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MEA CULPA, MEA MAXIMA CULPA

Ousarme Citoaian
Que estas primeiras palavras sejam um sincero pedido de desculpas. Na semana passada, ao citar um verso de canção popular (“Paraíba masculina, mulher macho, sim senhor”), o atribuí ao pernambucano Zé Dantas (1921-1962), quando seu autor é o cearense Humberto Teixeira (1916-1979). Há várias “explicações” para este erro, sendo mais verossímil a de que me vali da memória – e esta, como a maioria dos políticos, não merece confiança. Mas não quero tal expediente, igualmente fácil de usar e difícil de ser acreditado. A troca de nomes dos autores foi erro sem justificativa, do qual me penitencio. Cabeça não é arquivo.

UMA PITADA DE TRISTEZA, OUTRA DE TÉDIO

Quem se isola voluntariamente dos alaridos do mundo é definido com uma palavra pouco bonita: misantropo. É alguém com uma doença chamada misantropia, sem gosto pela vida social, um tanto melancólico, com uma pitada de tristeza, um quase tédio ao gênero humano. Sua divisa poderia ser a frase que Machado de Assis se esqueceu de fazer: “Quanto mais conheço a espécie humana, mais gosto do meu cachorro”. O pior é que os outros (eles são o inferno!) se metem a interpretar esses indivíduos, chegando a resultados deploráveis, pois lhes dão qualidades e defeitos inexistentes.  Eles querem apenas se isolar.  E, convenhamos, não é querer muito.

MEDO DE FICAR FRENTE A FRENTE CONSIGO

“Mãe, não quero ficar sozinha comigo” – disse, para espanto geral, a filhinha de uma velha amiga. Criança diz cada uma! Eu sou o contrário daquela menininha. Não tenho medo de mim, me enfrento, vivo em paz com meus fantasmas: tiro-os do armário e com eles converso (“Ora! – direis!…) numa boa, não sou dado a rapapés sociais, tento ser arroz-de-festa, mas (ai de mim!) falta-me talento para tanto. Às vezes me tranco com meus livros, discos, filmes e pensamentos, desligado o celular. E não sou único. Sei de outras gentes que preferem o silêncio ao barulho, o isolamento ao burburinho, o jazz ao arrocha, a conversa ao comício, a solidão à má companhia.

SEM RAZÕES PARA VIVER “EM SOCIEDADE”

O poeta português Herberto Helder (no retrato) é misantropo da pesada: não recebe ninguém, recusa honrarias (não foi receber o cobiçado Prêmio Pessoa), tem endereço pouco conhecido e quanto a dar entrevista, nem pensar. A família diz que ele “não morde”, conversa bem e é dotado de bom humor, mas que não vê motivo para viver “em sociedade”. De um escritor só  importa sua obra, ele diz . No Brasil, se salientam como portadores desse distanciamento da humanidade os prosadores Dalton Trevisan, Rubem Fonseca e outros (parece-me que, entre eles, Raduan Nassar, aquele de A lavoura arcaica). Porém o caso mais notável é o de famoso cantor baiano.

O GATO QUE NÃO AGUENTOU JOÃO GILBERTO

João é dado ao isolamento. Tranca-se no quarto do hotel e ali passa dias distante do mundo, sem contato, sequer, com o garçom que lhe leva as refeições (dizem que a comida é colocada à porta e, mais tarde, o cantor a pega, sorrateiramente). Sua única companhia é o violão, que, todos sabem, não faz perguntas. Reza o folclore que João teve um gato, mas o bichinho se suicidou, coitado – depois de ouvir o músico repetir o mesmo acorde durante dois dias seguidos, até altas horas da madrugada. No terceiro dia, quando João sacou a viola, o gatinho tomou a decisão radicalíssima. A quem interessar possa: não toco violão nem tenho gato.

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BOM, MAU, MAL, BEM, MARAFONA, MARATONA

Há pessoas que confundem marafona com maratona. Ou habeas corpus com corpus Christi e mal com mau. Para fugir à ultima armadilha, é simples: lembrar que mal é o contrário de bem, e  mau é o contrário de bom. Bem educado, mal educado; bom caráter, mau caráter. Bem educado é quem tem bons modos, diz “por favor”, “com licença”, “obrigado”, “desculpe”; mal educado é aquele grosso, que anda por aí sem camisa, exibindo a pança e, não raro, o pigostílio (dicionário, pra que te quero?) e ainda diz que ser educado é ser fresco. Para o tipo, grossura é prova de macheza.

POLUÍDO, O RIO BOM VAI MAL DAS PERNAS

 É fácil seguir essas regrinhas, mas às vezes a gente fica mareado. Foi o caso do redator de um jornal diário de Itabuna: indignado com a situação do Cachoeira, ele proclamou que o velho rio, dentre outros males, está “mal cheiroso”. Acertou no atacado, errou no varejo: poluído e esquecido pelos governos, o rio cheira mal (não cheira bem), tem mau cheiro (cheiro ruim) e, vítima de maus tratos, está malcheiroso. Ligado assim. O bom rio vai bem mal das pernas, se me permitem trocadilho e prosopopeia. Diga-se, entretanto, que o erro não reduz o mérito da denúncia.

UMA FAMOSA FRASE JAMAIS PRONUNCIADA

 

Mesmo que sua experiência em cinema se resuma a Tropa de Elite 2 (que, ouvi dizer, é superior a Tropa de Elite 1 e inferior a Tropa de Elite 10, que sairá em 2013), já ouviu falar em Casablanca. E conhece a frase mais repetida do filme, quando Ingrid Bergman (Ilsa) vira-se para Doley Wilson (Sam) e diz: “Toque outra vez, Sam” (em língua de bárbaros, Play it again, Sam). Mentira. A frase famosa jamais foi pronunciada. E, para estragar de vez essa anedota, Wilson (na foto, com Bergman) não poderia tocar mesmo, pois não era pianista (o som que se ouve foi posto sobre a voz, no estúdio). Mesmo assim, a fala se tornou das mais conhecidas do cinema. É sem nunca ter sido.

O PERIGO DE NUNCA TER VISTO CASABLANCA

Era Montmartre, 2009. Após jantar no Le Ceni com uma senhora brasileira mais generosa do que inteligente, nos despedimos, às primeiras horas da madrugada (ela seguia para a Espanha; eu, findos os euros, retornava ao Brasil). Vali-me de uma frase de Casablanca: em macarrônico francês que o vinho só fez piorar, lhe recitei “Nós sempre teremos Paris” (algo como Nous aurons toujours Paris). Ruborizada e feliz, ela não poupou elogios ao meu estro romântico, certamente por desconhecer o filme. Àquela altura, explicar seria bem mais difícil do que manter a humanitária petite fraude. Fiz um Bogart deplorável; mas ela também não era nenhuma Ingrid Bergman.

MAGIA E ROMANTISMO, MAS SEM PIEGUICE

Resta dizer que Casablanca aparece em 3º lugar na lista de 2010 do Instituto Americano do Filme – perde para O poderoso chefão e o imbatível Cidadão Kane, que encabeça todas as listas dos críticos, em todos os tempos. O filme é de Michael Curtiz, um diretor distante da propalada genialidade de Orson Welles (Cidadão Kane). A ideia de Casablanca era a de um melodrama como outro qualquer, sem maiores ambições, feito em cima da perna, com um roteiro que era emendado enquanto a claquete batia. Quase 70 anos depois, quando Humphey Bogart diz a Ingrid Bergman “Nós sempre teremos Paris” o espectador chega à beira das lágrimas. Mágico, romântico, não piegas.

MUITOS DISSERAM “NÃO” A ESTE CLÁSSICO

O número de estudos sobre Casablanca é espantoso, revelando muitas curiosidades: William Wyler, com o prestígio nas alturas, recusou a direção; Hedy Lamarr (foto) não quis fazer Ilsa Lund; George Raft não aceitou o papel de Rick Blaine; e Paul Henreid relutou em ser Victor Laszlo, líder da resistência, por ser o papel “menor”. Em meio a esses acasos Bogart e Bergman se transformaram no mais apaixonante casal do cinema. O filme tem humor, romantismo e política na dose certa, com o cinismo de Rick encobrindo sua ideologia anti-nazista. E naquela Casablanca sob a bota dos alemães o Rick´s Bar é o centro de tudo. Clique e veja o trailer (a Warner nos proibiu de divulgar a cena que escolhemos).
(O.C.)
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OUSARME FOI “DESMASCARADO”

Ousarme Citoaian

Demorou. Dentre as pessoas que gentilmente (às vezes, nem tanto, ai de mim!) comentam esta coluna, notou-se certa perplexidade com o alterônimo (?) Ousarme Citoaian. Alguém “ouviu o galo cantar”, mas não chegou ao que, como se dizia em tempos pretéritos, âmago da questão. Até que Fernando, na semana passada, nos chamou de Às armas, cidadãos! É isso aí: cometemos uma tentativa de figurar a pronúncia de Aux armes, citoyens! (do refrão de La marseillaise) – e não pensem que se trata de inocente nostalgia: Aux armes, citoyens! é grito perene do descontentamento social. La marseillaise e a França (aquela da Revolução Francesa de 1789-1799) são, embora não de forma oficial, componentes da cultura de todas as gerações.

UM CANTAR REVOLUCIONÁRIO

La marsellaise foi composta pelo oficial Rouget de Lisle, em 1791, em Estrasburgo, como um canto para encorajar os soldados no combate de fronteira da região. O nome atual foi proposto pelo prefeito daquela cidade. Durante a Revolução, a música se tornou muito popular, e foi a trilha patriótica que embalou Paris, quando o exército de Marselha entrou na cidade. Devido a seu caráter revolucionário, La marseillaise foi proibida por Napoleão (foto) e, depois dele, por Luís XVIII. Mas em 1830 os revolucionários devolveram à canção o status de hino nacional da França. Lá pelos fins do século XVIII, com o prestígio da cultura francesa, hoje afogada pela (in) cultura americana, ganhou o vasto mundo, incluindo o Brasil.

CANTEMOS, MESMO DESAFINADOS

A letra de La marseillaise é, no mínimo, quatro vezes maior do que a do Hino Nacional Brasileiro, considerado laudatório. Em geral, só se canta seu primeiro grupo de versos e o refrão – de onde tirei a marca Ousarme Citoaian. Aproveitando o embalo, (re) veja esta cena de Casablanca, o filme, quando, no bar de Rick (Humphrey Bogart), o líder da resistência, Victor Lazsio/Paul Henreid (na foto, à esquerda de La Bergman e Bogart), faz calar a voz dos nazistas. Vive La France!

Clique e confira a cena memorável

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TEVÊ QUE DISTRIBUI PEDRADAS

Mal saio da cama, levo da tevê a primeira cacetada: “Supostos índios Tupinambá invadem fazenda em Buerarema”, diz a apresentadora. Está em moda essa grosseria com a linguagem. Em vez de a boa e clara construção “índios tupinambás…”, opta-se pela agressiva (à gramática e aos ouvidos) “índios Tupinambá”. Onde teria nascido essa excrescência?, perguntaria um atencioso falante da nossa língua. E não há, para o caso, resposta plausível, a não ser que, com risco iminente de virar Judas do próximo sábado de aleluia, apontemos, como berço dessa heresia, o pedantismo acadêmico, embalado pela tendência da nossa mídia em repetir as bobagens que lhe chegam. Juntar ignorância e arrogância (rima mas não soluciona) tem sido péssimo para a Pátria.

“MINHA PÁTRIA É MINHA LÍNGUA”

E suponho que, ao dizer “Pátria”, digo-o bem, porque “a minha pátria é a língua portuguesa”, conforme um Fernando Pessoa em que ninguém mais parece acreditar. O professor Nilson Lage (foto), da cadeira de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, reconhece que escrever corretamente (seguindo os ditames de Antenor Nascentes, João Ribeiro e assemelhados) é condenar-se à pecha de obsoleto, a ninguém agrada. “Sei que a língua nacional é a expressão da pátria e o canal pelo qual a cultura escoa e se transmite no tempo. Mas quem se preocupa com a pátria, a essa altura da expansão do Império?”, pergunta o mestre. A mim me falece competência para responder a questão de tão grande profundidade.

OS PATAXÓS VIRARAM “OS PATAXÓ”

“Estamos sós”, diz o professor, ao referir-se àqueles poucos que não aceitam o abastardamento da linguagem. O pernosticismo, que transformou os pataxós, os goitacases, os tupis, os guaranis, etc. (de tanta importância histórico-social) em os Pataxó, os Goytacá, os Tupy, os Guarany (dessa canhestra forma, com maiúscula e no singular) traumatiza o estilo formal e tangencia o hilário. É provável que na origem (uma academia ainda doente do ranço elitista do século XIX), a curiosa fórmula encontre defensores, armados de argumentos arrevesados; mas o porquê de as redações reproduzirem esse monstrengo, dificilmente elas saberão dizer.

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O ANTIEXEMPLO DA ECONOMIA

A carta dos cacauicultores ao presidente Lula é antiexemplo de economia de palavras, já começando com uma agressão: “Em um bom momento, maio de 2008, na cidade de Ilhéus…”. Palavras ao vento. Bastava dizer “Em maio de 2008, em Ilhéus…” – e economizaríamos 40% de texto. “A criação do PAC do Cacau deu um novo alento…” dispensaria esse um; “… três milhões de habitantes que aqui vivem…” (os habitantes daqui vivem aqui mesmo, pois não?); “… ao tentar distorções históricas” (não seria tentar corrigir distorções históricas?); “… há mais de vinte anos passados” (redundância); “há 53 anos atrás” (idem). Dispensando-se a piada previsível de que o presidente é iletrado, lembremo-nos de que a carta vai às mãos dos letrados do governo. Com tanta gente que sabe escrever nesta terra, lamenta-se que a falta de humildade tenha gerado tal texto.

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DA ARTE DE ESCREVER BEM

Parece que criamos uma seçãozinha, para recomendar boa leitura de textos de jornalistas. Antes, Hélio Pólvora; na semana passada, Ruy Castro; hoje, Denise Paraná (foto), que nos brinda com A história de Lula, o filho do Brasil. É para quem quer apreciar uma história bem contada, em linguagem simples e correta – como deve ser o texto jornalístico. O livro é resultado de pesquisas da autora no sertão pernambucano e em São Paulo, para a tese (USP/1995) “Da cultura da pobreza à cultura da transformação – a história de Luiz Inácio Lula da Silva e sua família”.

SECTARISMO FORA DE MODA

A história chama a atenção pela distância que procura (e consegue) manter daqueles exageros comuns às teses acadêmicas. E também não é a sacralização do presidente Lula, mas a história verdadeira de uma mulher nordestina, pobre e com muita fibra, coragem e fé – a dona Lindu (vivida por Glória Pires, na foto). Ela enfrentou seca e fome, criou uma renca de filhos e aguentou um marido irresponsável e cruel. Mais tarde, em São Paulo, para onde levou os filhos num pau-de-arara, seu primogênito, o sindicalista Frei Chico, seria submetido a outro pau-de-arara, o da ditadura. Um livro para ser lido pela direita raivosa e a esquerda esfuziante, sem sectarismos. Que, de resto, estão fora de moda.

DENISE PARANÁ DE SÃO PAULO

Jornalista, roteirista e doutora em Ciências Humanas pela USP, com pós-graduação na Universidade de Cambridge, Inglaterra, Denise Paraná é de São Paulo (ops!). O New York Times saudou o trabalho da pesquisadora com grande entusiasmo. “Muito do que se conhece do início da vida de Lula vem do trabalho de história oral feito nos anos 90 por Denise Paraná”, disse o jornal. Denise foi corroteirista do longa-metragem Lula, o filho do Brasil. O filme, não vi (em geral, as obras excessivamente badaladas não me acordam o interesse); o livro, adorei.

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A MELHOR DE TODOS OS TEMPOS

Que me desculpem Ella Fitzgerald (1917-1996) e alguns especialistas, mas eu acho Sarah Vaughan (1924-1990) a melhor vocalista de jazz de todos os tempos. Por coincidência (juro que só soube quando redigia esta nota!) ela morreu há 20 anos, em 3 de abril de 1990, o que nos dá um ótimo”gancho” para este registro. Em 1972, no Japão, ela gravou um dos discos mais importantes de sua carreira, o duplo Live in Japan, pela Tapecar, que o lançaria no Brasil somente três anos depois. Diga-se que Sarah e Ella gravaram discos de música brasileira: Ella (foto) fez um LP duplo com temas de Tom Jobim e Sarah gravou outro, de vários compositores – incluindo Caymmi, com Das rosas.

OMISSÃO INDESCULPÁVEL

Aos 48 anos, ao gravar Live in Japan, Sarah (foto) está em plena forma, com toda aquela garra que identifica as vocalistas negras, acompanhada comme il fault (piano, baixo e bateria). O repertório é de clássicos do jazz, os chamados standards (algo próprio para apreciadores menos sofisticados desse gênero). Lá estão Round midnight, My funny Valentine, Misty, All of me e Wave. Há também uma incursão pelo mais popular, com Over the rainbow e até a concessão ao já muito explorado Love story. Era um álbum duplo, mas a Tapecar dividiu o conjunto em dois LPs comuns, além de omitir informações sobre os instrumentistas que acompanham a divina (uma omissão “criminosa” no mundo do jazz).

WAVE NUNCA MAIS FOI A MESMA

Wave, de Tom Jobim (foto), no primeiro volume, é alguma coisa que não tem preço. Logo de entrada, a extraordinária cantora mostra a que veio: emissão de graves fantástica, com noção de ritmo e respiração, claro, suficientes para comover até uma estátua (ela leva 10 segundos para dizer o “to be” do segundo verso e emenda com o terceiro, “sem respirar”). Depois dessa gravação, que me fascina há muitos anos, Wave nunca mais foi a mesma. O Ministério da Saúde recomenda aos amadores que não se metam a imitar Sarah Vaughan, pois terão que chamar o Samu e pedir oxigênio urgente. Todo mundo sabe que ela tem, no mínimo, quatro pulmões.



(O.C.)

Pouco sei de futebol (prefiro basquete e o xadrez), mas a discussão, sob o prisma da língua portuguesa, me fascina. Entendo que o Brasil é, de maneira indiscutível, bicampeão mundial, pois venceu as Copas de 1958 e 1962. Ao voltar a ganhar em 1970 (com a melhor seleção etc. etc.), tornou-se campeão pela terceira vez – e isto é diferente de ser tricampeão. Acontece que a mídia, por ignorância ou interesse, às vezes assume aquele comportamento atribuído a Goebells (ministro das Comunicações de Hitler): bate na mentira até que ela se transforme em verdade. O rito é mais ou menos este: lança-se a invenção, as ruas a adotam e ela adentra os compêndios, já travestida de verdade. A língua é viva, certo. Mas não precisa ser burra.