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marco wense1Marco Wense
Nem chegou 2015 e lá vem Marco Wense com 2016, é o que vou escutar durante toda semana no Café Pomar, tradicional ponto de encontro para o bate-papo político e o famoso cafezinho.
Se for um médico pediatra, que gosta de usar o palavreado da profissão no dia a dia, vai questionar a prematuridade da análise, que ela nasceu antes do tempo.
Alguns leitores vão buscar o ditado popular de que não se deve colocar a carroça na frente dos bois, que o artigo é intempestivo, consequência dos devaneios políticos do modesto colunista.
A discussão sobre a sucessão do prefeito Claudevane Leite (PRB) já é assunto obrigatório. E a maior dúvida é se o chefe do Executivo vai disputar o segundo mandato (reeleição).
Ora, ora, se está na boca do povo e a voz do povo é a voz de Deus – Vox Populi, Vox Dei –, então nada de precipitado e extemporâneo: o processo sucessório já começou.
A primeira legenda a colocar lenha na fogueira da sucessão é o PSDB do prefeiturável Augusto Castro. Pessoas bem próximas do tucano espalham que Vane não será candidato porque tem um acordo com o PCdoB.
São favas contadas a candidatura de Geraldo Simões pelo Partido dos Trabalhadores. O único petista com condições eleitorais para disputar o Centro Administrativo Firmino Alves.
O DEM de Maria Alice, ex-dama de ferro do ainda vivo fernandismo, tem a opção do médico Antonio Vieira, que não esconde a vontade, o esforço e a determinação de ser o candidato da legenda.

Bandeira é citado como nome do PDT.
Bandeira é provável como nome do PDT.

O presidente estadual do PDT, deputado Félix Júnior, não abre mão de candidatura própria. Dois nomes são citados nos bastidores da legenda brizolista: o do médico Antonio Mangabeira e do juiz Marcos Bandeira.
Tem Leninha Alcântara, a Leninha da Autoescola Regional. O problema é que a simpática postulante não sabe o que quer. É sempre hesitante, sem lado, politicamente sem rumo. É a Leninha versus Leninha.
O PMDB de Renato Costa, o PPS de Mariana Alcântara, o PTB do vereador Ruy Miscócio Machado e o PV do também edil Glebão não terão sequer pré-candidatos. São coadjuvantes.
O grande mistério é se Claudevane Leite vai disputar o segundo mandato. A decepção do alcaide com os políticos e a desilusão com a política são cada vez mais perceptíveis. Saltam aos olhos.
O chamado “núcleo duro” do vanismo, representado por Oton Matos, Marcos Cerqueira e Silas Alves, respectivamente controlador-geral, secretário de Finanças e chefe de gabinete, vem fracassando nas diversas tentativas de diminuir o PCdoB.
Geraldo Simões e Augusto Castro torcem para que o pega-pega entre comunistas e anticomunistas fique mais acirrado. Petistas e tucanos falam até em conflito com viés religioso.
Adianto aos assíduos clientes do Café Pomar, sempre ávidos e ansiosos por informações, que nem o próprio Vane sabe se será ou não candidato à reeleição. Pelo andar da carruagem, não.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Rosivaldo PinheiroRosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br
 

A reeleição da presidenta Dilma se deve tanto ao reconhecimento das ações positivas das políticas públicas de inclusão social, de certificação das regiões Norte e Nordeste por sua inserção de forma mais dinâmica ao processo de desenvolvimento brasileiro e outra série de ações.

 
 
As eleições deste ano trouxeram à luz discussões sobre diversos temas que carecem de uma melhor análise, dentre eles o pensamento de que a grande mídia detinha o controle absoluto da verdade. Esse domínio foi posto em xeque pelas redes sociais, que intervinham quase instantaneamente à medida que as notícias eram divulgadas pelos grandes veículos de comunicação, expondo novas versões do retratado, especialmente quando a “informação” tinha a clara intenção de interferir no processo eleitoral. Esses veículos são o que chamo de “mídia organizada em prol eleitoral”.
Nesse contexto, a reeleição da presidenta Dilma se deve tanto ao reconhecimento das ações positivas das políticas públicas de inclusão social, de certificação das regiões Norte e Nordeste por sua inserção de forma mais dinâmica ao processo de desenvolvimento brasileiro e outra série de ações, quanto aos olhos e ouvidos atentos da sociedade, que desconstruiu, em momentos cruciais da campanha, a “mídia organizada em prol eleitoral”, pela plataforma mais democrática da atualidade, a internet.
Com relação ao reconhecimento das regiões Norte e Nordeste, essa lógica, até o fim da década de 1990, acontecia de forma superficial: esporádica e descontinuada, com vistas quase sempre a gerar mercados de consumo para as regiões Sul e Sudeste, já que estas contaram, ao longo dos séculos, com o apoio direto do Estado brasileiro para atingirem um melhor grau de avanço econômico. Desta forma, obtinham vantagens em relação às demais regiões do Brasil.
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Mariana FerreiraMariana Ferreira | mariana.sferreira90@gmail.com
 

O que parecia um fenômeno imbatível e impositivo da vida foi passo a passo minado por ações agressivas e muitas vezes contestadas, rotuladas como assistencialistas e eleitoreiras. Mas, assim como a fome é criação do ser humano, a segurança alimentar também o é.

 
Em meio a tantos e exaustivos embates dessa campanha eleitoral, vi na página do Facebook da Dilma que a Globo a mandou retirar um vídeo por não ter autorização de uso. Sem necessidade aqui de julgar sobre a relação Globo x Dilma – já há tantas declarações e percepções sobre isso –, fui ver o vídeo. Enfim, fala de uma reportagem sobre o retrato da fome no Brasil que repercutiu no mundo e ganhou vários prêmios. O conteúdo é forte, mostra o Brasil do ano 2001.
No vídeo é possível ver como há tão pouco tempo a vida era tão difícil e em muitos casos insuportável para as pessoas do grupo de baixa renda. Não pela violência, não por acidentes, mas pela fome. Sem fazer apologia a Lula e Dilma, que é a minha candidata, é verificável que é realmente impressionante o ritmo acelerado de evolução em relação à fome e à miséria no país.
Àquela época, que não está tão distante assim, a reportagem da Globo versou que “proeza era criança viva, e bebê recém enterrado era acontecimento banal”. Revelou ainda que “no Brasil, a cada 5 minutos morria uma criança, a maioria de doenças da fome”. Um médico sanitarista foi entrevistado e ele informou que, de acordo com o Unicef, morriam cerca de 290 crianças por dia nessas condições, o que correspondia, também segundo o órgão, a dois boeings 737 de crianças mortas por dia.
É incrível ver como o que parecia impossível há tão pouco tempo, e tão discutido por Milton Santos, geógrafo que no mesmo ano gravou um documentário sobre o assunto (meses antes de sua morte), desmanchou-se no ar, como quem apenas esperava alguém para intervir. E foi assim que comer mostrou-se ser, além do óbvio, um ato político.
O que parecia um fenômeno imbatível e impositivo da vida foi passo a passo minado por ações agressivas e muitas vezes contestadas, rotuladas como assistencialistas e eleitoreiras. Mas, assim como a fome é criação do ser humano, a segurança alimentar também o é. Santos, um mestre de fato e de direito, ficaria orgulhoso ao saber que, hoje, o seu Brasil deu exemplo mundial e foi honrosamente retirado do Mapa da Fome da ONU. Um feito para encher os brasileiros de orgulho.
Segue o link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=-A9zEQ1-ODQ#t=166
Mariana Ferreira é comunicóloga.

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ricardo bikeRicardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com
 

É de se lamentar que Itabuna continue a pulverizar seus votos. Calcula-se que mais de 200 postulantes foram contemplados na cidade, que fica no prejuízo. Se antes já não tinha uma representação política forte, o que era grave, agora terá quase nenhuma representação, o que é trágico.

 
Terminar uma eleição e já pensar na próxima é um exercício tortuoso, mas inevitável para quem acompanha a politica. Das urnas desde domingo, 5, já se sabe que Itabuna saiu derrotada, por não conseguir eleger seus dois candidatos a deputado federal (Davidson Magalhães, do PCdoB, e Geraldo Simões, do PT) e emplacar somente Augusto Castro (PSDB) na Assembleia Legislativa. No entanto, por que não praticar um pouco de futurologia e imaginar o que os números de ontem apontam para as eleições agendadas para daqui a dois anos?
A derrota de Geraldo foi um golpe duro, mas esperado. O político exerceu um mandato que teve seus méritos, principalmente na luta travada para que a reitoria da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) fosse instalada em Itabuna. Acabou sendo o mais votado na cidade, mas com um sufrágio de pouco mais de 16 mil votos, bem abaixo dos 23 mil que obteve em 2010… Aliás, a votação daquele ano já fora bem menor que a de 2006, o que demonstra a trajetória descendente do petista.
Na disputa entre lideranças locais da esquerda, Davidson se aproximou da votação de Geraldo em Itabuna. Foram 14 mil votos na cidade e mais de 65 mil no total, o que deixou o comunista com uma segunda suplência na mão e uma ideia na cabeça: ser levado a assumir o mandato após a formação do secretariado de Rui Costa. É esperar para ver, mas a possibilidade existe e não foi por acaso que interlocutores acharam Davidson bem animado nas conversas posteriores à divulgação dos resultados.
Caso deixe a suplência e vire realmente deputado, o comunista automaticamente se cacifa para o processo eleitoral de 2016. Tudo a depender de como estarão as relações entre o PCdoB e o prefeito Claudevane Leite (PRB) no decorrer do período. De todo modo, no campo da centro-esquerda o nome de Davidson tende a surgir com alguma força nas articulações para a sucessão municipal.
Do outro lado, quem aparece bem é o tucano Augusto Castro, que se elegeu com quase 60 mil votos e ainda deu mais de 4 mil ao seu candidato a deputado federal, Jutahy Júnior (PSDB). No quesito “transferência de votos”, venceu uma disputa particular com o ex-prefeito Fernando Gomes, que deu apenas 1.261 votos a Fábio Souto e 3.800 a Aleluia. Uma quantidade pequena, considerada a suposta força latente do fernandismo.
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isabel lima ufsbIsabel Maria Sampaio Oliveira Lima | isabelmsol@gmail.com

A nova universidade vai desenvolvendo relações não artificiais, não burocráticas, que se distanciam da força da autoridade do argumento, mas se enraízam na força criativa do processo coletivo de educação interdimensional.

Diante da rede que vai se armando com os textos dos docentes da UFSB, há um outro texto se construindo, igualmente rico, na práxis. Cada fio que se puxa revela que a UFSB não quer produzir uma cisão entre os vínculos cognitivos e aqueles que se constroem na sociabilidade e na dinâmica da subjetividade.
O componente curricular Fórum Interdisciplinar: Experiências do Sensível constitui, entre outros, a oportunidade de acolher linguagens novas ou até mesmo a de permitir nomear a si mesmo e às conexões intertemporais da linha do tempo de cada educando.
Mas o imprinting de integração com o professor e a delicadeza e a força desta relação só se darão em escala, quando for o próprio modus vivendi e operandi de cada ator e da própria instituição.
O exercício individual e coletivo de reconhecer a voz do educando, seja mediado pelas Tecnologias de Informação e Comunicação, seja nos esportes, na pesquisa, nas artes, no processo político participativo, vai consolidando a forma da UFSB incluí-la em todas as etapas do seu texto de instituição-com, e não apenas instituição-para.
Ao fazer assim, a nova universidade vai desenvolvendo relações não artificiais, não burocráticas, que se distanciam da força da autoridade do argumento, mas se enraízam na força criativa do processo coletivo de educação interdimensional.
Quem disse que é fácil? Quem disse que não é possível?
Isabel Maria Sampaio Oliveira Lima é professora visitante da UFSB, juíza, enfermeira e doutora em Saúde Coletiva.

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celina artigoCelina Santos | celinasantos2@gmail.com

Ao mesmo tempo em que vibra, aplaude, vaia, chora, grita, a nação deixa claro que é hora de devanear. Já que não foi acionado novamente o “botão” da realidade, segue a festa, o batuque, a contagem para o apito final do juiz.

Nas gigantescas “arenas” construídas em 12 capitais, é um espetáculo à parte o “brado retumbante do heroico povo brasileiro” ao entoar o Hino Nacional à capela; torna-se difícil não se emocionar, ainda que do outro lado do televisor, quando a torcida canta “eu sou brasileiro/ com muito orgulho/ com muito amor…”.
Definitivamente, a Copa do Mundo envolve na redoma da fantasia, onde a maioria das pessoas é simbolicamente transportada para um universo regido pelo mais puro ufanismo. É como se a carinhosamente chamada camisa “canarinho” fizesse cair por terra qualquer sentimento negativo em relação ao país.
O momento, vivenciado a cada quatro anos, lembra uma célebre frase atribuída ao filósofo Georg Hegel, para quem “nada existe de grandioso sem paixão”. A despeito de preferências pessoais, não há como negar: Um dos mais inquestionáveis componentes da identidade brasileira é a paixão pelo futebol.
Neste ano de 2014, em especial, a mobilização é incomparavelmente maior. Afinal, a “terra adorada” é a anfitriã da maior competição do esporte mundial. Cerca de 600 mil visitantes vieram para assistir aos jogos, muitos ávidos por conhecer as tão alardeadas maravilhas do país. Em enquetes, eles já destacam a culinária diversa, a cordialidade e alegria dos “donos da casa”. Além, é claro, de testemunhar o quão forte é a ligação entre a torcida e a Seleção Brasileira.
Como bem definiu o jornalista Tino Marcos, a Seleção é uma instituição cultural para o Brasil. Através dos dribles geniais dos jogadores, parecemos dizer: que venham os obstáculos, porque somos brilhantes o suficiente para derrubá-los. Ilusão? Alienação? Por ora, nada importa! As vitórias nas “quatro linhas” chegam como uma catarse, a expurgar toda espécie de frustração lá do mundo real.
Enquanto o lugar de torcedor se sobressai em relação aos demais papéis, o brasileiro cria uma espécie de carapaça, de modo a impedir que qualquer discussão sociopolítica (ou algo que o valha) invada o sagrado cantinho do sonho. Aliás, está aí a razão pela qual de nada adiantam as tentativas de atrelar política a futebol.
Ao mesmo tempo em que vibra, aplaude, vaia, chora, grita, a nação deixa claro que é hora de devanear. Já que não foi acionado novamente o “botão” da realidade, segue a festa, o batuque, a contagem para o apito final do juiz. Espera-se, porém, que a torcida possa desembarcar do “planeta fantasia” dando passes acertados na relação com o próximo (família, amigos, patrões, empregados, vizinhos, desconhecidos…) e, principalmente, levando a bola do voto para longe do gol contra.
Celina Santos é chefe de Redação do Diário Bahia, pós-graduada em Jornalismo e Mídia e membro da Academia de Letras de Itabuna (Alita).

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Karoline VitalKaroline Vital | karolinevital@gmail.com

Se até cães podem ser adestrados com reforços positivos, por que os seres humanos, com cérebro tão avantajado e evoluído, precisariam de castigos físicos para entender o é errado e fazer o que é certo?

Parei a alguns centímetros da garrafa que passou rolando à minha frente, caindo da calçada em uma poça de lama. Olhei para o lado e vi um garotinho, de aproximadamente dois anos, observando o trajeto da tal garrafa. Em segundos, apareceu uma mulher irada, puxando-o pelo braço. Enquanto chacoalhava e xingava o menino – que nada respondia em sua defesa, além do olhar assustado – ela cerrou o punho e simulou um soco no queixo dele, empurrando sua cabeça para trás.
Segui meu caminho com aquele episódio lamentável na minha mente. A mulher não tinha aparência de miserável para que, no máximo, dois reais fizessem falta para sua existência. Ela não o machucou fisicamente, mas não deixou de ser violenta. Aí, logo me veio à cabeça toda discussão sobre a famigerada Lei da Palmada ou Lei Menino Bernardo.
Fiquei imaginando como aquela mulher tratava o menino quando tinha sua privacidade garantida. Afinal, não se constrangeu em humilhar em público aquele ser pequenino, que ainda está descobrindo e entendendo o mundo. Aparentava ser a mãe, o que lhe dá autoridade para fazer o que julga melhor pela boa educação do filho. Mas, o que seria “melhor” em seu conceito? Quais seriam suas atitudes para fazer com que o guri ande na linha?
Em nossa cultura, criança pouco ou nada tem direito sobre o próprio corpo. O reconhecimento de sua individualidade só vem quando atinge a idade adulta e olhe lá! Muita gente afirma categoricamente que o castigo físico é a solução para frear a rebeldia, que a “palmada educativa” não mata e ainda nutre um enorme sentimento de gratidão aos pais por cada tabefe que levou, etc.
Repetimos as brutalidades sofridas na infância sem questionarmos sua real eficácia. Dando uma busca rápida pela internet, é fácil encontrar vários artigos e pesquisas de autoridades científicas mostrando que somos inteligentes o suficiente para aprendermos sem pancada e que crianças agredidas tendem a se tornar adultos agressores. Se até cães podem ser adestrados com reforços positivos, por que os seres humanos, com cérebro tão avantajado e evoluído, precisariam de castigos físicos para entender o é errado e fazer o que é certo?
Criança é um ser meio selvagem, um desafio à maturidade, paciência e equilíbrio emocional de qualquer um. Por isso, a seguinte frase atribuída a Platão faz sentido: “Não deverão gerar filhos quem não quer dar-se ao trabalho de criá-los e educá-los”. Pois, acima de tudo, criança também é gente, com direitos que devem ser garantidos e, efetivamente, cumpridos.
Karoline Vital é jornalista.

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walmir rosárioWalmir Rosário | www.ciadanoticia.com.br
Bola pro mato que o jogo é de campeonato. Essa expressão popular está sendo seguida fielmente pela presidenta Dilma Rousseff a pedido do seu time de marqueteiros. E não é pra menos. O ano é de eleições e de Copa do Mundo. Um está intrinsecamente ligado ao outro.
Se nossa seleção de futebol bobear na Copa a presidenta ainda terá cerca de 90 dias para se recompor da fama de “pé-frio”, atributo também conferido ao seu antecessor, o ex-presidente Lula. Para evitar esse dissabor, chamou às falas seus subordinados, exigindo mais ação do governo.
E esse chamamento foi um “puxão de orelhas” na turma de ministros e secretários, que não têm sido muito laboriosos, deixando obras importantes em atraso. Obras como as de mobilidade urbana, Programa Minha Casa Minha Vida, Pronatec, e o Programa Mais Médicos estão nessa pauta.
A presidenta deu ordens expressas para que, no máximo até o dia 5 de julho, data fatídica para participar das inaugurações, essas obras e serviços possam ser entregues. E não será fácil cumprir esse prazo. A não ser que: como já fez recentemente, inaugure a maior quantidade possível dessas obras sem estarem acabadas.
Até aí não há novidade alguma. O mais grave nisso é se os “aspones” entenderem as ordens da presidenta Dilma ao pé-da-letra e descuidarem da segurança. E essa história já foi vista por nós, principalmente na construção das formosas arenas que sediarão os jogos da Copa do Mundo.
E a dívida da presidente Dilma com a sociedade brasileira não se prende somente às obras em andamento, mas as reclamadas por parte de representantes da sociedade nas manifestações de ruas. Essas cobranças ainda estão na memória do esquecido povo brasileiro.
Os pactos anunciados por temas que versam sobre responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte e educação ainda ecoam em nossos ouvidos. De forma pronta e inteligente, essa foi a forma encontrada para abrandar a onda de protestos que abundou as nossas cidades.
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Lorena Guimarães artigoLorena Guimarães | lolik25@hotmail.com

Fico imaginando quantas noites aquele menino indefeso buscou por uma saída, quantas vezes pediu a Deus que apenas alguém o escutasse.

E quem nunca correu de uns “sopapos” da mãe em volta de um móvel da casa fale agora ou cale-se para sempre. Fui criada na época que bastava uma passada de canto de olho da minha mãe que me estremecia e já ficava imaginando o que aquilo iria me render em casa. Quer que eu conte mesmo?? Nem precisa, mas confesso… Rendia-me umas boas palmadas seguida de um bom castigo que se resumia em uma semana sem brincadeiras na porta de casa. Alguns bons anos se passaram e olha eu aqui, viva, e  ressalto sem frustrações para contar tudo isso.
Nos últimos dias, a discussão em volta da Lei da Palmadinha  ecoou de forma estranha a muitos ouvidos. A lei, agora rebatizada de Lei “Menino Bernardo”, tramitava  há dois anos na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados e só  foi aprovada na noite de quarta-feira (21) no colegiado. O projeto de lei que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) proíbe a aplicação de castigos físicos a crianças e adolescentes.
Em meio a tantas especulações, me peguei pensando por horas como pode o Estado querer interferir na educação familiar? Querer entrar na nossa casa e direcionar a criação de crianças que ele não consegue nem garantir os principias princípios do ECA?  Se ele não consegue dar conta nem dos que já lhe cabe por direito, como a saúde, a segurança pública e a própria educação na qual ele ainda teima em querer deixar por último nas questões de investimento.
Escolas sucateadas, professores desvalorizados, projetos modelos para eles estão a todo vapor, mas por falta de material didático ficam no papel, ou muitas vezes realizados precariamente, parece piada, mas é verdade.   Piada querer fazer valer mais uma lei que tenho certeza que ficará engavetada junto a muitas outras que só existem no papel.
Mera utopia, pois o mesmo Estado que agora coloca o nome da Lei “Menino Bernardo”, foi o mesmo que se fez de  desentendido e fechou os olhos  quando o garoto de apenas 11 anos, que sofria maus-tratos praticados pelo pai e a madrasta, procurou os órgãos competentes para relatar o ocorrido. Foi o mesmo que fechou os olhos para um grito de uma criança que não aguentava mais ser maltratado, que negou a guarda a avó materna que por anos lutou para ter por perto o neto,  e agora quer pousar de salvador da Pátria por repreender “ um tapinha” dos pais. Na verdade este foi o tapa com luva de pelica mas bem dado que mais uma vez os nossos governantes nos dá de forma apaziguadora.
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JOSIAS~1Josias Gomes | josiasgomes@uol.com.br
Atravessamos um momento dos mais importantes para a continuidade do atual projeto político baiano, que envolve discernimento e coragem, para que possamos seguir em frente, sem sobressaltos.
Falo da enxurrada de números referentes a pesquisas de opinião pública, sobre a sucessão no estado, que somente podem encabular ou entusiasmar, conforme o caso, aos menos avisados.
Nós sabemos que a candidatura Rui Costa está sendo construída sob o signo da sua ligação mais estreita com o projeto vitorioso do governo Jaques Wagner, do governo Dilma, e do projeto iniciado pelo ex-presidente Lula. Este, também avalista da candidatura de Rui.
Até agora, e não poderia ser outro o caminho, a nossa ação política consiste em arrumar o palanque, organizar nossas forças, estabelecer o marketing, consolidar as linhas do nosso programa consonante com o que vem desenvolvendo o governador Jaques Wagner e a presidente Dilma Rousseff.
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professor júlio c gomesJúlio Cezar Gomes | advjuliogomes@ig.com.br
 

Não fazer um carnaval local e popular é, na verdade, uma jogada de marketing para passar uma falsa imagem de austeridade, tal como cortar o cafezinho servido nas repartições para mostrar contenção de despesas. Pura balela.

 
Começou no sábado à noite, e não na sexta-feira, como sempre foi de costume nos carnavais de Ilhéus. Mesmo assim, de forma tímida, vacilante, sem nenhuma decoração específica. Mas o povo veio, embora em pouca quantidade. E foi bom, deu para pular carnaval até 1 ou 2 horas da madrugada, horário em que a última banda encerrou a apresentação.
A segunda noite teve um público melhor, embora nada que lembrasse os grandes carnavais de Ilhéus. É importante dizer que, de fato, este carnaval com bandas locais ou, no máximo, regionais, sem renome na mídia, em nada se compara àqueles que já tivemos em Ilhéus, com bandas e artistas nacionalmente conhecidos. Mas valoriza os artistas de nossa cidade, e talvez por isso muitos deles se apresentam dando o melhor de si.
Na terceira noite já havia uma quantidade de pessoas digna de um carnaval. Os blocos afros, marca do carnaval de Ilhéus, infelizmente se apresentaram muito juntos. Ficou a impressão de que o show proporcionado por estas importantes agremiações poderia ser melhor aproveitado. Mas estavam presentes os elementos que caracterizam um carnaval: presença e alegria popular, e blocos diversos. Ao fim dos shows no palco, uma tremenda chuva alagou completamente a Avenida Soares Lopes. Ninguém controla a natureza.
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Ricardo RibeiroRicardo Ribeiro | ricardorib@outlook.com
 

O peemedebista diz que não pleiteia nenhuma outra candidatura que não a de governador, descartando de bate-pronto a postulância ao Senado. Paulo Souto nada diz e segue – como diria Paulinho da Viola – tal qual “velho marinheiro, que, durante o nevoeiro, leva o barco devagar”.

 
O Carnaval chega ao fim e as oposições baianas atravessaram o circuito da folia sem definir quem irá puxar o bloco. Nem estava previsto que tal anúncio viesse a ocorrer, portanto não há que se falar em quebra de expectativa.
Aliás, ocorreu tudo dentro de um samba-enredo já bem conhecido. Do PMDB, um Geddel afoito como sempre, sem titubear e afirmando que sai do Carnaval mais candidato do que nunca; do DEM, um Paulo Souto sisudo, tenso e circunspecto, sem dizer se vai ou se fica, se quer ou se não quer.
Fala-se que ACM Neto sempre quis Paulo Souto e lhe deu a preferência. Até que este declinou da candidatura,  vindo depois a aceitá-la como obrigação partidária. Porém, a esse ponto Geddel já havia se habilitado a ocupar o posto do aliado vacilante e desde então uma nuvem de conflito paira sobre a unidade das oposições.
O peemedebista diz que não pleiteia nenhuma outra candidatura que não a de governador, descartando de bate-pronto a postulância ao Senado. Paulo Souto nada diz e segue – como diria Paulinho da Viola – tal qual “velho marinheiro, que, durante o nevoeiro, leva o barco devagar”.
Pode haver algo calculado nessa atitude low profile, talvez uma intenção de demonstrar sobriedade, quem sabe um quê de maturidade e sabedoria. No entanto,  às vezes aparenta certa falta de vontade, enquanto esta sobra em Geddel e ele não esconde. Muito pelo contrário.
Não se sabe se isso terá alguma influência na definição de uma candidatura, mas o fato é que, na vitrine do Carnaval, o PMDB aproveitou melhor o espaço para expor seu produto.
Ricardo Ribeiro é advogado.

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manuela berbert3Manuela Berbert |manuelaberbert@yahoo.com.br
 

Achando pouco assinar um contrato engessado onde a FIFA tem poderes sobre quase todos os produtos lucrativos durante o evento, o Brasil ainda renunciou aos principais impostos durante sua candidatura, a fim de sediar a competição.

 
Embora a Copa seja o segundo evento esportivo mais assistido no mundo e que a competição tenha efeitos significativos para o desenvolvimento do país-sede, é de conhecimento de todos que um país menos desenvolvido pode sofrer consequências desastrosas, por conta principalmente das despesas com as instalações desportivas.
Convido-os a uma conta simbólica, de apenas um dos itens enquadrados nas normas técnicas brasileiras e recomendadas pela FIFA: os assentos. Cada um, de modelo simples, para o público em geral, custa em média 400 reais. Como estamos falando de 12 estádios com uma média de 60 mil lugares em cada um deles, estamos falando num montante de quase 300 milhões. Fora camarotes e áreas VIPS, onde o padrão de excelência faz com que alguns cheguem a custar mais de mil reais cada. Enquanto isso, uma maca em lona dobrável, de modelo simples, custa em média 250 reais e falta em quase todos os postos de saúde do país.
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ricardo artigosRicardo Ribeiro | ricardorib@outlook.com
 

A esperança passa a ser depositada no exercício da cidadania além do voto para forçar os gestores a sair da inércia.

 
Itabuna é uma cidade com tantas urgências, que chega a ser complicado falar de certas demandas. Muitos irão considerar adiável, por exemplo, a oferta de áreas de lazer e esporte, parques, quadras, ciclovias etc. No entanto, estas são necessidades que governo após governo têm negligenciado, enquanto a comunidade segue cada vez mais aprisionada, os filhos reféns de computadores e videogames; e os pais, dadas as circunstâncias, até aliviados pelos guris estarem em casa e não na rua.
O fenômeno dos “rolezinhos”, principalmente em São Paulo, foi sintoma de que a juventude da periferia clama por opções públicas de lazer. Esse sentimento não é peculiar à garotada de ermos bairros paulistanos. Um dia, fatalmente, tais sinais irão se manifestar em outros lugares, como Itabuna, uma cidade que, como todos estão cansados e entediados de saber, cresceu sem planejamento e qualquer preocupação com o bem-estar de seus moradores. E assim continua porque os governantes de plantão preferem olhar para trás, não por gostar de história, mas por uma crônica incapacidade de focar no futuro e planejar uma cidade decente.
O governo sempre dirá que precisa primeiro tapar os buracos, das contas públicas e das ruas, organizar as escolas e os postos de saúde, para depois, se der tempo e sobrar dinheiro, pensar no lazer da população. Seria uma forma de reproduzir a máxima de que “primeiro a obrigação, depois a diversão”, mas – à vera – o que pensar, se nem mesmo da “obrigação” se cuida a contento?!
Nesse ritmo, passam-se o tempo e os governos numa estagnação desesperadora, sem que o quadro se altere. E a cidade continua a crescer desorganizada, sufocada, travada, suja, desumana. Até a próxima campanha eleitoral, em que os prefeituráveis voltarão a prometer realizar o sonho de uma Itabuna melhor para todos.
Faz bem renovar a esperança e, de tempos em tempos, voltar a apostar no futuro. Porém, quando a frustração sucede a expectativa o resultado é a descrença. E não é outro o motivo que leva tanta gente às ruas para protestar, senão a convicção cada vez mais evidente de que os governos têm se mostrado incapazes de atender às aspirações dos governados.
A esperança passa a ser depositada no exercício da cidadania além do voto para forçar os gestores a sair da inércia.
Ricardo Ribeiro é advogado.

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ricardo artigosRicardo Ribeiro | ricardorib.adv@gmail.com
 

Quase todos trazemos hábitos e costumes das velhas aldeias: palavras de nosso vocabulário, nomes de cidades etc. Entretanto, só um número reduzido optou por autodeclarar-se índio, naturalmente em momento oportuno. Não foi o caso de Juraci Santana, que sofreu coação para se afirmar tupinambá, recusou-se e acabou assassinado.

 
Realmente, o exército era só o que faltava para que a guerra fosse oficialmente declarada no sul da Bahia. O aparato militar despachado pelo governo espanca essa dúvida, mas cria outras: essa turma que profere os despachos está de fato ciente do que precisa ser feito? Qual será o papel do exército na região? O que as Forças Armadas farão além do que já vinha sendo feito pela dispensada Força de Segurança Nacional?
Não é novidade no Brasil o fato de que, em muitos casos, o governo só responde sob pressão. A imprensa sabe bem disso, como se vê pela repercussão da morte do cinegrafista Santiago Andrade, numa ação de “black blocs” em protesto no Rio de Janeiro. Da capital carioca para o Assentamento Ipiranga, a distância é menor do que parece.
Juraci Santana, pequeno agricultor, líder da sua comunidade, tornou-se símbolo da resistência às ocupações de terras por índios ou pseudo-índios na região. Um processo que se intensificou a partir do decreto da Funai, que, de uma canetada, determinou que 47 mil hectares, de uma área que inclui porções significativas dos municípios de Una, Ilhéus e Buerarema, pertencem tradicionalmente à etnia Tupinambá.
Como é a autodeclaração que determina quem é ou não índio, fala-se que “autodeclarados” caciques arregimentaram forças nas periferias das cidades para formar sua milícia de autodeclarados filhos de tupã. Certamente, autodeclarados ou não, a maioria de nosso povo tem DNA indígena, dado o histórico processo de miscigenação que nestas terras se deflagrou desde Cabral.
Quase todos trazemos hábitos e costumes das velhas aldeias: palavras de nosso vocabulário, nomes de cidades etc. Entretanto, só um número reduzido de almas deste rincão baiano optou por autodeclarar-se índio, naturalmente em momento oportuno. Não foi o caso de Juraci Santana, que sofreu coação para se afirmar tupinambá, recusou-se e acabou assassinado.
Na seção “Carta ao Leitor” do jornal A Tarde, edição deste sábado (15), publicou-se a seguinte mensagem, assinada por Alírio Souza: “O conflito indígena na Bahia é de difícil solução. Até meados da década de 1920, havia no sul da Bahia tribos nômades que vagavam pelas florestas. Em 1926, o governo estadual autorizou fazendeiros a plantarem cacau nas terras onde só havia índios. Daquela data em diante, as tribos fugiram ou foram dizimadas, a exemplo de uma tribo que havia no rio do Ouro, em Itapitanga. Hoje, os índios estão sem as terras e os fazendeiros, por causa da vassoura-de-bruxa, estão sem cacau. ‘E agora, José…?’”.
Como se vê, o problema é antigo, mas, pelas respostas oficiais, a solução parece distante. Enquanto o governo não se dispuser a rever os critérios da demarcação de terras na região, inclusive levando em conta que boa parte da área abrangida pelo decreto da Funai é ocupada por pequenas propriedades e assentados, o conflito vai perdurar. Quantas vítimas serão necessárias para que uma providência efetiva seja adotada?
Ricardo Ribeiro é advogado.