Pé de cacau no sistema cabruca || Foto Ana Lee
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Nossos dirigentes parecem esquecer que, em nossa tradição local, o cacau floresce na sombra da mata, e que a preservação de outras espécies é fundamental! Adotemos essa sábia lição da natureza na execução das políticas públicas municipais.

 

Paulo Mesquita Magalhães || paulomagalhaes80@gmail.com

Toda monocultura é nociva! Desequilibra a diversidade da natureza, diminui a fauna e a flora, empobrece o solo e a alimentação humana. A cultura do cacau parece ter sido uma honrosa exceção: a cabruca, sistema de plantação em que o cacaueiro cresce à sombra de árvores nativas, preservou parte da riqueza da nossa Mata Atlântica.

O mesmo não pode ser dito no campo das relações econômicas e sociais: a riqueza do cacau, em seus tempos de fruto de ouro, se concentrou nas mãos de fazendeiros que dilapidaram fora da região grande parte de sua renda, ostentando luxo e riqueza, grilando terra e assassinando pequenos proprietários, enquanto trabalhadores rurais viviam em condições análogas à escravidão.

Pois bem, em um momento em que a cidade celebra parte de sua memória através do remake de uma novela televisiva global, nos deparamos novamente com a monocultura, dessa vez no Carnaval. O intitulado “Carnaval Cultural de Ilhéus” não pode ser acusado de não ser cultural, o que seria um contrassenso, dado que todas as relações humanas estão no campo da cultura. Ele parece, entretanto, ser quase monotemático: com poucas exceções, as contratações públicas se resumem a paredão, arrocha, pagode e axé. A maior parte da programação é feita pelas próprias comunidades e os blocos afro foram chamados de última hora, a uma semana da realização do evento, inviabilizando a produção de novas fantasias e o longo processo de ensaios que envolve suas comunidades.

Nada contra os ritmos acima citados! São legítimos e merecem respeito. Mas, parece haver uma simplificação populista do gosto popular: “é disso que o povo gosta, é isso que o turista quer ver”, como se a população da cidade e os nossos visitantes não fossem muitos, diversos, plurais. O Carnaval de Salvador é a maior festa de rua do mundo porque abraça a diversidade: além de axé, pagode, samba, guitarra baiana, frevo, se pode ouvir reggae, rap, rock, MPB e outros ritmos presentes na rica produção cultural baiana e nacional. E cadê os artistas de Ilhéus, de vários ritmos dançantes, que têm público durante todo o ano e movimentam o cenário local?

A programação do Carnaval monocultural reflete um impasse da política municipal: a total falta de articulação entre cultura e turismo. A Secretaria de Cultura parece ser o primo pobre e se restringe a gerenciar as verbas federais (Aldir Blanc, Paulo Gustavo) e o esquálido fundo de cultura. A esmagadora maioria dos eventos promovidos pela administração é promovida pela Secretaria de Turismo, e os critérios de contratação dos artistas, a curadoria, a concepção, não dialogam com o Conselho Municipal de Cultura, composto pela sociedade civil organizada.

Ou seja, Carnaval Cultural, Viva Ilhéus, Festival da Primavera, Novembro Negro, os principais eventos realizados com verba pública chegam prontos, são despejados como um pacotão fechado, sem qualquer participação da classe artística da cidade. Sabemos que a política é um campo de disputas, mas nessa briga de secretarias, quem perde é a cultura e seus protagonistas, impossibilitados de opinar, ajudar a construir, participar do processo.

Nossos dirigentes parecem esquecer que, em nossa tradição local, o cacau floresce na sombra da mata, e que a preservação de outras espécies é fundamental! Adotemos essa sábia lição da natureza na execução das políticas públicas municipais.

Paulo Mesquita Magalhães é jornalista, cientista social e membro dos conselhos municipais de Cultura de Ilhéus e de Itabuna, e do Conselho Gestor da Salvaguarda da Capoeira na Bahia.

Estrutura montada para folia que não tomou conta da Soares Lopes || Foto Julio Gomes
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Penso que em um município litorâneo, com destaque cultural e onde o turismo tenta ser atividade econômica relevante, a Prefeitura não tem o direito de deixar de fazer Carnaval.

Julio Gomes

2023 ficará marcado, para Ilhéus, como o ano do Carnaval que existiu sem nunca ter existido.

Explico o aparente paradoxo: não houve anúncio prévio de que haveria Carnaval em Ilhéus. Quando me refiro a divulgação prévia, não falo da publicação das atrações poucos dias antes do evento, mas de assegurar, meses antes, para a iniciativa privada, para as agências de turismo, para os órgãos oficiais de promoção ao turismo e para o Governo do Estado que haverá Carnaval e, quanto aos dois últimos, pedir com a devida antecedência o apoio para sua realização.

Porém, mesmo sem prévio aviso, vimos, às vésperas da festa, algumas alusões a algo que os gestores de nosso município chamaram de Carnaval Cultural, ressuscitando um nome que foi utilizado pelo ex-prefeito Jabes Ribeiro em suas gestões, com algum sucesso naquela ocasião, já que se fazia vários palcos temáticos e se contratava artistas regionais para animar a festa. Mas, desta vez, só o nome foi copiado, e tristemente mal copiado.

A chama do Carnaval, sem dúvida, continua viva no coração do povo de Ilhéus, e os diversos blocos que, valentemente, desfilaram deram prova disso. Porém, o Poder Público municipal, mais uma vez, não fez sua parte: não contratou atrações, não divulgou a festa, não manteve nenhum outro atrativo (como feira de turismo, parque de diversões ou outro qualquer) e deu continuidade à precária limpeza urbana que há muitos anos caracteriza nossa cidade até mesmo em suas áreas centrais.

É certo que alguns setores do serviço público municipal, como Sutram, Limpeza Urbana e Guarda Municipal, estiveram presentes nos eventos de rua, porém isso é o apoio para que o Carnaval ocorra, mas isso não realiza a festa, não faz o Carnaval em si.

Enquanto as poucas atividades carnavalescas começavam em Ilhéus em torno das 19h para se encerrar no máximo às 22h30, assistíamos pela TV e demais meios de imprensa o Carnaval – este, sim, com letra maiúscula – acontecendo de verdade em Itacaré e em Porto Seguro. E se estes dois municípios fazem, por que Ilhéus não faz?

Penso que em um município litorâneo, com destaque cultural e onde o turismo tenta ser atividade econômica relevante, a Prefeitura não tem o direito de deixar de fazer Carnaval, e um Carnaval que preste, com boas atrações, estrutura, segurança e bons resultados econômicos e sociais para todos.

Mas o que vimos? Blocos populares desfilando no peito e na raça enquanto o Poder Municipal dava de si o mínimo e sempre de forma desorganizada, algo simbolizado na estrutura montada para absolutamente nada em frente ao Cine Santa Clara, na Avenida Soares Lopes.

Se há redenção, ela é dos pouquíssimos servidores da limpeza urbana que, munidos apenas com vassouras e carros de mão, tentavam heroicamente retirar da Praça Castro Alves (da Irene), nesta Terça-Feira (21), a sujeira, as garrafas e o lixo ali acumulados desde domingo à noite, último dia em que houve festividades, pateticamente suspensa pelos gestores municipais sob a alegação de que fortes chuvas poderiam ocorrer. Mas, quem conhece mais a vida sabe que é apenas uma forma de fugir ao vexame público.

São tristes retratos do retumbante fracasso de nosso Carnaval, que pôde ser visto também ontem (20) à noite, quando milhares de pessoas vieram para a Avenida Soares Lopes e, decepcionadas, encontraram o que o atual governo municipal lhes preparou: nada, absolutamente nada!

O Carnaval 2023 só não foi pior do que aqueles que não foram feitos, como tantas vezes aconteceu devido ao descompromisso com o turismo e a renda de nossos gestores anteriores. Mas, entre os que aconteceram, foi, sem dúvida, o pior da história de Ilhéus.

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.

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Marão Entrevista 29.03.2017
Marão confirma cancelamento do Carnaval || Foto Pimenta

O prefeito Mário Alexandre (Marão) confirmou, há pouco, o cancelamento do carnaval oficial de Ilhéus. A festa estava programada para o período de 10 a 13 de fevereiro, na Avenida Soares Lopes. O anúncio do cancelamento foi feito em Salvador, onde o prefeito participa do lançamento, na Bahia, do Programa Internet para Todos, na sede da UPB.
O prefeito disse que o momento de crise nacional requer total responsabilidade e os “pés no chão” dos gestores municipais. Mário Alexandre disse que iniciou o ano de 2018 com o sequestro R$ 4,5 milhões, por parte da Receita Federal, além da suspensão do repasse de recursos previsto do governo federal para os municípios.
– Diante disso e da necessidade de focar na melhoria da saúde, cuja meta do governo municipal é atingir por volta de 60% de [cobertura na] atenção básica ainda este ano, decidi pelo cancelamento do Carnaval.

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Saulo pode ser uma das atrações do Antecipado de Ilhéus (Foto Pimenta).
Saulo pode ser uma das atrações do Antecipado de Ilhéus (Foto Pimenta).

Assim como Itabuna, Ilhéus fará carnaval antecipado. A folia ilheense será de 17 a 19 de fevereiro, na Avenida Soares Lopes, com atrações como Timbalada, Trio da Huanna, Lordão, Vingadora e Babado Novo. Prefeitura e Governo do Estado negociam, ainda, a contratação de Saulo Fernandes.

O carnaval Ilhéus Folia 2017 contará com quatro trios elétricos, sendo dois da categoria especial, e três mini trios. Além da decoração do espaço, entre a Catedral de São Sebastião e o Cine Santa Clara, haverá infraestrutura com sanitários químicos, espaços para vendas de bebidas e comidas, camarote oficial, atendimento em saúde e o apoio de segurança das polícias civil e militar.

CARNAVAL OFICIAL

A cidade não terá carnaval na data oficial. Os blocos tradicionais vão fazer a festa nos bairros Hernani Sá (Urbis), de 25 a 28 deste mês, no Teotônio Vilela, dias 25 e 27 de fevereiro, e também no Pontal, segundo o secretário de Turismo de Ilhéus, Roberto Lobão.

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Leonelli vai enviar a “banda” O Troco, para tocar em Ilhéus!

Comentário – sarcástico – do leitor Márcio sobre o apoio pífio da Secretaria de Turismo da Bahia ao carnaval de Ilhéus. A secretaria é comandada por Domingos Leonelli (foto), que obteve só 1.299 votos a deputado federal em 2010 no município, apesar do apoio do prefeito Newton Lima e do secretário Alcides Kruschewsky (Governo).

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O secretário estadual de Turismo, Domingos Leonelli, deu um pulinho no carnaval de Ilhéus e não gostou do que (não) viu por lá: o prefeito Newton Lima (PSB).

Na falta do anfitrião, Leonelli foi recepcionado pela secretária de Turismo de Ilhéus, Ana Matilde, na segunda de carnaval.

Nos bastidores, circulava que o prefeito teria ido curtir o carnaval de Salvador. E Newton não nega que é… chicleteiro. Junte as peças e…

Leonelli ao lado de Matilde: cadê Newton?