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Felipe-de-PaulaFelipe de Paula | felipedepaula81@gmail.com

 

A migração acelerada para o campo digital faz com que os recursos de campanha devam ser pulverizados de acordo com a sinalização dessa realidade. O raciocínio é simplório: uma palavra é dado. Um comportamento é dado, uma imagem também. Mesmo os sentimentos – intensamente expressos nas redes sociais – também podem se tornar um número, uma informação.

 

Uma constatação sobre a comunicação feita hoje por diversas empresas: ultrapassada. O século XX ficou marcado como um espaço de grandes campanhas. O boom do mercado publicitário incutiu na mente dos investidores a necessidade de desembolsar grandes quantias visando atingir grandes públicos. Era o tempo da comunicação de massa, da grande mídia, pensada para atingir a maior quantidade de pessoas. Elegia-se um suporte, determinava-se uma área de abrangência e a marca era disparada para todas as direções. A contemporaneidade não suporta mais essa configuração.

Vivemos num tempo em que o consumidor, assim como todo o mundo, mudou. Poucos são os que aceitam passivamente as informações veiculadas numa campanha. Não aceitam qualquer informação, exatamente por essas estarem mais disponíveis. Se uma publicidade me garante que o produto “x” tem qualidades, posso, naquele mesmo momento, buscar mais dados sobre ele. Troco informações em redes sociais, leio críticas, vejo vídeos, comparo com concorrentes, analiso uma venda online. É o Big Data.

Hoje todos são produtores de informação. Toneladas de conteúdo virtual são produzidas a cada segundo. O Big Data fez com que o marketing, a publicidade, a ação comunicativa ultrapassasse a mera elaboração de campanha e passasse a analisar dados e atuar no planejamento, em ações de inteligência. A mídia contemporânea não admite mais, por exemplo, simplesmente investir numa revista aleatória ou determinar que um carro de som divulgue a marca de sua empresa sem que isso passe por uma intensa análise de dados dos potenciais clientes. A pessoa envolvida no investimento pode fazer isso? Sim. Contudo a chance de desperdiçar recursos e não obter retorno será elevada.

A migração acelerada para o campo digital faz com que os recursos de campanha devam ser pulverizados de acordo com a sinalização dessa realidade. O raciocínio é simplório: uma palavra é dado. Um comportamento é dado, uma imagem também. Mesmo os sentimentos – intensamente expressos nas redes sociais – também podem se tornar um número, uma informação. Tudo isso deve ser tabulado, organizado e alimenta o Big Data. Essas informações, expressas na rede, são capturáveis e passíveis de alimentar grupos de comportamento com indicadores que pautarão os investimentos. Pode parecer complexo de explicar, mas os resultados são impactantes. É uma comunicação para muitos, mas personalizada.

Em uma realidade em que 94 milhões de brasileiros têm acesso contínuo às redes sociais, desconsiderar essas informações que estão sendo disponibilizadas, continuamente, denota desperdício.

Qualifique sua comunicação. Qualifique sua empresa, independente do ramo que atua e do porte que tenha. Quer vender? Quer comunicar bem? O futuro é digital.

Felipe de Paula é professor da UFSB e pesquisador da comunicação social.

0 resposta

  1. Caro Felipe,

    É sempre bom lembrar que a publicidade, o jornalismo e as relações públicas são “influenciados por” e “voltados para” a comunidade onde se inserem.
    Concordo que para alguns empresários de segmentos específicos a internet já se firmou como meio comercial de amplo sucesso no Sul da Bahia, mas para outros a televisão, o rádio, o out-door e até mesmo o carro de som funcionam perfeitamente bem como sintonia de vendas junto aos seus clientes e fatias de público cartograficamente prospectado.
    Acredito que os recursos do Big Data ainda não se sobrepõem às potencialidades da mídia tradicional. Talvez o correto seja, se possível, emprega-los conjuntamente nas campanhas elaboradas daqui em diante, até que se dê a completa transição do pensamento analógico para o digital através da educação, da melhoria do poder aquisitivo e da mudança de hábito de amplas camadas da população.
    A sua reflexão é pontual e atualíssima.
    Um grande abraço,

    Dirceu Góes- Jornalista e professor do curso de Comunicação/Jornalismo da UESB.

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