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Reinaldo Leão | reinalleao@gmail.com

Eles são endinheirados e têm mansões entre Serra Grande e Itacaré. Alguns têm projetos para grandes resorts e campos de golfe na APA da Lagoa Encantada. Não se interessam propriamente pela manutenção de espécies nativas da flora e da fauna deste bioma, mas exclusivamente com a fruição pedante da bela paisagem. De nariz empinado, como lhes apraz.

Os ricaços – o dono da empresa Natura, Guilherme Leal, e o presidente das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho, estão entre eles – moram na região Sudeste e têm o privilégio de possuir mansões no sul da Bahia, destinadas ao seu descanso e lazer. Frequentam a região em finais de semana, chegando em seus jatinhos particulares e saindo rapidamente do aeroporto de Ilhéus em carros de vidro fumê. Passam “voando” por Ilhéus, sem olhar nada em volta, pois a atenção quase sempre está focada em laptops.

O que esses privilegiados conhecem da região não ultrapassa os muros de suas mansões, mas eles estão dispostos a ditar os rumos do sul da Bahia. Para isso, contam com um grupo de pseudo-ambientalistas, linha de frente de um movimento que se dispõe a fulminar o projeto do Complexo Intermodal. Eles são ricos e estão convictos de que têm poder de fogo para a empreitada.

A estratégia do Complexo do Caviar contra o Complexo Intermodal foi traçada durante uma reunião ocorrida esta semana, naturalmente em São Paulo. Foi comandada pelo ex-secretário do Meio Ambiente… de São Paulo e tinha umas 50 pessoas: mais de 40 paulistas, é claro, e uma meia dúzia de baianos cooptados. Gente muito “bem-intencionada”.

Quem defende o Intermodal pode se preparar, porque vem chumbo grosso por aí. A ofensiva tem nome de novela (“Vale Tudo”), artimanhas de novela e até artistas de novela. Gente graduada na arte de fingir emoções e sentimentos alheios irá se mostrar indignada com o Intermodal. Desconhecem o projeto, seu verdadeiro impacto e a importância de que o desenvolvimento chegue ao interior da Bahia, mas irão decorar textos comoventes, com falsas premissas, mas com o forte apelo da preservação ambiental.

Não importa se quem vive na região apoia maciçamente o projeto. Não importa que o órgão responsável pelo licenciamento esteja atento às questões ambientais, tanto que solicitou novos estudos aos responsáveis pelo empreendimento. Não importa que o projeto inclua condicionantes capazes de garantir uma preservação que hoje efetivamente não existe. Nada importa, para quem pretende trabalhar com a mistificação, o preconceito e meias-verdades, transformando a vida real em enredo de ficção. Apostam num final feliz para eles, em suas mansões nababescas, desde que a pobreza continue como sempre esteve: do lado de fora do muro e com os papéis sempre secundários nessa novela.

Reinaldo Leão é engenheiro civil e ilheense radicado no Paraná.

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Aldicemiro Duarte | mirinho_estivador@hotmail.com

Aqui, a nossa fome é de verdade, o desemprego é de verdade, a favelização é de verdade, a pobreza é de verdade.

O ator encarna personagens, vestindo-os em uma roupagem bem próxima da realidade.
O cantor canta a paz, canta o amor, canta a dor, o encanto, o desencanto, a flora, a fauna e por aí afora.

Quando o ator faz um papel de pobre, ele passa fome de mentirinha, torna-se um desempregado de mentirinha, mora em uma favela de mentirinha, tudo é de mentirinha.
Quando o cantor canta qualquer um dos seus temas, através da maviosidade da sua voz, pode passar sentimentos nunca por ele vividos.

A arte como arte deve ficar no mundo do intangível, porque é soberana e move inexplicável e indefinidamente os sentimentos que elevam e alimentam a alma e o espírito, e nos servem de estímulo para continuarmos caminhando e enfrentando as dificuldades que a dura realidade do dia-a-dia nos oferece. A arte nos vitamina as forças para superar e transpor obstáculos reais, vivos, duros, que nos massacram, que nos fazem cambalear, que nos embriagam de dor e desesperança. Ah, se não fosse arte que nos empurra com o seu braço forte, como quem diz: vai, covarde, que a vida é luta e a gente respira, levanta, sacode a poeira e vai embora.

A arte nos fortalece quando aquele ator que passa fome de mentirinha, desempregado de mentirinha, residente em uma favela de mentirinha, tudo de mentirinha, consegue, no seu papel bem desempenhado, vencer todas as suas dificuldades e lá, no final da novela, torna-se vitorioso. Aí, a gente, cá no mundo real, passando fome de verdade, desempregado de verdade, morando em uma comunidade carente de verdade, mira-se no espelho daquele ator, adota a sua forma de luta como meio de sobrevivência e segue em frente.

Ou quando aquele cantor diz: “Vem, vamos embora, que esperar não é fazer”….. Isso é a arte imitando a realidade, concedendo-nos o direito de sonhar para ocupar o nosso espaço pretendido.

Quando entrevistados, a quase unanimidade dos artistas afirma que “ralou” para vencer, ou seja, para sair do mundo real do sofrimento, para o mundo da imitação da realidade.
Uma coisa é imitar a realidade. A outra é viver a realidade.

Há trinta anos, a mesorregião sul-baiana, constituída por 70 municípios, de repente entrou em decadência. A juventude, desacostumada com a miséria, viu-se obrigada a deixar a família e buscar a sobrevivência em outros Estados. Muitos dos que aqui ficaram passaram a sobreviver de biscates, outros se transformaram em alcoólatras, outros em drogados e outros enlouqueceram.

Nesses trinta anos de decadência, nunca ouvimos sequer uma palavra de conforto de Caetano Veloso, nem de Lázaro Ramos, nem de Paula Lavigne, nem de nenhum artista, com relação à miséria que assola a região do cacau. Desconhecemos um show beneficente realizado por qualquer um deles, que são Defensores das Causas Desconhecidas, em favor de qualquer dos 70 municípios da mesorregião sul-baiana.

Caetano, Paula, Lázaro Ramos, vocês são excelentes artistas quando imitam a realidade. Portanto, não tentem inverter as coisas, porque vocês são péssimos tentando fazer da realidade uma mentirosa imitação da vida. Aqui, a nossa fome é de verdade, o desemprego é de verdade, a favelização é de verdade, a pobreza é de verdade. Sim, uma verdade que contrasta com a nababesca realidade de vocês.

Aqui, a miséria não precisa ser imitada. Ela é real.

O Porto Sul é uma realidade trazida para acabar com os sonhos de especuladores insensíveis, que sobrevivem há 30 anos à custa da miséria de uma região, se escondendo por detrás de um falso manto e um igualmente falacioso argumento de defesa do meio ambiente.

Talvez, vocês estejam sendo bois de “expia”. Com certeza, não sabem nem o que é Porto Sul.
Antes de propagandear o que não conhecem, por que vocês não vêm discutir o assunto com a população? O desafio está feito.

“Xô, xuá, cada macaco em seu galho…”

Aldicemiro Duarte é estivador e coordenador do Comitê de Entidades Sociais em Defesa de Ilhéus e Região (Coeso)

Do blog Guarda Embaixo

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Allah Góes | allah.goes@hotmail.com

“Tudo muda”. Podemos até dizer que seja uma “frase feita”, daquelas que às vezes ouvimos em comerciais e que acabam martelando em nossas cabeças. Mas afinal, qual frase ou pensamento, para que repercuta, e “cole” em nossas lembranças, já não foi repetida muitas vezes?

Então, dizer que “tudo muda” com o nascimento de um filho, antes de ser considerado repetitivo, piegas, deve ser visto, e entendido, como o florescimento de uma ideia já plantada que, por conta da concretização do fato, aflora de forma única e que, somente quem passa pela experiência, pode ter a inteira noção do que seja se entender “Pai”, e responsável por uma vida.

No dia 12 de dezembro de 2010, havia deixado minha esposa, ainda gestante de nosso primeiro filho, e viajado para Salvador, onde trabalho. Viajei à noite, chegando à “Bahia” por volta de 6 horas e, diferentemente do que normalmente acontece, durante a viagem não consegui dormir, talvez por conta da apreensão do dia do parto que se avizinhava.

Assim, por conta do cansaço, ao chegar em casa, tomei um banho e fui tentar dormir um pouco antes de ir ao escritório, mas deixei o celular ligado, para o caso de algum cliente resolver ligar. E de fato ligaram, só que não era um cliente, mas minha esposa que, numa “tranquilidade budista”, me avisava que já iria dar à luz.

Admito que, tomado pelo impacto da notícia (ia ser pai), somado à noite mal dormida, fiquei alguns instantes sem entender direito o que acontecia. “Mas como assim, dar à luz, o parto não esta previsto para acontecer somente no dia 25?”. Era só o que conseguia pensar, pois falar… Somente consegui balbuciar que estaria, imediatamente, viajando de volta para Itabuna.

E assim, tendo apenas a lembrança de ligar para minha mãe, imediatamente, e com a roupa que estava, segui para Itabuna, naquela que foi a viagem mais rápida, e ao mesmo tempo mais angustiante de minha vida, pois não conseguia pensar em mais nada que não fosse o nascimento de meu primeiro filho.

Já na altura de Santo Antônio de Jesus, meu celular toca. Olho e vejo que era o número de minha esposa, mas quem fala do outro lado é minha cunhada, Isabela, que de uma só vez diz: “Parabéns, você é papai”. Confesso, encostei o carro e comecei a chorar.

Chegando a Itabuna, fui direito ao Hospital Manoel Novais onde, pela primeira vez, pude ver e pegar o meu filho, João Alberto (que teve seu nome escolhido como uma homenagem ao meu avô e ao meu pai) e, repito uma vez mais, mesmo não sendo original: somente passando pela aventura de ser pai, para entender o maravilhoso momento vivido, pois tudo mudou em minha vida.

Seja muito bem-vindo, meu filho, a maior, e melhor, mudança de minha vida!!!

Allah Góes é pai coruja do João Alberto.

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A Tarde:

Antonio Risério | ariserio@terra.com.br

Para dar um exemplo, o eixo Ilhéus-Itabuna tem de ser reativado. Precisa do porto, de equipamentos culturais, de novos estímulos, de novas direções.

É coisa relativamente rara, mas parece que estamos mesmo caminhando para um consenso. Nossa questão maior, hoje, é intensificar a integração espacial, econômica, social e cultural da Bahia. Outro dia, aqui neste jornal, Armando Avena escreveu sobre integração espacial, do ponto de vista econômico. É por aí. Para a Bahia se projetar em direção ao futuro, será necessário articular, no território estadual, uma nova rede infraestrutural e uma rede de cidades estratégicas, capazes de mobilizar e dinamizar a vida baiana, a partir de suas regiões.

No plano da logística, os projetos centrais do governo já estão devidamente definidos.

Quanto ao plano das cidades, o que se impõe é a qualificação de núcleos urbanos vitais para o sucesso no enfrentamento das novas realidades e de seus desafios. Ou seja: as realizações no campo da logística exigem a realização simultânea de uma ampla e criativa ação urbanística, operando sobre polos urbanos previamente definidos, dentro de critérios claros de desenvolvimento.

É na convergência de uma nova infraestrutura e de uma rede urbana renovada (em termos físicos e culturais) que está a chave para o êxito baiano.

A Ferrovia Oeste-Leste tem de acontecer já.

Assim como é indispensável dar outra vida ao Porto de Aratu (o Porto de Salvador – deixando de parte a ficção burocrática de que as unidades de Aratu e da capital formam um só complexo portuário – deve se voltar para cruzeiros e passageiros, em tempos de democratização do turismo e com vistas à Copa do Mundo). Construir o Porto Sul. Impulsionar o estaleiro do Paraguaçu, retomando, em outro patamar tecnológico, a tradição baiana de construção naval. Etc.

Mas os entraves ao desenvolvimento não estão somente aí. Estão, em grande parte, nos núcleos sociais dinamizadores, que são as cidades. A começar por Salvador. Mas se estendendo a todas as regiões baianas. Daí que o governo estadual esteja na obrigação de formular e executar uma política de intervenções urbanístico-culturais estratégicas, definindo polos articuladores regionais, a partir de suas condições atuais de existência.

Para dar um exemplo, o eixo Ilhéus-Itabuna tem de ser reativado. Precisa do porto, de equipamentos culturais, de novos estímulos, de novas direções. Tanto Ilhéus quanto Itabuna precisam ser repaginadas, em termos urbanísticos e culturais.

Não só Ilhéus e Itabuna, é claro. Precisamos definir aí por volta de umas nove cidades estratégicas (uma no semiárido, obviamente) e fazer com que elas funcionem bem e de forma articulada, na sua região e entre regiões. Estas cidades necessitam de realizações na educação, na saúde, na segurança, etc. Mas é necessário ir além disso.

Elas precisam de uma ação reconfiguradora para sacudir a poeira e ativar energias criadoras.

De uma investida assentada, sempre que possível, num tripé: urbanismo, cultura e turismo.

Com isso, teremos uma intervenção que se vai dar, de forma simultânea e complementar, tanto no corpo físico quanto na dimensão simbólica da cidade. Ela será repensada, em seus aspectos mais fundamentais, de uma perspectiva urbanística. Mas será encarada, acima de tudo, pelo que é: um fato de cultura, no sentido antropológico da expressão. Terá ampliado o seu acesso aos bens culturais e viabilizada sua própria produção nesse campo. Coma perspectiva turística se abrindo para a tornar mais visível, no espectro de suas realidades e manifestações.

Mas vamos, enfim, atar os fios dessa meada.

Falei que é necessário articular a implantação de uma nova malha infraestrutural e a energização urbanístico-cultural de um elenco de cidades estratégicas, cuja definição se impõe de modo lógico (Salvador, Feira, Conquista, Ilhéus-Itabuna, Juazeiro, etc.). Por esse caminho, poderemos ter novidade logística, novidade citadina e novidade cultural, convergindo, em ações exemplares, para situar a Bahia na linha de frente do avanço brasileiro. Mas, para isso, é preciso romper com a rotina, a timidez e o provincianismo. É preciso não ter medo de fazer. É preciso ousar.

Antônio Risério é escritor.

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Paixão Barbosa | blog Política & Cidadania

Leio nos jornais que o governador Jaques Wagner decidiu criar uma secretaria somente para atender ao desejo do PDT, legenda que se julga no direito de ter duas pastas na administração estadual e que estava emburrada pelo fato de só ter sido contemplada com a Secretaria de Ciencia e Tecnologia, cargo que suas lideranças consideravam insuficiente para atender à “força política” da mesma. A informação se completa com o nome da pasta: Secretaria de Administração Judiciária.

Quero aqui, dar um crédito à equipe do governador Jaques Wagner e ao próprio, ao afirmar não crer que tal secretaria tenha sido criada somente para acalmar os nervos do seu aliado. Porque considero que, se for este o motivo, a medida mostra um grande desprezo pelas finanças públicas uma vez que não se pode admitir que, num Estado com tantos problemas financeiros – ditos e reconhecidos pela própria administração estadual -, decida-se pela criação de uma nova fonte de despesas apenas para presentear um partido com cargos e poder.

Muito particularmente já não vejo necessidade na criação de uma Secretaria de Administração Judiciária. Pelo nome, a nova pasta vai cuidar dos presídios e penitenciárias da Bahia. Será mesmo necessária toda uma estrutura administrativa somente para gerenciar cadeias? Deixo a pergunta no ar porque não li em nenhum lugar tal explicação.

De qualquer forma, acredito que já existem secretarias em abundância na administração estadual para que se pense em criar uma nova pasta. Sejam quais forem os motivos – embora ainda ache que o mais absurdo deles seria mesmo a necessidade de acalmar os nervos do PDT -, creio que a hora é de economizar recursos e otimizar a estrutura já existente, não de gerar despesas com a criação de novos cargos, ocupação de prédios, combustíveis para os veículos oficiais (além dos próprios veículos) etc.

Como o governador, fiel ao seu estilo, não fez o anúncio oficialmente, vamos esperar para ver se é mesmo verdade. Fica aqui o registro e, embora ninguém tenha pedido, minha opinião a respeito.

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Fred Cabala | fredericocabala@gmail.com

Para além dos óbvios paralelos e resguardadas as proporções, as realidades do município itabunense e da nação brasileira possuem como perceptível semelhança o fato de há tempos ambas se encontrarem enclausuradas e reféns de um sistema de polarização do campo político que a poucos satisfaz.

Enquanto o Brasil assiste ao jogo de forças entre PT e PSDB desde 1994, quando Fernando Henrique Cardoso levou a cabo o plano antiinflacionário Real, a terra grapiúna se destaca por ser solo fértil para o conveniente passa-repassa entre petistas e democratas desde que Geraldo Simões emergiu nas eleições de 1992.

Com o passar de quase duas décadas, a perspectiva de um diferente cenário político minguou a cada eleição e se transformou na naturalização do atual dualismo partidário. Todas as tentativas de caminho alternativo e implementação de uma terceira via acabaram sempre fracassando.

Em síntese, pode-se atribuir o fiasco da terceira via, tanto no Brasil quanto em Itabuna, ao fato de nenhuma alternativa e novidade substanciais terem sido verdadeiramente discutidas e apresentadas com clareza aos cidadãos. Para desespero do ideólogo do conceito, o cientista social britânico Anthony Giddens, que pensava o terceiro setor como um “centro radical” com traços que chamassem atenção pelo aspecto diferencial e cujo objetivo seria uma completa reforma do Estado.

Ora, o que tem se visto nos âmbitos municipal e nacional é a via alternativa promovendo o próprio funeral exatamente por confundir-se com os dois blocos ao invés de delimitar firme posição. A ausência de um discurso original que deveria se sobrepor aos polos já desgastados cedeu lugar à ideia do continuísmo e revela falta de personalidade política.

Em uma análise séria, é certo afirmar que esse transtorno bipolar da política muito contribui para que grande parte das pessoas sinta náuseas quando o assunto eleições se aproxima. O mal é grave.

Fred Cabala é itabunense e estuda jornalismo na Universidade Federal de Viçosa.

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Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

Se o juiz não conhece, experimente, pois vale a pena. A fruta é rica em fibras, portanto recomendada contra problemas intestinais.

Em 1962, quando Maria Olívia Rebouças Cavalcanti ganhou o primeiro lugar no concurso Miss Brasil, uma polêmica acirrou a rivalidade entre Itabuna e Ilhéus. Equivocadamente, o então deputado Demóstenes Berbert publicou nota parabenizando a vencedora e destacando o orgulho dos ilheenses em tê-la como conterrânea. Afirmou que Maria Olivia nascera em Rio do Braço, distrito de Ilhéus.

Segundo Adriana Dantas, no livro “Itabuna:História e Estórias”, a notícia caiu feito uma bomba e os itabunense reagiram de imediato. Uma comissão formada por Elza Cordier, Célia Vita, Simone Neto, Olga Oliva, Cremilda Lima, Célio Franco, Adelindo Kfoury e Paulo Lima foi pesquisar nos cartórios e conseguiu a certidão de nascimento da bela Maria Olívia, comprovando que a Miss era itabunense.

Não satisfeitos, os itabunenses, num ato de provocação, foram a Ilhéus e colaram cópias do registro nas paredes de várias casas. Itabuna vibrou quando a Miss Brasil desfilou em carro aberto pelas ruas da cidade e até as pessoas que não se interessavam pelo concurso festejaram. Para se ter uma ideia, foi algo semelhante a uma conquista da Copa do Mundo pela Seleção Brasileira.

Indiscutivelmente, um fato histórico. Nem o famoso mão-de-figa José Oduque Teixeira resistiu. Num momento de emoção, enfrentou a “cobra” que carrega no bolso e pagou faixas em homenagem à vencedora. Também ofereceu almoço a ela e para autoridades em sua residência.

Alguns ilheenses ficaram inconformados com a derrota. Eles pensavam que Maria Olivia desembarcaria em Ilhéus ( o avião aterrissou em Itabuna). Em protesto, foram até o aeroporto e espalharam cascas de jaca. Para completar, fincaram uma placa na pista com a inscrição: MISS PAPA-JACA.

Foi a reação dos papas-caranguejos.

50 ANOS DEPOIS

Meio século depois, o juiz Valdir Viana “xinga” o presidente da OAB itabunense, Andirlei Nascimento, de papa-jaca. Confesso que não entendi e assumo que tenho o privilégio de ser papa-jaca. Fruta tropical excelente e com a característica de oferecer duas opções: jaca mole (dos bagos moles) e dura.

Se o juiz não conhece, experimente, pois vale a pena. A fruta é rica em fibras, portanto recomendada contra problemas intestinais; tem vitaminas do complexo B, cálcio, ferro e fósforo. Os caroços cozidos em água e sal dão um bom tira-gosto.

Faço questão de dizer também que sou papa-caranguejo. De maio a agosto, período em que estão gordos, degusto este marisco semanalmente no Katikero (jabá gratuito) do casal Mari e Zequinha, em Itabuna.

Um adendo: o bom é trabalhar com respeito mútuo e comer jaca e caranguejo para não ficar estressado.

Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA às sextas-feiras.

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Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br

Itabuna recebeu há relativamente pouco tempo uma nova leva de juízes, que despertou esperança na população e principalmente nos chamados operadores do direito. Quem se acostumou – ou melhor, se resignou – a uma justiça lenta (a mais qualificada injustiça, disse Rui), esperou por melhoras. Não eram apenas novos magistrados, mas sim juízes novos, no sentido da juventude, dos quais se almejava ideias e posturas igualmente rejuvenescidas.

Fala-se que houve avanços no campo da celeridade, não obstante tenha ocorrido, sobretudo no caso da 4ª Vara Cível, onde o titular é o juiz Valdir Viana, um retrocesso em matéria de respeito aos advogados. Certo que o direito abrange o processo e este tem seus procedimentos e formalidades, mas não devem chegar ao ponto de tolher o exercício de quem atua nas lides forenses.

Canhestrices, como não despachar com advogado a menos que este se apresente de terno e gravata e impedir a retirada de processos do cartório, são atitudes que não contribuem para uma convivênccia harmoniosa entre o judiciário e os profissionais da advocacia. Além de tudo, acusam desprestígio e um inaceitável desrespeito.

O que ocorre em Itabuna, onde o presidente da OAB acusa um juiz de tê-lo recebido aos xingamentos e de arma na cintura, é algo que conduz a um retrocesso sem precedentes. Talvez nem nos tempos dos coronéis do cacau se tenha visto algo tão bizarro entre um magistrado e um advogado, profissionais treinados para manejar com a palavra, a temperança e o argumento.

O conflito, longe de ser resolvido, tende a se acirrar agora que a OAB se propõe a produzir uma moção de repúdio e entregá-la, em mãos, aos juízes Valdir Viana e Cláudia Panetta (esta da Vara do Júri e também acusada de não ter os advogados em muito boa conta). O repúdio, assim manifestado, certamente irá potencializar antipatias, mas é fato que a Ordem não pode ficar inerte.

Não obstante, é preciso que os juízes aos quais a OAB e a sociedade apontam o dedo tenham o direito de se defender, apresentando sua versão para os acontecimentos recentes. É necessário que eles exponham justificativas para as restrições que têm adotado nos cartórios e que tanto clamor vem causando entre os advogados. O Poder Judiciário, responsável por julgar os conflitos alheios, normalmente não é muito afeito a dar satisfações, mas tudo sempre precisa ter alguma explicação. Das sentenças às atitudes.

Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do Pimenta na Muqueca e editor do Política Etc.

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Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br

O poder público mente na maior parte das vezes em que alega ter sido pego de surpresa. Tanto no que se refere às crises como às catástrofes, existem hoje conhecimento acumulado e instrumentos hábeis  a prevenir. Claro que o fator surpresa não pode jamais ser descartado, mas que seja exceção e não regra.

O caso das chuvas na região Sudeste é emblemático. Todos os anos elas vêm torrenciais e implacáveis, destruindo casas em “situação de risco”, dissolvendo encostas e matando gente. A cada uma dessas ocorrências lamentáveis, as autoridades perfilam-se diante dos microfones da imprensa para declarar, impávidas e solenes, que foi tudo uma fatalidade para a qual não estavam preparadas.

Tão destruidora quanto as catástrofes é a presença da droga em nossa sociedade. Sua ação deletéria é mais lenta, contudo provoca igualmente muito sofrimento, desagregação de famílias e um sem número de mortes, que atordoam as autoridades. Estas, como de praxe, são sempre pegas “de surpresa”.

Em Itabuna, já foram duas dezenas de homicídios nos 20 primeiros dias do ano. Média de um por dia e a repetida motivação relacionada às drogas. Segundo o geógrafo Roberto José, que é também escrivão de polícia na cidade, entre 70% e 80% dos assassinatos ocorridos por aqui têm a ver com o tráfico de drogas. Nessas estatísticas, o famigerado crack se tornou um formidável aliado da morte.

Diante de tal situação, nossas autoridades ainda mantêm grande timidez. O crack foi assunto do programa eleitoral da então candidata – e hoje presidente – Dilma Rousseff – , assim como foi tema de campanha publicitária do Governo da Bahia. E por enquanto é só.

O assunto não é policial, pois exige abordagem ampla e ação enérgica de toda a sociedade. É problema social, de saúde, já que se trata de verdadeira epidemia a se alastrar por todo o país, dos grandes centros às pequenas vilas do interior. Encontra terreno fértil na miséria, ausência de perspectivas, desestruturação familiar e falta de de referências.

Na última semana, uma adolescente de 16 anos incendiou o barraco onde morava, na periferia de Salvador, porque a avó não queria lhe dar dinheiro para comprar droga. Quantos pais, mães e avós não estão neste momento enfrentando a ameaça de jovens enlouquecidos pelo crack? E quantos filhos não estão crescendo a ver seus próprios pais se drogando?

Essa é uma realidade que, queiramos ou não, está bem próxima de nós. Uma catástrofe sem fim.

Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do Pimenta na Muqueca e editor do Política Etc.

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Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br

É de pasmar a nota distribuída à imprensa, nesta quarta-feira, pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Itabuna. No texto, a entidade comemora como uma grande vitória o anúncio do pagamento dos salários de dezembro aos funcionários do Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães. Isso em pleno dia 19 de janeiro!

Lamentável que os funcionários do Base já tenham chegado a uma situação na qual, após o vexame de ver seus salários atrasados por quase um mês, ainda têm que festejar a satisfação tardia como uma coisa grandiosa. Claro, certamente poderia ser pior, e considerando quem governa Itabuna hoje, é aconselhável estar preparado para tudo.

Nesta quinta-feira, dia 20, uma manifestação ocupa a principal avenida de Itabuna, a Cinquentenário, pedindo a estadualização do Base. A instituição convive com a esdrúxula circunstância de ser um hospital de perfil regional, porém vinculado ao município. Tem necessidades superiores à disponibilidade de recursos, o que gera ineficiência (nesse caso, traduza-se por mortes), dívidas cada vez maiores e sucateamento das instalações.

A situação é dramática, mas o prefeito José Nilton Azevedo vai irresponsavelmente empurrando o problema com a barriga. Não soluciona nem propõe alternativas, e ainda repele o debate sobre a estadualização.

Azevedo limitou-se a mudar o gestor, mas até agora não há qualquer sinal de que isso implicará em uma alteração real do quadro. Não basta trocar as peças, se mantiver o modelo de gestão e não atacar as mazelas imorais emperram qualquer iniciativa em benefício do maior hospital do sul da Bahia. O cabide de empregos, usado para agradar e amaciar vereadores, é uma dessas mazelas.

Do novo gestor do Base, Leopoldo dos Anjos, espera-se o anúncio de medidas arrojadas, um plano bem concebido, alguma ação enérgica. Por enquanto, a providência mais “chocante” é uma campanha para arrecadar lençóis.

Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros responsáveis pelo Pimenta na Muqueca e editor do Política Etc.

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Paixão Barbosa

À exceção da substituição do secretário de Segurança Pública, César Nunes, não houve maiores surpresas no anúncio dos 15 primeiros nomes que irão compor o primeiro escalão do governo estadual. Para mim, a saída de Nunes tornou-se imperiosa para o governador Jaques Wagner como uma forma de reduzir o desgaste causado pelo insistente crescimento dos números da violência na Bahia.

Trocar o secretário é uma forma de dizer que o governo está preocupado com o assunto e ajuda a construir a imagem de que se pretende realmente reduzir a insegurança que tanto afeta as famílias baianas em todos os seus níveis. Colocar na pasta um novo secretário também é uma maneira de tentar fazer com que César Nunes carregue consigo o desgaste que o setor acumulou nos últimos anos.

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Luiz Conceição | jornalistaluizconceicao@gmail.com

O diretor do Hospital de Base de Itabuna repetiu na TV a cantilena que a cidade ouve desde os tempos do ex-prefeito Fernando Gomes: 101 municípios despejam pacientes naquela unidade, diariamente. Mas se esqueceu convenientemente de dizer que os procedimentos médicos-hospitalares são remunerados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ao contrário do que este discurso mentiroso insiste em afirmar, mas que, efetivamente, a tabela está em desacordo com os custos.

Os problemas do hospital são decorrentes da má gestão e do cabide de emprego em que se transformou desde a época de inauguração. Aliás, desde sua inauguração pela empreiteira que o concebeu e construiu com recursos do Governo Federal, via Orçamento Geral da União, o Base é um poço onde somem recursos públicos e disso ninguém tem dúvidas.

O político que o patrocinou só pensou nos seus interesses eleitorais e em quebrar o bom serviço prestado pela Santa Casa de Misericórdia de Itabuna. Nem os seus aliados médicos de então se preocuparam com o caos em que os serviços de saúde imergiriam pela gula das AIHs com o inevitável fechamento dos hospitais Santa Maria Goretti e São Lucas, que complementavam a oferta de leitos hospitalares aos cidadãos de Itabuna e região.

Atualmente, todos pagamos por tamanha irresponsabilidade. Administrador é administrador, médico é médico, vaqueiro é vaqueiro. Como diz o adágio popular, cada macaco no seu galho, xô xuá…

Portanto, em vez de fazer campanha para angarirar lençóis dos cidadãos para o Hospital de Base, os administradores municipais da saúde deveriam tomar vergonha e fazer diagnóstico para adequar pessoal e equipamentos para que a unidade preste serviços aos cidadãos e contribuintes que não suportam mais tantos desmandos e má gestão do patrimônio que é nosso. Chega da amadorismo!!

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Durante o século XX, o Sul da Bahia conviveu, numa espécie de montanha-russa, com as delícias e as agruras da monocultura. Como em nenhuma outra parte do planeta, o cacau encontrou aqui o solo fértil para brotar com uma qualidade inigualável, gerando muita riqueza e relativo desenvolvimento.

Apesar das crises cíclicas, duas delas terríveis, que originaram a criação do Instituto de Cacau da Bahia e depois da Ceplac, ambos destinadas a promover a recuperação de uma lavoura momentaneamente em frangalhos, o cacau foi suficiente não apenas para manter o Sul da Bahia com a mais próspera região do estado como, com o ICMS, alavancar o desenvolvimento da região metropolitana de Salvador.

Leia mais no Blog do Thame.

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Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br

Ouvia hoje uma moça que estudou a carreira de Nara Leão e montou um espetáculo sobre a intérprete. Já passei em bares do Rio Vermelho onde jovens se divertiam ao som de um belo chorinho. Música de qualidade, brasileiríssima, fiel às nossas raízes, mas um oásis em meio à baixaria que ainda não reina, mas tumultua.

No Natal, percebi o “rei” Roberto Carlos um tanto incomodado, sem graça diante da apresentação do convidado Exaltasamba em seu especial de fim de ano. A banda, sem a menor reverência à Sua Majestade, entoou a apelativa música que chama a uma “fugidinha”. Era para ser um dueto, mas Roberto não cantou, apenas corou.

Não serve de consolo, mas a fuleiragem não é monopólio baiano. Está no funk carioca e nas músicas americanas que agridem os ouvidos e o ser humano, fazendo imerecido sucesso junto a pessoas que não se dispõem a refletir sobre o que ouvem. A música não é de pobre, como insinuou um defensor do estilo, mas serve para estigmatizar, humilhar, diminuir, ridicularizar e achincalhar exatamente o pobre.

Só ouve esse tipo de lixo quem ainda não teve acesso à boa música, aquela que faz bem ao espírito, que alegra e garante a festa, porém com criatividade, sutileza, inteligência. Mas nunca é tarde para procurar saber o que é bom, abandonando essas coisas que dizem ser de duplo sentido, mas não têm sentido algum.

Por isso tive grande satisfação ao ler o artigo de Daniel Thame publicado no PIMENTA (confira). Até porque, assim como o amigo, este escriba também foi submetido a uma tortura mental ao tentar passar alguns dias em confraternização familiar em um condomínio praiano na zona norte de Ilhéus. Acabei adoecendo e tenho certeza de que os sintomas da virose foram agravados pelo repertório que tocava na rua e em casas vizinhas, a um volume tão indecoroso quanto as letras das porcarias.

Estou plenamente convencido de que esse lixo, além de incomodar, também faz mal à saúde.

Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do PIMENTA e também escreve no Política Etc.

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É inegável que uma pista duplicada é muito mais segura, o que em absoluto prescinde de uma fiscalização, hoje inexistente, que puna com rigor os maus motoristas.

Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com

A técnica de enfermagem Cláudia da Silva Borges, de 32 anos, que trabalhava na Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, é a mais nova vítima dessa máquina de matar em que se transformaram as rodovias brasileiras.

É, igualmente, vítima de uma rodovia, a Ilhéus-Itabuna, que há muito ultrapassou sua capacidade de absorver um tráfego intenso entre as duas principais cidades sulbaianas.

Cláudia acabara de fazer compras num supermercado às margens da rodovia e voltava para Itabuna de moto, quando colidiu com um caminhão tanque. O impacto do choque foi tão forte que a frente do caminhão ficou danificada.

A técnica de enfermagem morreu antes de receber qualquer tipo de socorro e sua amiga, Maria Cristina Alves, de 32 anos, que viajava como carona na moto, sofreu fraturas no fêmur e na bacia.

A morte de Cláudia, bem como os inúmeros acidentes registrados na Ilhéus-Itabuna durante as festas de Ano Novo, chama a atenção para a necessidade de duplicar a rodovia, uma reivindicação de mais de duas décadas e que só agora deve sair do campo vago das promessas.

É óbvio que não se pode atribuir os inúmeros acidentes da rodovia Ilhéus-Itabuna ao fato de ter uma única pista com mão dupla. Há o inquestionável fator imprudência, que pode ser notado ao longo da rodovia, em ultrapassagens irresponsáveis, excesso de velocidade, etc.

Caminhão-tanque na contramão matou profissional da Saúde (Foto Pimenta).

Mas é inegável que uma pista duplicada é muito mais segura, o que em absoluto prescinde de uma fiscalização, hoje inexistente, que puna com rigor os maus motoristas.

E a duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna se torna ainda mais premente na medida em que nos próximos anos o Sul da Bahia ganhará equipamentos importantes como o Porto Sul, a Ferrovia Oeste-Leste e a Zona de Processamento de Exportação, ampliando consideravelmente o volume de tráfego.

O governador Jaques Wagner já se comprometeu publicamente com a duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna e os recursos para a obra estão disponíveis no Plano de Aceleração do Crescimento.

A seu favor, ressalte-se que Wagner não é do tipo de político que promete o que não pode entregar, nem um vendedor de ilusões.

A duplicação efetivamente sairá.

O que se precisa é que sejam superados os entraves burocráticos, agilizados os processos legais (incluindo o imbróglio ambiental, essa quase paranóia) e que, finalmente, as máquinas comecem a transformar projeto em realidade.

Em nome de tantas vidas que podem ser poupadas, duplicação já!

Daniel Thame é jornalista, blogueiro e autor de Vassoura.