"Chico" faleceu nesta segunda (7), em Itabuna
Tempo de leitura: < 1 minuto

O prefeito de Itabuna, Augusto Castro, emitiu moção de pesar em que se diz consternado com o falecimento de Antônio Francisco Araújo, “Chico”, na tarde desta segunda (7), em Itabuna, e se junta aos familiares do atleta “nos pedidos para que Deus o receba em sua Glória e a todos conforte”.

O atleta e comerciário está entre os principais nomes do handebol baiano. O seu corpo será velado no SAF, a partir das 7h desta terça (8), e o enterro está marcado para as 15h30min, no Cemitério Campo Santo. Confira mais informações aqui. Abaixo, confira a moção de pesar.

MOÇÃO DE PESAR

O prefeito de Itabuna, Augusto Castro, consternado com o falecimento de Antônio Francisco Araújo, “Chico”, uma das maiores referências grapiúnas no handebol, se junta aos familiares do atleta nos pedidos para que Deus o receba em sua Glória e a todos conforte.

Chico faleceu, aos 59 anos, no final da tarde desta segunda-feira, dia 7, no Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães, em Itabuna, onde estava internado há algumas semanas na luta contra o câncer.

O atleta ganhador de inúmeros títulos e medalhas tem nome marcado no esporte baiano como um dos maiores pontas do handebol estadual.

O corpo do comerciário e atleta será velado, a partir das 7 horas de amanhã, no SAF, e o sepultamento está previsto para às 15h30min, no Cemitério Campo Santo, em Itabuna.

Itabuna, 7 de junho de 2021
Augusto Castro
Prefeito

"Chico" e a sua coleção de medalhas e troféus em 40 anos de handebol || Foto Pimenta
Tempo de leitura: 2 minutos

Na tarde desta segunda-feira (7), o handebol baiano perdeu uma de suas maiores referências. Antônio Francisco Araújo, “Chico”, faleceu no Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães, em Itabuna, no final da tarde, onde estava internado há algumas semanas e travava luta contra o câncer.

Chico faleceu aos 59 anos e tem nome marcado no esporte baiano como um dos maiores pontas do handebol estadual. O corpo do atleta e comerciário que, pela agilidade e rapidez nas quadras, também era chamado de “Filho do Vento”, será velado no SAF, a partir das 7h desta terça (8), e o sepultamento está previsto para as 15h30min, no Cemitério Campo Santo, em Itabuna.

Chico com a tocha olímpica conduzida em 2016 || Foto Arquivo

4 DÉCADAS DE HANDEBOL

O itabunense tomou gosto pelo handebol, aos 19 anos, por influência de Geraldo “Caçolinha”, então técnico do Colégio Estadual de Itabuna, 44 anos atrás, como contou ao PIMENTA em 2016, quando foi um dos escolhidos para o revezamento da tocha olímpica no município.

Nos quase 40 anos de handebol, Chico representou seleções baianas e mineiras, colecionando medalhas e troféus por onde passou. A este site, Chico lembrou que chorou ao saber que conduziria a tocha olímpica da Rio 2016 (reveja aqui).

REFERÊNCIAS

Depois de estrear no handebol pelo Colégio Estadual, Chico começou a defender Itabuna em competições estaduais e fora da Bahia já em 1988, tendo como referências e técnicos Samuel Guimarães e Júvia Dantas. “Júvia foi a minha grande técnica e, até hoje, a pessoa que mais estimula o handebol em Itabuna”, disse ele à época em matéria especial do PIMENTA.

"Chico" exibe parte das suas conquistas em 35 anos de handebol || Foto Pimenta 
Tempo de leitura: 2 minutos

O handebol pintou na vida de Antônio Francisco Araújo quando ele estava com 19 anos de idade. Havia decidido assistir a um jogo da modalidade no ginásio do Grapiúna Tênis Clube. Gostou e não parou mais. Já são 35 anos de história nas quadras da Bahia e de Minas Gerais, onde viveu por 10 anos. Colecionou centenas de medalhas e troféus.

Antônio Francisco Araújo é mais conhecido como Chico. O atleta é considerado uma das lendas do handebol baiano e um dos melhores pontas da história do esporte na Bahia. Títulos estaduais e nacionais estão na bagagem do atleta veterano.

A passagem da tocha olímpica pelo estado será emblemática para ele, que decidiu encerrar a carreira. No próximo sábado (21), Chico será um dos mais de 20 condutores da chama em solo itabunense. A história vitoriosa nas quadras foi selecionada por um dos patrocinados dos Jogos Rio 2016, a Nissan.

– Chorei quando recebi a confirmação de que conduziria a tocha. É uma realização para mim. Será um presente de despedida, aposentadoria. Representar o meu esporte e a minha cidade será uma grande honra. Estou muito feliz – emociona-se, lembrando ter decidido parar em 2015 e retornar atendendo a apelo de amigos.

MESTRES NO ESPORTE

Chico começou a jogar handebol pelo Colégio Estadual de Itabuna, com o professor Geraldo Caçolinha, outra lenda do esporte grapiúna, e aí se apaixonou pelo esporte. O atleta não só aprendeu os fundamentos como também as lições do esporte.

Transformou-se numa das referências em quadra e passou a integrar a seleção itabunense de handebol já em 1988, período em que conheceu professores como Samuel Guimarães e Júvia Dantas. “Júvia foi a minha grande técnica e, até hoje, a pessoa que mais estimula o handebol em Itabuna”.

PERCURSO DA TOCHA

A tocha passará por 27 municípios baianos, sete dos quais escolhidos como “cidades-celebração”, onde a tocha pernoitará. A chama olímpica percorre a Bahia a partir de hoje (19), iniciando por Teixeira de Freitas. O revezamento no estado será encerrado no dia 27, em Paulo Afonso. Em todo o país, serão mais de 300 cidades envolvidas e cerca de 12 mil condutores.

 

Tempo de leitura: < 1 minuto

Do G1

Os cantores Roberto Carlos, Gilberto Gil e Erasmo Carlos assumem uma postura diferente da que vinha sendo defendida anteriormente em relação à publicação de biografias, em um vídeo divulgado na noite desta terça-feira (29) pelo grupo Procure Saber, do qual fazem parte, ainda, artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso. Assista aqui.

Os cantores continuam defendendo seu direito a privacidade e intimidade, mas têm um discurso novo quando abordam a questão das autorizações prévias, e chegam a admitir que já tiveram uma posição mais “radical”, de acordo com as declarações no vídeo publicado no perfil do Procure Saber no Facebook.

“Quando nos sentimos invadidos, julgamos que temos o direito de nos preservar, e de certa forma preservar a todos que de alguma forma não tem, como nós temos, o acesso à mídia, ao Judiciário, aos formadores de opinião”, diz Gil.

Leia mais

Tempo de leitura: 2 minutos

Manu BerbertManuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

 

A cada declaração concedida por vocês e a cada matéria que leio sobre o tema, a sensação é de frustração.

 

Eu poderia começar essa carta comentando o quanto admiro (embora de formas diferentes) o trabalho e história de cada um de vocês, ou relatando o quanto os três foram e são importantes para a cultura brasileira, mas prefiro ir diretamente ao assunto: acompanhando essa polêmica toda em que vocês se colocam contra as biografias não autorizadas de personalidades públicas, a primeira palavra que vem à mente é INACEITÁVEL.

Perdoe a intimidade, Gil, mas é como se aquela doce e paciente professora que me alfabetizou, ainda na infância, agora dissesse que eu não sei escrever.  A cada declaração concedida por vocês e a cada matéria que leio sobre o tema, a sensação é de frustração. Eu não posso aceitar que os meus guerreiros do Tropicalismo, que lutaram pela liberdade de expressão no final da década de 60, sob o massacre de uma ditadura militar, agora lutem contra o direito de acesso a suas fascinantes histórias. É inaceitável.

Não, eu não sou contra o direito à privacidade, Caetano, e concordo quando você diz que a lei deve servir para todos, mas é preciso ser coerente e admitir que um cidadão, ao optar por seguir uma carreira pública, deve estar preparado emocionalmente para os ônus e bônus que ela possa lhe proporcionar. Perdoe a minha audácia, mas eu não posso aceitar que vocês, que me fizeram acreditar que a liberdade de expressão deve ser ampla e irrestrita, agora estejam fomentando uma discussão sobre privacidade alegando direitos autorais.

Mas e aí se alguma dessas biografias lhes causarem constrangimento? Assim como qualquer cidadão brasileiro, recorram à justiça e lutem pela punição dos envolvidos. Cada um que arque com as responsabilidades dos próprios atos. Vocês esqueceram o que é democracia? Sugiro que recorram aos próprios acervos, leiam e assistam suas próprias entrevistas. Aqui para nós, ninguém jamais ousou falar em democracia melhor que vocês nestas últimas décadas. Impedir biografias, nobres ídolos, é como retroceder e pedir que o Brasil esqueça, inclusive, a trajetória que os faz importantes e famosos até hoje.

Manuela Berbert é publicitária e colunista do jornal Diário Bahia.

Tempo de leitura: 5 minutos

CÍCERO, O SENADOR QUASE SANTIFICADO

Ousarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br

1CíceroVoltemos, promessa é dívida, à Roma de César, Pompeu, Brutus, Catilina, Marco Antônio e, sobretudo, de Cícero, que é nosso compromisso. Os que bebem na história “oficial” sabem que Marco Túlio Cícero, além de orador extraordinário, é cidadão romano “compassivo e culto”, “honrado e desprendido”, “dotado de princípios de dever, bondade e espírito público”, “refinado e amável”, “um dos filhos mais diletos de Roma”, “uma das mais preciosas joias do Império”, “que se recusou a viver numa tirania”, pondo-o a poucos passos da santificação. Já os revisionistas (que opõem Cícero a Júlio César) discordam desse festival de louvações.

________________

O patife mais desprezível da história

Entre americanos e britânicos “os ciceronianos são 95% e os cesarianos são um punhado”, diz o historiador Arthur Khan, integrante do punhado. Esses estudiosos não alinhados atribuem a Cícero uma atividade de caça às bruxas (pessoas que “ameaçavam” a aristocracia). Era “pena alugada”, como se diria mais tarde. Encontro entre os cesarianos o alemão Friedrich Engels (alma gêmea de Marx), que chamou Cícero de “o patife mais desprezível da história”. Vindo de baixo, sem a dita nobreza de origem, o orador pôs sua eloquência a serviço dos poderosos e enriqueceu no combate a qualquer ideia de democracia, pois “só os ricos devem governar”.

  _______________                                                        

3J CésarCapitalizando o medo da aristocracia

Combateu o voto secreto, por impedir aos ricos saber o que a plebe pensava. Para ele, diz o cientista político Michael Parenti, o povo era “rasteiro e imprestável”, “manada pronta para a revolução”, “bando de criminosos e degenerados”, que “participa de manifestações de massa e suga o tesouro”. Reacionário e oportunista, disputou o consulado com Catilina (lembram das Catilinárias?) e usou este para capitalizar o medo dos ricos, método político ainda vigente hoje entre nós. Cônsul, mandou executar “conspiradores” ligados a Catilina, sem julgamento. Anos depois, foi executado, também sem julgamento, a mando de Marco Antônio.

NÃO HEI DE METER A COLHER EM TAL ANGU

Literatura regional em tempo de festa
Falo da canção Eu te amo (Tom Jobim-Chico Buarque): “Se nós nas travessuras das noites eternas/ já confundimos tanto as nossas pernas/ diz com que pernas eu devo seguir…”, e “Na desordem do armário embutido/ meu paletó enlaça teu vestido/ e o meu sapato ´inda pisa no teu”. Penso ser esta uma das melhores letras românticas da MPB. Muitas vezes analisada, ganhou rasgados elogios, mas um exegeta, pelo menos, tentou azedar o tom (ai!) dos louvores: diz que se trata de um plágio de poema de Gregório de Matos. Nesse angu não hei de meter minha modesta colher de ouvinte, pois meu interesse na letra é outro.
________________

5CartagoGeneral modelo histórico de crueldade

O trecho “Ah, se ao te conhecer/ dei pra sonhar, /fiz tantos desvarios/ rompi com o mundo,/ queimei meus navios…” me serve de gancho para retomar aquela presença da mitologia em nossa linguagem: queimar os navios, significando uma decisão sem volta, remonta ao século IV a. C., quando um certo general Agátocles (que nome!), tido como modelo histórico de crueldade, mau, feito um pica-pau (mandou degolar os próprios filhos), levou seu exército de navio até Cartago (na foto, ruínas), e lá fez uma fogueira com as embarcações. Sem poder voltar, os soldados sabiam que o preço do fracasso era a morte. Se venceram ou morreram, não sei.

 ________________

Conquistadores não perdoavam: matavam

Próximo a nós (México, século XVI), houve um episódio parecido, quando o espanhol Fernão Cortez queimou os navios. Embora haja versões afirmando que o espanhol foi outro, Pizarro, pesquisadores confiáveis as desmentem. E tampouco Cortez queimou as embarcações, a não ser figuradamente: ele as destruiu, ao sentir que seus soldados tinham medo de embrenhar-se em território estranho. O resultado é o mesmo: sem transporte para casa, eles partiram para a jugular dos nativos. No México, no Peru e em Ilhéus (Francisco Romero), os espanhóis não brincaram de matar nativos, mataram. E a gentil leitora, se mal pergunto, já queimou os navios por alguém?

ARMSTRONG, OU COMO CANTAR SEM LETRA

7RitinhaQuem já ouviu algum vocalista de jazz sabe o que é scat, aquela forma de “cantar” sem a letra da música, o que é feito por muitos deles. Sons são emitidos, na base do dá-bá-dá-bá-dá, que exige fôlego, garganta e noção de ritmo. É o mesmo que cantar, mas sem versos. Diz a lenda, sem obter aval de nenhum pesquisador sério, que o inventor dessa coisa foi Louis Armstrong: durante uma execução, ele deixou cair o papel em que estava a letra e não se deu por achado, tirando tudo no scat (há quem diga que, anos antes, um cantor não famoso já fizera o mesmo). Segundo os críticos, o Brasil tem uma especialista em dá-bá-dá-bá-dá: a grande Leny Andrade, que, todo mundo sabe, é a cara da também grande Ritinha Dantas (foto), de sorriso aberto e franco.
________________

Para alguns, o scat é “indispensável”

Nem todo os intérpretes utilizam esse recurso, que certo público identifica como “indispensável”. É bom lembrar a “opinião” de duas cantoras do topo da tabela do jazz: Sarah Vaughan muito pouco se valeu do scat; Billie Holiday, simplesmente, não o usava. Ella Fizgerald (a outra das três grandes cantoras negras) e a branquela Anita O´Day foram cultoras fiéis do dá-bá-dá-bá-dá. Por mera curiosidade (tenho dúvidas se não seria preferível o canto, sem firulas, valorizando a letra), mostramos aqui a soberba Ella (Festival de Montreux, 1977), num longo scat singing de Samba de uma nota só – clara e merecida homenagem a Tom Jobim e Newton Mendonça.

O.C.

Tempo de leitura: 5 minutos

MOCHILEIRO CHEIO DE VOCAÇÃO REPRIMIDA

01 On the roadOusarme Citoaian | ousarmecitoaian@yahoo.com.br
Amigos me olham atravessado (aquele olhar tipo “coitado, pirou de vez!”) quando descobrem minha mania de andarilho nunca concretizada. Tentei ir a pé de Ilhéus a Recife, mas desisti, por não conseguir montar uma estrutura compatível com a empresa; imaginei ir de Fortaleza/CE a Jaguarão/RS, pela BR 116 – missão que se tornou impossível, pelo mesmo motivo. Sou um mochileiro cada dia mais teórico e mais frustrado, pois, além das outras dificuldades, as pernas já não aguentam tais aventuras. Fico a imaginar de onde vem essa sufocada vocação de vagabond que quase me dá insônia, e imagino que ela tenha origem em Jack Kerouac e seu Na estrada, um dos livros mais impressionantes que já (re) li, talvez pelo grito de liberdade que salta de suas páginas.

________________

O livro que mudou a vida de Bob Dylan

02 Mochileiro

Acabo de ler a nova versão desse clássico e experimentei a mesma inquietação de tempos passados. O lançamento da L&PM, de 2008 (já com duas reedições), traz os nomes reais dos personagens e, na capa, um elogio nada pequeno, de Bob Dylan: “Este livro mudou minha vida”. Teria mudado a minha, se o lesse aos 18 anos – mas só o descobri quando estava irrecuperável para as aventuras de verdade, já mortos alguns sonhos, a cabeça cheia de juízo, abafada a vocação para a doidice. O livro, publicado no fim dos anos 50, é a descoberta do jazz, dos malucos beats, de um jeito novo de viver e sentir. Mesmo hoje, já doídas as articulações, Kerouac me injeta uma inquietante vontade de jogar tudo pra cima e pegar a estrada, mochila às costas e cata-piolho apontando o caminho.
 ________________
Benzedrina, café, Parker e Gillespie
On the road é cercado pela mitologia. Foi escrito em três semanas, de uma tacada só, enquanto o autor ingeria doses cavalares de café “adoçado” com benzedrina (uma substância que dá efeito de euforia e estímulo). Kerouac emendou várias folhas de papel e obteve um rolo de 36 metros (há quem fale em 40), no qual deixou jorrar sua história, em que há um único parágrafo. Enquanto escrevia, como em transe, JK mantinha o rádio ligado num programa de jazz e era embalado pelo bebop, o estilo frenético de improvisação em que eram mestres Charlie “Bird” Parker e Dizzie Gillespie. Desta versão original emerge o tipo (real) mais doidão que já se viu em letra de forma: Neal Cassady. É livro perigoso, desses que escaparam de ser queimados em praça pública, com direito a missa de réquiem.

COMENTE>>

UM TÉCNICO DE LINGUAGEM ACIMA DA MÉDIA

04 CoutinhoEsporte nacional, o futebol, fonte de graves agressões à língua portuguesa, guarda casos de puro sabor brasileiro. Conheço, modéstia à parte, muitos deles, alguns já nem sei em que fonte obtive – leituras esparsas, conversa de bar, audiência de transmissões pelo rádio. Cláudio Coutinho, que fracassou na seleção brasileira e depois seria um dos maiores técnicos da história do Flamengo, era um militar (capitão do Exército) de alto nível, até acusado de não ser entendido pelos jogadores, devido a seu falar sofisticado. Coutinho, “culturalmente”, situava-se bem acima da média: até introduziu nos gramados e arquibancadas expressões como overlapping e ponto futuro.
________________
Se fala várias línguas é… troglodita!
Gaúcho de Dom Pedrito, Cláudio Coutinho trabalhou com Kenneth Cooper, o americano que revolucionou a avaliação física, e falava várias línguas, o que era um verdadeiro assombro no mundo do futebol, conhecido naqueles tempos como o império da ignorância. Soneca, que por longo tempo foi roupeiro no Botafogo, vendo um dia o treinador dando entrevistas em inglês, francês e alemão, expressou seu espanto ao médico Lídio Toledo, responsável pela saúde na seleção brasileira: “– Doutor, eu vi! O homem fala tudo quanto é língua. É um troglodita perfeito!”.  O episódio foi registrado pelo cronista esportivo Sandro Moreyra – Histórias de futebol (Coleção O Dia Livros/1998).

BADEN POWELL ENTRE OS GRANDES DO JAZZ

Dizer que o violonista Baden Powell (de Aquino) é parente do jornalista Ramiro Aquino seria revelar uma grande curiosidade, o que não faço, por desamor à mentira. Mas há outras curiosidades: ele é primo de João de Aquino (autor de Viagem, com Paulo César Pinheiro), nasceu numa cidade chamada Varre-e-Sai (Rio de Janeiro) e teve esse nome graças ao pai escoteiro – o velho quis prestar uma homenagem ao general Robert Stephenson Smyth Baden Powell, criador do escotismo. E mais: Baden (o músico, não o general) é pai do pianista Philippe Baden Powell e do violonista Louis Marcel Powell. Por último, mas não menos importante, críticos americanos listam Baden Powell (1937-2000) entre os grandes do jazz, com estilo influenciado pelo guitarrista Django Reinhardt.
_________________
Cyro: “um abraço em toda a humanidade”
Cyro Monteiro era sobrinho do pianista Nonô (Romualdo Peixoto, chamado “O Chopin do Samba”) e parente de Cauby Peixoto, creio que primo. Tinha oito irmãos (todos com nome iniciado pela letra C), e com um deles, Careno, começou sua experiência, cantando em dupla. Torcedor do Flamengo, quando nasceu Sílvia, filha do pó-de-arroz Chico Buarque (com Marieta Severo), mandou para o bebê uma camisa rubro-negra; Chico, em “represália” fez o samba Ilmo. Sr. Cyro Monteiro ou Receita para virar casaca de neném. Vinícius disse ser o cantor uma criatura tão extraordinária, a ponto de o poetinha achar “deplorável qualquer de seus amigos não se haver dito, num dia de humildade, que gostaria de ser Cyro Monteiro”. Cyro, segundo Vinícius, “é um grande abraço em toda a humanidade”.  
_______________07 Ciro Monteiro
A Constituição e o direito de cantar
Mais do que uma frase, Vinícius e Baden deram a Cyro todo um disco, o De Vinícius e Baden especialmente para Cyro Monteiro, gravado em Paris, em 1965. O disco citado, hoje peça de colecionador, tem dez faixas, das quais me lembro bem de Tempo feliz, Deixa, Amei tanto e Formosa – todas na voz do  homenageado. Baden, num show no Teatro de Ilhéus, transpirava bom humor, quando disse que cantava porque a Constituição Federal lhe garantia esse direito. Sabia o grande violonista não ser nenhum Sílvio Caldas. Neste vídeo, ele canta (viva a Constituição!) Formosa, uma das faixas daquele disco com que Cyro Monteiro mais se identificava. Vocês podem se queixar do cantor (que até tenta uma espécie de scat singing), mas, certamente, não vão reclamar do acompanhante. Vale pela curiosidade.

(O.C.)

Tempo de leitura: 5 minutos

JÁ MUITO ALÉM DO CABO DA BOA ESPERANÇA

Ousarme Citoaian
Foi com Emílio de Menezes que aprendi a beber uísque com água de coco. “Como?” – gritariam horrorizados puristas, para os quais uísque não se mistura – e, no seu espanto, me levantariam a bola para um mau trocadilho: eu não como, bebo. Mais: se o poeta morreu em 1918, este humilde e hebdomático colunista, para gabar-se de com ele ter bebericado, precisaria carregar no costado, pelo menos, 100 anos – e ter começado a beber ainda usando fraldas. Convenhamos que já estou meio para a idade provecta, mais pra lá do que pra cá, dobrado o Cabo da Boa Esperança e ofensas semelhantes, mas não tanto que ultrapasse uma centena de verões ardentes.  Meu convívio com o poeta não se deu em boteco, mas em livro.

EMÍLIO, QUEM DIRIA, NÃO É MAIS AQUELE


Trata-se de Emílio de Menezes, o último boêmio, de Raimundo de Menezes, bebido (ops!) na adolescência, e que agora recuperei num sebo. Réu, confesso: precoce, lia, bebia uísque e fumava (de fumar, logo me cansei, pois odeio vícios pequenos). Pois saibam todos que o velho e bom Emílio (a voz poética mais destrutiva que já se ouviu neste País) está também num livro psicografado por Chico Xavier (Parnaso de além túmulo) e, crenças à parte, não gostei de vê-lo “recuperado”, como ali se mostra em dois sonetos. Num deles, confessa: “Sou o Emílio, distante da garrafa,/ mas que não se entristece nem se abafa,/ longe das anedotas indecentes”. Não é Emílio, é anti-Emílio. 

COMENTE! » 

OPINIÃO DE LINGUISTA “PESA” EM DECISÃO

A variedade de entendimentos é um dos muitos encantos do Direito e, por extensão, da democracia e da vida. Um juiz de Niterói (poderia ser qualquer outro cidadão) recorreu à Justiça, exigindo ser tratado por “senhor”, pois se sentira ofendido ao ser chamado de “vocêpelo síndico do edifício onde mora. Pleiteava que também suas visitas recebessem do mesmo síndico o tratamento de “senhor”, “senhora”, “doutor”, “doutora” e por aí vai – e ainda pedia que, em caso contrário, fosse o “infrator” levado a pagar multa não inferior a 100 salários mínimos, por danos morais. No tribunal, o julgador negou-lhe a pretensão, com base em parecer da linguista Eliana Pitombo Teixeira.

DOUTOR É TÍTULO, NÃO FORMA TRATAMENTO

Segundo a professora, “você” é tratamento formal – por ser variante (contração) da alocução respeitosa “Vossa Mercê”. Para o magistrado sentenciante, “´Doutor´ não é forma de tratamento, e sim título acadêmico utilizado apenas quando se apresenta tese a uma banca e esta a julga merecedora de um doutoramento”. Estou perfeitamente de acordo quanto à segunda justificativa. Da primeira, data vênia, discordo frontalmente: “você”, embora vindo de uma expressão formal, é, na linguagem de todos os quadrantes do Brasil (exceto, talvez, alguns locais da região Sul), tratamento íntimo. Nenhuma pessoa medianamente educada usa “você” com pessoa idosa, autoridade ou desconhecido.

COMO REGRA, “VOCÊ” É TRATAMENTO ÍNTIMO

Não opino se há direito ou apenas pose na “exigência” do cidadão em não querer ser tratado por “você”. Apenas digo que “você”, em não sendo, por si só, forma ofensiva de abordagem, não é formal, como diz a ilustre professora, opinando a distância do falar brasileiro. Mas ela tem seguidores, obviamente: o ótimo apresentador Jô Soares costuma tratar todos seus convidados por “você” – e há quem ache isto normal (ele, por exemplo, acha). Assustou-me ver, por exemplo, Fernando Henrique Cardoso e D. Evaristo Arns (para citar apenas duas figuras que devem receber trato formal) serem chamados de “você”. No meu entender, cometeu-se, nestes dois casos, uma descortesia. Ou mais.

“JUSTIÇA, PARA SER BOA, COMEÇA EM CASA”

Não resisto a esticar o assunto e fazer um comentário em torno da palavra “doutor”, de sentido hoje já desvirtuado (para não dizer desmoralizado) entre nós. Aqui, a tese aprovada por banca especializada não está entre as formas mais comuns de chegar ao título: mais fácil é obter uma licenciatura qualquer ou, na falta desta, vestir-se de branco. Bem fez famoso bacharel em Direito, de Itabuna, que, tão logo recebeu o diploma, reuniu a família e fez seu primeiro grande discurso: “A justiça, para ser boa, começa em casa; portanto, a partir de hoje, quero ser chamado de doutor”. Assim foi feito e assim é até hoje, “doutor pra lá, doutor pra cá”, com (quase) todos felizes.

COMENTE! » |

NOEL, UMA IMENSA PRODUÇÃO EM OITO ANOS

Vinícius de Morais, que praticamente abandonou a carreira de poeta “sério” para se dedicar a um gênero então considerado menor, a MPB, foi letrista dos mais profícuos. Penso que, em termos de produtividade, ele só tem rival em Noel Rosa, que fez mais de 200 composições – sem contar muitas que vendeu e foram assinadas por outros compositores. Vinícius ultrapassou a marca de 300. Não faltará fã de Noel a fazer as contas e concluir que o Poeta da Vila, que viveu 27 anos (1910-1937) realizou toda sua carreira musical em curtíssimo período (de 1929 a 1937). Já Vinícius (1913-1980) produziu durante 22 anos, a partir de 1958.

VINÍCIUS FOI BARROCO, NOEL FOI CAIPIRA

Visto assim, Noel foi mais produtivo. Porém a ideia não é comparar os dois autores e levantar polêmica, mas mostrar alguns pontos curiosos. Além desse da alta produção, os dois começaram com gêneros que logo abandonaram: Noel estreou com a embolada Minha viola, cuja letra hoje parece fora do padrão noelino: “Minha viola tá chorando com razão,/com saudade da marvada que roubou meu coração”. Vinícius começou em tom barroco, com Serenata do adeus. Refere-se à mulher como “estrela a refulgir” e cria estes versos: “Crava as garras em peito em dor/ e esvai em sangue todo o amor,/ toda desilusão”. Cândido das Neves assinaria.

EM VINÍCIUS, ATÉ CÂNCER ERA INSPIRAÇÃO

Noel subiu o nível dos seus versos, assumindo-se como poeta urbano “culto”, Vinícius abandonou a escola antiga, integrou-se à Bossa Nova, popularizou-se, sem fazer concessões à vulgaridade. Como costuma acontecer, o espaço se finda, e tanto ainda resta a dizer. Há tempo para citar Chico Buarque (foto), para quem Vinícius fazia letra de música com “qualquer coisa”. Certa noite, numa clínica para se tratar do excesso de uísque, o Poetinha ouviu que no quarto vizinho um homem com câncer estava em estado terminal – e alguém, logicamente, chorava seu desenlace iminente: Vinícius fez e mandou pra Baden pôr a melodia em Pra que chorar (aqui, com Zeca Pagodinho).
 

 O.C.

COMENTE! » |

Tempo de leitura: < 1 minuto

Do Xilindró Web

A polícia de Felizlândia (MG), encontrou o veículo GM Corsa, bege, que foi levado pelo foragido Francisco Paulo Lins da Silva, o “Chico”, depois de assassinar a namorada Eliane Almeida de Oliveira, no dia 24 de janeiro. Chico fugiu com o carro, que era locado, após cometer o assassinato.

A delegada Sione Porto considerou o aparecimento do veículo importante para as investigações, porque mostra qual a sua rota e pode levar a outras pistas. A delegada está investigando dados de registros de hospedagem do assassino em Felizlândia.

Há informações de que Chico também teria sido visto na cidade de Venda Nova, também em Minas, com um veículo Fiat Uno, vermelho, com placas de Jussari.

O crime contra Eliane chocou a região. Ela era sócia de uma empresa de telemensagens, ex-funcionária da Santa Casa de Itabuna e trabalhava na fábrica da Azaléia, em Itapetinga.