A operação que levou para trás das grades o ex-delegado regional de Itabuna, Nélis Araújo, prendeu também outras quatro pessoas envolvidas na morte do delegado André Serra, em 29 de outubro do ano passado, informa a Secretaria de Segurança Pública.
A quadrilha era envolvida num esquema criminoso de partilha de terras na região que compreende os municípios de Ubatã e Maraú, e também defendia os negócios de Nélis Araújo.
Além de Nélis, foram presos ontem e levados para Salvador os pistoleiros Manoel Tercino de Araújo, Manoel Barreto, Antônio Calumby e o ex-delegado calça-curta Luís Santos Neto, conhecido como “Neto de Arlindo”.
Um dos integrantes da quadrilha, Antônio Calumby havia sido flagrado por circuitos de tevê na praça onde André Serra foi executado. A vítima relatou a colegas ter visto Calumby várias vezes próximo à delegacia.
O assassinato foi encomendado após o delegado morto avançar nas investigações de crimes cometidos pela quadrilha na qual Nélis Araújo teria participação. Em Ubatã, o delegado preso ontem atuou na década passada e tinha projetos políticos naquela região. Sonhava tornar-se prefeito do município.
A polícia ainda apurou o envolvimento de Manoel Tercino e Manoel Barreto. Eles teriam envolvimento com alguns crimes. Tercino e Barreto são, respectivamente, pai e sogro do pistoleiro Magno Nogueira da Silva, autor dos disparos fatais contra o delegado André Serra.
FUGA CINEMATOGRÁFICA
Magno foi morto 12 dias depois do assassinato do delegado, num confronto com a polícia em uma fazenda na região de Ipiaú e Itapitanga (confira aqui). Ele ficou conhecido ao comandar uma fuga cinematográfica no presídio Ariston Cardoso em Ilhéus e escapar de um cerco policial montado pelo próprio Nélis, na ponte do Fundão, episódio que deixou o então delegado regional de Ilhéus, Jorge Santos, furioso.
A polícia apurou o papel de Calumby no esquema. Ele atuava dando proteção à suposta quadrilha do delegado, ainda integrada pelo ex-calça-curta Neto de Arlindo, hoje pistoleiro. Duas pessoas estão foragidas.
O crime contra Serra teria sido encomendado após a vítima assumir a delegacia em Ipiaú e investigar as ações de Nélis naquela região. Descobriu-se, conforme a polícia civil, que Nélis recebia presentes e dinheiro para acobertar os crimes praticados pelo pistoleiro Magno Nogueira e o grupo. O delegado preso ontem, então, teria encomendado a morte de André Serra.
– O mando do crime foi devido às divergências no caso de Mauricio Cotrim e também pelas investigações da ligação de Nélis com Magno. Serra havia descoberto crimes nos quais Nélis estaria envolvido, além de irregularidades administrativas – afirma o delegado regional de Conquista, Odilson Pereira, responsável pelas investigações que levaram a quadrilha para a cadeia.
Conforme o secretário de Segurança Pública, César Nunes, será instaurado processo administrativo para apurar a conduta de Nélis Araújo enquanto servidor público, que “poderá ser demitido”.