Projeto para beneficiar 3 mil agricultores do sul da Bahia é lançado em Salvador
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O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançaram, em Salvador, o projeto “Conservação da Mata Atlântica por meio do manejo sustentável de paisagens agroflorestais com cacaueiros (GEF-Cabruca)”.

Financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), o projeto coordenado pela FAO e o Mapa, por intermédio da Ceplac/SDI, tem duração prevista de quatro anos, com um investimento de U$ 4,7 milhões destinados à conservação da Mata Atlântica, à inclusão produtiva e melhoria da qualidade de vida das populações rurais.

As ações que visam fortalecer o Sistema Cabruca (modo de cultivo agroflorestal, que utiliza a sombra de árvores nativas para a produção de cacau), revitalizar 50 mil hectares de lavouras de cacaueiras e transformar 1,6 milhão de hectares de paisagens no estado da Bahia.

Para a diretora da Ceplac, Lucimara Chiari, este é um projeto promissor para a região cacaueira tradicional do sul da Bahia. “O GEF-Cabruca possibilitará ao cacauicultor produzir de forma sustentável, preservando a paisagem local e a biodiversidade e, ainda, ampliar a produtividade, a rentabilidade e a qualidade do fruto, promovendo uma transformação socioeconômica e ambiental. Esse é o legado que queremos deixar”, completou.

Luiz Ferreira defende programa de recuperação da cacauicultura no sul da Bahia
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“A cacauicultora sul-baiana passa por maus momentos, mas ainda pode ser importante ao país e sobretudo à Natureza”.

Luiz Ferreira da Silva 

A Natureza proporcionou ao homem dos trópicos úmidos uma árvore frutífera, o cacaueiro, que pudesse ser utilizada sem causar danos ao seu ambiente florestal.

Ao facultar um produto nobre – o chocolate –, adicionou características fisiológicas inerentes ao complexo do seu habitat, quente, chuvoso e rico em espécies consortes e fauna agregada.

Teria que ser uma planta que reciclasse com eficiência, mantendo a capa orgânica do solo, fator importante para alimentar as raízes finas, que têm a função de arejar o solo, agregar as partículas e evitar a perda de nutrientes. Enfim, manter a vida do solo.

E para tanto, sob a mata, recebendo pouca luz, forma um “túnel folear”, com as copas se encontrando, evitando que a luz solar danifique o solo. A luz é para as folhas fazerem a sua “química carboidrática” de transformação – fotossíntese, para os puritanos.

A Natureza ainda deu uma colher de chá. Aumentou a sua “plasticidade fisiológica” – conviver em ambiente mais arejado, a exemplo de uma mata raleada – no limite que ainda mantém o cacaueiro na sua missão fitogeográfica de equilibrar o uso com a conservação.

Neste contexto interativo, o cacaueiro usufrui da fauna, notadamente dos insetos polinizadores, alimentados por frutas em decomposição, oriundos do andar de cima, as árvores tropicais.

A Natureza é sábia. Por um lado, criou o cacaueiro com o fenômeno da incompatibilidade sexuada, que se manifesta quando o pólen de uma flor em uma planta não consegue fecundar os óvulos das flores da mesma planta (autoincompatibilidade) ou de outras plantas (inter incompatibilidade). E até o cacaueiro “macho” ocorre, com raridade nas plantações, com floração e não produtores de frutos.

Pelo outro, resolveu a questão no próprio meio. Criou as mosquinhas chamadas “forcipomyas”, e não havendo polinização adequada, a lavoura não produz satisfatoriamente.

Por essa razão, alertou ao Homem sobre a importância delas, incumbindo-lhe de cuidar de seus criadouros, os seus locais naturais, a exemplo das bromélias.

Chegou o cacaueiro no Sul da Bahia. Uma floresta tal e qual a da sua origem, a Mata Atlântica. Encontrou aí condições favoráveis de clima, solo, topografia e rede hídrica, razões da sua expansão, chegando a ocupar 600 mil hectares, com a equivalência de uma fonte de divisas de quase 1 bilhão de dólares em determinado ano.

Os pioneiros souberam mesclar a lavoura com a floresta, sem macular o meio ambiente, satisfazendo com a produção auferida, com elevada liquidez, mantendo preservado o ecossistema e proporcionando um epicentro gerador de riquezas com o produto cacau, cujos reflexos se irradiaram pelas áreas circunvizinhas, criando uma estrutura de bens e de serviços que permitiu, com outras atividades agrícolas e congêneres, distribuir benefícios para todas as comunidades, o que infelizmente não foram aproveitados na magnitude dos bônus.

Sessenta anos atrás, um cacauicultor com pouco esforço, com seus 100 hectares de cacau, sem usar maquinaria e tudo no lombo do burro, gastando pouco, em sua área cabrocada, mesmo com uma produtividade não tão expressiva, colhia 4 mil arrobas, que o tornava um homem de classe média alta. Com maior presença e bom solo, muitos chegavam a 6 mil arrobas, tornando-se ricos.

Nessas circunstâncias, uma lavoura nota 10. Produtiva e conservacionista.

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Cada hectare de cabruca estoca 66 toneladas de carbono, segundo estudo
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Já era sabido que a cabruca, sistema agroflorestal de cultivo de cacau em que as árvores nativas da Mata Atlântica são usadas para fornecer sombra aos cacaueiros, tem alto potencial de estocar carbono. No entanto, um estudo inédito buscou compreender a correlação entre a produtividade do cacau, o sombreamento e o estoque de carbono presente nas 17 propriedades estudadas.

A pesquisa é resultado de parceria entre a Universidade Estadual de Santa Cruz, o Instituto Arapyaú, a Dengo Chocolates e o World Resources Institute (WRI). O trabalho foi tocado pelo Laboratório de Ecologia Aplicada à Conservação, da Uesc.

Os pesquisadores doutores Larissa Rocha Santos, Deborah Faria, Marina Figueiredo, Eduardo Assad e Camila Estevam concluíram que, na média, a flora da cabruca retém 60% do estoque de carbono do sistema agroflorestal, demonstrando seu potencial mitigador.

O estudo também indica que há uma forte tendência de sinergia entre as principais variáveis de interesse. Ou seja, o sombreamento tem correlação com o estoque de carbono do sistema, devido à maior presença de biomassa.

NÚMEROS DA CONSERVAÇÃO

O trabalho traduziu em números o quanto essa relação sinergética ajuda a mitigar as mudanças climáticas, mensurando o estoque de carbono nas propriedades que utilizam esse sistema agroflorestal. A cabruca é capaz de estocar, em média, 66 toneladas de carbono por hectare.

“O estudo ainda não faz essa comparação, mas estimamos que isso seja quase o dobro da quantidade encontrada no cultivo do cacau a pleno sol, que é de 35,6 toneladas”, explica Camila Estevam, bióloga consultora e uma das responsáveis pela pesquisa.

Os dados sobre o carbono estocado abrem caminho para a estruturação de pagamento por serviço ambiental, o que também estimula proprietários rurais a conservar as áreas de Mata Atlântica.

Bahia se consolida na produção de cacau
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Em 2021, a Bahia bateu um recorde histórico na produção de cacau, com a entrega de 140.928 toneladas de amêndoas. O aumento foi de 39,72% em relação ao ano anterior, quando foram produzidas 100.864 toneladas, quantidade que já colocava o estado como o maior produtor de cacau do Brasil. As informações são da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).

Para o secretário da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura do Estado, João Carlos Oliveira, o aumento na produção de cacau é motivo ser comemorado. “Ainda mais nesse momento, em que estamos reorganizando toda a cadeia produtiva do fruto na Bahia, agregando valor ao produto e incentivando a criação de fábricas de chocolate no estado. Na região do sul da Bahia já existem mais de 100 marcas de chocolate de origem e o que estamos vivendo é um novo e poderoso ciclo do cacau em nosso estado”, comentou.

Os números da AIPC mostram que a Bahia entregou, em 2021, 71,30% do total de amêndoas recebidas pelas indústrias produtoras.  O Pará, segundo colocado, entregou, no ano passado, 25,21% do total da amêndoa processada, apresentando uma produção total de 49.821 toneladas. Enquanto de 2020 para 2021, a produção baiana de cacau cresceu 39,72%, a do Pará decresceu 24,67% (foram 66.133 toneladas em 2020).

A cadeia produtiva do cacau vive um momento de incremento na Bahia. Além da ótima performance de produção e do agigantamento do número de marcas de chocolate no estado, existe também um reconhecimento internacional à qualidade dessa amêndoa.

MEDALHA DE OURO EM EVENTO INTERNACIONAL

No último mês de dezembro, as amêndoas de cacau da Bahia foram destaque no Cocoa Of Excellence – COEX2021. O produtor João Tavares, do município de Uruçuca, recebeu a Medalha de Ouro no concurso realizado em Paris, na França. E a produtora Angélica Maria Tavares, também de Uruçuca, ganhou a Medalha de Prata no evento internacional, considerado o mais importante no mundo para o setor.

Um mês antes, em novembro, durante a III Edição do Concurso Nacional do Cacau, a produtora Cláudia Calmon de Sá, de Itabuna, havia levado o primeiro lugar na categoria Varietal; o segundo lugar também ficou na Bahia, premiando a produção da Fazenda Vale do Juliana Fruticultura, localizada no município de Igrapiúna.

“Nosso crescimento é bem alicerçado, pois não se dá apenas nos números de produção, mas, também, na excelência de nossas amêndoas. Somam-se a isso os avanços no manejo técnico da produção no sistema Cabruca, a expansão do plantio do cacau em áreas não tradicionais, como a região Oeste da Bahia, e ainda a agregação de valor ao produto, a partir da produção de chocolate de origem. Tudo isso contribuiu para que a Bahia, no tangente ao setor do cacau, atingisse um outro patamar, um patamar mais elevado”, explicou o secretário João Carlos.

EMPREGOS

O setor do cacau responde por mais de 4 mil empregos diretos e indiretos, sendo um dos elos de uma cadeia de mais de 250 mil pessoas, na qual estão incluídos desde produtores rurais até trabalhadores das indústrias de chocolate. Estima-se que esse setor represente cerca de R$ 23 bilhões anuais de valor gerado ao país.

A produção de cacau no Brasil está concentrada nos estados da Bahia, Pará, Espírito Santo e Rondônia. Dados da AIPC mostram que cerca de 93 mil produtores rurais se dedicam ao cacau em terras brasileiras, sendo a maior parte pequenos proprietários que praticam a agricultura familiar em áreas entre 5 e 10 hectares.

Cacau cultivado no sistema cabruca gera retorno e tem proteção natural contra pragas || Foto Ana Lee
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A produção de cacau junto com a conservação de florestas, de forma sustentável para o meio ambiente, pode trazer retorno econômico para o produtor rural. A conclusão é do Estudo de Viabilidade Econômica da Produção de Cacau, organizado pela iniciativa CocoaAction, juntamente com Instituto Arapyaú e WRI Brasil.

A análise foi apresentada na última quinta-feira (4), durante o webinar do 4° Fórum Anual do Cacau. O trabalho quantifica indicadores dos sistemas produtivos que podem ser adotados por produtores e investidores no sul da Bahia e no estado do Pará.

O estudo analisou a cabruca, uma espécie de sistema agroflorestal em que o plantio do cacau é feito na sombra de árvores de florestas naturais conservadas. O trabalho mostrou que, no estado da Bahia, a cabruca com baixo sombreamento – igual ou inferior a 30% de sombra –, demonstra ser um bom investimento, com taxa interna de retorno (TIR) de 12% e renda para o produtor de R$ 5.400,00 por hectare ao ano. Já se esse sombreamento foi muito alto (acima de 70%), o sistema não se viabiliza economicamente.

O trabalho também mostrou que arranjos de cacau a pleno sol, sem árvores, apresentam retorno de investimento positivo. Sequeiro e irrigado apresentam TIR de 16% e 15%, respectivamente e renda para o produtor de R$ 10.500 e R$ 14.300 por hectare/ano, respectivamente. Porém, são sistemas mais suscetíveis a pragas e altamente intensivos.

“Apesar de ser mais rentável, o custo do pleno sol é muito alto e ele se viabiliza apenas com taxas altíssimas de produtividade”, destaca a economista Grazielle Cardoso, analista sênior do Programa de Desenvolvimento Territorial do Sul da Bahia do Instituto Arapyaú, e uma das autoras do estudo.

PROTEÇÃO CONTRA DOENÇAS

Com o manejo correto da cabruca – com cultivo à sombra das árvores nativas da Mata Atlântica – é possível ter um bom retorno, apesar de menor. Além disso, a biodiversidade presente neste sistema atua como uma barreira de proteção contra as doenças comuns às lavouras.

O Estudo de Viabilidade Econômica da Produção de Cacau busca ser uma fonte de informações atualizadas para produtores de cacau, técnicos, empresas e também instituições financeiras, com o propósito de aumentar o conhecimento sobre a produção de cacau e suas peculiaridades. Os dados utilizados na publicação foram coletados em bases públicas e oficiais, além de dados de campo, cedidos pelas instituições apoiadoras da publicação, CIC, CEPLAC, FAEB, Renova Cacau, Mondelēz International, UESC, PCTSul, SENAR Bahia, Solidaridad Brasil e TNC Brasil.

“O valor deste estudo está justamente em seu caráter agregador. É um relatório técnico de alta qualidade, elaborado de maneira coletiva. A diversidade de atores envolvidos nesse processo resultou em um produto valioso para toda a cadeia do cacau”, ressalta Pedro Ronca, coordenador do CocoaAction Brasil.

De acordo com Daniel Soares, analista de investimentos do WRI Brasil e colaborador do estudo, é consenso a necessidade de informações atuais sobre o sistema produtivo do cacau para atrair recursos para o setor. “O resultado desse estudo será de enorme utilidade no contexto das ações de aumento de crédito rural para produtores de cacau, atração de recursos de fundos de investimento, como também para orientar a construção de políticas públicas adequadas a esta cadeia”, conclui.

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Wallace Setenta || catongo70@gmail.com
 

O “novo preconizado” [repetindo a forma original de plantio] tinha agora como método predominante para sua expansão a “derruba total da mata nativa” para o plantio dos novos cacauais, mas numa perspectiva monocultural, produtivista e hierarquizada voltada unicamente para produção em escala [grandes volumes] visando apenas a exportação de bagas.  

 

Construímos o mundo em que vivemos durante as nossas vidas. Por sua vez, ele também nos constrói ao longo dessa viagem comum. Assim, se vivemos e nos comportamos de um modo que trona insatisfatória a nossa qualidade de vida, a responsabilidade cabe a nós. (Maturana, H. R.). 

A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos os lugares habitados, a da substituição de um meio natural, dado a uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade (Santos, M.). As modalidades dessas relações estabelecidas no sul da Bahia deram origem à CABRUCA, designação como é conhecido o Sistema Agrícola Tradicional Cabruca [SAT Cabruca], principiado e constituído há mais de 250 anos num ambiente natural de Mata Atlântica.
“Não foram os efeitos de braços estranhos, não o ouro de abastadas bolsas, não foi o amparo de governos fortes, mas a constância de modestos homens, a intrepidez do trabalhador patrício, cujo o único capital constituía nos seus braços, quem a fez triunfante”. (Bondar, G.)
Muitas outras denominações da Cabruca são habitualmente empregadas em função das especificidades locais onde se assentam: cabroca; cacau no brocado; brocado; cacau tradicional; cacau do jupará; cacau na mata; mata produtiva; agrossistema tradicional; cacau sob mata raleada, e mais recente como cacau cabruca ou como sistema agroflorestal tipo cabruca.
A evolução dinâmica desse processo de trabalho [cabruca] inovador, em permanente construção, continua sendo reinventado progressivamente frente às constantes mudanças nos contextos sociais e econômicos, técnicos e ambientais possibilitado pelo entrelaçamento harmônico em meio a cabruca [como processo trabalho]; o Bioma Mata Atlântica [meio natural]; e a sociedade local [como indutora e de forte conotação de conteúdo coletivo]. O conceito cabruca [conservação produtiva] concilia e viabiliza portanto as relações de produção, da “roça ao chocolate”, tendo como protagonista principal o produtor de cacau [como agente social] – sobre os ombros do qual a crise se avoluma.
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Ex-superintendente da Ceplac aposta na criação de um fundo para assegurar captação de crédito para a lavoura cacaueira
Ex-superintendente da Ceplac aposta na criação de um fundo com o objetivo de assegurar captação de crédito para a lavoura cacaueira

Apesar de já ter descartado a possibilidade de voltar ao comando da superintendência da Ceplac, num praticamente inevitável governo Michel Temer, o peemedebista Juvenal Maynart anda entusiasmado com uma proposta para tirar a cacauicultura do perrengue financeiro.

Segundo Maynart, quando Geddel Vieira Lima era deputado federal, defendeu a criação de um fundo, que garantiria a captação de recursos destinados à lavoura. Para o ex-superintendente, a região se beneficia hoje de uma combinação de fatores capazes de viabilizar a ideia.

A principal dessas condições favoráveis é o reconhecimento da cabruca como sistema agroflorestal de cultivo pela Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), o que pode permitir que os “serviços ambientais” prestados pela cacauicultura sejam convertidos em crédito. O outro fator seria o apoio da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), que tem se alinhado à Ceplac por meio de seus núcleos de sustentabilidade e inovação.

Empolgado por natureza, Maynart afirma que dentro de dois anos o cacau será a melhor commodity agrícola do mundo. E ele é enfático também ao defender a manutenção da cabruca, tanto pelo reconhecimento como ativo ambiental, como pela importância efetiva para a preservação da Mata Atlântica e, consequentemente, dos mananciais da região.

Nesses tempos de crise de abastecimento, o peemedebista adverte: “se a gente não tiver esse cuidado dentro do espaço produtivo rural,  nós não conseguiremos recompor a oferta de água nas áreas urbanas”.

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Da coluna Tempo Presente (A Tarde)

O secretário Eugênio Splenger (Meio Ambiente) só espera a Procuradoria do Estado dar o parecer final no decreto 14.024, que regulamenta a lei ambiental da Bahia.

A decisão, ansiosamente aguardada na região cacaueira, foi determinar que a cabruca é um sistema produtivo agroflorestal, e não mata atlântica, bioma que tem legislação própria, com restrições mais severas. Eugênio diz que no início de 2014 estará tudo pronto:

– É uma aspiração do pessoal do cacau e nós vamos fazer com certeza.

TROCA INFELIZ – Aliás, o grande formulador da política que dá uma luz à região do cacau para a construção de um novo tempo, o superintendente da Ceplac na Bahia, Juvenal Maynart, está com os minutos contados à frente da instituição.

Tal e qual Fábio Mota na secretaria-geral do Ministério do Turismo (que já pediu demissão), ele foi indicado por Geddel e deve seguir o mesmo caminho (o que é uma pena).

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A cabruca desperta o interesse do mundo
A importância de cultivos sustentáveis, como a cabruca, será abordada no congresso

Em um momento no qual o Sul da Bahia vive a expectativa de uma virada na cacauicultura, com a valorização e o reconhecimento do sistema agroflorestal da cabruca, a realização do Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais em Ilhéus é vista como algo bastante significativo.

A nona edição do evento está programada para o período de 14 a 18 deste mês, no Centro de Convenções ilheense, tendo como tema central “Políticas públicas, educação e formação em sistemas agroflorestais na construção de paisagens sustentáveis”.

A escolha da Bahia como sede do congresso, considerado um dos mais importantes da América do Sul sobre o tema, não ocorreu por acaso. Segundo enfatizam os organizadores do evento, o Estado tem importância histórica no desenvolvimento de sistemas agroflorestais e representa parcela significativa da cultura e riqueza social do país.

Os assuntos que serão discutidos despertam o interesse de quem pensa em investir em cultivos sustentáveis. Entre outros, haverá abordagem sobre legislação, crédito e viabilidade socioeconômica ambiental e experiências inovadoras com educação.

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Cacau cabruca e outros sistemas agroflorestais têm destaque no debate
Cacau cabruca e outros sistemas agroflorestais têm destaque no debate

A operacionalização do Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) na Bahia será objeto de debate que acontece de amanhã (27), a partir das 9 horas, até o dia 29, no auditório do Centro de Pesquisas do Cacau, na sede regional da Ceplac.

O ABC-Bahia é parte de um plano setorial, de âmbito federal, que tem o propósito de adaptar a atividade agrícola às mudanças climáticas, com o uso de tecnologias de produção sustentáveis. Representantes de várias entidades estão envolvidos no debate.

No sul da Bahia, a discussão em torno do plano observa peculiaridades como o cacau cabruca e outros sistemas agroflorestais, além de enfocar demandas como a recuperação de pastagens degradadas, integração entre lavoura e pecuária e a preservação de florestas.

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eduardo thadeuEduardo Thadeu | ethadeu@gmail.com

Após significativos avanços obtidos pela Ceplac/BA, em parceria com a sociedade civil organizada, pesquisadores, academia e produtores, deparamo-nos com um impasse institucional que tem atrasado as iniciativas.

“Uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz suas necessidades sem diminuir as perspectivas futuras”. É assim que o ambientalista Lester Brown define o conceito de sustentabilidade, tão mal utilizado nos últimos tempos.
O Brasil não apenas está preso à ilusão do crescimento econômico, como vem optando por um crescimento predatório, que comprometerá a vida das gerações futuras. A ganância, a cobiça e a avidez dos interesses econômicos estão comprometendo aquilo que é o nosso diferencial para a qualidade da vida planetária: a biodiversidade.
O Brasil vem sistematicamente arrasando os seus biomas – amazônia, cerrado, caatinga, pantanal, mata atlântica, pampa – em nome do crescimento econômico. O país está perdendo o bonde da história e não percebe, ou não quer perceber, que é um dos poucos países que poderia oferecer uma alternativa à crise civilizacional, estabelecida sobretudo na crise climática.
Após significativos avanços obtidos pela Ceplac/BA, em parceria com a sociedade civil organizada, pesquisadores, academia e produtores, deparamo-nos com um impasse institucional que tem atrasado as iniciativas que apontam para alternativas à crise econômica que assola a Região há mais de um quarto de século.
Já nos ensinava o poeta espanhol Antonio Machado que: “o caminho se faz caminhando”. O que temos percebido é que, desde meados do ano passado, nosso caminho rumo ao desenvolvimento sustentável da tradicional região produtora de cacau da Bahia não tem recebido passos em seu leito.
Em que pese a forte presença da Região na Conferência Rio+20, no Salon du Chocolat, e a consequente reverberação na mídia nacional, propostas que visam efetiva e eficazmente transformar a região, oferecerem um norte para seu desenvolvimento, tem sido postergadas desde então.
A falta de alinhamento das políticas públicas, quer sejam federais ou estaduais, somada ao distanciamento da burocracia federal da realidade e demandas dos cacauicultores, vem fazendo com que também o Sul da Bahia comece a se distanciar do bonde da história.
Eduardo Thadeu é economista, mestre em planejamento e desenvolvimento regional, especialista em planejamento ambiental e conselheiro fundador do Conama.

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Juvenal Maynart sugere a estação Joaquim Bahiana para o campus da Ufesba
Juvenal Maynart Cunha
 

O modelo cabruca, o modo tradicional baiano de cultivo do cacau, foi a única forma de produção citada como uma das 10 premissas para a garantia da sustentabilidade na produção de alimentos.

 
Há mais de 250 anos, desde quando foi introduzido na Bahia, o cacau é responsável pela conservação de recursos naturais em sua área de influência. Os primeiros produtores acreditavam que a sombra da cobertura das árvores era necessária para o aumento da produção. Assim, da mata nativa, apenas foi retirada a parte necessária ao plantio da cultura, ou seja, o sub-bosque.
Ao contrário do que diz a pesquisa da CNN citada na nota do Bahia Notícias, a cultura do cacau, no recorte Bahia, é que garantiu a conservação de grande parte do que resta da Mata Atlântica em nosso estado. Tanto é que, ao sobrevoar a região, o turista desavisado pensa estar planando sobre uma mata nativa. Bem, embora em muitas áreas esta já não seja mais intocada, é, sim, um exemplo de convivência entre a produção em larga escala e o meio ambiente. Embaixo da mata há uma cultura intensa, embora de baixo ou baixíssimo impacto ambiental.
Basta imaginarmos que no sul da Bahia, em apenas um hectare com plantação de cacau, no sistema Cabruca, podem ser (já foram) identificadas mais de 270 espécies de mamíferos (90 endêmicas); 372 de anfíbios (260 endêmicas); 197 de répteis (60 endêmicas); 849 de aves (188 endêmicas); 2.120 de borboletas (948 endêmicas). Foram encontradas, ainda, 458 espécies lenhosas, um recorde mundial.
O sistema cabruca é tão expressivo que a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento (MAPA), o adotou como modelo de produção, sistematizado no Projeto Barro Preto de Conservação Produtiva. O modelo Conservação Produtiva é o resultado de um conjunto de ações de baixo impacto ambiental, que prevê, inclusive, o georreferenciamento de todas as espécies arbóreas que compõem a plantação, além de ações que garantam os três aspectos basilares da sustentabilidade no meio rural: o ambiental, o social e o econômico.
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Eduardo Thadeu| ethadeu@gmail.com
 

O que se ouviu ao longo de toda a manhã foram loas ao agronegócio representado pela CNA, modelo que por definitivo não se adequa às tradições cacaueiras baianas e obviamente em direto antagonismo com as próprias políticas públicas emanadas tanto do Governo Federal quanto do Estadual.

 
Estou escrevendo este artigo ainda sob o impacto do que vi, ouvi, observei e avaliei do evento ocorrido hoje – escrevo na quinta feira, 24.01 – no auditório da CEPLAC/BA .
Desde que aqui cheguei em agosto de 2010, duas coisas me impressionaram profundamente, ambas surpreendentes para um profissional que, como eu, dedica-se à causa do Desenvolvimento Regional Integrado Sustentável há mais de 30 anos.
A primeira delas, extremamente impactante, ocorreu quando alguns amigos, abnegados defensores do Sistema Cabruca, levaram-me a uma propriedade onde este sistema é predominante na produção de cacau. Minha primeira reação foi perguntar o porquê do mundo não conhecer tal prática sustentável e responsável pela preservação de enorme mancha de Mata Atlântica na tradicional região cacaueira baiana. A partir desta constatação e, após a posse de Juvenal Maynart na Superintendência da Ceplac, tratamos de ecoar pelos gabinetes responsáveis pela coordenação da então vindoura Conferência das Nações Unidas sobre a Sustentabilidade, ocorrida no Rio de Janeiro em junho passado, também conhecida como RIO + 20.
Os esforços foram recompensados: estivemos durante dez dias na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, com o acampamento “Povos da Cabruca”, onde milhares de visitantes tiveram a oportunidade de conhecer as delícias e demandas do cacau e do chocolate. Estivemos, também, no Píer da Praça Mauá durante os dez dias, em stand no espaço dedicado à Ciência e Tecnologia, alternativas em uma parceria do Instituto Cabruca e da Ceplac/BA, “and last but not least”, apresentamos um painel sobre o Sistema Cabruca no dia 19 de junho p.p. em parceria com a Sociedade Brasileira de Sistemas Agroflorestais, onde também em duas sessões foi apresentado o documentário “ THE CABRUCA COCOA – THE COCOA FROM BRAZILIAN ATLANTIC RAINFOREST”, resultando que o Sistema Cabruca e a cultura do Cacau foram os únicos citados no documento formal do MAPA que listou as premissas para uma agricultura sustentável no século 21.
A segunda delas, talvez não tão impactante quanto a primeira, foi a constatação de que, apesar da Bahia produzir 70% do cacau brasileiro, ter esta cultura e tradição de preservação, abrigar o centro de pesquisas da Ceplac, seu Centro de Extensão e a maioria de sua força de trabalho, a Ceplac não tinha em sua direção um baiano envolvido com a cadeia produtiva do cacau e do chocolate. A Ceplac vinha a anos sendo dirigida por um pesquisador paraense que, como era de se esperar, tratava de beneficiar a cultura do cacau na Amazônia em detrimento da tradicional região produtora baiana.
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Em contato com este blog, a assessoria do Instituto Cabruca não confirma que seu presidente, o engenheiro agrônomo Durval Libânio, esteja cotado para assumir a direção geral da Ceplac. Mas faz questão de enfatizar que, caso ele faça parte das cogitações do Ministério da Agricultura, não é por ter padrinho forte, mas em função do currículo respeitável.

Enfatiza a assessoria que, além de presidente do Cabruca, Libânio é mestre em produção vegetal pela Uesc e também preside a Câmara Setorial do Cacau, ligada ao Ministério. Professor de Cacauicultura do Instituto Federal Baiano, em Uruçuca, ele tem se destacado por fortalecer a imagem da cabruca como um sistema agroflorestal que ajuda a preservar o meio ambiente.

O blog mantém a informação de que o nome de Libânio se encontra na mesa do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro. E, ainda que possa não ser o ponto mais forte do candidato a diretor, o “Q.I.” existe.

Leia abaixo a nota do Instituto Cabruca:

Nota do Instituto Cabruca:

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A cabruca desperta o interesse do mundo

Depois de ter sido divulgada para o mundo na Rio+20, como um sistema agroflorestal que ajuda a preservar a Mata Atlântica, a cabruca passou a se abrir para um novo nicho: o turismo ecológico. Nos últimos meses, o superintendente da Ceplac para a Bahia e o Espírito Santo, Juvenal Maynart, passou a receber contatos de agências de turismo, que informam sobre o interesse de gente de vários países pela cultura que conserva a floresta.

A agricultura familiar também se movimenta para faturar nesse campo, visando especialmente a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo no ano seguinte e as Olimpíadas de 2016. A intenção, que já conta com o incentivo da Secretaria da Agricultura, via EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola), e da Secretaria do Turismo do Estado, é levar os produtos das cooperativas para as mesas dos hotéis e pousadas.

O projeto foi apresentado recentemente pelo chefe do escritório da EBDA em Ilhéus, Luciano Anunciação.