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claudio_rodriguesCláudio Rodrigues 

 

 

Passamos a conviver passivamente com a violência descabida. Apenas para lembrar: no ano de 2016, em Itabuna foram registrados 125 corpos estendidos ao chão.

 

“Tá lá um corpo estendido no chão”. Esse era o bordão que o locutor Januário de Oliveira usava em suas narrações de partidas de futebol. O bordão indicava que havia ocorrido uma falta e que o lance estava parado, uma vez que o jogador que tinha sofrido a infração se contorcia no gramado. Hoje, nos deparamos com uma imagem que nos fez lembrar o bordão do Januário de Oliveira.

Por volta das 7h30min desta terça-feira, o chapista Antônio Carlos Novais dos Santos, 38 anos, carregava um caminhão de mudança, no Bairro Conceição, quando foi assassinado a tiros por dois homens que já chegaram atirando. A morte do “chapa” Roni, como era conhecido entre os amigos, é mais uma – das 77 até agora – a fazer parte das estatísticas da violência em nossa cidade, que figura como uma das mais violentas do País.

Porém, o que mais chama a atenção na imagem publicada nas páginas do PIMENTA é que, após o assassinato, as pessoas continuaram a realizar o trabalho de carga no caminhão como se absolutamente nada houvesse acontecido. Era como se aquele corpo ali, estendido ao chão, fizesse parte do cenário ou fosse um objeto qualquer que estava sendo descartado.

Como é que um crime de assassinato em plena luz do dia passe a ser a coisa mais banal possível? A banalização da violência está nos transformando em pessoas insensíveis, como se a vida não represente mais nada. Passamos a conviver passivamente com a violência descabida. Apenas para lembrar: no ano de 2016, em Itabuna foram registrados 125 corpos estendidos ao chão.

Cláudio Rodrigues é consultor e administrador de empresas.

4 respostas

  1. Quem foi que disse que não tem antídoto contra violência? Tem sim e muitas só depende de uma conscientização coletiva do Brasil e tomar um único caminho:Ninguém sair de casa,pode ser um caminho.Raul Seixas.

    Próxima eleição não votar em nenhum dos 513 deputados,igualmente em nenhum dos 81 sanadores. Os eleitores engajar-se,elegendo novos deputados e senadores compacto em revisar o código penal e inserido pena de morte ou perpétua.

    Vale também escolher um presidente do Brasil,que o mesmo seja probo e tenha a mesma ideia sobre enfrentar a violência com lei dura. Só depende de nós,144 milhões de eleitores.

  2. Cláudio
    A foto causou-me estupefação, justamente pela indiferença em torno. Sua observação é precisa: os que vivem pela e para a violência estão vencendo; as vítimas apenas o são. Os assassinados ou os que chegaram ao estágio de ver toda essa barbárie como normal e ‘muito’ natural.

  3. Cláudio:
    Para não esquecer: faltou o jornal no rosto para copiar o verso “Em vez de rosto uma foto de um gol”, como poemou Aldir Blanc a melodia de João Bosco, em “De frente pro crime”.
    E o grave – tanta a indiferença – que nem “uma praga de alguém” “em vez de reza”.

  4. Resposta ao “Filho de Mutuns”

    Amigo, também coaduno do mesmo pensamento teu. Somos apenas massa de manobra, peças descartáveis nesse tabuleiro de xadrez que chamam de política. Cansei. Não voto em ninguém mais. O caminho, infelizmente, é por ai mesmo.

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