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Abiel teme saída de tropas.
Abiel teme saída de tropas.

Pequenos produtores dos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema lamentaram a retirada de tropas do Exército e da Marinha da área do conflito com índios e autodeclarados tupinambás. Desde ontem, o Exército começou a desmontar as bases de pacificação na área de 47,3 mil hectares, como informamos mais cedo.
Abiel Silva, da Associação dos Pequenos Produtores de Ilhéus, Una e Buerarema (Aspaiub), se disse surpreso com a retirada das tropas antes do prazo final. “Lamentamos muito a saída do Exército”, afirmou ao PIMENTA. O líder dos pequenos produtores espera que as conversas entre os governos estadual e federal resultem na permanência das Forças Armadas.
O agricultor e vice-presidente da Aspaiub, Alfredo Falcão, espera que o governador Jaques Wagner reverta a tendência de saída do Exército. Alfredo conversou com autoridades do Exército. Até a próxima sexta (14), as tropas vão permanecer na áreas urbanas dos municípios sob o efeito da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), sem o compromisso de atuar na segurança na área rural.
CASO JURACI SANTANA
Abiel Silva esteve em audiências em Brasília para discutir o processo de demarcação de terras e agora também cobra que a morte do agricultor Juraci Santana seja esclarecida. “Até agora, [a investigação] deu em nada”, critica. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil. Há um movimento defendendo que a Polícia Federal assuma o caso.

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Juraci, de boné, ao lado do ministro Cardozo: crime continua impune.
Juraci, de boné, ao lado do ministro Cardozo: crime continua impune.

A morte do agricultor Juraci Santana completou duas semanas sem que a polícia civil consiga prender os autores do crime. O produtor foi assassinado a tiros na madrugada da terça (11), no Assentamento Ipiranga, na Região do Maroim, em Una.
Testemunhas do crime informaram à polícia as características – e os nomes – dos três homens que executaram Juraci, que havia denunciado ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e prestou duas queixas à Polícia Federal sobre as ameaças de morte sofridas por ele. Os acusados são supostos caciques tupinambás.
Era final de noite, início de madrugada, quando três homens invadiram o assentamento à procura de Juraci. Os assassinos não se importaram com a presença da esposa e da filha da vítima. Cercaram a propriedade, aproximaram-se da vítima e desferiram vários tiros.
15 DIAS DE IMPUNIDADE
Um líder do movimento de agricultores da área do conflito disse ao PIMENTA que bilhetes anônimos foram entregues à polícia civil. Neles, informações sobre a localização dos executores de Juraci:
– Há um clima de revolta por causa dessa impunidade. Eles nos sufocaram, nos calaram com polícia, Força Nacional e Exército. Parece que tudo isso é pra gente, por que até as reintegrações de posse eles suspenderam, enquanto os assassinos continuam gozando de liberdade – disse a liderança que, temendo represálias, pediu anonimato.
Ele próprio explica o porquê do anonimato:
– A polícia não nos protege e os tupinambá ou sei lá o que continuaram aprontando depois do crime, retaliando as pessoas. Até a casa de uma agricultora de mais de 90 anos eles tocaram fogo, destruíram, porque ela participou do velório e do enterro de Juraci. Estamos sem proteção. Protegidos estão os supostos índios.
CONFLITO ATINGE 3 MUNICÍPIOS
Região viveu intenso confronto no dia da morte de Juraci (Foto Gilvan Martins/Pimenta).
Região viveu intenso confronto no dia da morte de Juraci (Foto Gilvan Martins/Pimenta).

O conflito envolve produtores e autodeclarados tupinambás. A disputa ocorre em uma área de 47,3 mil hectares entre os municípios de Una, Buerarema e Ilhéus onde estão cerca de 800 pequenas propriedades, 100 das quais já invadidas, segundo a Associação dos Pequenos Produtores de Ilhéus, Una e Buerarema (Aspaiub).
A disputa ficou ainda mais acirrada após a Fundação Nacional do Índio (Funai) apresentar um relatório de demarcação estabelecendo a área que, supostamente, pertenceria aos tupinambás. O relatório foi entregue ao Ministério da Justiça. O documento foi devolvido à Funai por ser considerado “inconsistente”.
Apesar da violência e do clima de instabilidade que afeta propriedades rurais e turísticas, os prefeitos dos três municípios permanecem em silêncio – Jabes Ribeiro (Ilhéus), Diane Rusciolelli (Una) e Guima Barreto (Buerarema), o que provoca revolta dos produtores.

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abiel-silva-santos

O presidente da Associação dos Pequenos Agricultores de Ilhéus, Una e Buerarema-Aspaiub, Abiel Silva Santos, está em Brasilia onde se reúne com representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Ministério da Justiça.
No CNJ, ele trata da questão da segurança jurídica dos produtores que vem tendo suas terras invadidas por supostos índios tupinambás. Segundo ele, “a polícia cumpre as reintegrações de posse determinadas pela Justiça, mas logo em seguida as fazendas são novamente invadidas e nada acontece”.
No Ministério da Justiça, ele pretende obter uma cópia que confirma a devolução à Funai do processo de uma área de 47 mil metros quadrados no Sul da Bahia. “Temos a confirmação de que o processo, repleto de irregularidades, foi devolvido, mas queremos ter isso documentado, porque só assim teremos garantia de que as invasões estão fora de lei”, afirma.
Confira a íntegra no Blog do Thame

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Em primeira mão
A Polícia Civil já sabe quem são os autores do assassinato do produtor Juraci Santana. O crime foi cometido por três homens encapuzados, todos reconhecidos pelas vozes e estatura, na madrugada de ontem (11), no Assentamento Ipiranga, no Maroim, em Una.
Notícia ainda a ser confirmada dá conta de que um deles, o Cacique Cleilton, teria sido preso há pouco, em casa, e conduzido em um carro da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Una, conforme fonte do PIMENTA.
Cleilton foi denunciado como um dos dois caciques tupinambás que ameaçaram Juraci Santana, querendo obrigá-lo a declarar-se tupinambá. Pascoal é o nome do outro suposto cacique. As investigações estão concentradas nestes dois homens e ainda em um filho de Pascoal.
Homens da elite das polícias militar e da civil participam das investigações.
Ao PIMENTA, o chefe da Polícia Federal em Ilhéus, Mário Lima, afirmou que a corporação não investiga o caso por ainda não ter se configurado, por enquanto, crime de atribuição da PF. Sobre o assunto, Lima disse ter conversado com o delegado regional da Polícia Civil em Itabuna, Evy Paternostro. Por enquanto, a polícia civil ainda não confirma a prisão de Cleilton.

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Professor agredido e carro incendiado em São José da Vitória (Foto Portal 08).
Professor agredido e carro incendiado em São José da Vitória (Foto Portal 08).

Rose Marie Galvão | Portal 08

Produtores rurais bloquearam o trecho da BR -101, em São José da Vitória, no sul da Bahia, onde torturaram um professor e incendiaram o carro oficial do Instituto Federal da Bahia (IFBA), por volta das 11h da manhã desta quinta-feira, 5 de setembro. Dentro do veículo estavam três professores do curso de Licenciatura Intercultural Indígena e o motorista do órgão. “Foram momentos de terror”, disse um dos ocupantes do veículo.

Segundo o professor Edson Kayapó, que estava no carro “fomos ameaçados por um grupo de quatro capangas dos produtores rurais que interceptaram o carro e abordaram os ocupantes do veículo inquirindo em tom ameaçador: ‘tem um índio no carro’”. Em seguida, os professores e o motorista foram retirados do veículo e deixados na estrada. O carro do IFBA foi incendiado e jogado no meio da BR -101, próximo à cidade de Buerarema, no sul da Bahia.

O grupo de professores havia concluído atividades de Educação em Olivença, distrito de Ilhéus e estava à caminho da cidade de Pau Brasil, para cumprir agenda na aldeia Caramuru (Pataxó Hã Hã Hãe).  As vítimas ainda tentaram prosseguir a viagem de táxi, uma vez que os capangas demonstravam muito ódio durante a abordagem. No entanto, houve novo ataque em Buerarema onde Edson Kayapó foi retirado do carro e espancado por pessoas desconhecidas que proferiam uma série de ameaças contra ele e os índios.

Leia a íntegra aqui