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Festival atrai público recorde ao Centro de Convenções de Ilhéus || Foto Divulgação

O Festival Internacional do Chocolate e Cacau de 2019, em Ilhéus, vai até as 22h deste domingo (21), mas os números parciais apontam que o evento deste ano já é o maior em 11 edições do evento. Com 170 expositores, quase metade (70) produtores de cacau e de chocolate no sul da Bahia, ontem o festival, como se diz, não deu para todos que queriam acessar o Centro de Convenções de Ilhéus, tamanha a quantidade de visitantes.

Dentre os destaques desta edição, um show das cooperativas da agricultura familiar, com inovações nos sabores, desde chocolate sem lactose, aromatizantes e glúten, chocolate com jaca, abacaxi, coco, com licuri e goiaba. As combinações exóticas, que geram sabores marcantes e peculiares, produzidas por cooperativas da agricultura familiar, estão fazendo sucesso com os visitantes do 11º Festival Internacional do Chocolate e Cacau – Chocolat Bahia 2019.

A Cooperativa de Serviços Sustentáveis da Bahia (Coopessba), responsável pela marca Natucoa, e a Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências (Coopfesba), de Ibicaraí, que administra a marca Bahia Cacau, participam do Festival e apresentam produtos saborosos que estão sendo bem recebidos pelo público.

“O sabor me agradou demais. Provei especiarias que não temos costume em nosso dia a dia e notei que muitas marcas não têm essa combinação, com licuri e a jaca, por exemplo, que foi o que eu mais gostei”, disse Yndira Gobira, estudante de Engenharia Civil, de Belo Horizonte, após provar bombons da Bahia Cacau.

Com o apoio do Governo do Estado, via Bahia Produtiva, projeto executado Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), a Coopessba e a Coopfesba recebem recursos mediante edital para qualificar o processo produtivo, com agregação de valor e acesso a mercado.

Carine Assunção, presidente da Coopessba, salientou que o festival é o maior evento de chocolate da Bahia. “Nossa participação mostra que há união de pequenos agricultores com grandes marcas, produzindo chocolate tão bom quanto. Este ano, estamos com o nosso estande próprio, lançando produtos, com o Selo de Identificação Geográfica, que mostra a origem do cacau e qualidade”.

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Sul da Bahia se reinventa produzindo cacau selecionado e chocolate de origem || Foto Ana Lee

O cacauicultor Fernando Botelho, 77 anos, lembra bem o cenário do final da década de 80. “Tivemos de demitir todos os 120 funcionários e fazer financiamentos na tentativa frustrada de recuperar totalmente a lavoura. Perdi alguns imóveis e uma fazenda. Jamais vivemos algo como a vassoura-de-bruxa, foi uma coisa altamente desastrosa”.

Exatos 30 anos depois do surgimento da praga que dizimou as plantações de cacau no Sul da Bahia, Botelho celebra o crescimento da sua marca de chocolate e outros derivados do cacau orgânico, a Modaka, e se prepara para participar da 11ª edição do Chocolat Bahia Festival, de 18 a 21 de julho, em Ilhéus.

O evento, hoje considerado o maior do setor no Brasil, teve um início modesto, com apenas quatro marcas nacionais. Este ano, 70 produtores de chocolate de origem, de um total de 170 expositores, ocuparão o pavilhão de feiras do Centro de Convenções da cidade.

Patrícia e o pai, Fernando Botelho, da Modaka: da crise à reinvenção || Foto Caixa Colonial

A crise que abateu a cacauicultura na região em 1989 levou os produtores a buscar alternativas. “Começamos a fazer polpa e geleia de cacau na cozinha da minha mãe”, conta a engenheira Patrícia Viana Lima, 50 anos, filha de Botelho e chocolate maker da Modaka.

O nome Modaka faz referência ao doce do deus hindu Ganesha, símbolo de prosperidade e força no rompimento de obstáculos. Desde 2012, é na única fazenda que restou à família Viana Lima, no município de Barro Preto, sul da Bahia, onde se produz o cacau 100% orgânico que dá origem aos nibs, amêndoas crocantes e chocolates certificados nacional e internacionalmente.

O beneficiamento da amêndoa foi a saída encontrada para a derrocada da produtividade. “O Chocolat Festival surgiu justamente para fomentar a profissionalização desse novo mercado que, em 2008, surgia ainda timidamente na região e hoje está em plena expansão”, afirma o empresário e publicitário Marco Lessa, idealizador do festival e uma das 100 personalidades mais influentes do agronegócio brasileiro em 2016 e em 2018.

– Há 11 anos reunimos consumidores, especialistas e produtores nesse evento, uma grande oportunidade para discutir a industrialização, a verticalização da produção e, consequentemente, a melhoria da qualidade das amêndoas de cacau selecionado e produto final elaborado – pontua Lessa.

Lessa idealizou o Chocolat Bahia e produz chocolate || Foto Valter Pontes/Coperphoto-Fieb

O evento contribuiu diretamente para o crescimento vertiginoso desse mercado na região, tornando-se um marco na história recente do sul da Bahia. “Além de cumprir sua função de promover a cadeia do cacau e chocolate, o Festival serve como divisor de águas para a nossa história, mudando a forma de se pensar a economia, dando visibilidade e criando um espaço para a promoção e negócios de novas marcas de chocolates finos, fabricantes de equipamentos, produtores de cacau e derivados, inovação”, aponta Cristiano Santana.

Presidente da Associação Cacau Sul Bahia, Cristiano aponta que o evento atrai turistas e consumidores em geral. Segundo ele, o Festival cumpre “o papel educativo de levar ao público a oportunidade de degustar produtos singulares de alto nível gastronômico, a ter contato com o mundo do chocolate através de palestras, cursos, e elevar o nome da Bahia a padrões internacionais como referência em chocolates de alta qualidade”. A Associação representa cerca de 2,3 mil produtores da região.

Chocolat Bahia atrai mais de 30 mil visitantes a cada edição, em Ilhéus || Foto Divulgação

Com teor mínimo de 40% de cacau (contra os 25% das marcas de grandes indústrias no Brasil), o chocolate produzido a partir de amêndoas selecionadas – em um processo intitulado Bean to Bar (da amêndoa à barra) ou de Origem – tem conquistado consumidores mundo afora. “Em 2015 começamos a exportar nossos chocolates para a França. A receptividade é excelente e pretendemos avançar pela Europa”, revela Alexandre Soeiro, gerente da Mendoá Chocolates, uma das marcas em exposição no Chocolat Festival.

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA

Cacau com selo de Indicação Geográfica || Foto Maurício Maron

Conquistado no ano passado, o registro de Indicação Geográfica (IG) garante aos produtores de cacau do sul da Bahia o Selo de Origem. Ele é concedido a lugares que são conhecidos como tradicionais produtores de um determinado produto ou serviço ou cujas características do produto, quando originário do local, são únicas.

No caso do sul da Bahia, conta toda a tradição e história em torno da produção de cacau, como, por exemplo, o modo de produção cabruca, que minimiza o impacto no meio ambiente, ajudando a manter parte da flora e sem eliminar a fauna local. “Sem dúvida, o Selo de Origem chega no momento certo para valorizar ainda mais o trabalho que vem sendo desenvolvido, elevando o patamar tanto da matéria-prima quanto do nosso chocolate no mercado”, comenta Lessa. Atualmente, a Bahia lidera o ranking de produção de cacau no País, com mais de 200 mil toneladas produzidas entre 2017 e 2018.

PROGRAMAÇÃO

Voltado para consumidores e profissionais da área, o Chocolat Bahia Festival atrai anualmente milhares de visitantes, marcando o calendário turístico do estado e firmando o Sul da Bahia como principal região produtora de chocolate de origem do Brasil. Durante quatro dias, além da venda de chocolates e outros derivados do cacau selecionado, o 11º Chocolat Bahia promove experiências sensoriais, exposições históricas e artísticas, cursos de capacitação, workshops, debates sobre temas do setor e palestras ministradas por especialistas internacionais. Clique em Leia Mais e confira toda a programação do evento, com workshops, palestras etc.Leia Mais

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Ilhéus espera grande ocupação hoteleira nesta Semana Santa || Foto Clodoaldo Ribeiro

A Páscoa está chegando e Ilhéus é um dos cincos destinos baianos mais procurados pelos turistas nessa época do ano, segundo informações da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia. O município que tem a maior faixa litorânea da Bahia também se destaca por ser grande produtor de cacau, principal matéria-prima para a fabricação do chocolate, principal produto utilizado na fabricação dos ovos de Páscoa.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Setur-Ba, a expectativa para alta ocupação é grande. O visitante que escolher Ilhéus tem a experiência de conhecer o processo de produção do cacau e do chocolate. Além disso, pode fazer passeios culturais conhecendo o Bar Vesúvio, Casa de Jorge Amado, Catedral de São Sebastião, Bataclan e o Mercado de Artesanato, todos no Centro Histórico do município sul-baiano.

Como opções de passeios para os chocólatras, tem o atrativo Estrada do Chocolate, formado por fábricas de chocolate gourmet, fazendas históricas, assentamentos, unidades industriais chocolateiras, além de permitir ao visitante vivenciar a história da região através do turismo rural. Os turistas podem fazer visitas guiadas pelas fazendas e degustar o cacau, sucos e geleias do fruto e também saborear os deliciosos chocolates de origem.

FORRÓ CRUSH

Tem diversão para todo mundo nessa Páscoa. Quem gosta de festa e quer garantir a animação no feriadão, no sábado dia 20 de abril acontece o “Forró Crush” na Concha Acústica, com grandes atrações do forró como Kal Firmino, Adelmário Coelho, Calcinha Preta e Rasta Chinela. O evento inicia a temporada de forró na cidade e está programado para começar às 22 horas. O show promete agitar a galera que ama dançar coladinho.

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Chocolate sul-baiano é estrela de festival em São Paulo

Dez anos depois do primeiro festival de cacau e chocolate da Bahia, em 2009, o evento ganha proporção ainda maior. Após chegar a Belém, no Pará, em 2013, na próxima sexta-feira (12) começa a edição paulista do Festival Internacional do Chocolate e Cacau, o Chocolat Festival, reunindo produtores e marcas do sul da Bahia no pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, em São Paulo.

Chegará com a força de 72 expositores, dos quais 40 marcas de cacau e chocolate de origem sul-baiana, algumas das melhores amêndoas do mundo. Entre as marcas, chocolates produzidos pela agricultura familiar, a exemplo do Bahia Cacau, que tem investimentos do Bahia Produtiva, programa que incentiva a qualificação, aumento da produtividade, capacitação de mão de obra e comercialização.

EXPERIÊNCIA SENSORIAL

Lessa é o idealizador de festival

Além da exposição e venda de chocolates, o festival terá uma ampla programação com experiências sensoriais, uma série de atividades culturais, exposição A História do Chocolate, cursos e palestras como ChocoDay, Cozinha Show, Espaço Kids e Fórum do Cacau, com chocolatiers e palestrantes do Brasil e do exterior.

Idealizador do primeiro festival em Ilhéus, há dez anos, o publicitário e produtor de chocolate Marco Lessa, considera este passo, em São Paulo, um desafio muito grande. “Nossa expectativa é de que o evento abra espaço para o chocolate de origem do sul da Bahia no maior mercado consumidor do país”, afirma.

Para Lessa, o evento alinha e une dois setores importantes da economia, com a produção de cacau e chocolate e o turismo. “A Bahia precisa acelerar o processo de expansão e consolidação do polo chocolateiro, com profissionalização do setor e um trabalho permanente de promoção no Brasil e no exterior”, ressalta.

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Antonio Zugaib || ac.zugaib@uol.com.br
 

A regulamentação de uso da indicação geográfica, obtida pela Associação Cacau Sul Bahia, é um instrumento valioso para se conseguir uniformidade na qualidade, necessária para uma boa comercialização do produto, principalmente no mercado externo.

 
A cacauicultura do sul da Bahia já passou por diversas ondas de desenvolvimento. Primeiro foi a onda de desenvolvimento agrícola, quando os produtores de cacau – baianos, árabes e sergipanos – substituíram as plantações de cana-de-açúcar, com seus diversos engenhos, espalhadas neste rica Capitania de São Jorge dos Ilhéus, por plantações de cacau. Com suor e luta, os produtores de cacau implantaram nesta região um sistema denominado Cabruca, sistema este admirado no mundo inteiro, pois consegue extrair da terra seu valor econômico, conservando e preservando a mata atlântica.
Neste sistema de produção de cacau existente há cerca de 250 anos, a cacauicultura do sul da Bahia despertou o mundo produzindo uma quantidade significativa de cacau estimulando o interesse de exportadores e processadores a se localizarem na região, dando início a segunda onda de desenvolvimento, que chamamos de industrialização. Vieram os Kaufmann, implantando inicialmente o Chocolate Vitória, os Wildberger trazendo as empresas exportadoras e, posteriormente, as indústrias Barreto de Araújo, a Berkau, a Cargil, a Chadler, a ADM Cocoa, a Nestlé, assim como, através da organização dos produtores locais, a Itaísa. Neste ciclo de desenvolvimento produzimos líquor, torta, manteiga e pó de cacau. Iríamos chegar a cobertura do chocolate quando uma série de fatores conjunturais e estruturais desagregaram a economia cacaueira, culminando com a chegada da vassoura-de-bruxa, provocando um retrocesso sem precedentes dessa economia, com fechamento de fábricas e descapitalização dos produtores.
Atualmente, estamos voltando a um estágio de desenvolvimento muito mais forte, porque não estamos com a visão só na matéria-prima, nem tampouco em um chocolate de cobertura ou chocolate de massa. Estamos entrando em uma terceira onda de desenvolvimento que estou chamando de “Customização”. Customização é um substantivo feminino que remete para o ato de customizar e significa personalização ou adaptação.  
A customização consiste em uma modificação ou criação de alguma coisa de acordo com preferências ou especificações pessoais. Assim, customizar é alterar alguma coisa segundo o seu gosto pessoal. É isto que está acontecendo na cacauicultura do sul da Bahia. Os consumidores estão experimentando o chocolate segundo seu gosto pessoal. E a maioria dos consumidores deste produto que é preferência nacional já decidiu saborear um chocolate com alto teor de cacau.
Experimentos são realizados por meio de novas variedades desenvolvidos pela Ceplac e parceiros, onde é feita uma análise sensorial do chocolate sobre variáveis importantes, como aroma, sabor, derretimento, dureza, amargor e acidez, sem deixar de lado a localização, o porte, o tamanho dos frutos, o peso total das sementes secas por fruto, nem tampouco a produtividade do cacaueiro.
O chocolate é visto como um produto especializado que precisa de profissionalismo para ter sucesso no empreendimento. Para isso, a regulamentação de uso da indicação geográfica, obtida pela Associação Cacau Sul Bahia, é um instrumento valioso para se conseguir uniformidade na qualidade, necessária para uma boa comercialização do produto, principalmente no mercado externo. Porém, obtido esse profissionalismo estaremos no topo do mercado, obtendo um preço mais compensador, pois estaremos agregando valor ao nosso produto. Com uma boa política de crédito rural, os produtores poderão transferir toda a tecnologia gerada pela Ceplac, através de clones de alta produtividade e poderão reviver momentos felizes novamente.
Antonio Zugaib é engenheiro agrônomo, mestre em Economia Rural, técnico em Planejamento da Ceplac e professor da Uesc.

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Festival reúne mais de 40 marcas de chocolates premium do sul da Bahia

A décima edição do Festival do Chocolate e Cacau de Ilhéus está reunindo número recorde de expositores. O evento, no Centro de Convenções Luís Eduardo Magalhães, reúne 120 expositores, dentre os quais mais de 40 marcas de chocolate do sul da Bahia, incluindo produtos da agricultura familiar.
Durante o evento, ocorre o VI Fórum Brasileiro do Cacau, com painéis de palestrantes nacionais e internacionais discutindo as tendências do mundo do chocolate. A Feira do Chocolate é outro atrativo durante todo o festival e promove Workshops e cursos de gastronomia com receitas à base de chocolate. Entre os palestrantes, Zilma Helena, Olívia Fernandes, Alessandra Marino, Abner Ivan e Lucas Corazza.
Segundo o secretário estadual de Planejamento, Antonio Henrique de Souza, os investimentos na produção de amêndoas de qualidade e no fortalecimento de toda a cadeia produtiva, permitem que o sul do Estado possa gerar emprego e renda. Para a secretária de Agricultura, Andréa Mendonça, o evento permite a troca de experiências, a divulgação de novas tecnologias que consolidam a região. “Não apenas como produtora de cacau, mas também de chocolates de origem, com alto valor agregado”, acrescenta.
Cooperativas de agricultura familiar também estão presentes no evento, além de associações e assentamentos que produzem chocolate. “O Festival do Chocolate permite essa interação entre os produtores e consumidores, oportunizando que a agricultura familiar, que tem forte presença na região, demonstre todo o seu potencial e possa ampliar a produção de cacau e chocolate”, destaca o secretário de Desenvolvimento Rural, Jeandro Ribeiro.
ROTA DO CHOCOLATE
Durante a abertura do evento, foi inaugurada oficialmente a Rota do Chocolate, estrada temática da Bahia, que inclui fazendas centenárias, recantos naturais, fábricas de chocolates de origem, etc. O secretário de Turismo, José Alves, ressalta que a criação de um polo chocolateiro tem impactos positivos no turismo. “A Rota de Chocolate vai ampliar as opções para turistas de todo o Brasil e do Mundo, atraídos pela obra de Jorge Amado e a magia do cacau”. A Secretaria de Turismo assinou um convênio com o Sebrae, para promover a capacitação de todos os segmentos envolvidos na Rota do Chocolate.
Marco Lessa, idealizador do projeto e organizador do evento, afirma que o festival é uma forma de difundir a cadeia produtiva do cacau, reunindo consumidores, especialistas e produtores. “É uma oportunidade para discutir a industrialização, a verticalização da produção e, consequentemente, a melhoria da qualidade das amêndoas de cacau selecionado e um produto final de excelência, além de promover a conservação ambiental e o turismo de experiência”, diz.

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Sede regional da Ceplac, na rodovia Ilhéus-Itabuna.
Sede regional da Ceplac, na rodovia Ilhéus-Itabuna.
Juvenal Maynart, diretor geral da Ceplac
Juvenal Maynart, diretor geral da Ceplac

O ministro em exercício da Agricultura, Eumar Novacki, assinou portaria que acelera a contratação de consultoria especializada para formatar o novo modelo organizacional da Ceplac. Edital para contratar a consultoria será definido, conforme a Portaria 2.088, pela comissão de implantação de grupo de trabalho.

A comissão será composta pela Coordenação-Geral de Desenvolvimento Institucional (CGDI) e diretoria da Ceplac, tendo 45 dias para conclusão dos trabalhos, conforme a Portaria assinada pelo ministro.

O plano está sendo definido dentro de um acordo de cooperação técnica do governo com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

“Vai pintar uma modelagem bacana para a Ceplac”, afirma o diretor geral do Departamento, Juvenal Maynart, em entrevista ao PIMENTA.

A formatação jurídica da Ceplac é um dos dez pontos de relatório do Grupo de Trabalho da Ceplac. Dentre os outros pontos, o relatório aponta como urgências a pesquisa da situação do Banco de Germoplasmas do Departamento e detalhamento do Plano de Crescimento Sustentável da cadeia produtiva do cacau.

O relatório também toca em pontos importantes para o órgão e para a lavoura cacaueira, a exemplo da adequação do planejamento estratégico da Ceplac 2012-2022 e o estudo para reedição do Fungecacau, com a finalidade de financiar programa de biossegurança para a cadeia produtiva.

Juvenal acredita que a criação do grupo de trabalho e contratação de consultoria especializada são passos importantes na definição do futuro da Ceplac. “É uma virada para a região, para a Ceplac, pois define um novo modelo [para o departamento]”, reforça.

MAIOR PRODUÇÃO DE CACAU E CHOCOLATE

Ainda na entrevista ao PIMENTA, o diretor geral do Departamento ressalta a importância da lavoura cacaueira para a economia, principalmente com estudos apontando que pode faltar cacau no mundo. Um dos seus derivados, o chocolate, registrou alta produção em 2016, alcançando 13%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).

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Chocolate produzido por cooperativa da agricultura familiar em Ibicaraí || Fotos Daniel Thame
Chocolate produzido por cooperativa da agricultura familiar em Ibicaraí || Fotos Daniel Thame

Do cacau ao chocolate. Essa é a nova realidade do sul da Bahia, após décadas como região produtora de amêndoas. A cada dia, novos empreendedores passam a investir na produção de chocolates finos, apostando num mercado consumidor em expansão no Brasil e no exterior.

O Chocolat Bahia 2017, Festival Internacional do Chocolate e Cacau, que está sendo realizado em Ilhéus, com o apoio do Governo da Bahia, é uma oportunidade de apresentar novos produtos, adquirir e trocar conhecimentos e ampliar os negócios. São cerca de 40 marcas de chocolates regionais em exibição, tendo como característica o cacau de qualidade, resultado de investimentos na modernização da lavoura.

Hans Schaeppi é um pioneiro. Há 32 anos, ele implantou a primeira fábrica de chocolate caseiro do Nordeste. “Foi um grande desafio, porque havia uma cultura de produzir amêndoas e percebi que era preciso investir no produto final. Hoje vejo com alegria a região partindo para a verticalizado e se tornando a terra do cacau e do chocolate”, afirma. Atualmente, Hans produz cerca de duas mil toneladas por ano, comercializa os produtos em todo o país e busca atingir o mercado chinês.

Hans foi o pioneiro na produção de chocolate em escala industrial no sul da Bahia.
Hans foi o pioneiro na produção de chocolate em escala industrial no sul da Bahia.

SETOR CRESCE 10% AO ANO

O setor de chocolates premium cresce cerca de 10% ao ano no Brasil, enquanto o mercado tradicional cresce apenas 2%. Henrique Almeida é outro exemplo de produtor de cacau que apostou no chocolate. Da terceira geração de uma família de produtores de cacau, ele começou a produzir chocolate há cinco anos. Investiu em amêndoas de qualidade, cursos de capacitação e hoje comercializa o chocolate premium em grandes redes da Bahia e do Sul/Sudeste do país.

O próximo passo é o mercado árabe e os Estados Unidos. “Cacau é alimento e também prazer. Nosso foco é a qualidade. Esse é o caminho da região. O negócio cacau só é viável se atrelado ao chocolate”, destaca

Maia
Maia diz que potencial a ser explorado é grande.

O mercado de chocolate atrai jovens empreendedores como Leonardo Maia. Com pós-graduação em Gestão de Negócios em Cacau e Chocolate, ele está produzindo chocolates finos com 50% e 70% de cacau.

– Na infância, sempre tive muito contato com fazendas de cacau e sempre que podia acompanhava os trabalhadores nos tratos e colheita do cacau. Em minhas viagens para outros países, tive a oportunidade de experimentar diversos tipos de chocolates e percebi que o nosso cacau do sul da Bahia tem um potencial grande a ser explorado – ressalta.

AGRICULTURA FAMILIAR

A produção de chocolate também é incentivada na agricultura familiar, que responde por 90% da produção de cacau no Sul da Bahia. A Cooperativa de Serviços Sustentáveis da Bahia possui 300 associados e produz chocolates caseiros e achocolatado com 30% de cacau.

Beneficiados com recursos do Programa Bahia Produtiva, do Governo do Estado, os agricultores familiares pretendem investir na produção de cacau orgânico, que agrega valor ao chocolate e derivados. “Nossos produtos já são consumidos na merenda escolar. Com o chocolate de origem, vamos buscar novos mercados, gerando mais renda no setor rural”, explica Carine Assunção, coordenadora da cooperativa.

Com 420 associados, a Cooperativa de Agricultores Familiares do Sul da Bahia (Coofasulba), também atendida pelo Bahia Produtiva, produz chocolates finos e achocolatados e está criando uma linha exclusiva para os supermercados. “Com assistência técnica e capacitação, vamos melhorar cada vez mais a qualidade e criar novos canais de comercialização” , diz o diretor da Coofasulba, Gildeon Farias.

MODELO SUPERADO

Gerson: "modelo antigo está superado"
Gerson: “modelo antigo está superado”

Gerson Marques, presidente da Chocosul comenta que a produção de chocolate é uma alternativa viável, num processo que está se consolidando. “Dos 40 produtores, 38 produzem o próprio cacau. São empreendedores que foram para as fazendas, reorganizaram a produção, com uma nova mentalidade, investindo em amêndoas de qualidade superior”, DIZ.

Segundo Marques, essa é uma estratégia que terá impactos positivos na economia regional, com a melhoria da produtividade e, consequentemente, do preço final. “O modelo antigo, de mero fornecedor de matéria-prima, está superado. Hoje o caminho é a verticalização, valorizando principalmente a produção de chocolates fino e de cacau orgânico, que tem alto valor agregado”.

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Clay Gordon será um dos palestrantes do festival || Foto Divulgação
Clay Gordon será um dos palestrantes do festival, que começa no dia 20 || Foto Divulgação

Passado, presente e futuro do chocolate artesanal será o tema abordado pelo escritor norte americano Clay Gordon, autor do livro Descubra o chocolate: o guia final de compra, degustação e aproveitamento de chocolate fino (em livre tradução), na 9ª edição do Festival Internacional do Chocolate e Cacau, em Ilhéus. Gordon também é fundador da TheChocolateLife.com, maior comunidade focada exclusivamente no chocolate no mundo.

Também no festival, os indianos radicados nos Estados Unidos Andal Balu e Mannarsamy Balasubramanian apresentarão tecnologias para processamento do cacau e produção de chocolate artesanal a partir da amêndoa. O casal é proprietário da indústria CocoaTown, em Atlanta, que projeta, fabrica e distribui uma linha de equipamentos compactos para ajudar pequenos produtores a fazer chocolate gourmet bean to bar (do grão à barra).

Já a portuguesa Goretti Silva, professora de Turismo e proprietária da empresa Na Rota do Chocolate, na região de Viana do Castelo, em Portugal, trará o tema Turismo associado ao chocolate.

Todas as palestras serão realizadas no Centro de Convenções de Ilhéus, a partir das 16h do dia 22, durante o Chocoday, parte da programação do Chocolat Bahia – 9º Festival Internacional do Chocolate e Cacau, que tem o apoio do PIMENTA. A entrada é gratuita.

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WALMIR~1Walmir Rosário | wallaw2008@outlook.com

 

A qualidade do tratamento a esses animais não se restringe ao chocolate e eles também ganham sessões de massagens, acupuntura, ouvem música clássica e dormem em tapetes térmicos, para que não sofram estresse. Um luxo!

 

Calma, gente, isso acontece lá na Austrália, onde o chocolate serve como iguaria e tranquilizante para os animais da raça Wagyu (japonesa), que são transformados em kobe beef, uma das carnes mais saborosas do mundo. E como tudo tem seu preço, um quilo dessa carne é vendida em todo mundo pelo preço de arrobas que conseguimos vender por aqui.

Ao tomar conhecimento dessa notícia,pensei logo nos benefícios que poderiam trazer à cultura do cacau, com esse incentivo ao consumo do conhecido manjar dos deuses. Já imaginaram quanto embolsariam a mais os nossos produtores exportando mais cacau? Marketing a Canavieiras é o que não falta e teríamos como símbolo a fazenda Cubículo, primeira plantação de cacau da Bahia.

Mas, ao relembrar as propostas de aumento da produção de cacau através da elevação do consumo, logo me aquietei pensando no histórico dessas tentativas anos a fio pelo antigo Conselho Consultivo dos Produtores de Cacau (CCPC), que trocou o C de Consultivo pelo N de Nacional.

Ainda recordo das visitas de nossos conselheiros à China, que tinha como missão fazer com que apenas 10% dos chineses tomassem apenas uma pequena xícara diária de chocolate. Entre idas e vindas, a verdade é que se passeou muito e não conseguiram trocar o sagrado chá dos chineses pelo nosso cacau.

Uma lição caseira também me chama a atenção, que seria a introdução do chocolate na merenda escolar, com pioneiras tentativas, todas infrutíferas e de redundante fracasso. Não o porquê, mas a verdade é que essa ideia nunca foi transformada numa política pública, e não cabe a esse pobre escrevinhador pesquisar. É o papel dos cacauicultores.

Longe de mim afirmar – em alto e bom som – que a atitude do pecuarista australiano não irá produzir resultados positivos para o cacau. Também não vou sair por aí recomendando a introdução dessa nobre dieta aos pecuaristas brasileiros. Cabe-me apenas mostrar o que está sendo feito em terras distantes aos nossos patrícios. E vale a pena tomar conhecimento.

Antes de mais delongas, vale explicar que kobe beef é considerada sinônimo de maciez, com gordura marmorizada e sabor inconfundível, que combina com o paladar dos consumidores que pagam em dólares e euros. Afinal, esses animais recebem um tratamento de luxo e carinho, sem falar da alimentação especial que recebem. Nada mais justo.

Tudo é uma questão de valor e disposição de pagar, como diriam os economistas para explicar a disposição desse seleto grupo de exigentes consumidores. De olho nessa demanda, o pecuarista Scott de Bruin, do Sul da Austrália, passou a investir na alimentação desses bovinos, oferecendo grãos especiais e frutas como maçãs.

Para agregar mais valor ao seu produto, Scott também passou a incluir o nosso chocolate na dieta do rebanho Wagyu, com a finalidade de aumentar as calorias consumidas. Com isso, conseguiu – segundo ele – elevar o marmoreio da carne, tornando o kobe beef do seu rebanho ainda mais especial e de preço alto.

Acreditem que é a mais pura verdade. O pecuarista australiano consegue servir essa dieta composta por grãos, frutas e chocolate a todo o seu rebanho, formado por 7,5 mil cabeças, quando eles atingem os 30 meses. Ao sentir o cheiro do chocolate, as rezes se aproximam e comem à vontade (acredito que lambendo os beiços, como se diz popularmente).

Para o fazendeiro australiano, o consumo do chocolate faz com que o seu rebanho fique bem alimentado e mais feliz, transferindo esse bem-estar à qualidade e ao sabor da carne. A qualidade do tratamento a esses animais não se restringe ao chocolate e eles também ganham sessões de massagens, acupuntura, ouvem música clássica e dormem em tapetes térmicos, para que não sofram estresse. Um luxo!

Pelos meus parcos conhecimentos da pecuária, não sei se o chocolate é o elixir da felicidade para os nobres animais da raça Wagyu do Sul da Austrália, mas, de cátedra, posso assegurar que no Brasil não merece confiança o chocolate por aqui consumido. Com raríssimas exceções, oriundas de fabricação caseira (artesanal) e pequenas fábricas.

Cada um tem o sonho de consumo que merece.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado

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Projeto estabelece teor mínimo de cacau no chocolate no país || Reprodução
Projeto estabelece teor mínimo de cacau no chocolate no país || Reprodução

A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, da Câmara dos Deputados, aprovou projeto de lei que determina percentual mínimo de massa de cacau no chocolate. O chocolate deverá ter mínimo de 27% de cacau, de acordo com o aprovado na comissão, nesta quarta (5). Já o chocolate amargo, deverá ter percentual de 35%, no mínimo. Hoje, na média, o chocolate brasileiro é vendido com teor de cacau até menor que 5%.

Os percentuais valem para chocolate e derivados, de acordo com o autor do projeto, Bebeto Galvão (PSB-BA). A matéria agora será discutida na Comissão de Defesa do Consumidor. Os percentuais devem ser aplicados também para importados a serem comercializados no país. Porém, para valer, precisará ser aprovado pelo legislativo e sancionado pela Presidência da República.

Bebeto, autor do projeto de lei.
Bebeto, autor do projeto de lei.

Para o parlamentar baiano, o aumento de massa de cacau no chocolate beneficiará, diretamente, agricultores, comerciantes, indústria e, principalmente, consumidores. “Estabelece um nível de competitividade para a indústria, que oferecerá um chocolate de qualidade à população brasileira”, observa Bebeto.

O deputado baiano disse que deseja um mínimo de 35% para todos os chocolates. “Mas esse foi o relatório possível”. Para chegar a este índice, apontou, foi necessário negociar “com a indústria, os produtores e sobretudo com esta casa (a Câmara dos Deputados) que é plural, em que tivemos que construir um entendimento”.

Bebeto diz acreditar que a aprovação do índice mínimo melhora o desenvolvimento sustentável da produção de cacau. “Incidirá [em] mais cacau para a produção de chocolate e vai garantir também mais qualidade aos consumidores” com menor teor de açúcares e mais massa de cacau no chocolate”.

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Secretário e mulheres que produzem o chocolate Ouro do Vale (Foto Divulgação).
Secretário Jerônimo Rodrigues e produtores do chocolate Ouro do Vale (Foto Divulgação).

O público que visitar a 2ª edição do Festival de Chocolate e 4º Agrocacau, que segue até o próximo domingo (09), na Praça Ruy Barbosa, em Ipiaú, terá a oportunidade de conhecer chocolates produzidos pela agricultura familiar da Bahia. Dos 13 empreendimentos que expõem os produtos, seis são da agricultura familiar.

Entre os chocolates em exposição, estão o Ouro do Vale, produzido no Vale do Jiquiriçá e Terra Vista, Embaúda e Bahia Cacau, do Território Litoral Sul.

A Associação de Mulheres das Duas Barras do Fojo, do município de Mutuípe, que está lançando a linha de chocolates finos Ouro do Vale, produzidos no Vale do Jiquiriçá, participa pela primeira vez do festival.

– O evento é importante para dar visibilidade aos produtos da agricultura familiar, pois ela produz para além das hortaliças e raízes, também é capaz de transformar as raízes e os frutos – afirma Damiana Martins, agricultora associada e membro do Conselho Fiscal da instituição.

O evento visa dar visibilidade à industrialização, agregando valor, fomentando negócios para os produtores empreendedores, e também apresentação de tecnologias do setor, bem como os diversos cenários mercadológicos.

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Na arte de Eduardo Libra, o chocolate é tema de maior mural do planeta.
Na arte de Kobra, o chocolate é tema de maior mural do planeta (Imagem César Tralli).

Um dos maiores nomes da arte urbana brasileira, Eduardo Kobra criou o que é considerado o maior mural do planeta, com 5.742 metros quadrados. A obra é parte da fachada de uma fábrica de chocolate em São Paulo. Leva o doce nome de Magia do Cacau. Bela sacada em tempos de Páscoa.

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Chocolate será tema de discussão na Uesc.
Chocolate será tema de discussão na Uesc.

A Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), em Ilhéus Bahia, promove, de 17 a 19 deste mês, a  I Jornada de Saberes sobre o Cacau: da Árvore ao Chocolate. O evento multidisciplinar busca promover o debate com atores da cadeia produtiva no Mundo, Brasil e interações junto ao Território Litoral Sul da Bahia.

As palestras serão no auditório do Jorge Amado, na Uesc. A programação contará com a presença de empreendedores e pesquisadores da Holanda, Equador, Rio de Janeiro, São Paulo, Pará, Salvador e do Território Litoral Sul da Bahia.

Os participantes debaterão temas relacionados ao processo de construção e inovação dos mercados de qualidade do cacau e chocolates sob as perspectivas técnicas, econômicas, culturais, socioambientais e mercadológicas. As discussões são estimuladas por departamentos afins da Uesc, tendo o Centro de Inovação do Cacau (CIC) como parceiro.

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Eduardo AthaydeEduardo Athayde | eduathayde@gmail.com

 

A Fazenda Futuro, localizada em Buerarema, base das pesquisas do WWI no final do século passado – e agora cliente do CIC -, está sendo usada por pesquisadores parceiros do WWI, da floresta urbana de Nova Iorque e do Smithsonian Institute como referência para um projeto piloto de fazenda do futuro, conectado com universidades e centros de pesquisas do mundo.

Quando o WWI-Worldwatch Institute, na virada do milênio, publicou internacionalmente estudo sobre a mata atlântica da região cacaueira da Bahia, batizando-a de “Floresta de Chocolate”, única no mundo, onde a matéria prima do chocolate é produzida com recordes de biodiversidade no planeta, registrado pelo Jardim Botânico de Nova Iorque, a prefeitura nova-iorquina iniciava o levantamento de cada uma das suas 683.113 árvores.

Hoje, os cidadãos de Nova Iorque conhecem o valor econômico individual das suas árvores, sabem que cada uma reduz a temperatura sob sua copa em cinco graus centígrados, joga no ar 150 mil litros de água por ano e produzem serviços anuais avaliados em US$111 bilhões [tree-map.nycgovparks.org]; um padrão que está sendo seguido por várias cidades do mundo que plantam florestas urbanas visando a melhoria do ar, do clima local e da qualidade de vida dos seus cidadãos.

Com a força das redes sociais, o mundo parece ter ficado pequeno e a biodiversa Mata Atlântica, antes pouco percebida (ainda não valorada), vem recebendo influência direta dessas inovações. O Centro de Inovação do Cacau (CIC), por exemplo, que será inaugurado [hoje] na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus, é a parte concreta do projeto do Parque Científico e Tecnológico do Sul da Bahia, idealizado conjuntamente pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Ceplac, Uesc, Secti, Instituto Arapiaú e outras instituições.

Focando a cadeia produtiva do cacau e a economia florestal, o CIC, formado por acadêmicos e empresários, analisará propriedades físico-químicas do cacau e do chocolate, a qualidade de sementes e mudas das biofábricas de essências da mata atlântica, fomentando a indústria do reflorestamento que, cobiçada por investidores, floresce impulsionada pelo robusto mercado financeiro internacional interessado em ativos florestais.

Na era da “eco-nomia”, oficializada pelo Acordo de Paris e já legalmente adotada pelo Brasil, a preservação, além de uma imperiosa necessidade, passou a ser analisada também por parâmetros econométricos da precificação e monetização (restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030 – bit.ly/2cHvxT8). Observando o senso de oportunidade, o CIC nasce como elo local desta inovadora rede global, posicionando-se, com linguagem nova, como uma espécie de “porta USB” de alta velocidade aberta a conexões de pesquisa, geração de conhecimento e econegócios.

Integrado a iniciativas como a Plataforma Brasileira sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (bpbes.net.br), que tem a missão de produzir conhecimento científico e saberes tradicionais sobre biodiversidade e serviços ecossistêmicos – onde o cacau se inclui -, o CIC nasce como parceiro natural do Programa Fapesp de Pesquisa em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA-FAPESP), apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e alinhado com a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que lançou a Campanha da Fraternidade 2017 com o tema “Biomas Brasileiros e a Defesa da Vida”.

A imaginação é mais importante que o conhecimento, afirmava Albert Einstein. Nesta linha, a Fazenda Futuro, localizada em Buerarema, base das pesquisas do WWI no final do século passado – e agora cliente do CIC -, está sendo usada por pesquisadores parceiros do WWI, da floresta urbana de Nova Iorque e do Smithsonian Institute como referência para um projeto piloto de fazenda do futuro, conectado com universidades e centros de pesquisas do mundo.

Com a quebra de fronteiras e os espaços abertos pelas redes sociais, a região cacaueira, imaginada como Floresta de Chocolate, vive um momento de mudanças intensas observadas na metáfora da crisálida, quando a lagarta não mais existe, e a borboleta ainda não nasceu.

Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute.