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Através da Terapia Sistêmica e da Psicologia do Nascimento, podemos desvendar os segredos e padrões ocultos que moldam nossas vidas.

 

Rava Midlej Duque || ravaduque@qmail.com

A jornada do autoconhecimento é, por natureza, um mergulho profundo em nossas origens e vínculos familiares.

O que chamamos de coincidências pode, na verdade, ser um reflexo de fidelidades inconscientes, conexões profundas com o passado de nossa família que permanecem influenciando diretamente nossas escolhas e caminhos. E nesse contexto que a Terapia Sistêmica, em especial a Psicologia do Nascimento, revelam-se como ferramentas essenciais para explorar e transformar os vínculos ocultos que permeiam as histórias familiares, antes mesmo de você nascer.

Muitas vezes, carregamos em nosso interior as dores e angústias de familiares que não tiveram a chance de expressar suas emoções, de enfrentar seus traumas e de curar suas feridas emocionais. Essas experiências não resolvidas podem se transformar em um legado de dor que ecoa através das gerações, moldando nossas vidas de maneiras sutis e muitas vezes desconhecidas. Com a Psicologia do Nascimento, mergulhamos profundamente nessas questões, desvendando os segredos que foram passados adiante, os padrões repetitivos que permeiam nossas relações e os traumas que ainda ecoam em nossas almas.

As transmissões de memórias nem sempre vêm por meio de narrativas orais. O grande material que trazemos em nossa psique, sem saber, são as memórias reprimidas, os conteúdos escondidos, velados e não resolvidos por nossos ancestrais! As memórias transgeracionais referem-se à transmissão de informações emocionais de uma geração para outra, às vezes de forma consciente, como a narrativa oral, e outras vezes de forma inconsciente.

Não à toa, no caminho do autoconhecimento, nos deparamos frequentemente com uma resistência interna, um muro invisível que nos impede de avançar. Essa resistência muitas vezes se manifesta como um medo profundo, uma relutância em enfrentar as verdades dolorosas sobre nós mesmos e nossa vida. Mas cada momento de sofrimento e cada dificuldade que enfrentamos carrega consigo a semente da transformação ao alcance da minha e da tua mão.

Os mistérios da mente humana estão frequentemente enraizados em histórias familiares. Revisitar o passado familiar nem sempre é uma tarefa fácil; muitas vezes é encarado com medo, temendo descobrir verdades desconfortáveis ou enfrentar dores antigas. No entanto, essa exploração é crucial para entendermos os padrões comportamentais e traumas transmitidos através das gerações. Ao compreendermos os padrões comportamentais e os traumas transmitidos através das gerações, abrimos espaço para a cura e o desenvolvimento pessoal. E um processo desafiador, mas profundamente recompensador.

Nossa história familiar é parte integrante de quem somos, molda nossas crenças, valores e comportamentos. Ao reconhecermos e explorarmos os vínculos transgeracionais que nos ligam ao passado, abrimos caminho para uma transformação profunda e duradoura. A terapia sistêmica aliada à psicologia do nascimento oferece um espaço seguro e acolhedor para essa jornada de autoconhecimento e cura, guiando-nos na superação dos medos relacionados ao passado e na construção de um futuro luminoso.

É nesse sentido que a terapia sistêmica apoia-se na ideia de que ao integrar as experiências vividas por nossos antepassados, podemos curar feridas antigas e promover renovação.

Não permita que as dores do passado continuem a influenciar seu presente e qualquer possibilidade de futuro. Não se trata de ser vítima de maldições ancestrais, mas de reconhecer a força e a resiliência transmitidas por seus antepassados. A cura verdadeira começa com a aceitação de onde viemos, – as histórias familiares têm um sentido profundo para nossa alma.

Nas histórias de nossa família, encontramos muitas vezes dores e desafios. Mas as adversidades não são por acaso, e nos lembram de que, não importa quão sombrias sejam essas histórias e narrativas, há sempre a promessa de algo que pode ser transformado. Há uma força que se apresenta nas adversidades, uma força que reside dentro de todos nós, mesmo quando não percebemos. Ao tomar posse dessa força somos convidados a encarar os desafios familiares não como barreiras intransponíveis, mas como ponte para um crescimento luminoso, transformando as faltas, as perdas, as dores herdadas, em força para a construção de uma história diferente.

Podemos sempre escolher: utilizar as heranças familiares como um alicerce para nosso crescimento e oportunidade para florescermos além das circunstâncias, ou, podemos simplesmente ficar presos em ciclos viciosos que nunca nos levam a lugares diferentes, repetindo tudo de novo, sem sair do lugar.

O convite que faço é o seguinte: por mais difícil, doloroso e cruel que tenha sido sua história até aqui, não ignore suas raízes. Use-as como força para crescer. Deixe que elas a ensine olhar para a vida de nova perspectiva e consciência. Observe os desafios familiares não como obstáculos intransponíveis e sentenciais, mas como oportunidades diferentes a serem construídas daqui para frente. uma nova história familiar construída a partir de você.

Este caminho de autoconhecimento a partir do seu Nascimento e a reconciliação com a sua história, é essencial para seguir com autenticidade e confiança para a vida. Sem isso, é bem possível que você nunca avance.

Reconhecer e explorar nossas raízes familiares é fundamental para a jornada do autoconhecimento e desenvolvimento emocional. Através da Terapia Sistêmica e da Psicologia do Nascimento, podemos desvendar os segredos e padrões ocultos que moldam nossas vidas, permitindo-nos transformar dores antigas em fontes de força e crescimento. Ao compreendermos e aceitarmos nossas histórias familiares, abrimos caminho para um futuro mais luminoso e autêntico, livre das amarras do passado. Cada desafio enfrentado, cada dificuldade superada, carrega consigo a promessa de uma transformação profunda e significativa. Sugiro que experimente.

Rava Midlej Duque é comunicadora, mestra, terapeuta sistêmica, consteladora familiar e especialista em Psicologia Perinatal.

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conciliação cnjDa Agência do CNJ
No interior da Bahia, um juiz tem conseguido evitar que conflitos familiares e pessoais transformem-se em processos judiciais com a utilização de uma técnica de psicologia antes das sessões de conciliação. Com ajuda da chamada Constelação Familiar, dinâmica criada pelo teólogo, filósofo e psicólogo alemão Bert Hellinger, o magistrado Sami Storch conseguiu índice de acordo de 100% em processos judiciais onde as partes participaram do método terapêutico.
Durante a Semana Nacional da Conciliação deste ano, que ocorrerá entre os dias 24 e 28 de novembro em todo o país, já estão agendadas 29 audiências cujas partes participaram da vivência de Constelação Familiar. Para o magistrado, o método contribui fortemente para o fim do conflito impactando tanto os atores diretos quanto os envolvidos indiretamente na causa, como filhos e família.
Neste ano, a técnica vem sendo direcionada aos adolescentes envolvidos em atos infracionais, processos de adoção e autores de violência doméstica. Na Vara Criminal e de Infância e Juventude de Amargosa, a 140 km de Salvador, onde atualmente o juiz Sami Storch dá expediente, o índice de reincidência desses jovens ainda não foi mensurado, mas o magistrado acredita que, se fosse medido, esse número seria com certeza menor.
“Um jovem atormentado por questões familiares pode tornar-se violento e agredir outras pessoas. Não adianta simplesmente encarcerar esse indivíduo problemático, pois se ele tiver filhos que, com as mesmas raízes familiares, apresentem os mesmos transtornos, o problema social persistirá e um processo judicial dificilmente resolve essa realidade complexa. Pode até trazer algum alívio momentâneo, mas o problema ainda está lá”, afirma.
O QUE E CONSTELAÇÃO FAMILIAR
A sessão de Constelação Familiar começa com uma palestra proferida pelo juiz sobre os vínculos familiares, as causas das crises nos relacionamentos e a melhor forma de lidar com esses conflitos. Em seguida, há um momento de meditação, para que cada um avalie seu sentimento. Após isso, inicia-se o processo de Constelação propriamente dito. Durante a prática, os cidadãos começam a manifestar sentimentos ocultos, chegando muitas vezes às origens das crises e dificuldades enfrentadas.
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