Maria Prestes (1932-2021) e José Henrique Abobreira, idealizador do novo centro socialista
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A criação de um centro socialista em Ilhéus será tema de reunião online, na próxima terça-feira (15), às 19h, com a participação do ex-vice-prefeito José Henrique Abobreira, do professor de História Luiz Henrique Blume (Uesc), do professor Franklin Oliveira (Ufba) e da presidente do Psol na Bahia, Elze Fachinetti. O encontro terá transmissão ao vivo, pelo Youtube, neste link.

Ao PIMENTA, José Henrique Abobreira explicou que o objetivo do centro é resgatar as memórias das lutas sociais que marcaram a história de Ilhéus. “Essa história tem marcos fundamentais, como a revolta dos escravizados que, em 1789, tomaram o Engenho de Santana e impuseram limites à exploração do seu trabalho”, conta o ex-vice-prefeito.

Segundo Abobreira, o levante do Caboclo Marcelino, nas décadas de 20 e 30 do século passado, também será lembrado. Para ele, Marcelino foi o primeiro grande defensor da integralidade e inviolabilidade do território ainda hoje ocupado pelo povo Tupinambá de Olivença.

Os movimentos sindicais também terão espaço nesse resgate, assegura Abobreira. “Um dos grandes exemplos foi a União Protetora dos Operários, que reunia portuários, estivadores, conferentes e arrumadores”.

A criação do Partido Socialista Brasileiro após o fim do Estado Novo, em 1947, também será lembrada, assim como a luta campesina contra a opressão dos coronéis do cacau.

Outro momento marcante dessa história foi a resistência à ditatura civil-militar implantada após o golpe de 1964, que derrubou o presidente João Goulart. Pai de José Henrique, Eronildes Abobreira, telegrafista dos Correios e agitador sindical, foi um dos tantos perseguidos pelo regime em Ilhéus, assim como o professor e jornalista Nelson Schaun, organizador do Partido Comunista Brasileiro (PCB) na região.

“TAREFA HISTÓRICA”

“Constitui tarefa histórica resgatar a trajetória desses ilustres homens e mulheres e sua ação socialista para conhecimento e educação da novas gerações”, diz Abobreira, lembrando que as lideranças femininas do povo Tupinambá de Olivença também receberão o devido reconhecimento por sua luta, com espaço especial no centro socialista, que será criado em um bairro popular de Ilhéus.

O próprio José Henrique Abobreira faz parte dessa história. Quando vereador (1992-1996) e vice-prefeito (1997-2000), ele participou ativamente da organização do povo Tupinambá e estimulou o cooperativismo dos pequenos produtores rurais, transformando seus mandatos políticos em verdadeiros instrumentos da luta social.

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Publicação da década de 30 traz imagem do Caboclo Marcelino
Publicação da década de 30 traz imagem do Caboclo Marcelino

Caboclo Marcelino é um personagem pouco conhecido na embaçada história regional, mas na década de 30 ele se destacou  no sul da Bahia. Em Olivença, sua terra natal, era um defensor ativo da ideia de que aquele chão pertencia aos seus ancestrais indígenas.

Por conta dessa “heresia” e por ser considerado um comunista numa região de coronéis e simpatizantes do integralismo (versão verde-e-amarela do nazi-fascismo), o Caboclo Marcelino foi demonizado e perseguido. Atribuíram-lhe crimes como estupro e assassinato e negaram sua condição de indígena, porque sabia ler e escrever e não se parecia com os índios do tempo de Cabral.

A vida do caboclo e o contexto político em que ele viveu serão tema do II Seminário de História Indígnena, a ser realizado na Uesc, nos dias 24 e 25 de setembro. O evento é uma iniciativa do Centro Acadêmico de História, além do colegiado deste curso e do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas.

A abordagem do tema será do professor Marcelo Lins,  autor de pesquisas que desmistificam a história regional. No seminário, ele vai contar com a colaboração do também professor, e historiador, Arléo  Barbosa.