Zé Cocá faz apelo à Desenbahia e ao governador diplomado Jerônimo Rodrigues
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O prefeito Zenildo Santana, Zé Cocá (PP), vistoriou, nesta terça-feira (27), áreas do centro comercial de Jequié atingidas pela cheia do Rio Jequiezinho. O nível da água baixou e revelou os estragos causados pela enchente. Segundo o prefeito, o cenário é de guerra.

Jequié é cenário de guerra, segundo prefeito || Foto PMJ

– Vários comerciantes perderam tudo. Nós fizemos um [avaliação do] impacto de R$ 100 milhões e vai ter muito, muito mais do que isso. É algo que nos deixa muito preocupados. Pessoas estão desesperadas, porque muitas têm boletos para pagar. Pessoas que fazem o giro [do caixa] hoje para movimentar amanhã – declarou o prefeito, após visitar a região da Central de Abastecimento Vicente Grilo (Ceavig).

A Prefeitura de Jequié estima que 4 mil comerciantes foram prejudicados. O prefeito afirmou que, para a maioria deles, só será possível se reerguer com acesso a crédito.

Mulher limpa estabelecimento devastado por enchente no Centro de Jequié || Foto PMJ

“Nós precisamos urgente do apoio da Desenbahia, para que a gente tenha financiamento a curto prazo, rápido, para essas pessoas. Tem pessoas aqui que só conseguem voltar a trabalhar com apoio financeiro”, disse Zé Cocá, citando a Agência de Fomento do Estado da Bahia, antes de também fazer apelo ao governador diplomado Jerônimo Rodrigues (PT), que visitou a cidade ontem (26).

A Desenbahia destinou R$ 90 milhões para programa especial de empréstimo aos comerciantes baianos afetados pelas chuvas do ano passado. O crédito emergencial tinha período de carência de 12 meses e foi parcelado em até 36 vezes, sem juros. Até o momento, a Agência não anunciou medida semelhante para o enfrentamento do problema atual.

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O diretor do Sindicato dos Comerciários de Itabuna, Jairo Araújo, e o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Itabuna, José Adauto, são os convidados da edição desta segunda-feira (20), do Café IPolítica, do canal Ipodcastv no Youtube. A pauta é o impasse sobre o funcionamento do comércio no próximo sábado (25).

Enquanto a entidade patronal argumenta que não existe previsão de fechamento do comércio naquela data, o Sindicato dos Comerciários informa que 90% dos lojistas firmaram acordo para não abrir as portas no sábado. O Café IPolítica vai ao ar às 19h.

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A Prefeitura de Itabuna anunciou, nesta sexta-feira (20), que vai apertar o cerco contra quem insiste em descartar lixo e entulhos em vias públicas da cidade. Um dos pontos classificado como viciado é uma área em frente ao Colégio Escola Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, no bairro Califórnia. A ação irregular prejudica comerciantes e os próprios moradores.

Além de aplicar multas e aprender carroças e veículos carregados de lixo e entulho que se utilizam do local para descarte, o diretor do Departamento de Limpeza Pública da Superintendência de Serviços Públicos, Lázaro Pelegrini, disse que o primeiro passo já foi dado, com a construção de um muro no local, pelo proprietário da área, que atendeu solicitação da Prefeitura de Itabuna.

A próxima etapa será a instalação de uma câmara de segurança e a presença de agentes de fiscalização no local para evitar descarte irregular. “Com imagens da câmara de segurança, será possível identificar os infratores que podem ser punidos com multas e apreensão de seus respectivos veículos e carroças”, afirma o diretor.

Ele reclama que não se justifica o lixão naquela área, já que o caminhão coletor passa diariamente. Diz ainda que a cada dois dias, equipes da limpeza pública, com máquina pesada, fazem a remoção do lixo.

COLETA DIÁRIA

Moradores da Travessa Castro Alves confirmam a passagem diária do caminhão compactador e remoção do lixo que se acumula ao longo do dia. “Não adianta. Eles limpam e 10 minutos depois chegam carroças e carros com entulho e lixo, seja durante o dia ou à noite”, afirma a dona de casa Fátima Sobral.

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Quiosque no centro de Itabuna vira mijódromo
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Era por volta das 10h da manhã de sexta-feira (25) quando um homem de calça jeans e camisa preta entrou em dos quiosques abandonados na praça Olinto Leone, no centro de Itabuna, e por lá ficou uns três minutos. Cerca de duas horas depois a cena se repetiu com outro usuário do espaço.

Essa movimentação estranha em uma das principais praças públicas de Itabuna vem ocorrendo diariamente e, os comerciantes e pessoas que passam pelo local já perceberam que o lugar vem sendo usado como banheiro público. A praça Olinto Leone é um espaço muito frequentado, principalmente por amigos para o bate papo.

O quiosque fica em um dos lugares mais movimentados do centro de Itabuna

Desde o início do ano que, conforme comerciantes, trabalhadores do comércio e pessoas que passam pela praça, o quiosque vem sendo usado por homens para fazer o xixi. Eles apelidaram o local de “mijódromo” do centro de Itabuna e reclamam que fedentina é insuportável.

O quiosque, que já serviu para exposição de quadros e para comercialização de produtos da agricultura familiar, também virou ponto de encontro de usuários de drogas, segundo relatos de quem transitam pelo local à noite. Eles afirmam que isso aumenta o perigo porque não sabe que tipo de pessoa está escondida lá dentro. E cobram medidas urgentes da Prefeitura de Itabuna.

Marão, Soane, Davidson, Bebeto, Wenceslau e Josenaldo || Foto PMI
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O prefeito Mário Alexandre, Marão (PSD), e o vice-prefeito Bebeto Galvão (PSB) se reuniram nesta sexta-feira (18), em Salvador, com o secretário de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, Davidson Magalhães, para discutir assuntos de interesse do município de Ilhéus.

Os representantes do governo ilheense solicitaram celeridade no processo de concessão do crédito emergencial para os comerciantes prejudicados pelas enchentes de dezembro passado. Cerca de 50 empreendedores do município solicitaram empréstimos.

Também participaram da audiência a secretária de Desenvolvimento Econômico e primeira-dama de Ilhéus, Soane Galvão, o professor Wenceslau Júnior (PCdoB), ex-vice-prefeito de Itabuna, e o presidente do PCdoB-Ilhéus, Josenaldo Cerqueira.

ANÁLISE CRITERIOSA

O crédito emergencial é ofertado pela Desenbahia, agência de fomento ligada à Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado (Setre). Na última quarta-feira (16), em entrevista ao programa O Tabuleiro, da Ilhéus FM, Davidson Magalhães informou que a estatal recebeu 3.314 solicitações de comerciantes de todo o estado.

A análise do grande volume de pedidos – conforme o secretário – é feita de maneira criteriosa, para que os beneficiados atendam às exigências da linha de crédito emergencial.

Eventuais atrasos na liberação do crédito, ainda segundo o gestor, decorrem de inconsistências nos documentos enviados à agência e da nova onda de Covid-19, que adoeceu parte dos técnicos responsáveis pela análise.

Até o momento, 500 empréstimos foram autorizados para comerciantes de toda a Bahia, totalizando R$ 13 milhões. A Desenbahia pretende conceder de R$ 50 milhões a R$ 70 milhões em financiamentos, que podem chegar a até R$ 150 mil cada.

A Praia do Cristo, em foto de novembro de 2020, antes da remoção das barracas
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A Prefeitura de Ilhéus não tem data prevista para a volta da ocupação comercial da Praia do Cristo com barracas, informa o secretário municipal de Meio Ambiente, Mozart Aragão, que conversou hoje (26) com o PIMENTA. No mês passado, o município notificou ambulantes e removeu pontos de comercialização do local.

“Existe um projeto da Prefeitura, em parceria com a Marinha do Brasil, através da delegacia de Ilhéus, chamado Praia Legal. É um projeto voltado para esportes náuticos, e aquela praia é propícia para isso”, explicou Aragão, enfatizando que os comerciantes terão que se adequar ao programa de reordenamento do espaço público. Parte desse esforço vai ser a utilização de barracas removíveis.

Segundo o secretário, originalmente, o projeto não contemplava nenhum tipo de estabelecimento comercial, mas o governo foi sensível à demanda dos ambulantes, que querem voltar a trabalhar na Praia do Cristo.

De acordo com Aragão, não é possível prever quando os ambulantes poderão voltar, pois, antes, Prefeitura e Marinha precisam implementar o Praia Legal, com a instalação de equipamentos esportivos na praia. Conforme o gestor, a volta do comércio não pode ser autorizada agora, porque isso prejudicaria a implementação do programa.

Hoje (26), os comerciantes fizeram um protesto na Praça Cairu, no Centro. Numa faixa, escreveram que se tratava de uma manifestação pelo direito de trabalhar. Têm pressa, porque já perderam as vendas do primeiro mês de verão. O secretário disse ao PIMENTA que conversou com representantes dos donos das barracas na última sexta-feira (22).

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Luiz Conceição | jornalistaluizconceicao2@gmail.com

No dia seguinte, a natureza em fúria fez o rio avançar ainda mais. Desta vez pela Avenida do Cinquentenário e demais vias e praças na parte baixa do centro, inundando lojas de tecidos, sapatos e acessórios e eletrodomésticos, residências, agências bancárias, depósitos de cacau…

 

Há 50 anos o céu cinzento de dezembro era prenúncio de chuvas e de muita fartura. Fazendeiros e comerciantes estavam animados com aquele tempo, porque chuva nesta época do ano significava mais fruto de cacau na safra e mais dinheiro na caixa registradora e circulando, irrigando a economia.

A vida das famílias seguia com a expectativa das festas de fim de ano. Para alguns estudantes, era fim do ciclo primário e do ginásio, para onde muitos de nós ansiávamos chegar com o exame de admissão.

A temida prova dava acesso à 1ª série ginasial. Era ritual de passagem da infância para a adolescência. Por isso, o resultado do exame de admissão era aguardado com ansiedade e medo por toda a família e não só por nós.

À medida que se aproximava o Natal era intenso o frenesi pelos presentes nas lojas e nas casas. Nessa época, chovia abundantemente no sul da Bahia, abençoado com a rica mata atlântica, ribeirões e rios fartos e cheios de peixes. Os índices pluviométricos registram no começo de todos os verões o início da quadra chuvoso do ano.

Passou a festa natalina. As chuvas ficaram ainda mais fortes e intensas. Transbordamento de riachos, ribeirões e cursos d’água e dos tributários – Salgado e Colônia – que formam o Rio Cachoeira que corta Itabuna em direção ao mar no litoral da velha Capitania de São Jorge dos Ilhéus.

Com o volume d’água crescendo a cada hora ficaram mais encorpados. O que era alegria do povo em ver o rio cheio de suas margens, junto com crianças e adolescentes em algazarra e férias, se transformou em medo, drama e terror a partir do dia 27 de dezembro.

As águas turbulentas, escuras e sujas do Cachoeira transbordaram da calha e alcançaram as parte baixas da cidade. Burundanga, Berilo e Bairro Mangabinha, na zona oeste. Cajueiro e Fátima, ao leste, e bairro Conceição, lado oposto ao centro da cidade, tiveram famílias desalojadas e desabrigadas.

No dia seguinte, a natureza em fúria fez o rio avançar ainda mais. Desta vez pela Avenida do Cinquentenário e demais vias e praças na parte baixa do centro, inundando lojas de tecidos, sapatos e acessórios e eletrodomésticos, residências, agências bancárias, depósitos de cacau…

O que era espetáculo virou tragédia, desespero.

As águas derrubaram casas, carregaram móveis e utensílios domésticos. No comércio se perderam mercadorias nos expositores, balcões e depósitos.  Alguns comerciantes foram vítimas de saqueadores que, desavergonhadamente, furtaram-lhes mercadorias em meio ao caos.

Muitos empregados no comércio arriscaram-se em proteger e salvar lojas e bens dos patrões, inclusive com a própria vida. Não se sabe ao certo quantos morreram enfrentando a correnteza forte das águas que em alguns locais do centro comercial do centro de Itabuna alcançou 2,5 metros, derrubando posteamento da rede de energia elétrica e sinais de trânsito, solapando marquises.

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A outrora culta e reluzente sociedade grapiúna é hoje arremedo do que foi antes da cheia desta Cachoeira que completa agora 50 anos. 

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Há todo um folclore posterior à tragédia de 1967 que, ao lado das enchentes do Rio Cachoeira em 1914 e 1947, figura com a mais espetacular e terrível de todas. Mesmo quem não se viu diretamente atingido não deixou de se condoer com parentes, amigos e vizinhos que perderam tudo.

Embora a cidade ainda viva, não tem nenhuma memória da mais famosa enchente de sua história que não foi fato isolado. Houve rumores do estrondo de uma barragem numa fazenda de criação de gado nas bandas de Santa Cruz da Vitória, então 36, fato noticiado de forma acanhada pela imprensa de então.

Há imagens de ruas e avenidas alagadas dos fotógrafos Newton Maxwell (Buião), Sabino Primitivo Cerqueira e Emerson Trindade Carregosa (Foto Emerson), dentre outros, ainda preservados em sites na Internet. A outrora culta e reluzente sociedade grapiúna é hoje arremedo do que foi antes da cheia desta Cachoeira que completa agora 50 anos.

As águas levaram consigo o balcão frigorífico, cadeiras e mesas do Vagão, bar e restaurante à cabeceira da Ponte do Marabá, margem direita do rio. Lá se reunia a intelectualidade e a promissora juventude da época de ouro do cacau para sorvetes, cuba libre ou hi-fi e bebidas diversas após sessões de cinema.

Janeiro chegou e com ele o socorro pelos Governos federal e estadual às vítimas, inclusive com a criação do atual bairro Lomanto e vacinações. O comércio teve pouca ajuda que se iniciou com caminhões de guarnições do Corpo de Bombeiros de Salvador lavando as avenidas, ruas e praças do centro.

Itabuna vive, mas nada recorda da trágica enchente de 1967. Além de destruir a dignidade das pessoas, bens e mercadorias, certamente a cheia lavou tudo, incluindo o amor à cidade e sua gente, além do que restou de nossa pouca memória que um dia nos faltará muita, mas muita falta. E não é porque não haja dinheiro para estudos e pesquisa sobre sua própria história.

Luiz Conceição é jornalista.