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Davidson Brito | davidson_brito@yahoo.com.br
 
 

O exemplo das mobilizações da juventude contra o aumento da tarifa precisa se alastrar por toda cidade, servindo como lição de que unificando todas e todos os trabalhadores com a juventude, nós podemos arrancar grandes vitórias.

 
Em meados de 2015, após assumir o Ministério da Educação, uma declaração feita quatro anos antes por Cid Gomes (PDT) ganhou grande repercussão em todo o país. O recado foi direto para professores que estavam em greve há 24 dias no Ceará. “Quem entra em atividade pública deve entrar por amor, não por dinheiro”, disse, em 2011, o então governador.
Tal declaração gerou diversas reações nos mais variados agrupamentos sociais. O que sem dúvidas, nos remete à algumas reflexões importantes no atual contexto que vivemos em Itabuna. Isso porque, mesmo depois de anos terem se passado, e embora nenhum outro governante tenha feito uma defesa pública sobre tal afirmação, na prática a situação é bem diferente.
O QUE FERNANDO TEM A VER COM ISSO?
O prefeito Fernando Gomes (sem partido) foi eleito em 2016 com o refrão “Foram me chamar, estou aqui, o que é que há?”. Seria uma clara demonstração que voltava para resolver os problemas do povo. No entanto, chegando à quase metade do seu mandato, verifica-se um caos quase que total nos serviços essenciais básicos, como a saúde e educação, além, é claro de todo autoritarismo e falta de democracia com o servidores municipais. Em alternativa, o beneficiamento dos grande empresários é cada vez maior.
Ainda em 2017, quando seu governo mal tinha começado, o mesmo já tinha que dar explicações, após acusações do Ministério Público, que indicou nepotismo, após sua esposa e um sobrinho assumirem, respectivamente, as secretarias de Assistência Social e de Administração, respectivamente. Se já não bastava ser o segundo prefeito com maior salário na Bahia, o mesmo resolveu fazer dos cofres públicos uma fonte de enriquecimento para sua família.
Ainda insatisfeito, faz uma verdadeira farra com o dinheiro público, ocupando a folha de pagamento com uma lista exorbitante de cargos comissionados, privilegiando contratos de aluguéis e de coleta de lixo astronômicos, como forma de fortalecer seus pares, os grandes empresários.
Do outro lado dessa história, estão professores, servidores e o povo de um modo geral. Assim, o prefeito leva à risca a  declaração de Cid Gomes, deixando parte dos servidores sem salários e em uma busca abusiva em tentar aprovar a mudança no regime jurídico de trabalho, demonstra sua nítida tentativa em retirar direitos com a desculpa de ter que ajustar as contas da prefeitura.
CUIDAR DAS PESSOAS OU DOS VEREADORES?
Durante a campanha eleitoral, o prefeito ficou ainda mais conhecido pelas suas muitas promessas, entre elas a afirmação de que “prefeito num pode fecha culejo, tem que abri culejo”. Ganhou destaque não só pelo seus erros gramaticais. A grande maioria de suas promessas nunca foi cumprida. Ao contrário, “culejos” foram fechados, unidades de saúde ou fecharam ou funcionam em situação precária, a insegurança é uma realidade e o prefeito é, hoje, o maior inimigo dos servidores público municipais.
Buscando controlar toda a crise política que o governo vive, era preciso encontrar aliados. Para isso, o líder do Centro Administrativo Firmino Alves optou por deixar as pessoas de lado e “cuidar” dos vereadores, assim, cuidando dos seus interesses e de seus aliados. Para isso, saiu distribuindo cargos na prefeitura e autorizando os pedidos de providências de acordo com suas alianças. O reflexo disso, é a tramitação do projeto de lei que altera o regime jurídico de trabalho dos servidores, que mesmo contra a vontade da categoria, encontrou na maioria dos vereadores o caminho para aprová-lo em uma primeira votação na câmara.
A LUTA ORGANIZADA É O CAMINHO!
Se é bem verdade que a falta de educação do governo é tamanha, por outro, as e os servidores não ficaram calados diante destes ataques. Ao contrário, demonstram uma grande disposição de luta. A mobilização é emblemática, sendo inúmeras as paralisações, com ocupação da câmara, diversas manifestações de rua e greve, com amplo apoio da população.
Os vereadores e o governo balançaram. O povo sabe que são os professores e os servidores que realmente cuidam das pessoas e não Fernando. Apesar disso, os ataques continuam e a mobilização segue firme.
O principal desafio nesse momento é unificar todas as lutas em curso em nossa cidade. O exemplo das mobilizações da juventude contra o aumento da tarifa precisa se alastrar por toda cidade, servindo como lição de que unificando todas e todos os trabalhadores com a juventude, nós podemos arrancar grandes vitórias.
Davidson Brito é membro do Comitê Local em Defesa da Educação Pública – Litoral Sul/BA.

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