra os mais pobres, uma tungada seria feita contra os mais ricos. Sabemos que a arrecadação com a taxação de grandes fortunas e grande heranças, por exemplo, não seria tão alta quanto imagina-se num primeiro momento. Mas, pelo menos, não ficaria tão chato quanto hoje, em que você, trabalhador e trabalhadora, irá pagar o pato pelo pato dos outros sozinho.

Ou seja, na hora de “flexibilizar” a CLT, a contraproposta poderia ser “flexibilizar” a propriedade privada…

O simbolismo dessa medida seria suficiente para que o Estado brasileiro demonstrasse à plebe que não é vassalo de nobres empresários, seus cavaleiros midiáticos e seus bispos intelectuais.

Não temos peste, mas temos zika.

Desconfio que a Idade Média está apenas começando por aqui.

Do Blog do Sakamoto

5 respostas

  1. A clt é uma piada , só olha o lado do empregado, e por isso que o desemprego aumenta, muita lei para sangrar o patrão , e gerar dinheiro para advogados com ações trabalhistas!!!! Vai passar e à esquerda brasileira voltou ao lugar de onde nunca devia ter saído!!!!! À propósito gere algum emprego!!!!! Vá ser patrão que vc verá!!!! Esse país é uma piada!!!!

  2. flexibilizar CLT, no entendimento desse atual governo é sempre tirando direito do trabalhador e nada do empresariado.
    E a classe trabalhadora apática assistindo televisão.

  3. A CLT TEM DE SER MODERNIZADA E FLEXIBILIZADA, HAVER MAIS LIBERDADE PARA AMBOS OS LADOS, QUANTO MAIS PROTEÇÃO, MAIS REFÉM O TRABALHADOR FICA DOS SINDICATOS, COM IDEOLOGIA COMPLETAMENTE ULTRAPASSADOS E FORA DA REALIDADE, E O RESULTADO ESTÁ AÍ, PRODUTIVIDADE ABAIXO DE ZERO E SALÁRIOS BAIXOS, TEM DE SE ESTIMULAR A PRODUTIVIDADE, QUEM MAIS TRABALHA MAIS GANHA, TODOS OS PAISES QUE TEEM EXCESSIVA PROTEÇÃO NO TRABALHO, SÃO ATRAZADOS….JÁ TRABALHEI EM VARIOS PAISES COM ESSA FLEXIBILIDADE, NÃO FALTAVA TRABALHO, SAIA DUM ENTRAVA NO OUTRO E O DINHEIRO NUNCA FALTAVA, AQUI É UMA TRAGEDIA……

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