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Aumentou o número de consumidores que conseguem pagar o cartão de crédito em dia

De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o consumidor brasileiro vem enfrentando dificuldades para quitar a fatura do cartão de crédito, modalidade que cobra os juros mais elevados do mercado.Entre novembro e dezembro do ano passado, aumentou de 20% para 25% o número de usuários de cartão de crédito que não conseguiram pagar o valor integral da fatura, passando a entrar no chamado ‘crédito rotativo’.

Os consumidores que quitaram toda a quantia devida somam 73% dos entrevistados. O levantamento da CNDL em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que os cartões de crédito mantiveram a dianteira de sondagens anteriores e foram o instrumento de crédito mais usado em dezembro, mencionado por 38% dos consumidores.

O cartão ficou muito à frente do segundo colocado, que é o crediário (15%). Os empréstimos foram citados por 8% da amostra e o cheque especial também por 8%. Há ainda, 6% de consumidores que buscaram financiamentos. No total,48% dos brasileiros recorrem à alguma modalidade de crédito em dezembro.

Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, a conveniência, segurança e aumento da aceitação do cartão de crédito explicam a liderança no ranking, mas alerta que o usuário deve tomar cuidado com o risco de endividamento excessivo.

Junior destaca que “o cartão de crédito é hoje um meio de pagamento usualmente aceito em diversos estabelecimentos e a tendência é que se consolide como a principal forma de pagamento em um futuro bastante próximo, uma vez que ele tem se mostrado como um instrumento seguro para transações. Apesar da facilidade de seu uso, o consumidor deve se manter em alerta para não se exceder nos gastos, pois em virtude dos juros, o valor da fatura pode se multiplicar em um curto espaço de tempo, tornando a dívida muitas vezes impagável.

MÉDIA DE GASTOS

O valor médio dos gastos realizados no cartão de crédito chegou a R$ 752,85 em dezembro passado. Entre os usuários de cartão, a minoria (20%) conseguiu diminuir o valor da fatura. Para 33% ela se manteve em patamar estável na comparação com o mês anterior, ao passo que 43% observaram aumento no valor utilizado.

Outra constatação do levantamento é a consolidação do cartão de crédito para o pagamento de despesas correntes do mês.As compras em supermercados foram o tipo de aquisição mais realizada no cartão, citadas por 56% dos entrevistados. Em segundo lugar ficaram as compras de roupas, calçados e acessórios (48%), seguidas dos remédios (40%), idas a bares e restaurantes (29%) e pagamento de combustíveis (28%).

Considerando outras modalidades de crédito, a compra de roupas, calçados e acessórios foram o principal tipo de aquisição feita no crediário (53%), percentual acima do observado em novembro (38%). No caso dos financiamentos, os automóveis (24%) ficaram em primeiro lugar.

Ainda sob impacto da crise, que restringiu o acesso ao crédito nos últimos anos, seis em cada dez consumidores ainda sentem dificuldades para ter acesso a financiamentos (61%) e empréstimos (58%).Exemplo da percepção da dificuldade, é que 22% dos brasileiros tiveram crédito negado em dezembro ao tentarem parcelar uma compra em algum estabelecimento comercial, o que representa um aumento de seis pontos percentuais na comparação com novembro.

As principais razões para a recusa foram a inadimplência (7%), renda insuficiente (6%) e limite de crédito excedido (3%). Mesmo com a Selic (taxa básica de juros da economia) em queda, a maior parte (40%) dos consumidores tem a impressão de que os juros finais cobrados na ponta estão mais altos nos últimos três meses. Para 25%, eles estão estáveis, ao passo que 5% notaram alguma diminuição.

O levantamento ainda mostra que dos consumidores brasileiros têm vivenciado uma situação de aperto com as finanças, sendo que 29% estão no ‘vermelho’ – ou seja, não conseguem pagar todas as contas com os rendimentos – e 47% ficam no ‘zero a zero’, o que significa que até honram seus compromissos financeiros, mas terminam o mês sem sobras de dinheiro. Apenas 15% estão em condições confortáveis. Não por acaso, mais da metade (54%) pretendiam cortar gastos ao longo do mês de janeiro.

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