Cláudio Rodrigues
Diante das adversidades e olhando apenas para os seus interesses pessoais, não levando em conta todos aqueles que embarcaram em sua canoa, o prefeito ACM Neto fez o que o sertanejo chama de mijar para trás, quando o sujeito foge de um compromisso assumido.
Depois de assumir o segundo mandato para a prefeitura de Salvador, o prefeito ACM Neto, iniciou seu projeto para conquistar o governo da Bahia no pleito deste ano. O mandatário da terceira capital brasileira e tida como a vitrine para o seu partido o DEM, passou a agregar ao seu projeto aliados de outros partidos, que enxergavam no prefeito soteropolitano a grande cartada para tirar do poder a hegemonia petista no Estado.
Os planos de Neto e seus aliados pareciam perfeito. O desgaste nacional do Partido dos Trabalhadores, diante do massacre midiático e jurídico pelo qual passa o ex-presidente Lula, principal quadro do partido. O poderio da rede de comunicação da família Magalhães, os holofotes que é administrar a capital baiana e a herança política do avô, amado por uns e odiado por outros. Contribuíam para as pretensões de Neto e seu grupo.
A estratégia carlista estava montada, mas como dizia Garrincha: “esqueceram de combinar com os russos”. No meio do caminha apareceu uma gigantesca pedra chamada irmãos Vieira Lima. A descoberta pela Polícia Federal de uma bunker, com R$ 51 milhões atribuídos aos irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima, aliados de primeira hora do prefeito e donos do MDB baiano, abalou a pré-campanha de ACM Neto.
No outro lado o governador Rui Costa, apelidado de Correria, desenvolveu uma nova forma de administrar. O mandatário começou a percorrer os municípios baianos, levando obras e serviços e conversando cara a cara com o povo.
Com bons índices de avaliação tanto no interior, quanto na capital, podendo disputar a reeleição no cargo e mantendo os partidos de sua base de apoio comprometidos com a reeleição, o governador Rui Costa passou a ser um adversário difícil de ser batido.
Diante das adversidades e olhando apenas para os seus interesses pessoais, não levando em conta todos aqueles que embarcaram em sua canoa, o prefeito ACM Neto fez o que o sertanejo chama de mijar para trás, quando o sujeito foge de um compromisso assumido. Eis que surge como opção para o DEM e seus aliados o prefeito de Feira de Santana José Ronaldo, para cobrir o rombo na canoa provocado por ACM Neto.
As pretensões do agora ex-prefeito de Feira era disputar uma das vagas para o Senado Federal, mas diante da desistência do prefeito de Salvador, José Ronaldo foi a opção que restou ao DEM. Mesmo com quatro mandatos a frente da segunda cidade da Bahia, José Ronaldo é pouco conhecido no Estado. Vai enfrentar um adversário forte, com o poder da máquina do Estado e um leque de partidos. Sem contar que a desistência de ACM Neto deixou grandes sequelas entre aqueles que apostaram em sua candidatura.
Na política costuma-se dizer: que mineração e eleição só depois da apuração, frase que serve para que o PT e aliados não entrar no clima de jogo ganho. Mas as perspectivas de José Ronaldo não são das melhores, ainda mais sendo escalado para jogar no sacrifício.
Cláudio Rodrigues é consultor.