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Mas um nó, cheio de questionamentos, foi crescendo na garganta e vomito, quase sem querer, palavras que ecoam dentro de mim: A VIDA É URGENTE. E do nada, ela acaba; Viver é finito.

 

Juliana Soledade

Tem dores que somos legitimados a sentir, principalmente quando mais uma tragédia acontece. Quando pequenos aprendemos nos livros de biologia sobre o ciclo de uma vida e todos os seres constituem em nascer, crescer, frutificar e morrer. Mas para além, nesse inteirim, construímos, entre sonhos, vitórias e derrotas, a nossa história.

Esperamos o envelhecer para então morrer. E inocentes nessa espera, atropelamos sonhos, quereres, abraços, desculpas, palavras impensadas, somente por acreditar piamente que o amanhã estará a nossa espera. Mas nem sempre está. Não há garantias de vida. Aliás, a vida foi feita para acabar, só não se sabe quando, nem onde, nem por que e nem como. Viver é se agarrar a finitude.

Outubro foi um mês intenso, novembro acompanha a impetuosidade. E ontem, com a agenda lotada de afazeres com planos mirabolantes, ouvi a notícia. Elevei uma prece e pedi que fosse mentira. Não era. Sucessivamente, senti todas as dores em um milésimo de segundo. Esqueci da artista, lembrei-me da humana, com vertigens sobre esse mundo enlouquecido e sentei para acomodar meu coração em disparate. Por um segundo pensei em tirar a urgência do mundo dos meus planos e me permitir sentir. Vinte seis anos, poderia ser oitenta, sempre é cedo. Um filho. Família. Amigos. Uma multidão. E é nessa contradição de subir e decolar para voar, sempre mais alto, sempre mais longe, que somos vítimas, da nossa própria armadilha. E o show da vida se acaba sem despedida. Com a cortina aberta e pessoas boquiabertas.

Faltam certezas, sobram dúvidas.

É comum me calar sobre esses alvoroços ensandecidos quando alguém se desliga desse plano. Normalmente eu silencio, fico a sentir e imaginar a dimensão da perda, faço orações, sempre chove pelos meus olhos, porque inevitável pensar sobre os meus e sigo, porque precisamos seguir, com dor ou sem ela. Mas um nó, cheio de questionamentos, foi crescendo na garganta e vomito, quase sem querer, palavras que ecoam dentro de mim: A VIDA É URGENTE. E do nada, ela acaba; Viver é finito.

E a gente vive com a certeza do depois.
E guarda tudo para mais tarde.
E, talvez, não dê tempo, não tenha oportunidade.
Porque viver é finito.
E, do nada, acaba.

Escrevo olhando para o horizonte, despejando palavras frenéticas em um programa de texto para evitar olhar e sentir ainda mais, porque a ficha não cai. A nossa humanidade é colocada em xeque. E faz-me sentir.

Com amor e sentimento,

Juliana Soledade é advogada, escritora, empresária e teóloga, pós-graduada em Direito Processual Civil e Direito do Trabalho, além de autora dos livros Despedidas de MimDiário das Mil Faces e 40 surtos na quarentena: para quem nunca viveu uma pandemia.

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Com toda certeza, colocarei mais esse trecho no meu livro da vida: quando uma pessoa tentou “abafar” a minha voz, eu dei voz e espaço a doze, com o sorriso no rosto e a delicadeza que toda mulher forte tem!

Manuela Berbert || manuelaberbert@yahoo.com.br

Somos as nossas conexões. A nossa rede de relacionamentos, que começa ainda na infância com a família e que se estende ao longo da vida, com os ciclos de amizade e relacionamento amoroso, colegas de trabalho etc. Um vai e vem de pessoas e momentos, e com eles, claro, lições e inúmeros aprendizado. E “se você nasceu com uma visão privilegiada, o seu papel não é abrir guerra contra quem pensa diferente, mas sim levar adiante o que tem de conhecimento”, escutei dia desses, e concordo demais.

Com a crise mundial do COVID-19 e o isolamento social, as conexões virtuais nunca estiveram tão em alta. O universo digital tomou ainda mais força, e com a ela a necessidade de reinventar formas de estar presente, de ser presente. As fórmulas prontas já não constroem resultados significativos, conseguindo até manter um certo “espaço”, mas não gerando audiência. (E isso vai impactar diretamente nas próximas eleições, mas esse assunto é pauta para outro texto).

Há exatamente uma semana iniciei um projeto no Instagram chamado Manu Convida Mulheres. Doze mulheres, das mais diversas áreas e atuações profissionais, estão sendo convidadas a contar suas histórias. E quantas histórias lindas de superação e crescimento temos! Todas narradas com erros e acertos, mas com muita coerência nas falas e atitudes, inclusive nos elogios aos parceiros que validam e incentivam seus progressos. Não há necessidade de rivalidade entre gêneros. O que há é necessidade de igualdade entre todos.

Há algumas semanas convidei um amigo para pautar um tema específico, e fui ignorada. Lembrei que todos os nãos que a vida me deu, transformei. E assim nasceu um projeto que vem inspirando centenas de pessoas por dia. Com toda certeza, colocarei mais esse trecho no meu livro da vida: quando uma pessoa tentou “abafar” a minha voz, eu dei voz e espaço a doze, com o sorriso no rosto e a delicadeza que toda mulher forte tem!

Manuela Berbert é publicitária.

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rosivaldo-pinheiroRosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br

 

Foquemos na prática do bem e lutemos a partir dos nossos lares por uma cidade e um país melhores. Não nos deixemos cair em tentação e sigamos na busca por ciclos que nos façam cidadãos e cidadãs com maior inserção no mundo das coisas positivas.

 

O ano está terminando e com ele vem a certeza da realização de alguns planos, o registro de alguns nascimentos, a não realização de objetivos traçados e a despedida de pessoas importantes para a nossa comunhão. São os ciclos da vida…

Além deles, os ciclos da vida em comunidade: o nosso país e a clara realidade de classes jurídica e política envoltas em um tsunami de problemas, a corrupção e a teia de interesses ramificada nos mais altos escalões e estruturas de decisões. Ciclos da ganância.

Assistimos ao perdão de dívidas de grandes empresários. A fixação de teto para despesas com saúde, educação e seguridade social, reforma da previdência e leis trabalhistas. Ciclos do capital.

Estamos vivendo um momento que nos impacta diante das centenas de narrativas que nos deixam boquiabertos ao percebermos quanto de dinheiro é surrupiado dos serviços essenciais. São tantos os casos que já não conseguimos reagir com tenacidade, nos sentimos fracos, oprimidos e incrédulos. Ciclos do silêncio.

Um novo ano bate à nossa porta… Esperamos que sejam estabelecidos novos paradigmas e que nossas vidas melhorem. Precisamos continuar nossas lutas, vencer os desafios que aparecerão no caminho e estabelecer objetivos novos. Manter a fé na vida e no que virá será o que nos fortalecerá no percurso da vida. Ciclos da existência.

Foquemos na prática do bem e lutemos a partir dos nossos lares por uma cidade e um país melhores. Não nos deixemos cair em tentação e sigamos na busca por ciclos que nos façam cidadãos e cidadãs com maior inserção no mundo das coisas positivas.

Feliz Ciclo Novo!

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades pela Uesc.