Tempo de leitura: 2 minutosMarco Wense
Não acredito no surgimento de outro nome como protagonista de uma terceira via, capaz de atrapalhar essa disputa entre ACM Neto versus Otto Alencar, um ex-seguidor do carlismo.
Salvo algum acidente de percurso, a candidatura de ACM Neto, presidente nacional do Partido do Democratas (DEM), ao comando do Palácio de Ondina, na sucessão de 2022, é irreversível.
Não tem como o alcaide soteropolitano fugir da disputa, como fez na eleição de 2018, deixando o oposicionismo a ver navios, desorientado e macambúzio.
O candidato da oposição foi José Ronaldo, ex-prefeito de Feira de Santana, o que terminou levando o governador Rui Costa a conquistar o segundo mandato com uma vitória acachapante.
Seria imperdoável um recuo de Neto na disputa pelo governo da Bahia daqui a quatro anos. Politicamente, um suicídio. Uma tomada de posição que significaria o fim da carreira política.
Nenhuma dúvida: o demista ACM Neto é candidatíssimo. Passa a ser a única opção com viabilidade eleitoral para evitar que o PT faça o sucessor de Rui Costa.
Para os netistas, dois pontos são favoráveis ao líder da oposição: 1) a fadiga do eleitorado com o PT, completando 16 anos de governo com o segundo mandato de Rui Costa. 2) o apoio, dado como favas contadas, do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Sobre o natural cansaço do eleitor, é bom dizer que o próprio governador, em conversas reservadas, já admite que o candidato da situação não pode ser do PT. Opinião compartilhada pelo senador eleito Jaques Wagner.
Vale lembrar que tanto Rui como Wagner, já demonstraram, na sucessão presidencial, que o PT precisa apoiar nomes de outras legendas, amenizando o unânime comentário de que o Partido dos Trabalhadores adora ser apoiado e detesta apoiar.
Rui Costa e Jaques Wagner fizeram de tudo para que Ciro Gomes, do PDT do saudoso Leonel Brizola, fosse o candidato da frente de esquerda em uma aliança com o PSB e o PCdoB. Deu no que deu: Fernando Haddad, o “poste” de Lula, foi derrotado por Bolsonaro.
Em relação ao ponto 2, ACM Neto, ao nomear Alberto Pimentel para a secretaria do Trabalho e Esportes, marido de Dayane Pimentel, eleita deputada federal pela Bahia, procura um canal de comunicação com o governo Bolsonaro.
Dayane, que obteve 136 mil votos, usando a bandeira do combate à corrupção, é presidente estadual do PSL, representante-mor de Bolsonaro na boa terra e do mesmo partido do militar que virou a maior autoridade do Poder Executivo.
Como o PT tende a não ter candidatura própria, ACM Neto terá o senador Otto Alencar, do PSD de Gilberto Kassab, como provável adversário mais difícil de ser encarado.
Não acredito no surgimento de outro nome como protagonista de uma terceira via, capaz de atrapalhar essa disputa entre ACM Neto versus Otto Alencar, um ex-seguidor do carlismo.
Marco Wense é articulista político.